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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Uma Lógica Russo / Soviética a Propósito do Kosovo


Aproveitando a declaração unilateral da independência do Kosovo, a Rússia propõe o reconhecimento internacional da independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, províncias separatistas da Geórgia. É suposto que comecem os ‘claro, era o que se estava à espera’. Por acaso, estava. Mas no caso concreto as coisas têm um lado pouco óbvio e ainda menos conhecido.

O assunto do separatismo na Geórgia enquadra-se numa lógica muito russa de ‘Crime e Castigo’. E também numa lógica muito soviética de ‘crime e recompensa’.

Quando em 1991 a Geórgia readquiriu a sua independência, após o fim da União Soviética, o país optou for uma rejeição completa da Rússia pedindo a retirada das bases militares russas e a não aceitando o convite para integrar a Comunidade de Estados Independentes (uma espécie de reconstituição territorial da União Soviética, aquilo a que Putin chama ‘estrangeiro próximo’). Acresce que todos os líderes georgianos têm declarado pretendem reaproximar o país do Ocidente e inclusive aderir à NATO, assunto sempre escabroso para a Rússia.


Aqui entra a lógica do ‘Crime e Castigo’.

Uma dessas bases militares russas era (e é) em Gudauta, na província georgiana da Abkházia. Os russos encontraram então a forma de manter pelo menos uma base no mar Negro da Georgia e ainda punir o país pelas suas opções de política externa alheias à Rússia. Para o efeito resolveram apoiar a separação da Abkhazia, que tem uma importante minoria russa. A separação incluiu uma das mais notáveis e ignoradas limpezas étnicas do pós IIGM.

Em 1992 a Abkhazia tinha 530 mil habitantes, metade dos quais eram georgianos e apenas 90 a 95 mil de etnia abkhaze. O resto da população era composta por russos, gregos, arménios.

Entre 1992 e 93 ocorre a guerra civil entre a minoria abkhaze, apoiada e armada pelos russos, e os georgianos. Os georgianos perdem e concretiza-se a separação da Abkhazia, o castigo merecido da Geórgia. No final, foram expulsos ou fugiram da Abkházia 300 mil habitantes, o que representou mais de metade da população da província. Estima-se que tenham sido mortas 15 mil pessoas.

Atualmente a Abkházia tem 210 mil habitantes (tinha 530 mil) . Destes, 90 a 95 mil são de etnia abkhaze, tal como antes da limpeza étnica. Dos 300 mil que foram expulsos ou fugiram, a maioria eram georgianos. Toda esta gente está impedida de regressar aos lugares que eram seus e que foi obrigada a abandonar.


Agora entra a lógica soviética do ‘crime e recompensa’

O governo da Abkházia já tinha declarado a independência. Ninguém no mundo ligou muito a isso. Pelo contrário, a ONU já apelou à reposição da integridade territorial da Geórgia e permissão de regresso dos expulsos.

Agora Putin encontra o momento certo para obter a recompensa. Aproveitando um ‘furo’ chamado Kosovo tenta tirar partido e legitimar a separação resultante de um crime humanitário cometido há 14 anos.


A situação na província da Ossétia do Sul é semelhante, embora com proporções menos importantes.

9 comentários:

osátiro disse...

Entretanto, a comunicação social intoxica o povo com a Palestina.
É caso para dizer que está enterrada na lama da hipocrisia até à raíz dos cabelos...

RioDoiro disse...

Mas há aí uma faceta engraçadíssima: andam os governos a fugir dos referendos e a assinar tratados, e as regiões a bramar pela independência.

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Paulo Porto disse...

Caro Ricardo

Qual é o mal do País Basco e Catalunha, por exemplo serem independentes? (refiro-me à Europa e aos próprios interessados, não a Espanha, obviamente)

Luís Oliveira disse...

[Também se poderiam tornar auto-suficientes economicamente.]

O PIB da Catalunha é maior que o PIB português...

Carmo da Rosa disse...

Toda esta gente não soube colonizar (é uma arte) à D. Afonso Henriques e agora dizem que o café tem formigas...

Vocês sabem que Portugal é dos países mais antigos, mas sobretudo, dos mais homogéneo da Europa. De Norte a Sul do país a mesmíssima língua - o mirandês e o barranquenho são peanuts e os alfacinhas que não sabem o que é uma sertã, um aloquete, magnórios e mendros são b……… vítimas do ensino deficiente pós-25 de Abril -, e a mesma religião (católica). E mesmo a segunda religião, a Santa Bolinha, é comungada pelos crentes da primeira…

Isto é uma situação privilegiada… Nem tudo é mau no nosso (mais vosso que meu!) cantinho!

RioDoiro disse...

CdR
"e os alfacinhas que não sabem o que é uma sertã, um aloquete, magnórios e mendros são b……… "

E tortulhos. Não esqueça os tortulhos e os testos.

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Paulo Porto disse...

CDR

Claro que alguns de nós já repararam. Agora acrescente a isso o clima e depois diga-me que Deus não existe.

O pior de tudo é a cambada de pretnciosos e oportunistas que por regra nos governa desda há mais de duzentos anos.

Carmo da Rosa disse...

Range,

Com os tortulhos é que você me f…… O que são tortulhos?

Já agora, não acredito que toda a gente saiba o significado de todas as expressões (muito nortenhos) que eu citei?

Paulo porto,

Agora acrescente a isso o clima e depois diga-me que Deus não existe.

Ave Maria
Cheia de graça
O Senhor é convosco
Bendita sois vós
Entre as mulheres, entre as mulheres, entre as mulheres, entre as mulheres, entre as mulheres, entre as mulheres,

Padre: ó homem ande lá prá frente…
Eu: ó senhor padre deixe-me estar mais um bocadinho…

RioDoiro disse...

Tortulhos:

http://images.google.pt/images?q=tortulhos&ie=UTF-8&oe=utf-8&rls=org.mozilla:pt-PT:official&client=firefox-a&um=1&sa=N&tab=wi

:-))

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