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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Cidadãos do mundo, sim. Cidadãos da eurabia, não

A Europa vive imersa no relativismo epistemológico – nenhum mal. E na sua versão bastarda. O relativismo moral – um mal. Convêm notar, relativismo epistemológico e o relativismo moral, embora de braço dado, não se equivalem. Podemos compreender os particularismos culturais: a sharia, o apedrejamento até à morte, a excisão feminina, o canibalismo, a poligamia de extracção islâmica. Mas fora da academia não nos merecem mais do que o nosso asco. Mas vivemos numa sociedade à deriva, mutilada nos valores, “sem padrões morais substantivos, cuja única convicção moral é a negação de padrões e a perseguição intelectual a quem os tem.” Como reconhecia Popper sob o olhar atento de João Carlos Espada. O relativismo em pleno oceano da ciência social – mares que eu não navego – postula uma abertura total face à natureza e aos fenómenos do jogo social e das experiências humanas. Há um significativo contraste entre a humildade aparente do relativismo da sua arrogância pedante. O relativismo rejeita o absolutismo inseparável do ocidente. Enfrenta a possibilidade de uma ética racional e universal de um direito comum, com indignação ou desprezo, e acusa o iluminismo de provincianismo – ai as luzes oh esquerda. E é aqui que o relativismo moral desaba em escombros. Como já tinha escrito noutra latitude, “as sociedades ocidentais são compostas de criaturas estranhas meramente unidas na barca do destino pela obediência a um território e a uma constituição universal escrita sobre o direito natural em que o indivíduo é a indispensável âncora.” Continuando, “a chegada de comunidades de imigrantes que clamam legitimamente pela sua identidade encontram abrigo sob o manto do relativismo que lhes clamam o privilégio da integração”. Larga parte da inteligência europeia, contaminada pelo vírus do pós-modernismo, pelo orientalismo de Said, pela escola estruturalista, pode tratar ao pontapé a “identidade civilizacional”, o direito natural, o progresso – é o que dá quando se viram para Fichte. Mas aquilo que nos faz – ainda que muito vagamente – civilizados, mora em outras paragens, não na submissão absoluta mas numa prudente escolha. Ao fim do dia as sociedades pedem um lastro moral comum. A questão da moralidade em política é, como se sabe, bastante armadilhada e problemática, mas morais substantivas que nos são alheias, pedem leis que nos são alheias. Por favor, cidadãos do mundo, sim. Cidadãos da eurabia, não.

Now a totally different matter:

Onde é que fica a sede da comissão dos direitos humanos em Lisboa? Fui ontem ao carrasco, perdão, ao dentista. Aquelas brocas meu deus, se vissem aquelas brocas. Se não trabalhou para Saddam certamente foi funcionário publico de Emílio Medici. Com imigrantes destes, ou passam todos a ser signatários das convenções de genebra, ou passo a votar pnr. Viva o fascismo, abaixo a tortura.

7 comentários:

Anónimo disse...

"Há um significativo contraste entre a humildade aparente do relativismo da sua arrogância pedante. "

Boa.

Se a dúvida andasse mais de mão dada com o relativismo, a pedância esdater-se-ia. Mas a palermeira relativista joga mais no binário.

RoD
(sem login de momento)
.

Anónimo disse...

Excelente texto.

"cidadãos do mundo, sim. Cidadãos da eurabia, não"

Porquê que não podemos ser cidadãos do ...ralho or da Republica das Gajas Boas e sermos apenas Nacionais de Portugal. Portugueses e pronto.

É por direitas destas - apesar do bom texto - que nas próximas vou mesmo votar PNR.
Ah! E porque quero um Portugal Português, isto agora parece uma segunda invasão moura... mas com mouros oriundos de todo o terceiro mundo.

Epá, desculpem o desabafo!

Anónimo disse...

Adorei a 1a parte do post, bom trabalho :)

Penso que vivemos numa sociedade relativista devido à inflação do politicamente correcto.

David Lourenço Mestre disse...

Republica das gajas boas? essa foi bem apanhada. A mim basta a kirsten dunst, a republica vem depois.

Anónimo disse...

É por direitas destas - apesar do bom texto - que nas próximas vou mesmo votar PNR.
Ah! E porque quero um Portugal Português, isto agora parece uma segunda invasão moura... mas com mouros oriundos de todo o terceiro mundo.
Epá, desculpem o desabafo!


Está desculpado!

Mas no meu arquivo de citações tenho aqui a melhor definição de nacionalismo que encontrei até hoje. E encontrei-a há bastante tempo num blogue português, dito por um português (não faço a mínima ideia quem seja), e escrito em português… Aqui vai:

Miguel Vale de Almeida em 31daarmada.blogs.sapo.pt:
‘Eu até compreendo o nacionalismo. Juro que sim. Mas em Portugal? Têm a certeza? É como ser ecologista no Sahara. Querer proteger uma paisagem de areia e nada. O verdadeiro nacionalista português, o patriota, digamos assim, é aquele que tem amor ao seu país, quer que Portugal seja tudo menos Portugal.’



CARMO DA ROSA

Anónimo disse...

Carmo da Rosa,
olhe que se Portugal fosse mesmo mais Português do que agora é, isto seria muito melhor.

Os câncros que abundam por Portugal são comums a toda a Europa, é uma questão geracional, ou quase.

Se conseguir explicar o que é específicamente Português e mau, ficar-lhe-ia grato.

Carmo da Rosa disse...

Caro Anónimo (eh pá, veja lá se arranja um nick porra, é tão chato esta coisa do anonimato total, é a mesma diferença que existe entre o lenço na cabeça e um nikab)

Se conseguir explicar o que é específicamente Português e mau, ficar-lhe-ia grato.

Vou dar a palavra ao (sempre actual(!), quase, porque pagar lealmente ao padeiro já nem sempre acontece) Eça - espero que goste:



Eça de Queiroz na Gazeta de Notícias sob o título O Portugal e o Brasil.

Somos o que se pode dizer um povo de bem, um povo boa pessoa. E a nação vista de fora e de longe, tem aquele ar honesto de uma pacata casa de província, silenciosa e caiada, onde se pressente uma família comedida, temente a Deus… A Europa reconhece isto: e todavia olha para nós com um desdém manifesto. Porquê? Porque nos considera uma nação de medíocres: digamos francamente a dura palavra – porque nos considera uma raça de estúpidos… Numa época tão intelectual, tão crítica, tão científica como a nossa, não se ganha a admiração universal, ou se seja nação ou indivíduo, só com ter propósito nas ruas, pagar lealmente ao padeiro, e obedecer, de fronte curva, aos editais do governo civil. São qualidades excelentes, mas insuficientes. Requer-se mais; requer-se a forte cultura, a fecunda elevação do espírito, a fina educação do gosto, a base científica e a ponta de ideal que em França, na Inglaterra, na Alemanha, inspiram na ordem intelectual a triunfante marcha para a frente; e nas nações de faculdades menos criadoras, na pequena Holanda ou na pequena Suécia, produzem esse conjunto eminente de sábias instituições, que são, na ordem social, a realização das formas superiores do pensamento.