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sábado, 1 de março de 2008

A "crise do capitalismo"

O Luís Oliveira, tem estado ocupado a desbastar as teias de aranha ideológicas atrás das quais alguns criptomarxistas travestidos de keynesianos, continuam a imaginar o mundo.
Os tontos andam de repente todos muito dinâmicos
A causa é, como se sabe, o facto de o crescimento económico ter abrandado nos EUA.
A esquerda tonta, incapaz de engolir o sucesso da economia de mercado, sai da toca e, pela enésima vez, acredita que agora é que é, agora é que vai estoirar a tão profetizada crise do capitalismo que irá abrir caminho à revolução marxista.
É por isso que a esquerda rejubila com esta e outras "crises". Esta especialmente, porque a também profetizada catástrofe iraquiana, vai desaparecendo das primeiras páginas.
Para esta gente, cujo anticapitalismo e antiamericanismo são dogmas divinos impermeáveis aos factos, quanto pior melhor.
Mas os factos, sempre eles, estão-se completamente nas tintas para a ideologia.
É que, goste-se ou não (e a esquerda festiva não gosta) o sistema capitalista é incontornável. Imperfeito, claro, como todas as realizações humanas mas, até onde a memória alcança, superior a qualquer outro (referência especial aos comunismos e derivados com que nos continuam a acenar e que, entre 1960 1990, tantos estragos causaram por esse mundo fora)
Como já foi aqui mostrado pelo LO, a universalização da economia livre, tem garantido ao planeta um crescimento cuja média anual é de 5%.
5% não é um número abstracto, não é um conceito ideológico e dispensa adjectivações moralistas. Em menos de 20 anos a economia de mercado trouxe a Europa Central da miséria para níveis de desenvolvimento que se aproximam a passos largos dos da Europa Ocidental e libertou 800 milhões de pessoas da pobreza absoluta na China, Índia, Brasil, etc.
Nenhum outro sistema económico fez melhor, desde há pelo menos 30 000 anos.
Uma queda de 1 ou 2% no crescimento americano é importante porque, apesar da retórica desejante sobre a sua decadência, os EUA são a locomotiva da economia mundial, estatuto que lhes é garantido pela capacidade de inovação, flexibilidade, segurança jurídica, um sistema fiscal amigo do investimento e o dólar como moeda de reserva.
Ora estes pilares mantêm-se, não há concorrência no horizonte e as tendências de longo prazo apresentam, nos últimos 100 anos, um crescimento sustentado médio de 3% ao ano.
Assim sendo, é evidente que a economia americana não está estruturalmente doente como sonham os marxistas serôdios.
A tendência é sólida e, como todas as tendências, acomoda flutuações mais ou menos bruscas em ciclos mais curtos. Mas flutuações não são crises. Crise foi o que aconteceu em 1929 e em 1973.
A 1ª porque a Fed cometeu o erro de suspender o crédito, a 2ª porque Nixon aplicou serôdias medidas keynesianas, numa economia que já as tinha deixado para trás, com os mesmos resultados das sociais-democracias europeias: inflação galopante e desemprego.
Desde então não houve mais crises, porque não só a Fed e o poder politico aprenderam com os erros, como a experiência ensinou que geralmente é mais sábio não interferir em demasia e deixar o mercado lancetar os seus próprios excessos.
Que excessos?
Uma economia de mercado baseia-se no princípio da destruição criadora: foi o que se passou com a bolha das dotcom em 2000 e se está a verificar agora com instrumentos financeiros relacionados com o crédito imobiliário.
O facto de nem todas as inovações serem bem sucedidas, não conduz à conclusão de que o capitalismo financeiro e os seus instrumentos inovadores (como os derivados) estão todos errados.
A complexidade dos mercados financeiros possibilita hoje disseminar o risco e conduz a mais investimento e, consequentemente, mais inovação.
Haverá erros claro, mas o próprio mercado os corrige, numa dinâmica em que umas empresas morrem e outras nascem, num novo patamar de crescimento.
O ciclo pode ser cruel e assustador para as pessoas directamente prejudicadas que, como é evidente, não encontram grande consolação no facto de o processo ter um saldo positivo para um maior número de pessoas.
Mas é nestes momentos em que a demagogia dos profetas da desgraça procura semear o pânico, que convém explicar os princípios e benefícios da economia de mercado.
Explicar por exemplo que o Estado não é o oposto do capitalismo e que este não funciona onde não há Estado.
Explicar que o Estado não é jogador, mas o garante as regras do jogo e o ultimo recurso do sistema.
Explicar que é apenas esse o seu papel, porque quando procurar contrariar a destruição criadora se torna perigoso, pelas perversões que introduz.
Explicar que nos últimos 100 anos TODAS as grandes crises, a inflação galopante e o desemprego em massa, foram causadas por governos interventivos.
Explicar enfim que o crescimento baixa onde não há Estado e onde há Estado a mais.

21 comentários:

Luís Oliveira disse...

[Carter]

Brrr....


Excelente texto.

RioDoiro disse...

Lidador:
"agora é que é, agora é"

Caro Lidador. Este grito de guerra da esquerda-melga lembra-me um outro, de Woody Allen no filme "Everything You Always Wanted to Know About Sex"

Dá-se uma ejaculação, os espermatozóides precipitam-se para a saída e um deles, Woody Allen, luta em direcção ao amanhã que canta. Chegado cá fora, olha à volta e grita "traição, era punheta".

.

RioDoiro disse...

http://qando.net/archives/182273.1020.A.jpg

.

Anónimo disse...

Carter em 1973?
Volta lá para a enfermaria e continua a lamber as feridas, lidadorzinho. O sobrinho está a passar por um processo doloroso mas mesmo assim deve ser capaz de sobreviver sem a tua ajuda.

Renato Bento disse...

"É que, goste-se ou não (e a esquerda festiva não gosta) o sistema capitalista é incontornável. Imperfeito, claro, como todas as realizações humanas mas, até onde a memória alcança, superior a qualquer outro (referência especial aos comunismos e derivados com que nos continuam a acenar e que, entre 1960 1990, tantos estragos causaram por esse mundo fora)"

Toma e embrulha.
Faço minhas as palavras do LO

Renato Bento disse...

Em 73 o Presidente ainda era Richard Nixon.

Luís Oliveira disse...

[as palavras do LO]

Essas palavras são do Lidador. Subscrevo na íntegra.

Renato Bento disse...

"Excelente texto."

Estava a referir-me a estas!

Luís Oliveira disse...

["Excelente texto."

Estava a referir-me a estas!]

Aaaaah!...

:-)

Unknown disse...

Por vezes é bom que haja gente que olha para as unhas em vez de mirar na direcção que o dedo aponta.
Bem haja, caro Pinto. Foi o Nixon evidentemente, RIP.

O homem chegou ao extremo fabiano de tabelar preços, com os bons resultdoos que se conhecem e que agora estão tb a ser sentidos +or exemplo na Venezuela e no Zimbabwe.

Luís Oliveira disse...

O Carter também meteu a mão na massa em 1979.

Anónimo disse...

Vá lá, treinem comigo.

AVÉ, TITIO!

Agora repitam até decorar.

Anónimo disse...

Um texto acima da média (média do lidador, diga-se). Ainda assim, parece um oração ao capitalismo.
A crise de 29 foi provocada pela intervenção estatal? Talking about ignoring the facts...

Unknown disse...

"A crise de 29 foi provocada pela intervenção estatal?"

Caro anónimo, acho que não leu bem.
Deixe-me sublinhar o que escrevi:

"A 1ª porque a Fed cometeu o erro de suspender o crédito"

Confirma?
Ou terá sido antes a conspiração bushista-sionista?

Unknown disse...

Quanto à "oração", tem razão....espero que este sistema se mantenha até que alguém invente um melhor.
A bem dos meus descendentes.

As "soluções anticapitalistas" que conhecemos tiveram os resultados que se sabem.

A não ser que o meu caro amigo tenha na mão uma coisa melhor.
Desembuche...o mundo desespera por um golpe de génio.

Anónimo disse...

"Explicar que nos últimos 100 anos TODAS as grandes crises, a inflação galopante e o desemprego em massa, foram causadas por governos interventivos."

Confirmo.

---

De resto, há qualquer coisa que me separa de si. É que apesar de não concordar consigo, e o considerar um "liberal" radical, não sou um comunista, e gosto bem da economia de mercado. Só que nem só de mercado vive o mundo, e precisaria de ser muito ingénuo para achar que ele funciona bem, per se.
O mundo é bem mais complicado. Uma coisa que o marxismo desvenda, aliás, é que na base do liberalismo está um quadro ideológico profundo. E ideologia não é o mesmo que "factos" ou "ciência". O liberalismo não significa racionalidade. Significa ideologia, valores, e uma visão do mundo. Nada mais. Vocês podem arrebitar-se todos a tentar provar o liberalismo é uma teoria científica, e que tudo o resto é irracionalidade. Trata-se, pois, de esgrima simbólica.

Anónimo disse...

Não convencerão toda a gente. E o liberalismo radical terá sempre oposição.

Luís Oliveira disse...

[o marxismo desvenda]

Pois claro, a verdadeira Ciência.

Que cromos...

Unknown disse...

"O mundo é bem mais complicado. Uma coisa que o marxismo desvenda"

Acho que está enganado. Para o marxismo o mundo é simples como a lógica de Boole. De um lado a classe X. Do outro a classe Y. Destinadas pela História a conflituar, rumo à grande apoteose final em que o comunismo triunfará.
De resto foi a simplicidade deste enredo que o tornou popular. A complexidade do mundo, subitamente reduzida a uma escolha maniqueísta e com fim pré-determinado.
Uma religião!

"na base do liberalismo está um quadro ideológico profundo"

Está profundamente enganado.
O liberalismo não é uma uma ideologia e é por isso que não tem a força explicativa do marxismo, ou de outra qualquer religião ou ideologia.
Adam Smith limitou-se a procurar as razões pelas quais umas nações eram mais ricas que outras para daí extrair, não dogmas, mas hipóteses interpretativas.

O liberalismo não projecta criar uma sociedade perfeita, mas sim identificar práticas que têm resultados.
É uma abordagem o mais “científica” possível, na formulação de Karl Popper.
Pelo contrário o socialismo , o fascismo, o nazismo, o comunismo o islamismo, essas sim são ideologias, porque construídas à priori, a montante dos factos, narrativas que procuram adaptar o ser humano a si próprias.

O liberalismo não é escatológico, é apenas racional e pragmático, mas esse facto não impede que seja portador de sentido, principalmente pela ideia simples e forte que lhe está subjacente: garantir a autonomia e o bem-estar do indivíduo.
É só esse o programa e é nítido que é nesse sentido que o mundo tem evoluído.
É pois o pior dos sistemas, à excepção de todos os outros.

De resto ao chamar-me de "liberal radical", demonstra que não leu o meu post.
Eu defino-me como um conservador liberal, à Oakeshott.
E aprecio Scruton, Aron, etc

Anónimo disse...

Marx já falsificou o que escreveu.
Usou estatísticas de 30 anos anos para dizer que não havia progresso.

Carmo da Rosa disse...

"O liberalismo não é uma uma ideologia e é por isso que não tem a força explicativa do marxismo,"

Muito bem resumido.
E é também por isso que não tem a atracção beatífica que tem o marxismo ou o Salafismo...