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terça-feira, 13 de maio de 2008

Ratificação do Tratado de Lisboa (atraso: 4 dias)

A aprovação do Tratado de Lisboa por via parlamentar na generalidade dos países europeus é um exercício notável de desonestidade protagonizado pela maior parte dos políticos europeus.

No passado dia 9 foi a vez do PR ratificar o tratado. No breve discurso, uma frase que ressalta: “O Tratado de Lisboa é uma grande oportunidade e um grande desafio à vontade política dos líderes europeus. O seu sucesso exige determinação política e convergência de esforços entre os líderes dos Estados membros e das instituições europeias.”

Portanto, para Cavaco, isto do TL e do seu sucesso é coisa que tem a ver com os políticos e não os indivíduos. Sem dúvida que tem razão. Aliás já se tinha percebido que era assim; tanto em Portugal, como em quase todos os países europeus, os políticos tiveram medo dos seus próprios povos e optaram por jogar seguro, isto é, à porta fechada


A verdade é que há fortíssimas razões para dizer NÃO ao Tratado de Lisboa:
- o TL reforça os poderes das instituições de Bruxelas que já fazem cerca de metade das Leis que vigoram em cada Estado Membro sem possibilidade de oposição dos parlamentos nacionais;
- o TL faz baixar a novas caves o nível da democracia do agregado europeu ou, melhor dito, o poder dos cidadãos de cada país de viver segundo as suas escolhas e não segundo as escolhas de um diretório político supranacional que a maioria desconhece e pelo qual não se interessa;
-o TL contém mecanismos legais que permitem por aprovação maioritária o alargamento dos poderes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu sem necessidade de novos acordos ou tratados.

O Tratado de Lisboa vai contra a democracia e contra a liberdade das nações e dos indivíduos da Europa. Por essa via, o Tratado de Lisboa é anti-europeu.

Para acabar, um exercício de antevisão. a UE como projeto político falhará, tal como falharam todos os projetos de aglomeração política do continente no passado – Roma, Carlos Magno, Napoleão, Hitler. A via natural da Europa é a diversidade e não a uniformidade. A União Europeia é uma antítese da Europa.

29 comentários:

RioDoiro disse...

Sou levado a supor que o Paulo Porto tem razão.

Se as vacas não engordarem por si próprias, muita rachadura virá à superfície.

Não tarda muito seremos o terceiro mundo, África o 4º.

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ml disse...

a UE como projeto político falhará, tal como falharam todos os projetos de aglomeração política do continente no passado – Roma, Carlos Magno, Napoleão, Hitler.

Isso é que é esperança, caro PP.
Só esquece um 'ligeiro' pormenor: todos esses projectos de aglomeração política foram impérios, conquistados pela força contra a resistência armada dos povos invadidos que não aceitavam a dominação.
Agora, com maior ou menor apoio das populações, maior ou menor participação, é um projecto voluntário. Logo não me parece assim tão antieuropeu como a sua vontade aspira.

Se existe alguma comparação que possa ser feita é com a construção dos EU, as mesmas vontades das cúpulas frente a resistências e indiferenças das populações das várias colónias, que mal se conheciam umas às outras.

E levou o seu tempo. Por muito estranho que possa parecer, o sentimento de pertença a uma mesma nação apenas foi plenamente conseguido nos inícios dos século XX e só perto de meados do século toda a gente era finalmente escolarizada em inglês.

Este projecto, caso vá para a frente, e espero que sim, já tem meio caminho andado. Vamos ver se se aguenta no outro meio que ainda lhe falta percorrer.

RioDoiro disse...

ML:
"Agora, com maior ou menor apoio das populações, maior ou menor participação, é um projecto voluntário"

Afirmando o ML "maior ou menor", será razoável afirmar que não se sabe se o projecto é voluntário ou forçado. "maior o menor participação" é uma manobra de camuflagem (eufemismo?).

Da mesma forma que o projecto, sendo voluntário, se manterá (entre outras coisas) porque não é imposto pela força das armas, também a força das armas não será obstáculo ao desmoronamento.

A mesma visão de iluminados está a levar a Europa a ignorar "essa coisa horrível da globalizazão" (Mário Soares) e a não perceber que, à excepção de África e de outras zonas ainda mais doentes pelos amanhãs que cantam, a Europa está a ficar para trás.

A Europa esta a ficar obsoleta.

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RioDoiro disse...

Digo mesmo mais.

Caso os países de leste (caso, repito, é uma mera hipótese) se consigam aguentar sem ficarem empestados de politicamente correcto, pode (hipótese) acontecer que tendo sugado o que conseguirem do sistema, dêem o grito de Ipiranga aos primeiros ruidos de brecha.

Nessas coisas, surgirão batatais de gajos culpando-se mutuamente (membros uns aos outros), estalará o verniz, lavar-se-á roupa suja em quantidade suficiente que permita a debandada geral.

Este será um cenário bom. O pior seria se isto viesse a acontecer ao som dos canhões.

(Parece-me que isto está mal escrito mas isto hoje está fraco e, se calhar, não vai melhorar. Como diz o PC, "desculpem qualquer coisinha")

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ml disse...

Meu caro desiluminado

E parece-lhe que a Europa ia para a frente dividida em quadradinhos?

'O mais ou menos' não tem a conotação que gostosamente lhe atribui, serviu para introduzir o paralelismo com a construção a partir de cima dos Estados Unidos. Que não acabou em divórcio, apesar de qualquer casamento estar sujeito a isso.

Não sei fazer futurismo e não posso informá-lo a partir deste meu posto de observação se os países da Europa de leste vão pedir o divórcio e voltam para o amante russo. O que vejo, e bem, é que há uma certa coincidência entre os iluminados pela globalização e os que agouram a escuridão da candeia europeia.

O mundo anda cheio de maus agouros, o calendário não sai do 31de Outubro.

Paulo Porto disse...

RoD

Estou completamente de acordo com as duas linhas que usa para fundamentar o seu raciocínio.



ML

Disse que a Eurocracia não se constroi à força de balas. Melhor seria. em todo o caso constroi-se à custa de banha da cobra dos vendedores e da ignorância e apatia dos compradores.



Já agora, os islandeses, os noruegueses, os suiços não pertencem à UE. Em que é que eles são piores que os outros? Em nada. Em que é que eles são melhores que os outros? Em várias domínios. A UE é boa para os eurocratas e para o jornalismo de serviço.

ml disse...

PP

E não lhe parece que as diferentes formas de construção constituem a explicação, a mais simples?
Bom, se me assegurar que afinal vai haver petróleo no Beato ou que o sistema bancário português um dia trará riqueza de que todos beneficiem – e só este pressuposto nos faz rir porque nos diz da exequibilidade desta ideia - , talvez encontre aí bons motivos a ponderar. Até lá, acho mais confortável uma união que só nos tem trazido benefícios.

E estes países não são assim tão outsiders como os coloca, estão ligados à EU por tratados e convénios, nomeadamente o que os inclui no espaço Schengen.

É claro que não se sabe se será uma união de facto para durar ou se acaba em dois dias. As placas tectónicas andam agitadas, chocam e enrugam os continentes. Está à vista que muita coisa vai mudar de mãos.

Luís Oliveira disse...

[o sistema bancário português um dia trará riqueza de que todos beneficiem – e só este pressuposto nos faz rir porque nos diz da exequibilidade desta ideia -]

Tem casa própria, camarada ml?

ml disse...

Tem casa própria, camarada ml?

E porque... ?

Parece que na Suiça não há tanta gente com casa própria como em Portugal.
São mais pobrezinhos.

RioDoiro disse...

ML:
"Parece que na Suiça não há tanta gente com casa própria como em Portugal. "

Aí está um bom assunto: como a política de "protecção aos pobrezinhos" empurrou Portugal para a quase absoluta inevitabilidade de compra de casa.

Os malandros dos senhorios queriam ganhar dinheiro portanto bloquearam-se por décadas as subidas de rendas. As pessoas foram obrigadas a comprar casa, portanto subiram, em flecha, os lucros da banca por causa dos juros.

O arrendamento permitiria uma política individual de habitação mais flexível que, por sua vez, permitiria a adaptação aos percalços.

A compra de habitação, deixa um gajo agarrado ao local e à prestação. Claro que se pode vender e comprar outra casa, mas o imbróglio é enorme.

Entretanto os poucos senhorios que vão alugando, vêm-se, cada vez mais, encalacrados nos tribunais para correr com os inquilinos que não pagam. Sabendo disso, são cada vez mais os inquilinos que, desportivamente, não pagam.

Viva a "protecção aos pobrezinhos".

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Anónimo disse...

"Aí está um bom assunto: como a política de "protecção aos pobrezinhos" empurrou Portugal para a quase absoluta inevitabilidade de compra de casa."

Ou seja a "politica dos pobrezinhos" leva a arrendamentos elevados. Já agora qual é a "politica dos pobrezinhos" que explica as elevadas rendas de uma loja?

RioDoiro disse...

Stran:
"Já agora qual é a "politica dos pobrezinhos" que explica as elevadas rendas de uma loja? "

A dificuldade em despejar por incumprimento (tribunais entupidos), a pouca concorrência, a tentativa de compensação pelos casos de rendas condicionadas (directa ou indirectamente - é um problema que vem desde Salazar), a altíssima tributação, a especulação imobiliária provocada por regras de ordenamento que são 'ajustadas' a preceito, etc.

.

Anónimo disse...

"A dificuldade em despejar por incumprimento (tribunais entupidos), a pouca concorrência, a tentativa de compensação pelos casos de rendas condicionadas (directa ou indirectamente - é um problema que vem desde Salazar), a altíssima tributação, a especulação imobiliária provocada por regras de ordenamento que são 'ajustadas' a preceito, etc."

Reparaste que falei de lojas não de habitação propria?

- A dificuldade em despejar por incumprimento (não é aplicável neste mercado)

- a pouca concorrência (concordo, não por causa de pouca oferta mas devido a uma "cartelização")

- a tentativa de compensação pelos casos de rendas condicionadas (não aplicável)

- a altíssima tributação (consegues-me dizer qual a taxa)

- a especulação imobiliária (concordo)

RioDoiro disse...

Stran:
"- A dificuldade em despejar por incumprimento (não é aplicável neste mercado)"

Se for parar a tribunal, vai parar às calendas gregas.

"- a pouca concorrência (concordo, não por causa de pouca oferta mas devido a uma "cartelização")"

Cartelização é uma forma anti-Bush de dizer falta de concorrência.

"- a tentativa de compensação pelos casos de rendas condicionadas (não aplicável)"

Como não aplicável? Um senhorio que tenha um prédio arrendado para habitação, tenha rendas encravadas, e tenha lojas alugadas, desforra-se em quê?

"- a altíssima tributação (consegues-me dizer qual a taxa)"

Esta é típica de quem acha que a tributação só custa se for referente à tributação directa. A tributação de uma forma geral (já para não falar de IMI's, etc).

Há senhorios que pagam, de IMI, mais que o valor das rendas (para não falar nos casos, de rendas inferiores a 50€)

.

Anónimo disse...

Vamos falar apenas do mercado de lojas (o comercial):

- "Cartelização é uma forma anti-Bush de dizer falta de concorrência."
Não, a falta de concorrência pode existir porque estamos perante um monopólio (só um agente economico no lado da oferta), olipólio ou mercado pouco dinamico ou em que existem medidas anticoncorrênciais como a cartelização de preços.

Caro RoD quem é que introduziu o "Bush" nesta conversa agora? Não devia misturar assuntos...

""- a tentativa de compensação pelos casos de rendas condicionadas (não aplicável)"

Como não aplicável?"

a maioria das lojas no mercado não têm este problema

""- a altíssima tributação (consegues-me dizer qual a taxa)"

Esta é típica de quem acha que a tributação só custa se for referente à tributação directa. A tributação de uma forma geral (já para não falar de IMI's, etc)."

Não é a de quem está habituado a analisar negócios.
Explique-me lá o que é que a tributação de uma maneira "geral" implica nas altas rendas?


P.S. "Há senhorios que pagam, de IMI, mais que o valor das rendas (para não falar nos casos, de rendas inferiores a 50€)"
Será que estou a assistir um discurso de "coitadinho"?

ml disse...

Caro RoD quem é que introduziu o "Bush" nesta conversa agora?

Sentimento de cerco, qualquer assunto é sentido como uma ameaça.

RioDoiro disse...

Stran, lá está você como uma barata tonta.
Estamos a falar de "pobrezinhos" e dos respectivos senhorios. Os senhorios são donos de propriedades em todas as combinações: habitação, comércio, habitação + comércio.

"Caro RoD quem é que introduziu o "Bush" nesta conversa agora? Não devia misturar assuntos..."

Fico muito contente que conceda que cartelização é um eufemismo seu para falta de concorrência.

"a maioria das lojas no mercado não têm este problema"

Se não for parar a tribunal...

"Explique-me lá o que é que a tributação de uma maneira "geral" implica nas altas rendas?"

Mau caro, se ainda não tem a menor ideia, não se preocupe, nunca terá.

"Será que estou a assistir um discurso de "coitadinho"?"

Claro que está: o que quer alugar e fica entalado porque lhe pedem fortunas porque terá que pagar (por compensação) as rendas de outros.

.

RioDoiro disse...

ML:
"Caro RoD quem é que introduziu o "Bush" nesta conversa agora? Não devia misturar assuntos..."

Uso 'Bush' como anzol. Neste caso, funcionou como detector de eufemismos.

.

ml disse...

Uso 'Bush' como anzol. Neste caso, funcionou como detector de eufemismos.

Eufemismo. Não tarda abrimos a secção Acordo Ortográfico II.

Stran disse...

RoD:

LOL, muito engrançado a sua resposta.

Vamos por partes:

"Fico muito contente que conceda que cartelização é um eufemismo seu para falta de concorrência."

Só demonstra a sua ignorância relativamente à temática da concorrência. A cartelização é uma parte, não é o todo (sendo que o todo a falta de concorrência).

O Lidador pode-lhe explicar que até a teoria economica liberal defende que em alguns mercados a maior eficiência é atingida por monopólio (caso não saiba é quando não existe concorrência na oferta).

"Claro que está: o que quer alugar e fica entalado porque lhe pedem fortunas porque terá que pagar (por compensação) as rendas de outros"

Explique-me lá que raio de rendas é que numa construção novas você está a pagar?
O efeito de compensação é marginal (dada a construção nova) e não aplicável a todo o mercado.

As fortunas que lhe pedem não estão ligadas a esse factor.

Mas deixo para o final a sua melhor pérola:

""Explique-me lá o que é que a tributação de uma maneira "geral" implica nas altas rendas?"

Mau caro, se ainda não tem a menor ideia, não se preocupe, nunca terá."

A resposta mais tipica da ignorancia, manda para o ar umas quantas noções dispersas e quando lhe fazem uma pergunta um pouco mais especifica responde desta forma brilhante (tem sido uma contante). Devo dizer que não vi até hoje um argumento tão demolidor. Aliás fico demolido de tanto me rir...

P.S. "Uso 'Bush' como anzol. Neste caso, funcionou como detector de eufemismos."

LOL LOL LOL LOL LOL LOL LOL

ufa, você tem mesmo piada...

RioDoiro disse...

A cartelização dá-se quando é possível o entendimento entre oferta. Combina-se a coisa para esmifrar o comprador. Por exemplo, a Boeing, a Airbus podiam enjorcar um cartel. O que é difícil é que os cafés (estabebelimentos) actuem em cartel. Já os fornecedores de Café (Delta, etc), não sendo muitos podem, eventualmente, enjorcar um cartel.

O Stran acha que o problema das rendas altas está relacionado com um cartel. Há milhares de proprietários e não estão organizados em associações que tenham uma coesão que lhes permita comportar-se como um único corpo.

O Stran fala de cartel, porque isso soa a malefícios do capitalismo. Não tem pés nem cabeça pensar que os milhares de pequenos senhorios espalhados pelo país fora, uma boa parte da qual mora numa fracção do prédio que habita, actuem em cartel. O seu “cartel” tresanda a parvoeira ideológica.

“Explique-me lá que raio de rendas é que numa construção novas você está a pagar?
O efeito de compensação é marginal (dada a construção nova) “

Mais parvoeira. Globalmente falando, há uma pressão no sentido da subida de preços porque muitos milhares de rendas ainda são muito, muito baixas mesmo, e muitos outros milhares são muito baixas. Estes baixos proventos (para os senhorios) forçam uma compensação.

“e não aplicável a todo o mercado.”

Claro. A Virgem-Maria foi justamente uma excepção: pariu sem relações sexuais.

As fortunas que lhe pedem não estão ligadas a esse factor.

Mas deixo para o final a sua melhor pérola:

""Explique-me lá o que é que a tributação de uma maneira "geral" implica nas altas rendas?"”

Dou-lhe uma explicação à sua maneira. O custo de vida reduz-se baixando os impostos e a gasolina é cara porque tem uma baixa tributação. A construção civil é cara porque o estado, em particular os municípios, ainda não lhes aplicaram taxas e impostos que as faça ficarem à borla. A construção civil é cara, porque, por exemplo, nas cimenteiras há concorrência a mais.

Você desconhece ainda que há uma altíssima taxa de alugueres por inquilinos que nunca tencionaram pagar as rendas e que, em tribunal, os respectivos processos de despejo duram anos, frequentemente mais de meia dúzia.

Você desconhece que há legislação que inibe, quase completamente, o despejo de alguém que está desempregado, ou que alegar estar desempregado.

E o Stran acha que todas estas abébias são finalmente pagas por quem? Pela estupidez não é com certeza, ou o Stran era o mais afinfado contribuinte.

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Stran disse...

Antes de começar com o comentário deixo ao RoD um conselho:

Saia do seu "casulo" e vá procurar conhecer o mercado in loco. Vá à procura de casa ou de uma loja para alugar. Assim, saí fora dos seus dogmas e talvez abre um pouco esses seus olhos "semicerrados"

Agora o comentário:

Não sei onde mora mas admito que isso faça diferença. Eu falo de Lisboa, cidade que eu conheço bem.

Depois outra falha que tem é a de misturar o mercado da habitação com o comercial (lojas), são mercados com dinamicas e caracteristicas diferentes.

Foi por isso que comecei por lhe questionar sobre o mercado de lojas, para podermos ser claros e especificos a analisar esta temática, mas isso é algo que não consegue ser.

"O Stran fala de cartel, porque isso soa a malefícios do capitalismo. Não tem pés nem cabeça pensar que os milhares de pequenos senhorios espalhados pelo país fora, uma boa parte da qual mora numa fracção do prédio que habita, actuem em cartel. O seu “cartel” tresanda a parvoeira ideológica."

Tenho de lhe pedir desculpa. Embora já desconfiasse, não tinha ainda a certeza de que para si era preciso explicar tudo como fosse um miudo de 6 anos (vê como sou generoso, até lhe dou a possibilidade de me responder muito ao seu estilo de que "para o Stran é necessário explicar como um miudo de 3 anos" ou algo do género). Pensava que o seu raciocinio era um pouco mais elaborado, mas enganei-me e por isso peço desculpa.

Não sei se reparou mas eu utilizei cartelização entre aspas. Ora isso poderia ter dois significados: ou estava a citar algo (que não era o caso pois ninguém tinha utilizado essa palavra) ou estava a transmitir uma imagem utilizando uma palavra sem ser no seu sentido literal (o que era o caso). No mercado de aluguer de lojas (e o mesmo se passa na venda de habitações novas) não existe (pelo menos não está provado) de facto uma cartelização (note que não utilizei aspas) por vários factores (entre os quais aqueles que apontou). No entanto é um mercado pouco concorrencial, transmitindo uma noção de "pacto de não agressão" (note que utilizei as aspas não para citar, mas no sentido figurativo). Isto faz com que este mercado seja pouco eficiente e que a famosa lei da oferta e procura "não se aplique" (note outra vez que as aspas não servem para citar). Num mercado, um aumento de oferta e a manutenção da procura leva a uma redução do preço. Neste caso isto não acontece. Em Lisboa o espaço comercial aumentou (além do que existia foram criados novos centros comerciais e bastantes espaços novos - carnaxide, telheiras, alta de lisboa, expo, etc...) e no entanto o preço não diminuiu.

Quanto à "parvoeira ideológica" (note que utilizei aspas para citar) ela só existe na sua cabeça cheia de dogmas e de acções reflexivas. Foi você que ligou a noção de "cartel" (note que utilizei aspas para citar) ao capitalismo. Eu até fiquei supreendido com isso pois nem sequer me passou pela cabeça efectuar tal ligação.

Para mim esta noção está ligada ao mercado independentemente do tipo de regime politico (p.e. não é por estarmos num regime comunista que o mercado não existe, tem é caracteristicas diferentes).

"Globalmente falando, há uma pressão no sentido da subida de preços porque muitos milhares de rendas ainda são muito, muito baixas mesmo, e muitos outros milhares são muito baixas. Estes baixos proventos (para os senhorios) forçam uma compensação."

"Globalmente falando" a pressão é de diminuição de preços visto que a oferta aumentou. Já agora sabe qual é a taxa de incumprimento e rendas baixas em Lisboa? Sabe se ela aumentou ou diminui? É que só pode afirmar que "Globalmente falando, há uma pressão no sentido da subida de preços" se essa taxa aumentou, o que não me parece de todo a situação real (enfase no "parece").


"""Explique-me lá o que é que a tributação de uma maneira "geral" implica nas altas rendas?"”
"Dou-lhe uma explicação à sua maneira. O custo de vida reduz-se baixando os impostos e a gasolina é cara porque tem uma baixa tributação. A construção civil é cara porque o estado, em particular os municípios, ainda não lhes aplicaram taxas e impostos que as faça ficarem à borla. A construção civil é cara, porque, por exemplo, nas cimenteiras há concorrência a mais."

Está ficar demasiado confuso.

Vou começar pelo o ultimo. O que é que o exemplo das cimenteiras tem haver com a tributação?

O que fala da construção civil é especifico e não geral (quando quiser comentar a situação fiscal especifica deste sector poderemos então comentar) pelo que não é resposta à fiscalidade em geral.

Quanto ao custo de vida ele seria motivo para os pequenos proprietários sairem de mercado caso este fosse o principal proveito dos mesmos. Caso não estejamos a falar de pequenos proprietários então este seu comentário não faz sentido.
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O grande problema dos seus comentários é que partem de um pressuposto profundamente errado que é que só existem proprietários "bons" e inquilinos "maus" Como é errado partir do pressuposto que só existem inquilinos "bons" e proprietários "maus". Existem condutas de parte a parte que são más e existem erros que devem ser corrigidos.

Por exemplo, a nível de legislação é incorrecto existir uma transmissão de pais para filhos de um contrato de aluguer (julgo ser quase caso unico em termos de contratos) assim como é incorrecto o facto de o Estado não aplicar a legislação relativamente à manutenção dos edifícios (razão pela qual os edificios estão tão degradados em Portugal). O refúgio de alguns proprietários de que não tem dinheiro porque os inquilinos pagam rendas baixas é profundamente errada. Tal facto não os iliba da responsabilidade de serem proprietário de um prédio, habitação ou espaço comercial. Se não conseguem suportar o custo então vendam a quem possa fazer esse investimento. Não se pode é deixar que certo grupos de cidadãos não cumpram a lei. Quanto à questão do despejo é uma questão delicada, no entanto julgo que deveria ser mais facilitada e mais rápida. Uma coisa é uma pessoa se atrasar um periodo de tempo (poderia ser até 6 meses) outra coisa é pura e simplesmente deixar de pagar. Nesses casos por mais dificil que seja a situação o inquilino tem de ser despejado.

Quanto à questão das rendas baixas (ou quase inexistentes) como disse é uma falsa questão. Um desculpa fácil para quem não quer cumprir a lei. Nada mais do que isso. O impressionante é que o RoD defenda quem não cumpra a lei...

Paulo Porto disse...

Stran

Sem me meter na sua discussão com o RoD, e fixando-me apenas no seu ultimo comentario;

Os preços das lojas, sobretudo na região de Lisboa, já começaram a baixar nos valores de venda. Nos valores de arrendamento, mais tarde ou mais cedo, também baixarão. A relação oferta/procura funciona, acontece que existem inércias importantes no mercado de arrendamento português. Talvez a principal seja mesmo o facto de a maioria dos proprietários se caracterizarem por não fazerem do arrendamento um modo de vida, como acontece nos EUA ou na GB. Antes foram pessoas que investiram em imóveis com a intenção principal de obter uma mais-valia importante anos depois, pelo que o arrendamento para eles não é uma prioridade. Isto é, o nosso capitalismo (e capitalistas) continua insipiente.

Quanto aos imoveis que os proprietarios não arranjam porque não têm rendimento para isso. O Stang ponha-se no lugar daquelas pessoas e depois diga-me se arranjava. No lugar deles estaria à espera que o inquilino se farte ou qualquer outra coisa e saia para finalmente conseguirem vender um apartamento ou um prédio por um valor mais proximo do valor de mercado. Suponho que compreende que um prédio velho com rendas de €50 vale pouquissimo. Mas se os apartamentos estiverem vagos vale muitíssimo mais, ainda que a precisar de muitos arranjos. Daí que tantas vezes inquilinos e senhorios façam acordos de cessão contratual para vender a um investidor interessado.

RioDoiro disse...

Parece-me que o comentário do Paulo Porto é suficiente par arrumar a gestão.

Talvez aqui volte, mas tenho pouco tempo.

A lógica do discurso do Stran_ger é parecida com a de um fardo de palha. E ando com pouca paciência para arrumar palha. Nem burro tenho a quem a dar ...

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Stran disse...

"Os preços das lojas, sobretudo na região de Lisboa, já começaram a baixar nos valores de venda"

Por acaso não tinha essa noção, no entanto gostava de saber onde é que conseguiu arranjar os dados para este comentário (fui à procura e não consegui e gostaria de escrever um artigo sobre esta temática no meu blogue, cujo o tema deste mês é o liberalismo) Quanto ao resto concordo plenamente, principalmente com "Isto é, o nosso capitalismo (e capitalistas) continua insipiente"

No entanto quanto ao segundo paragrafo não deixo de discordar (embora não totalmente).
Compreendo a actitude do senhorio/proprietário embora não concorde com ela.
Como mencionou estas são "pessoas que investiram em imóveis" e esta actitude de passividade do estado nada mais faz do que suportar um custo que deveria ser suportado pelos investidores. Quando fazemos um investimento, está inerente determinado risco (inclusivé o risco politico) à mais-valia expectavel desse investimento.
No fundo, ao deixar que os senhorios/proprietários não cumpram a lei mais não estamos a fazer que dar um subsidio a essas pessoas, premiando assim uma actitude incorrecta e premiando um mercado ineficiente.

Dada a sensibilidade do tema, e dada a minha formação politica, julgo que o Estado tem um papel importante neste capitulo, e uma solução vai ser sempre dificil de ser consensual.

P.S. Não deixa de ser fora do comum ser um social-democrata a defender esta posição e um "liberal", que julgo ser a posição do RoD (Não sei se o PP é ou não liberal), a defender uma apoio estatal ao mercado (mas este já seria outro tema).

Stran disse...

RoD:

Deixa-te de tretas, se não tens argumentos ou capacidade para continuar um debate não venhas arranjar desculpas parvas e inconsequentes.

RioDoiro disse...

Stran_ger:
"Deixa-te" ...

Aos gajos que me tratam por tu sem que os conheça, mando-os levar onde levam as galinhas. Se gostarem, tanto melhor.

Responderei se me apetecer, e logo que tenha tempo.

.

Stran disse...

""Deixa-te" ...

Aos gajos que me tratam por tu sem que os conheça"

Peço desculpa pelo facto. (Sincero)

Também quer que lhe trate por doutor, engenheiro, ou qualquer outra coisa? (Irónico)

Stran disse...

"...mando-os levar onde levam as galinhas. Se gostarem, tanto melhor."
muito educado da sua parte...

"Responderei se me apetecer, e logo que tenha tempo."
Longe de mim lhe apontar uma arma (até pela impossibilidade e estupidez da coisa).