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terça-feira, 15 de julho de 2008

Eleições Norte-Americanas VII


Em Portugal, para não se fugir à regra daquilo que se faz um pouco por toda a Europa, a cobertura às eleições Norte-Americanas tem sido, no mínimo, hilariante. Apesar de termos uma comunicação social que se diz defensora da liberdade de expressão e dos iguais direitos de todos e para todos, não é isso que realmente acontece: notícias sobre Obama são às centenas; notícias sobre McCain às unidades e, quando aparecem, aparecem a reportar alguns "escândalos" da corrida Republicana.

Nada a que eu, e a demais malta aqui do Fiel, não estivesse à espera. Barack Obama fez mexer com a esquerda Europeia que, como sabemos, detém um enorme poder de influência (e de facto..) sobre os órgãos de comunicação social do velho continente.

A febre Obama chegou à Europa ainda bem cedo nestas eleições, por força dos já badalados "Hopes" e "Changes". Nada mais motivou seriamente a Europa para dar um apoio tão forte a Obama: foi somente a retórica demagogo-populista do candidato Democrata. Há até quem diga, como justificação de apoio a Obama, que o Mundo precisa de carisma e não de seriedade e, por isso, Obama é o candidato certo.

Nem mesmo o recuo ao centro (ou à direita?) por parte de Obama, que já lhe está a valer tanto puxões de orelhas dos Democratas mais liberais como ataques de John McCain, demoveu a Europa do seu endorsment. Um desses conhecidos recuos é a posição do novato Senador do Illinois no que concerne à questão do Iraque, que se alterou radicalmente desde que atingiu o número de delegados suficientes para a nomeação Democrata. Achando-se esperto que nem um alho, Barack Obama afirma-se sem dogmas, sempre pronto a mudar de opinião quando for para melhor, nem que isso vá contra as razões pelas quais milhões de pessoas votaram nele nas Primárias.

Hoje, a televisão do Estado Português passou mais uma notícia sobre o candidato Democrata. Confesso que não me recordo bem do teor da notícia talvez porque, no final desta mesma notícia, o jornalista surpreendeu-me. Disse, na sua última frase, em tom apressado, qualquer coisa do género: "Numa altura em que Barack Obama começa a perder terreno nas sondagens".

Pois é meus amigos: existem coisas realmente do diabo. Como exemplo desta perda de terreno de Obama, tomemos em consideração duas sondagens da Newsweek: uma de Junho, outra de Julho. Na primeira, Barack Obama detém uns fantásticos 15% de vantagem sobre John McCain; Na segunda, a vantagem desceu para uns míseros 3%. A primeira mereceu o alarido do costume um pouco por toda a Europa. A segunda nem sequer foi pronunciada. Já a sondagem da Gallup Daily também dá 3% de vantagem a Obama. Já a sondagem do site Rasmussen Reports de hoje dá 2% de vantagem a Obama, sendo que nas sondagens da última semana as coisas tinham andado empatadas.

Convém frisar, para que se saiba, que estas sondagens globais não detêm muita importância: o que importa são as sondagens dos diferentes estados sendo que, como aqui já disse anteriormente, estas andam mesmo empatadas (em número de delegados já atribuídos). Em 2004 e em 2000 George W. Bush partia em muito pior condição do que os seus oponentes, John Kerry e Al Gore, respectivamente, e ganhou as eleições.

Os muitos indecisos
que ainda se verificam em diferentes estados, deverão, pela lógica, votar maioritariamente em John McCain. Os Republicanos que se dizem indecisos nas sondagens irão votar em John McCain no momento da decisão.

John McCain e os Republicanos partiram de uma condição de derrotados à partida para estas eleições. Rapidamente inverteram esta situação e tornaram esta eleição numa das mais alucinantes eleições Norte-Americanas de sempre. Mesmo que perca, toda a gente irá achar normal a derrota de John McCain.

As eleições podem cair para qualquer um dos lados, mas de certeza que McCain, apesar de acérrimo defensor do Ambiente, não acabará a dar palestras sobre o Aquecimento Global e a afirmar que "I suppose to be the next President of the United States".

10 comentários:

Diogo disse...

Caga no Obama, que é apenas mais jovem, mais magro, mais preto e tão estúpido como o McCain.

Fala antes deste - Ron Paul - e aprende com ele:

YouTube - Ron Paul 0wnz the Federal Reserve

Stran disse...

"...notícias sobre Obama são às centenas; notícias sobre McCain às unidades..."

Para quem é liberal deveria entender perfeitamente o motivo deste facto. É um simples ajustamento da oferta à procura.
(não concordo muito mas julgo que vocês não vêem nenhum mal nisso).

"o que importa são as sondagens dos diferentes estados sendo que, como aqui já disse anteriormente, estas andam mesmo empatadas (...)

Os muitos indecisos que ainda se verificam em diferentes estados, deverão, pela lógica, votar maioritariamente em John McCain.

(...)

Mesmo que perca, toda a gente irá achar normal a derrota de John McCain."

Pela sua lógica esta ultima frase é uma contradição, pois se é verdade o que diz o normal é a pessoas acharem que McCain ganha...

Já agora a sua lógica conduz à conclusão que McCain já ganhou (dado que estão empatados e que os Indecisos vão maioritariamente para Mcain), já tem preparado a justificação para caso aconteça o contrário? (vai ser interessante verificar como vai conseguir essa piroeta...)

Unknown disse...

"Nada mais motivou seriamente a Europa para dar um apoio tão forte a Obama: foi somente a retórica demagogo-populista do candidato Democrata"

Não só...o facto de ser de uma "minoria oprimida" e de cumprir todos os estereótipos do politicamente correcto (só lhe falta ser gay, ou ter dado à luz) trouxe-lhe grande popularidade na parvónia da "esquerda de causas".

Ah, e o facto de ser contra o "Bush e o Blair e o Iraque, e patati patatá".

Renato Bento disse...

Caro Stran,

"Pela sua lógica esta ultima frase é uma contradição"

Já estou habituado a que veja contradição em tudo o que é sítio, mesmo que esta exista ou não.

Vamos por partes:

"o que importa são as sondagens dos diferentes estados sendo que, como aqui já disse anteriormente, estas andam mesmo empatadas"

Sim, é isto que realmente importa. Mas as pessoas pensam que não é isso que importa o que justifica, em parte, o carinho que muita gente sente pelo Al Gore. Ganhou em número de votos, perdeu em estados.

"Os muitos indecisos que ainda se verificam em diferentes estados, deverão, pela lógica, votar maioritariamente em John McCain."

Não sou eu o único que digo isto. Toda a gente sabe que um individuo ou gosta de Obama ou detesta Obama. O número de pessoas que diz que "certamente não votarei Obama" é tão elevado, muitas vezes, como o número "certamente votarei Obama". Uma operação de lógica permite-lhe alcançar aquilo que aqui digo: na última hora, os eleitores votarão num candidato mais experiente, que conhecem melhor e que lhes oferece mais garantias (e não se esqueça da História: nos dias das eleições, os Republicanos colhem muito mais votos do que nas sondagens).

"Mesmo que perca, toda a gente irá achar normal a derrota de John McCain."

Por estarmos cegos, por acreditarmos que a "mudança" vai acontecer. A conjuntura leva a que toda a gente ache normal um Democrata ganhar (por força dos 8 odiados anos Bush). Independentemente das sondagens.

"Já agora a sua lógica conduz à conclusão que McCain já ganhou"

Segundo a minha lógica, McCain tem mais condições para vencer. Em primeiro lugar, porque é melhor candidato. Em segundo lugar, porque parte em boas posições nas sondagens, ao contrário dos outros Republicanos (nomeadamente Bush em 2000 e em 2004). E existem outras razões que me levam a acreditar nisso.

Mas isso não inviabiliza a possível vitória de Obama. Ele também tem as suas armas, nomeadamente a arma populista, a arma do sistema de saúde, a arma da imigração. E a arma dos 8 anos Bush.

Isto é um jogo de inteligência entre os 2 adversários. Quem melhor gerir estes últimos meses de campanha deverá, pela lógica, ganhar as eleições. E, apesar de Obama ter mais dinheiro, a máquina Republicana está uns furos acima da máquina Democrata.

"já tem preparado a justificação para caso aconteça o contrário?"

Não tenho que dar explicação absolutamente nenhuma. Confesso que as suas observações começam a ser cada vez mais fracas. Julgava-o mais inteligente que aquilo que está a demonstrar.

Eu alguma vez disse que Obama não tinha hipóteses sérias de ganhar? Eu alguma vez disse que McCain ia ganhar de certeza?

A única coisa que afirmei foi que estava com McCain e que este tem propostas melhores do que Obama e hipóteses tão boas como Obama para ganhar. E apresentei factos, sondagens. Sondagens essas que nos são escondidas aqui na Europa.

"(vai ser interessante verificar como vai conseguir essa piroeta...)"

Decididamente, você está cada vez pior. Pirueta fará você quando vir as tropas Norte-Americanas no Iraque "por mais 100 anos" se for necessário.

Renato Bento disse...

Caro lidador,

pois é. Esqueci-me completamente disso.

Stran disse...

Comecemos pelo fim:

"Decididamente, você está cada vez pior. Pirueta fará você quando vir as tropas Norte-Americanas no Iraque "por mais 100 anos" se for necessário."

Parte do pressuposto errado de que acredito em todo o discurso de Obama, ou sequer que ele era o meu candidato favorito. No entanto é pouco provável que fique "por mais 100 anos" eu julgo que a solução nem passa por ficar lá ad eternum nem sair imediatamente do Iraque, será um pouco mais sensata.

"Mas isso não inviabiliza a possível vitória de Obama. Ele também tem as suas armas..."

Finalmente uma novidade, que era o meu objectivo com o meu comentário. Transmite como certa a vitória de MacCain o que é tão errado se afirmar que Obama tem a vitória certa.

"A única coisa que afirmei foi que estava com McCain e que este tem propostas melhores do que Obama e hipóteses tão boas como Obama para ganhar. E apresentei factos, sondagens. Sondagens essas que nos são escondidas aqui na Europa."

Neste ultimo artigo não disse que "e hipóteses tão boas como Obama para ganhar."
Mas sim melhores:
"McCain tem mais condições para vencer."

Julgo que até hoje não comentei o seus artigos, no entanto julgo que pela primeira vez cometeu um erro de ser demasiado subjectivo na sua análise, acabando por fazer criticas que julgo infundadas.

Nomeadamente a questão das sondagens (vitimizando macCain), e a cegueira de todos os que não vêem que MacCain está à frente (utilizou uma lógica racional para chegar a esse ponto) e não afirmou ou sequer pôs a ressalva do efeito dos próximos meses de campanha que como você disse e concordo serão fundamentais para se saber quem vai ser o próximo presidente.

Renato Bento disse...

"Parte do pressuposto errado de que acredito em todo o discurso de Obama, ou sequer que ele era o meu candidato favorito."

Eu não referi nada disso. Apenas referi que McCain não será o seu candidato.

"que fique "por mais 100 anos""

Claro que é. Estava a brincar consigo Stran.

"Finalmente uma novidade, que era o meu objectivo com o meu comentário."

Então, vamos cá a ver algumas das citações nos anteriores posts sobre as eleições Norte-Americanas:

#1 - "As últimas sondagens noticiadas pela comunicação social Europeia têm dado claras vitórias a Barack Obama. Embora, actualmente, Obama tenha ligeira vantagem (em termos de Estados considerados já ganhos)"

#2 - "As coisas estão longe de estar acabadas. Ambas as candidaturas não podem estar certas de nada até ao dia da eleição."

#3 - "A campanha de Barack Obama tem um ponto a seu favor: o seu extremo empenho em levar a luta até ao voto. Estão muito mais mobilizados que os eleitores de McCain."

#4 - "Depois de ter ganho as eleições democratas, Obama sabe que tem que se deixar dos "Hopes". Tem que passar à acção: demonstrar que é uma pessoa séria, sabida e serena."

#5 - "Isto não é tão linear assim, e as surpresas por vezes acontecem. Convém não esquecer que a campanha de Barack Obama já está habituada a dar-nos surpresas."

#6 - "Em termos de percentagem de votos, as coisas andam muito empatadas. As sondagens ora dão 1 ou 2 pontos de vantagem a McCain, ora dão empate, ora dão 1 ou 2 pontos de vantagem a Barack Obama."

#7 - "PS: Se o "dream-ticket" (Obama+Hillary) democrático ocorrer, John McCain estará em muito maus lençóis."

#8 - "Porém, o fenómeno McCainiano está, de certa forma, equiparado ao fenómeno Obamiano."

Ainda acha que eu penso que Obama não pode vencer?

McCain tem, a meu ver, melhores hipóteses. Mas Obama também tem as suas.

"e a cegueira de todos os que não vêem que McCain está à frente"

McCain não está à frente. Obama é que não está tão à frente como querem fazer parecer.

Stran disse...

Epá RB,

Comentário sem espinhas.

Tirando as divergências politicas concordo com o que disse.

E acrescentaria que essa vantagem ilusória tem um efeito mais perigoso para Obama.

RioDoiro disse...

Stran:
"E acrescentaria que essa vantagem ilusória tem um efeito mais perigoso para Obama"

Parece-me o mesmo.

Um dos meus receios em relação a Obama já foi referido pelo Lidador. Se for eleito e a coisa aquecer e vendo que o mundo não é o ele pensa dever ser e que o tapete lhe começa a fugir de debaixo dos pés, é caramelo para começar a disparar em todas as direcções.

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RioDoiro disse...

... já para não falar dos seus ídolos.

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