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domingo, 27 de julho de 2008

A esquerda Portuguesa e o capitalismo


A esquerda tonteante nacional bate, com frequência, no capitalismo. Os Estados Unidos para aqui e para ali, os Ingleses que vão atrás, a União Europeia que cede a olhos vistos. Em matéria económica, o estado do país só se deve a uma coisa: ao capitalismo. Não se deve à má gestão orçamental que abalou o país durante anos, às mãos do estado praticamente presentes em tudo quanto é economia, à corrupção existente e implantada na sociedade Portuguesa, à falta de empreendorismo dos empresários, à falta de mão-de-obra capacitada e qualificada ou à falta de competitividade entre empresas.

É verdade, meus amigos, que a "crise" que atravessamos, que nos toca a nós especialmente, contribui para o problema económico que atravessamos. Mas não vale a pena atiçar pragas ao neoliberalismo: ele veio para ficar e isso é uma consequência directa das evoluções políticas que têm existido nos últimos anos. Não é unica e exclusivamente porque as transnacionais, os Estados Unidos da América ou, mais recentemente, como dizem, a União Europeia, querem e ditam.

Os estados têm cada vez menos poder e apenas têm tendência a perdê-lo. Remar contra a maré, exigindo que o Estado seja mais interventivo, é de quem não sabe do que está a falar. Que se exija que o estado seja mais interventivo a nível social, ainda vá lá que não vá, agora a nível económico? Para quê? Para as empresas fugirem a sete pés e montarem estaminé na Bulgária?

É descabido propor-se isto. É descabido não se aceitar o neoliberalismo. É descabido a extrema-esquerda continuar agarrada aos livros do velho das barbas. Mas não é descabido dizer-se que algumas coisas estão mal. Que algumas coisas estão erradas. Que algumas coisas precisam de ser mudadas. Isso não é descabido: é uma opinião absolutamente válida embora eu não concorde, na generalidade, com ela.

Um dos mais importantes pilares do capitalismo (ou neoliberalismo, whatever) é a concorrência. Este é, talvez, um dos mais importantes problemas de Portugal: porque nós sofremos de falta de concorrência em vários sectores. Especialmente em sectores-chave como o das telecomunicações, o das águas, o das electricidades. As coisas têm vindo a atenuar-se, com as apostas de algumas empresas privadas em território nacional mas, infelizmente, não cobrem todo o país. Já para não falar do problema que enfrentam em conseguir ultrapassar as empresas que, durante anos, se estabeleceram e se habituaram a mamar porque não existia quem servisse de alternativa.

Sem nunca esquecer, também, que para se aderir a outro serviço, para se querer outra coisa, obstáculos burocráticos não faltam, despesas de adesão idem, investimento necessita-se. E o médio Português não está, nesta altura, para investimentos.

Mas os monopólios Portugueses (nalguns deles o Estado ainda tem forte influência) não surgiram, como muitas vezes a esquerda tenta fazer parecer, do capitalismo e da luta de pequenos contra grandes. Eles já vêm de há muitos anos atrás, ainda o capitalismo estava arrumado na gaveta.

O problema que afecta Portugal é, para mim, muito mais interno do que externo. Sempre o foi. Não vale a pena venderem-nos carne por peixe, ou vice-versa.

Mas a culpa não é só do Primeiro-Ministro. Aliás, grande culpa não é dele. O problema que atravessamos, e que já se fez sentir noutros pontos fulcrais da nossa História, é um problema de mentalidades.

Não exijo que Portugal se torne numa potência, como o foi no passado. Mas certamente poderíamos estar bem melhor.

Por força da já adiantada hora e do meu conhecimento limitado na área da economia, este sim, cara ml, justificado pela idade, continuaremos mais tarde, se quiserem.

12 comentários:

ml disse...

este sim, cara ml, justificado pela idade

Entendo... Os conhecimentos em economia vêm com a idade. Em história e política vêm por osmose.

R disse...

«Mas os monopólios Portugueses (nalguns deles o Estado ainda tem forte influência)»

Os monopólios SÃO o Estado!


Vou-lhe dar um exemplo.
Na década de 50 e 60 Salazar e o "Regime" decidiram investir nas «províncias Ultramarinas» para mostrar que a presença Portuguesa era profícua, desenvolvida e civilizada. A propaganda estava a par de uma remessa de "agricultores" que deixaram a Beira e o Alentejo para fazer vida nas estepes e solo Angolano.

Resolução?, o Estado financiou, deu casa, pagou a passagem e subsidiou a "estadia" de tão beneméritos trabalhadores.

O que se verificou? Um real atraso em relação ÀS PRÓPRIAS POPULAÇÕES indígenas. Um assistencialismo, um paulatinamente, um marasmo e uma ortodoxia que o Estado Novo necessitou para criar o Füherprinzip e mistificação do líder. Equilibrou as contas públicas, mas fechou (já de si fechado) o ser Portguês.

Quero só com isto mostrar que desde sempre a "classe" média foi um logro enchido a chouriço. Esta gente que foi em busca do El Dourado, era tão rústica quanto os países do 3º mundo. Os métodos nunca saíram do mesmo. Mas, a altivez de ter um empregado criou a ideia de que "mandam" e "têem". Um exemplo de como o "rule of law" e a institucionalização nunca funcionaram em Portugal. Daí a crescente intrusão do Estado na vida social e privada (para além dos sectores económicos). É indiferente ao comum dos cidadãos ter um ERC, ou um SISI, ou um AMT, ou um procurador de poderes ilimitados. O Regime em vigor vive desta gente.... e do estado das coisas.

Unknown disse...

Caro RB, só uma adenda.
Em "economês", concorrência não é competição entre empresas, mas o processo segundo o qual os preços se estabelecem. Em termos simples,num gráfico, a linha da oferta concorre com a linha da procura, no ponto onde o preço é óptimo.

Como é evidente, quanto mais oferta mais o preço tende a baixar...

Quanto ao tema, o que de facto não existe em Portugal é liberalismo económico ou "neoliberalismo". O termo "neoliberalismo" é, ademais, uma designação usada para nomear o satanás de serviço, o bode expiatório, vá.
Ninguém sabe mto bem o que é, mas basta o camarada Jerónimo , o Dr Louçã ou o geronte Soares, dizer a palavra com ar indignado e cataclísmico, para os portugueses se lembrarem da "cuca", com que as avós os assustavam.

Portugal, como dizia, tem leis socialistas, mentalidade estatista e uma estrutura corporativa que impede de facto a liberdade económica.
Toda a malta se vira para o estado, chova ou faça sol. Na verdade, em termos económicos, o salazarismo legou um facho que quase toda a sociedade ainda empunha, com a esquerda tonta à cabeça.
O Estado a mandar e a planear (havia uns Planos de Fomento), autarcia, proteccionismo dos "centros de decisão" e dos "sectores estratégicos", etc.

Oxalá fôssemos mesmo "neoliberais"...

R disse...

«Toda a malta se vira para o estado, chova ou faça sol. Na verdade, em termos económicos, o salazarismo legou um facho que quase toda a sociedade ainda empunha, com a esquerda tonta à cabeça.»

Lidador, errado. O Estado é que sempre fez isso e o povo nunca deu de si, porque entrava na manjedoura.
A classe média sempre se alçou no Estado e o Estado sempre se alçou na burguesia para governar. Quando à classe económica nem vale a pena discutir isso.
Ainda assim, estamos demasiadamente ligados aos títulos da terra que o centralismo Católico nos legou. Simplesmente o Salazar e o "cerejeira" necessitaram de dar continuidade a esse "alheamento" da sociedade civil. Distribuía pão aos ricos e tabelava com assertividade através do corporativismo. Enquanto a Europa se desenvolvia, Portugal ia criando galinhas, comendo sopinha. Não basta adoptar o "neoliberalismo", a classe média em Portugal está gangrenada. Por maior abertura que o regime tenha, culturalmente estamos estanques, vulneráveis e pior; temos fraca capacidade de mudança.

O peso cultural é enorme, o Estado intervirá cada vez mais, porque do povo não se espera nada.


Concorrência em Portugal é fobia.

Veja o caso do grupo LEYA, na última feira do livro. Jesus, caíu o carmo e a trindade.

R disse...

ECONOMINA DE ESCALA e mentalidade contabilizadora. É o que faltou na criação da classe média. Pontos cruciais para se avançar até ao neoliberalismo.

Sem isso a classe média que detinha a matéria nunca passa do assistencialismo, e o Estado aproveita-se disso para governar e ser senhor.

Cumplicidades...

Renato Bento disse...

Caro lidador,

claro que sim. A mais que conhecida lei da oferta e da procura.

O economês, tal como qualquer outra ciência, tem as suas terminologias próprias que, um indivíduo de 18 anos como eu, dificilmente consegue descortinar...

Sérgio Pinto disse...

O termo "neoliberalismo" é, ademais, uma designação usada para nomear o satanás de serviço, o bode expiatório, vá.
Ninguém sabe mto bem o que é, (...)


Bem, se calhar o lidador não faz a menor ideia do que diz, mas isso, além de ser habitual, não implica que o resto das pessoas seja igualmente ignorante. Hmmm, se calhar a Mont Pelerin era formada por marxistas. Vá, leia e perceba a figura triste que voltou a fazer.

For all their shared convictions, in the beginning the Mont Pelerinians were also in some respects an heterogeneous group. One contingent was based loosely around Paris, which had convened the ‘Colloque Lippmann’ in 1938,11 widely regarded as a precursor to the MPS, where it has been claimed the term neoliberalism was originally coined (Lemke, 2001; Mirowski and Plehwe, 2008).

(...)

The most prominent member of the displaced Freiburg school, Wilhelm Röpke, then based in Geneva, was later anointed by Hayek as the most signifiant fi gure in ‘the neo-liberal movement’ in the German-speaking world, ‘at least beyond the narrow circle of experts’ (Hayek, 1967: 200)

(...)

René Courtin, a Paris-based academic affi liated with Le Monde, would write to Hayek in 1948, ‘Je suis persuadé que nous avons là la seule possibilité de créer un cadre pour le neo-libéralisme’ (I am persuaded that we have the potential to create a framework for neoliberalism) (quoted in Hartwell, 1995: 84)


Tudo isto, e bastante mais, pode ser lido, no 'Remaking laissez-faire' de Jamie Peck, disponível em
http://www.socialsciences.manchester.
ac.uk/disciplines/politics/research/
hmrg/activities/documents/Peck.pdf

Unknown disse...

Caro Sergio, está muito reducionista, hoje.
Acredita mesmo que é só isso, ou está apenas a fazer-se de tonto?
E, já agora, onde é que "esse" neoliberalismo, entronca com o movimento neoconservador?
E de que maneira "esse" neoliberalismo se mistura com o de Chicago, ou com o conspícuo anátema demonizante que está sempre na boca de todo o bom e tonto esquerdista, cada vez que é necessário descarregar culpas num bode?

Você lembra-se do PCP ou dos FSR, ou dos partidozecos da esquerda folclórica, há, digamos 15 anos?
Não, não lembra, a memória dos idiotas é como a dos peixes, não desfazendo, mas na altura o bode era o "imperialismo", o "capitalismo", essas coisas.
Depois descobriram o "neoliberalismo" e hoje, garante você, todo o bicho careta que o usa, cada vez que sente uma coceira nos tomates, está justamente a recordar-se da Mont Pélerin.
Sintoniza-se a Antena Aberta e o Sr Silva dos Taxis, que aparece a berrar conra o "neoliberalismo", fá-lo porque leu Hayek e conhece a fundo os fundamentos da escola austríaca e os nuances da escola de Chicago.

Suspeito que você tb é taxista... teoria da livre escolha

Sérgio Pinto disse...

Lidador,

A técnica da fuga em frente já é conhecida, é velha, e está mais que gasta. O objectivo era evidenciar que você, uma vez mais, se tinha metido por terrenos pantanosos em relação aos quais, naturalmente, evidencia uma ignorância próxima do absoluto. Além disso, esbracejar depois de já se ter enredado no ridículo não o ajuda.

Além disso, abstenha-se de tentar adivinhar o que sou ou deixo de ser, bem como as coisas de que tenho memória ou não. Não precisa de se enterrar mais.

Unknown disse...

Resumindo, não sabe o que dizer, mas diz.

Como dizia o outro, pedante é o gajo que digere mal, intelectualmente.
Gases....

Sérgio Pinto disse...

Embora você goste de continuar a fugir enquanto assobia, o rasto de parvoíces que deixa atrás de si persegue-o.

Portanto, deixo-o uma vez mais com a parvoíce ignorante que aí vomitou:
O termo "neoliberalismo" é, ademais, uma designação usada para nomear o satanás de serviço, o bode expiatório, vá.
Ninguém sabe mto bem o que é (...)


E agora tenha juízo! E leia, antes de andar a fingir familiaridades com temas, autores ou conceitos que viu na wikipedia.

Unknown disse...

"o rasto de parvoíces que deixa atrás de si persegue-o"

Bem, há que reconhecer que você por vezes se define bastante bem.
Mas enfim, é uma perseguição bastante patética, a sua.