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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Deverá a UE criticar a Rússia?


A Europa tem dado especial importância aos desenvolvimentos no Cáucaso. Capas de jornais, notícia de entrada dos telejornais, motivo de discussão entre valorosos intelectuais Portugueses e Europeus. É compreensível, na medida em que este conflito põe a Europa, nomeadamente a União Europeia, numa situação bastante difícil: criticar a Rússia pela sua ingerência nos assuntos internos da Geórgia, pela sua iniciativa que roubou a vida a alguns milhares de pessoas, que acabou com o status quo que vigorava há algum tempo ou, por outro lado, continuar refém das importantíssimas relações comerciais da União Europeia com a Rússia?

A decisão de Sarkozy foi uma decisão aceitável, dentro do previsto. Apesar da pressão enorme exercida pelos países do Báltico, o Presidente Francês sabia que não convinha levantar muitas ondas com os Russos: caso contrário a União Europeia veria substancialmente reduzidas as quantidades de gás e de petróleo provenientes da Rússia. Jogou, portanto, pelo seguro: criticou a Rússia, realçou o integridade territorial da Geórgia, mas não atacou fortemente a Rússia, ao contrário daquilo que têm feito outros líderes de países do Leste Europeu (Polónia, Lituânia, Ucrânia, etc.). Até a própria administração Americana, que sabe que este conflito não lhe diz particular respeito, teve uma acção muito mais energética do que a União Europeia.

Existem países na União Europeia muito menos dependentes da Rússia que outros. Portugal e Espanha, por exemplo, com o gás proveniente do Magrebe, estão "tranquilos" no que toca a esta questão. Será de esperar uma posição muito mais aliada aos países do Báltico, quando comparado com países do centro da Europa.

Os Estados Unidos da América anunciaram a possibilidade de boicote, a vários níveis, à Rússia de Vladimir Putin. Esta possibilidade fracassará com o certo recusar da União Europeia desta hipótese.

Entretanto, a República Checa selou com os Estados Unidos da América o acordo para colocar um escudo de defesa antimíssil na Europa Central. A República Checa junta-se desta forma à Polónia. O escudo visa proteger a Europa e os Estados Unidos de um possível ataque de Teerão aos países ocidentais. Putin diz que não: é o regresso à Guerra Fria.

Vi em rodapé, na televisão, que Chávez atribuía a crise na Geórgia aos Estados Unidos. O melhor amigo de Sócrates está cada vez mais afectada pela doença, e já não diz coisa com coisa. Mas, ao que consta, Chávez é dos mais adorado políticos à escala Mundial. Vá-se lá saber porquê...

No primeiro artigo sobre esta questão, o meu colega Carmo da Rosa, discordou daquilo que disse. Mas eu mantenho a minha: o conflito foi desencadeado pela intervenção militar da Geórgia na Ossétia, e é esta a razão que levou ao abrir do fogo. Outra questão, e é o que o meu caro colega Carmo estava obviamente a defender, é que a Rússia não invadiu a Geórgia por causa da acção desta na Ossétia. Mas isso já é outra questão. E eu concordo, obviamente, com ele.

Nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos, esta questão deu um importante impulso a McCain. Vários analistas destacaram as suas intervenções, de forte crítica à Rússia (McCain defende, até, a saída da Rússia do G8), dizendo que McCain está como "peixe na água" neste assunto. Os Americanos mostraram, em algumas sondagens, preocupação com as últimas acções da Rússia e isto é, claramente, uma boa notícia para John Sydney McCain.

21 comentários:

RioDoiro disse...

RB:

"O melhor amigo de Sócrates está cada vez mais afectada pela doença, e já não diz coisa com coisa. "

A descida do preço do petróleo não deve ajudar.

.

Renato Bento disse...

E as oito vitórias do Michael Phelps então...

Anónimo disse...

RB falar bem....e...ser verdade que melhor amigo de chavez não dizer coisa com coisa, afinal ele ser um "caga lérias"...quando o mandarem calar ele ficar amoado, quando manifestarem interesse no seu petróleo ele ser logo o melhor amigo..mas vejamos uma coisa...este hOMEM ser um ditador numa democracia, porque haveria ele de fazer alguma coisa com jeito se a sua propria politica se contradiz?

Anónimo disse...

perdão...
o melhor amigo de Sócrates é que não diz coisa com coisa....

(lapso meu)

Anónimo disse...

o que impulsionou McCain não foram estes problemas no caucaso..foi sim a reunião publica que este e seu rival (e companheiro de guerra politica a presidencia dos EUA) tiveram com um género de psicólogo e onde espuseram as suas histórias de vida....de facto emocionou me....e fiquei espantado com uma coisa...o obama não tem cabelos brancos...aquilo é tinta de "spray against robbers"...pois é....

Carmo da Rosa disse...

”este conflito põe a Europa, nomeadamente a União Europeia, numa situação bastante difícil: criticar a Rússia pela sua ingerência nos assuntos internos da Geórgia, continuar refém das importantíssimas relações comerciais da União Europeia com a Rússia?”

Caro RB,

Relações comerciais são relações em que há interesses (comerciais) de ambos os lados, o que significa que tanto é REFÉM a UE como a Rússia. A situação é difícil (mas de maneira nenhuma impossível), mas é, de qualquer forma, para ambos os lados. Mas para fazer afirmações sobre quem é refém de, é necessário ter uma ideia das consequências económicas para a Europa, caso os russos fechem a torneira do gás! Mas creio que neste caso é preciso também não esquecer as consequências económicas para a Rússia!

Mas você, além de não especificar as consequências que um fechar da torneira russa possa ter para a Europa – eu tão pouco o posso ajudar, não faço a mínima ideia, não sou economista –, passa por cima, ou não aborda, as consequências para a economia russa quando não receber os dividendos da venda de gás e petróleo.
Isto é evidente nesta sua afirmação: ’o Presidente Francês sabia que não convinha levantar muitas ondas com os Russos: caso contrário a União Europeia veria substancialmente reduzidas as quantidades de gás e de petróleo provenientes da Rússia.’

Tem a certeza? Eu não estou tão certo!

”[Sarkozy] criticou a Rússia, (…) mas não atacou fortemente, ao contrário dos outros líderes de países do Leste Europeu (Polónia, Lituânia, Ucrânia, etc.).”

Normalíssimo! Porque, salvo raras excepções, todos os ex-membros do Pacto de Varsóvia não podem como os russos nem com molho de tomate, porque os conhecem de ginjeira, porque estiveram 50 anos debaixo da pata do urso e são por isso bem mais sensíveis que os franceses às ideia que os russos têm de lebensraum.

”No primeiro artigo sobre esta questão, o meu colega Carmo da Rosa, discordou daquilo que disse. Mas eu mantenho a minha: o conflito foi desencadeado pela intervenção militar da Geórgia na Ossétia, e é esta a razão que levou ao abrir do fogo..”

Eu, por enquanto, não discordei daquilo que disse, eu discordei sim do que você disse!

Por uma razão muito simples.
Se Sakashvili afirmasse hoje mesmo: que não quer de maneira nenhuma aderir à NATO; que quer o Good Old Pacto de Varsóvia de volta; que quer relações preferênciais com a Rússia; e, aderir à UE nem pensar nisso, só dá chatices; que quer colocar duas enormes estátuas no centro de Tbilisi, uma em homenagem a José Estaline e outra a Béria (dois ‘grandes’ georgianos) a serem inauguradas por Vladimir Putin, então, neste caso seriam as próprias tropas russas quem esmagariam, e com todo o prazer, a Ossétia e a Abcásia, caso estes levantassem cabelo.
De isto tenho eu a certeza, mas também é a única coisa em que tenho a certeza…

Ricardo Ferreira disse...

deverão os EUA criticar a Rússia?

Renato Bento disse...

"Relações comerciais são relações em que há interesses (comerciais) de ambos os lados"

A União Europeia precisa muito mais da Rússia do que vice-versa. Eles têm vários mercados prósperos para onde se podem facilmente virar, nós não temos essa facilidade.

"Mas para fazer afirmações sobre quem é refém de, é necessário ter uma ideia das consequências económicas para a Europa, caso os russos fechem a torneira do gás!"

Não é preciso ir muito atrás: lembra-se quando a Rússia, há uns mesinhos atrás, fechou a torneira do gasoduto que passa, salvo erro, pela Bielorússia (ou pela Ucrânia, já não me lembro bem)?

Ficou tudo em alvoroço! E isso aconteceu outra vez há tempos, quando a República Checa aceitou os misseis Americanos no seu espaço. O gás começou a ser cortado.

"Mas você, além de não especificar as consequências que um fechar da torneira russa possa ter para a Europa"

Para nós, Portugueses, pouco. Para os Alemães ou para os Checos (veja lá se não chega também à Holanda), o gás provavelmente começava a escassear (o preço subia e flecha). E talvez até o petróleo..

"passa por cima, ou não aborda, as consequências para a economia russa quando não receber os dividendos da venda de gás e petróleo."

Como já lhe disse, a Rússia já FEZ cortes no passado ao fornecimento para a Europa. O que não falta no Mundo são países necessitados de bens energéticos.

"Tem a certeza? Eu não estou tão certo!"

Eu tambem não. Mas não convém arriscar...

"deverão os EUA criticar a Rússia?"

Será a Terra redonda?

Renato Bento disse...

PS: É óbvio que teria impacto para os Russos.

Carmo da Rosa disse...

”A União Europeia precisa muito mais da Rússia do que vice-versa. Eles têm vários mercados prósperos para onde se podem facilmente virar, nós não temos essa facilidade.”

Caríssimo RB,

Estou de cama com uma gripe do camandro. Ainda por cima, como nunca estou doente, graças a Deus, tenho mau-humor e não me apetece fazer nada (só ver os JO). Mas pronto, por ser para si:

Esta visão de uma União Europeia pobre e completamente dependentes da riquíssima Rússia com vários mercados prósperos por onde escolher, parece-me ligeiramente pessimista, para nós, não para os russos.

Vistas assim as coisas o melhor é rendermo-nos já, colocar a cabeça no cepo ou optar o mais depressa possível por um low profile, agradecer aos Russos a intervenção na Geórgia e extinguir a NATO… Ou seja, como se dizia antigamente, A FINLANDIZAÇÃO DA UE.

Que eu saiba a UE é, por enquanto, bem mais rica que a Rússia, consequentemente imagino que tenha algumas reservas.
Tem uma indústria mais forte. Pelo menos tenho reparado que nos últimos anos quando quero comprar um carro, um computador, uma televisão, uma máquina de lavar, um frigorífico, um micro-ondas ou um vibrador tenho que comprar made in japan, made in usa, ou made in europe, nunca me acontece de comprar made in russia!

Imagino que isto significa alguma coisa, por exemplo mercados prósperos e milhões de consumidores com muito papel. Creio que NÓS (neste caso não estou propriamente a pensar em Portugal ou na Grécia) temos, pelo menos, a mesma facilidade na escolha de mercados que os Russos.

” lembra-se quando a Rússia, há uns mesinhos atrás, fechou a torneira do gasoduto”

Lembro-me perfeitamente, mas esse princípio de chantagem era exclusivamente dirigido à Ucrânia. Ainda por cima com a desculpa que o preço do gás não era conforme. E, na altura, os russos tentaram imediatamente desmentir qualquer suspeita que se serviriam da torneira do gás como arma política. É evidente que a manobra russa criou alvoroço no seio da UE, mais vale prevenir do que remediar. Trata-se de um precedente perigoso, e com os russos nunca se sabe…

Eu não tenho a certeza, mas creio que a UE compra o gás russo (Gazprom) porque por enquanto é mais barato que o gás existente e extraído na UE (Noruega, Inglaterra, Holanda). Mas repito, não tenho dados sobre o assunto e como quero ver os JO na TV não estou com pachorra para os procurar.

Uma coisa é certa, uma das grandes riquezas da Holanda é precisamente a produção de gás, do qual 50% é exportado para a Alemanha. Há uns anos atrás a jazida de Slochteren era a maior do mundo (já não é), mas de qualquer forma, a Holanda tem gás em reserva para aguentar, sem a descoberta de novas jazidas, mais 40 ou 50 anos – dependente do rigor dos invernos.
Mas como os invernos devido ao CO2, segundo os cálculos do nosso colega R-o-D, just kidding, vão ser no futuro cada vez mais quentes, não há crise.

Como vê, por cá, os holandeses, podem, nas calmas dizer ao Putin para meter o gás no olho do cu, acender um isqueiro à frente do nariz e respirar fundo………… PUM.

Renato Bento disse...

"Esta visão de uma União Europeia pobre e completamente dependentes da riquíssima Rússia com vários mercados prósperos por onde escolher, parece-me ligeiramente pessimista"

A Rússia é riquíssima em recursos naturais, mas não sabe exponenciar o rico território que tem em proveito dos seus cidadãos (tem gás, tem petróleo, tem ouro, tem carvão, pode recorrer ao nuclear, tem diamantes, tem outros minérios). Aliás, sabe, mas só em proveito de uma diminuta parte da população. Os Estados Unidos da América são um país tão rico com a Rússia em recursos naturais e não existe comparação entre uma coisa e outra. Uma coisa é a riqueza inata, outra é a riqueza gerada. Os Estados Unidos combinam as duas coisas.

A Rússia pode ser o Zimbabué aqui do sítio, mas não deixa de ser rica em recursos. A União Europeia já teve um nível de recursos bem mais elevado, mas as coisas já estão muito exploradas e tivemos o infortúnio de não nascer por cima de poços de petróleo. A UE tem riqueza gerada noutras vertentes que não a natural, mas precisa de importar estes bens dos outros países, porque, hoje em dia, é impossível viver sem tomar banho com água quente, sem andar de carro, sem viajar de avião, sem aquecer a comida e por aí além.

É aí que a Rússia entra.

"Tem uma indústria mais forte. Pelo menos tenho reparado que nos últimos anos quando quero comprar um carro, um computador, uma televisão, uma máquina de lavar, um frigorífico, um micro-ondas ou um vibrador tenho que comprar made in japan, made in usa, ou made in europe,"

Eu estou a falar de riqueza natural, de riqueza territorial e sou confrontado com frigoríficos. Como explica a riqueza demonstrada pelos Emiratos Árabes Unidos e pela Arábia Saudita? Uma coisa é gerar-se a riqueza, através da criação de empregos, da qualificação do pessoal, da indústria. Outra coisa é não se precisar de nada disto para se ter um território rico e umas potencialidade de fazer inveja: veja a Líbia, a Arábia Saudita e a nossa amiga Rússia! Mas ser-se rico em recursos naturais não é sinónimo de se ser rico! Aliás, na maior parte das vezes até nem ajuda.

Os Estados Unidos são a excepção à regra.

"temos, pelo menos, a mesma facilidade na escolha de mercados que os Russos."

Aí é que está enganado.

"Eu não tenho a certeza, mas creio que a UE compra o gás russo (Gazprom) porque por enquanto é mais barato que o gás existente e extraído na UE (Noruega, Inglaterra, Holanda"

Claro que compramos à Gazprom, que já é, por sinal, uma das maiores empresas do Mundo. A Inglaterra em termos de gás já está a ver a coisa negra, o caso da Holanda não conheço particularmente.

O caso da Noruega é elucidativo daquilo que estive para aqui a palrar: porque é que acha que a Noruega não quer entrar para a UE? Porque tem petróleo! Porque tem gás! Porque tem bacalhau! Porque tem recursos naturais. Não precisa da UE para nada, só para vender.

Caro Carmo: descanse. Precisamos todos de ouvir mais relatos das suas férias, da Holanda e por aí a diante. Não deixe que a gripe o afecte.

RioDoiro disse...

RB:

"A Rússia é riquíssima em recursos naturais, mas não sabe exponenciar o rico território que tem em proveito dos seus cidadãos"

Há quem lhe chame a maldição de ter recursos.

Para, aparentemente, manter a sociedade funcional, a Noruega decidiu (dizem eles) canalizar os proventos do petróleo para pagamento das reformas.

.

Carmo da Rosa disse...

Ó Ricardo,

Eh pá, por eu não saber preencher a minha folha de impostos e reprovar no quinto ano em matemática, porque não sabia a tabuada, não quer dizer que seja atrasado mental! Nos matrecos até era um dos melhores do meu bairro …

” A Rússia é riquíssima em recursos naturais, mas não sabe exponenciar o rico território que tem em proveito dos seus cidadãos (tem gás, tem petróleo, tem ouro, tem carvão, pode recorrer ao nuclear, tem diamantes, tem outros minérios).

Obrigado pela informação, eu sempre pensei que eles sabiam exponenciar, mas como estão sempre c’os copos a coisa não exponenciasse lá muito bem.

” Aliás, sabe, mas só em proveito de uma diminuta parte da população.”

Olha, outra coisa que eu desconhecia completamente! Então o comunismo afinal não funciona…

”Os Estados Unidos da América são um país tão rico com a Rússia em recursos naturais e não existe comparação entre uma coisa e outra.”

Caneco desenganaste-me! Eu a julgar que era precisamente a mesma coisa, que capitalismo é a exploração do homem pelo homem, e socialismo o inverso.

”A União Europeia já teve um nível de recursos bem mais elevado, mas as coisas já estão muito exploradas e tivemos o infortúnio de não nascer por cima de poços de petróleo.”

Então na Noruega, na Inglaterra e na Holanda o gás e o petróleo cai com a chuva e é apanhado com baldes?

” A UE tem riqueza gerada noutras vertentes que não a natural, mas precisa de importar estes bens dos outros países, porque, hoje em dia, é impossível viver sem tomar banho com água quente, sem andar de carro, sem viajar de avião, sem aquecer a comida e por aí além.”

Eh pá não me digas que os Russos não tomam banho (bem me parecia!), não andam de carro, não viajam de avião, nem sequer aquecem a comida?

Mas eu percebo bem o que tu queres dizer, e tens razão, mas só METADE da razão… Esqueces completamente a NECESSIDADE russa de vender o que tem para comprar frigoríficos. E tu respondes a esta que ‘os russos podem vender o petróleo a quem quiserem’! Talvez, mas a Europa também pode comprar o petróleo onde quiser, pode diversificar os fornecedores, pode até mudar de fonte de energia…

Ah, e outra coisa. Também não convém esquecer a flexibilidade da população protestante. Os holandeses, para citar só um exemplo que conheço bem, não são como nós, portugueses, mimalhos até ao tutano, desde tenra idade habituados a que o papá ou a mamá os leve à escola de carro, ou então é o papá que vai de carro ao café da esquina quando quer comprar tabaco. Nestes países, quando se atingir as tuas previsões apocalípticas, os holandeses vão todos de bicla (já muitos o fazem) para o trabalho, tomam banho de água fria e cozinham outra vez a carvão – nas calmas.

”Eu estou a falar de riqueza natural, de riqueza territorial e sou confrontado com frigoríficos.”

Pois eu estou a falar das duas riquezas, da natural e da dos frigoríficos, porque as duas estão interligadas e são inseparáveis: A precisa de vender os seus produtos naturais a B para poder comprar frigoríficos a C.. Até aqui percebo eu, mas por favor não me perguntes a tabuada dos 9…

”Como explica a riqueza demonstrada pelos Emiratos Árabes Unidos e pela Arábia Saudita?”

Deixa-me cá pensar um bocadinho! É isso….Alá está com eles?

”O caso da Noruega é elucidativo daquilo que estive para aqui a palrar: porque é que acha que a Noruega não quer entrar para a UE? Porque tem petróleo! Porque tem gás! Porque tem bacalhau! Porque tem recursos naturais. Não precisa da UE para nada, só para vender.”

Mas quer isto então dizer que os países que entraram, ou que formaram, a União Europeia fizeram-no porque são pobres?

Sim, alguns são, os que aderiram mais tarde, mas não todos. Não creio que haja nisto uma regra de sine qua non: sou rico logo não entro na UE. As razões para não entrar na UE podem ser várias e até opostas.
Se o PCP tivesse a maioria absoluta em Portugal provavelmente nós não faríamos parte da UE. Alguns de nós ficariam muito contentes outros não – eu por exemplo, que já não posso passar sem os Euros…

Eu já disse, mas parece que não queres acreditar que a Holanda tem gás - sem contar descobertas de futuras jazidas, e sem abordar energias alternativas cada vez mais baratas e cada vez mais aperfeiçoadas - para tomar banho de água quente e cozinhar bacalhau norueguês durante os próximos 50 anos. E além disso, que eu saiba, a Holanda não entrou na UE porque era um país pobre, ou por falta de matérias primas. Minto. Falta, mas só Sol…

Unknown disse...

"Eu já disse, mas parece que não queres acreditar que a Holanda tem gás "

De facto. Em economia é até largamente citada a chamada "doença holandesa", fenómeno que traduz os efeitos perversos de uma economia que assenta o seu funcionamento na exploração quase univa de um recurso.
A Holanda quando descobriu ter enormes reservas de gás, pensou ter enriquecido e acabou com enormes taxas de inflacção e o estiolamento de quase todos os outros sectores.
Felizmente são espertos e perceberam o mal.
Mas os russos, os angolanos, os venezuelanos, etc, etc, não parecem ter aprendido essa lição.

"Doença holandesa"...basta googlar...

Unknown disse...

"Eu já disse, mas parece que não queres acreditar que a Holanda tem gás "

De facto. Em economia é até largamente citada a chamada "doença holandesa", fenómeno que traduz os efeitos perversos de uma economia que assenta o seu funcionamento na exploração quase univa de um recurso.
A Holanda quando descobriu ter enormes reservas de gás, pensou ter enriquecido e acabou com enormes taxas de inflacção e o estiolamento de quase todos os outros sectores.
Felizmente são espertos e perceberam o mal.
Mas os russos, os angolanos, os venezuelanos, etc, etc, não parecem ter aprendido essa lição.

"Doença holandesa"...basta googlar...

Luís Oliveira disse...

”O caso da Noruega é elucidativo daquilo que estive para aqui a palrar: porque é que acha que a Noruega não quer entrar para a UE? Porque tem petróleo! Porque tem gás! Porque tem bacalhau! Porque tem recursos naturais. Não precisa da UE para nada, só para vender.”

RB, a Noruega vai acabar por entrar, neste momento está nos acordos todos, apesar de não ser membro de facto. Só teria vantagens, está a pagar balúrdios sem receber nada da UE em troca. O que os impede de entrar é o nacionalismo da população, não é por fazer sentido economicamente.

Carmo da Rosa disse...

”A Holanda quando descobriu ter enormes reservas de gás, pensou ter enriquecido”

Lidador,

Acertadíssimo, todo o comentário, apenas um leve reparo: ‘não pensou ter enriquecido’, a Holanda já era rica. E faço o reparo apenas para não induzir outros em mal-entendidos do género que a Holanda é um país pobre – e que por isso vai facilmente ceder à chantagem russa…

Ah, e o conceito doença holandesa (dutch disease) também se empregava nos anos 80 em relação à resistência, pela parte da esquerda holandesa, à acertada decisão de Reagan e Teatcher de colocar os mísseis Perching virados para Moscovo.

Renato Bento disse...

"Então na Noruega, na Inglaterra e na Holanda o gás e o petróleo cai com a chuva e é apanhado com baldes?"

A Noruega não pertence à UE e creio que a Inglaterra já tem dificuldades na exploração do seu gás. Quanto à Holanda já referi que desconheço, mas nem toda a Europa vive à custa de Holandeses.

"Talvez, mas a Europa também pode comprar o petróleo onde quiser, pode diversificar os fornecedores, pode até mudar de fonte de energia…"

Pode mas a adaptação não seria fácil e demoraria algum tempo.

"Eh pá não me digas que os Russos não tomam banho (bem me parecia!), não andam de carro, não viajam de avião, nem sequer aquecem a comida?"

Até podem tomar 200 banhos se quiserem...

"Mas quer isto então dizer que os países que entraram, ou que formaram, a União Europeia fizeram-no porque são pobres?"

Fizeram-no porque a UE os ajudava substancialmente. A Noruega não precisa da UE, porque se precisasse tinha entrado sem espinhas. A própria Suécia entrou também rés-vés...

Não tenhamos dúvidas: se a Noruega fosse como a Irlanda ou como Portugal já estava na UE e eram uns Europeístas convictos!

"Só teria vantagens, está a pagar balúrdios sem receber nada da UE em troca."

Teria vantagem mas não substanciais. A Noruega vive perfeitamente sem fazer parte da UE. Mas eles estão, como disse, em praticamente todos os acordos.. Menos nos mais importantes.

Será que sou o único que pensa que se a Noruega fosse a Irlanda já estava na UE?

Renato Bento disse...

"Menos nos mais importantes."

Corrigir para : no mais importante.

Luís Oliveira disse...

"Teria vantagem mas não substanciais"

Está enganado, teria vantagens substanciais. Só não entraram porque 52% da população não quis.

Norway and the European Union

Carmo da Rosa disse...

Bom, não quero discutir mais o assunto porque tenho a impressão que andamos às voltinhas, apenas isto:

Ó Ricardo,

A Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, a Alemanha, a Áustria, a França, a Itália, a Inglaterra, a Dinamarca e a Suécia SÃO PAÍSES RICOS que fazem parte da UE, mas já eram ricos ANTES de entrar para a UE.

Se isto não bate certo vamos ter que rever a concepção de rico! Como definir o ser rico?

Serão os holandeses pobres porque andam de bicla e não têm hipermercados do tamanho do Colombo ou do Arrábida Shopping?