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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A América Baloiça, a Europa Mete Água

O 'El País' de hoje noticia que Peer Steinbrück, ministro das finanças alemão, declarou no Bundestag que os EUA perderão o seu estatuto de grande potência do sistema financeiro internacional. Esta afirmação parece ser da véspera, embora o jornal espanhol não diga quando foi proferida, contrariando uma das três regras elementares do jornalismo.

Até há pouco ainda não era possível cruzar esta notícia, mas é de admitir que seja verdadeira por estar em linha com outras alarvidades anti-americanas do grotesco e eurocêntrico Steinbrück

Ficam por responder duas perguntas:
-que outro país vai então substituir os EUA como grande centro financeiro mundial?
-porque motivo, apesar da crise no imobiliário americano que já tem muitos meses, as poupanças do mundo continuam a ser canalizadas para os EUA?


Uma coisa é certa, o grande centro financeiro que irá ocupar o espaço livre deixado pela previsão (por cumprir) de Peer Steinbrück não será certamente a Europa. E não será porque não se imagina quem vá colocar as suas poupanças numa zona económica cuja locomotiva, a economia alemã, vai entrar em recessão ainda este ano, segundo previsões da insuspeita Comissão Europeia.

É evidente que a CE, tal qual Steinbrück, diz que a culpa da recessão prevista para a Alemanha é da crise financeira nos EUA. Aquilo que não faz é dar explicação séria para o facto de a principal economia europeia sofrer como nenhuma outra no mundo por causa da crise financeira internacional. Isto tendo em considerarão as excelsidades e virtudes do modelo económico-social europeu, segundo as opiniões politicamente corretas deste e do outro lado do Atlântico.


É claro que muitos preferem pensar na recessão - a tal - que vai acontecer no próximo trimestre nos EUA; sim, essa mesma - a tal - aquela que há uns três ou quatro anos anda para acontecer "no próximo trimestre" e que desta vez é que é.

É claro também que parece que poucos notam que a vertente real da economia americana está a sofrer pouco com a crise financeira, ao contrário do que acontece na UE. Este é um sinal muito evidente das diferenças de saúde entre uma e outra economia. E é por aqui que o assunto deve ser analisado.

É um facto inquestionável que a economia real na Europa sofre mais com a crise financeira que vem dos EUA do que os próprios EUA ou qualquer outra zona económica. Ora, como é que o mesmo virus da constipação deixa uns ir trabalhar enquanto outros ficam de cama? A culpa é do vírus ou do estado geral de saúde do portador? O peso da crise financeira americana na economia real da Europa é uma consequência da debilidade económica a que fomos conduzidos pelo modelo economico-social da UE, de outro modo não seríamos afetados a este ponto. Este é o facto realmente relevante, o mesmo que quase nunca se vê abordado.


Na União Europeia, muitos parecem pategos apontando embasbacados para um transatlântico chamado ‘America’ que lhes passa à frente, baloiçando. Os pategos bradam indignados contra o 'America' e as ondas que faz ao passar inundando-lhes a barcaça ferrugenta em que viajam. Tudo menos pensar nos muitos e grandes buracos no casco da seu próprio barco por onde a água entra. Tudo menos ver que outros barcos também balançam com as mesmas ondas mas não metem água. Coisas da labreguice basbaque e eurocêntrica.



Atualização 2008,09,28: reabrindo o primeiro link do post, passou a constar 'hoy' (hoje) na notícia do jornal. Fica a dúvida se eles andarão a ler o Fiel-Inimigo.

34 comentários:

Carmo da Rosa disse...

@ Paulo Porto: É claro também que parece que poucos notam que a vertente real da economia americana está a sofrer pouco com a crise financeira, ao contrário do que acontece na UE.

Eu não percebo nada destas coisas económicas mas é verdade que ouvi há dias na TV o Presidente do Banco da Holanda, Tjeenk Willink, e fiquei bastante surpreendido, a dizer precisamente o que Paulo Porto afirma.

Anónimo disse...

O peso da crise financeira americana na economia real da Europa é uma consequência da debilidade económica a que fomos conduzidos pelo modelo economico-social da UE, de outro modo não seríamos afetados a este ponto.

E chega a esta conclusão baseando-se em...?

Se a China mantiver os elevados ritmos de crescimento, vai louvar o modelo como o mais adequado para enfrentar a crise? (acho que percebe o exemplo)

Já agora, não vê nenhuma diferença na actuação ou nos mandatos da Reserva Federal ou do BCE?

Parece-lhe que a nacionalização faz parte do modelo económico-social dos EUA?

E a crise financeira surge de onde? Também se deve ao excesso de intervencionismo estatal?

Paulo Porto disse...

Caro S.Pinto

"E chega a esta conclusão baseando-se em...?"

Estou eu e o Canadian Club sozinhos numa sala. Passado uma hora eu saio de gatas e já não há Canadian Club. Você diz que eu estou bêbado porque bebi o Canadian Club todo. E chega a esta conclusão baseado em quê?

"Se a China mantiver os elevados ritmos de crescimento, vai louvar o modelo como o mais adequado para enfrentar a crise? (acho que percebe o exemplo)"
Quando interpreto o que diz o que lhe tenho a dizer tem pouco a ver com o assunto, pelo que penso que não o percebi. Tem de explicar melhor.

"Já agora, não vê nenhuma diferença na actuação ou nos mandatos da Reserva Federal ou do BCE?"
Vejo. No entanto não tem nada a ver com o caso. O BCE tem feito alguma coisa para resolver a crise da economia europeia pelo lado financeiro. Só que o problema da economia europeia não é financeiro (ao contrário do caso americano), restringe-se essencialmente ao círculo real da economia.

"Parece-lhe que a nacionalização faz parte do modelo económico-social dos EUA?"
Não faz. Tal como não faz parte da vida de um indivíduo saudável tomar comprimidos. No entanto, se ficar doente, pode e deve tomar. O importante é que volte a ser saudável e que deixe os comprimidos tão depressa quanto possível.

"E a crise financeira surge de onde? Também se deve ao excesso de intervencionismo estatal?"
Não, deve-se a erros praticados pelas instituições financeiras que compraram ativos de má qualidade.

Anónimo disse...

Então eu explico melhor: você limita-se a pegar em duas coisas que assume como factos e atribui-lhes a causalidade que lhe dá mais jeito/de que mais gosta.
Mais ou menos como os que atribuem o sucesso chinês ao neoliberalismo, embora o crescimento se tenha iniciado e mantido por largos anos em períodos de fortíssima presença estatal, contrariando o modelo defendido e implementado pelos mesmíssimos apoiantes do neoliberalismo noutros países.

Ora vejamos: crise financeira nos EUA - interdependência dos diversos sistemas bancários - falências e nacionalizações nos EUA e no RU - sistema bancário em geral em dificuldades - conclusão: na Europa, os problemas não têm nada a ver com o sistema financeiro. Acho que fiquei confuso...


Gostei desse exemplo. Portanto, temos que enquanto algo dá lucro, se deve deixar o mercado andar, sem interferência de tipo algum; se a coisa corre mal, deve-se socializar os prejuízos. Faz imenso sentido. É como aquele argumento da empresa que é "too big to fail", mas que por qualquer razão tem que ficar sob controlo privado.

Anónimo disse...

Mas do que eu gosto mesmo daqui é do patriotismo, amor à camisola, sei lá, essa coisa. Fazem figas atrás das costas para que tudo corra bem à Europa e mal aos EU.

E eu concordo, como não? Estamos todos fartos de ver gente que só puxa pelo país dos outros, como os americanos.

É a modernidade, acho eu.

Paulo Porto disse...

Caro S.Pinto

O sucesso da economia chinesa começou quando o Deng liberalizou as atividades rurais. É certo que com a industria e os serviços inicialmente eram estatais, pelo que a coisa ficou-se por pouco (como vc diz). Depois tudo foi liberalizado (exceto as atividades políticas) e aí temos uma economia em franco crescimento. Tudo graças ao liberalismo económico.
Só é pena que os dirigentes do país sejam comunistas; na verdade é isso que impede o aparecimento de sindicatos e de denúncia pública do abuso de poder das autoridades, a exploração económica miserável de milhões de pessoas. Mas enquanto o país for dominado pelo Partido Comunista a China permanecerá uma espécie de Inglaterra nos tempos da revolução industrial. Ironias da história.

"falências e nacionalizações nos EUA e no RU"
Falências, sim, mas não chame 'nacionalização' à intervenção da RF, ela é de natureza completamente diferente.
Quanto ao mais, o problema é que a América espirrou e a economia europeia constipou-se, ao contrário de outras economias. A razão disto está bem clara no post. Sair disto e tentar assobiar para o lado e fingir que não se vê o real problema das economias europeias. A crise financeira internacional tem as costas largas para os políticos europeus.

-
Não, os prejuízos não devem ser socializados. Mas mediante uma emergência grave o Estado deve atuar em dois sentidos:
-desde logo evitando o efeito dominó; se o que está a ser feito agora tivesse sido feito em 1929 não teria havido a crise que houve;
-depois aplicando a responsabilização de acionistas e decisores coisa que, tanto quanto sei, não está acontecer com o vigor habitual nos EUA.

já agora, o mesmo aconteceu deste lado, porque muitos bancos europeus compraram participações de alto risco. Isto inclui alguns figurões do sistema bancário-governamental português. É claro que nunca iremos ouvir dizer que devem ser punidos.

O Estado intervir para minimizar os problemas e as crises que ciclicamente sempre surgiram, surgem e surgirão em qualquer economia, da mais livre à mais estatizada. Esta é a exceção.

Mas por norma devemos permitir que a economia seja livre e o menos sugada possível pelo Estado porque essa é a melhor forma de gerar riqueza, progresse e bem estar económicos.

Não há capitalismo sem Estado.

Pergunte ao PC Chinês, eles é que a sabem toda.

Anónimo disse...

""falências e nacionalizações nos EUA e no RU"
Falências, sim, mas não chame 'nacionalização' à intervenção da RF, ela é de natureza completamente diferente."

Então chama-se o quê?

Paulo Porto disse...

ml

Embora não lhe pareça, é também por patriotismo que sou contra esta porcaria franco-alemã chamada EU.


Stran

Chama-se apenas isso, intervenção. O governo americano não vai ficar com a AIG.

Anónimo disse...

Caro Paulo,

A discussão sobre a China já vem de outros posts. De qualquer forma, há factos incontornáveis:
- o crescimento surgiu e manteve-se num ambiente de fortíssima presença estatal (incomparavelmente mais que na generalidade dos países); a liberalização de certos sectores só se deu muito mais tarde, e com uma posição muito mais consolidada (facto comum à generalidade dos países agora desenvolvidos);
- o esquema das "township enterprises" implica direitos de propriedade mal definidos, o contrário do que é prescrito; só estes 2 aspectos bastariam para que a turba que berra pelo mercado livre se prestasse logo a identificar o intervencionismo estatal como culpado, caso a China tivesse sido uma história de insucesso.
Quanto a números ilustrativos da presença estatal, já lhos dei noutro post.
Claro que você pode ter as suas crenças, mas eu neste momento não tenho mt tempo para discutir questões de fé.

Você continua a querer comparar coisas diferentes e age como se a única diferença e variável explicativa de um eventual diferencial de crescimento fosse o modelo mais social democrata europeu, pressupondo que tudo o resto é idêntico. Bases para isso, estudos, algo que o sustente, é que parece não existir. Voltamos à fé...

Portanto, o Estado age agora, mas deve fazê-lo sem exigir contrapartidos. Quando os ventos mudarem, e os de sempre voltarem a berrar contra a regulação, a presença estatal, blá blá blá, devemos repetir o mesmo caminho que nos levou à situação actual. Hmmm, pois...

Anónimo disse...

Ah, tinha-me esquecido. A RF safou a AIG mas ficou com 79% das acções e uma série de poderes decisionais, acho eu. Chama o quê a isso?

(E podíamos falar do Freddie e da Fannie...)

Paulo Porto disse...

Caro SP

Vou dizer-lhe que vc é a única pessoa no mundo que alguma vez conseguiu imputar o crescimento económico chinês a empresas dirigidas pelo Estado.

Acho que não deve aplicar esse negacionismo a outras áreas da vida, sob pena de fazer como aquele indivíduo que estava piurso com não sei quantos automobilistas que vinham em sentido contrário na autoestrada e se fartavam de lhe apitavar e fazer sinais de luzes.


O governo americano não vai ficar com a AIG. Mas não é só isso que diferencia a intervenção da nacionalização. Numa 'nacionalização' (eufemismo de esquerda para 'estatização') um bem é arrancado aos seus legítimos donos contra a sua vontade. Aqui não se aplica esse típico esbulho praticado em economias socialistas, quase se pode dizer que é o inverso.

Anónimo disse...

Embora não lhe pareça, é também por patriotismo que sou contra esta porcaria franco-alemã chamada EU.

Huuuummm! Quem sou eu para o contradizer. Mas vibrar continuadamente com vitórias alheias por contraste com os desaires da casa (goste-se ou não se goste da arquitectura) esperando que tudo corra mal, é uma modalidade que desconhecia.

Mas isto sou eu, que de acordo com os cânones até devia distanciar-me dessas miudezas. Mas tenho um raio de um feitio que me fez sempre puxar para o meu país e agora para um 'nacionalidade' mais alargada.

Prometo melhorar estes comportamentos desadequados e deixar de dizer que o idio... o Bush é idiota e passar a apreciação para um português qualquer, o Sócrates, o Cavaco, o Frasquilho, sei lá.

Anónimo disse...

Vou dizer-lhe que vc é a única pessoa no mundo que alguma vez conseguiu imputar o crescimento económico chinês a empresas dirigidas pelo Estado.

E eu vou dizer-lhe que você anda a ganhar tiques de lidador.
O que eu disse, e escusa de distorcer, é que o crescimento chinês não surgiu/não se deve a devaneios neoliberais. Conforme referi, já lhe dei números noutro post. A partir daí, se você prefere distorcer, espernear ou, pura e simplesmente, mentir descaradamente "à lidador", o problema é seu. Um dia destes, quando quiser sustentar argumentos em mais do que fé, apite.

Provavelmente não, mas não deixa de ser curioso que uma empresa tenha à partida a garantia de que, se algo correr mal, o Estado a salvará, embora tenha necessariamente que ficar em mãos privadas.
Portanto, se o Chávez um dia destes quiser passar uma empresa qualquer para as mãos do Estado mas chegar a um acordo qq com os donos, não lhe vai chamar nacionalização?

Mas confesso-lhe que acho piada ao mercado livre que possui empresas 'too big to fail'.

Luís Oliveira disse...

["E a crise financeira surge de onde? Também se deve ao excesso de intervencionismo estatal?"]

Nada mesmo.

Comece por aqui e vá seguindo os links:

Some bubble

Anónimo disse...

Sim, luisinho. Tudo o que você disser...

Luís Oliveira disse...

Diga lá Pinto, o que pensa do Taxpayer Relief Act, do Clinton?

A social democracia Clinton-style decide que todo o gato pingado tem de ser dono de uma habitação, independentemente de ter ou não capacidade para a pagar. Com os Fannies e Freddies a enfunar as velas os preços vêem por aí acima. Com os preços sempre a subir, a maralha convence-se de que o caminho da prsoperidade é venderem casas em segunda mão uns aos outros.

A bolha rebenta. A culpa da situação? Do neo-liberalismo e da falta de regulação. Evidente.

Anónimo disse...

Caro PP,

"Chama-se apenas isso, intervenção. O governo americano não vai ficar com a AIG."

O governo empresta empresta dinheiro em troco de uma garantia de 80% das acções.

Realmente ainda não é uma nacionalização "strictu sensu", mas quando ficar com os 80% das acções já considera uma nacionalização?

P.S. Não acha que uma nacionalização efectiva agora não seria um melhor negócio para os contribuintes americanos?

Paulo Porto disse...

ml

"Mas vibrar continuadamente com vitórias alheias por contraste com os desaires da casa (goste-se ou não se goste da arquitectura) esperando que tudo corra mal, é uma modalidade que desconhecia."

Nem por isso. No tempo da república anteriior, quem era contra a gerra em África era apelidado de anti-português.
Na terra d'el Coma Andante, quem é contra o regime é acusado de ser anti-patriota.
Como pode ver, não está sozinha nos seus lamentos contra os 'anti-patriotas' de hoje.

Paulo Porto disse...

SP

Nós há uns meses trocámos uns comments sobre o triunfo do neo-liberalismo à chinesa, isto é, amputado da vertende política. O Sérgio disse que voltaria ao tema. Mas fica combinado que um destes dias vai um post.

"mas não deixa de ser curioso que uma empresa tenha à partida a garantia de que, se algo correr mal, o Estado a salvará, embora tenha necessariamente que ficar em mãos privadas."

Pois é este mesmo o maior problema que eu vejo no que está acontecer agora nos EUA. Aliás, já tinha deixado nota disso lá por cima. A intervenção acontece numa situação extrema e é correta. O grande problema é que o governo está a passar a mensagem errada de impunidade para os gestores. E isto, sim, é novidade e parece claramente errado.

Paulo Porto disse...

Stran

"P.S. Não acha que uma nacionalização efectiva agora não seria um melhor negócio para os contribuintes americanos?"

Meu caro Stran, uma estatização nem seria agora nem nunca um melhor negócio para contribuintes americanos ou de qualquer outro país.

Anónimo disse...

"Meu caro Stran, uma estatização nem seria agora nem nunca um melhor negócio para contribuintes americanos ou de qualquer outro país."

Qual a solução que propõe?

Anónimo disse...

Caro Paulo,

Sobre isso da ascensão chinesa graças ao neoliberalismo, duvido que haja muito mais a acrescentar, pelo menos enquanto não referir factos/números/qqc concreta, para além da sua fé no neoliberalismo.
Volto a repetir o que escrevi na altura, aguardando que me explique em que conceito de "neoliberalismo" é que a ascensão chinesa pode encaixar.

Paulo, naturalmente que eu não conheço a fundo todas as medidas empreendidas pela China, mas posso-lhe dizer que a ascensão ocorreu usando várias políticas que estão longíssimo das recomendações da ortodoxia neoliberal.
A título de exemplo, a taxa média ponderada de tarifas andava por volta dos 40% até 1995, o dobro do valor médio dos países em desenvolvimento e o quádruplo do valor médio dos países industrializados; em 1998, cerca de 1/3 da produção industrial e de 20% do PIB era proveniente de empresas exclusivamente estatais, valores superiores a praticamente todos os outros países do mundo; um dos sectores mais dinâmicos e distintivos da China eram as suas "Township and Village Enterprises", que não são propriamente um exemplo de transparência e direitos de propriedade bem definidos; o Bnaco Mundial estima que 2/3 da redução no número de chineses que vive abaixo do limiar de 1USD/dia que ocorreu entre 1981 e 2004 já tinha ocorrido em meados dos anos 80, ou seja, bem antes da fase de maior abertura, que se iniciou em meados dos anos 90, o que indicaria que a redução de pobreza não teve grande coisa a ver com integração na economia global ou com prescrições neoliberais. Concluindo, a China iniciou o seu crescimento no final dos anos 70, mas só muito mais tarde iniciou os sues processos de abertura e liberalização. Tal como aconteceu com muitos dos países actualmente desenvolvidos, e ao contrário dos mitos que circulam por aí, a abertura deu-se quando o crescimento era sólido e havia superioridade clara em determinadas áreas, dado que a fase inicial (também à imagem dos países agora desenvolvidos) foi caracterizada por políticas fortemente intervencionistas e proteccionistas.
Estes e outros aspectos são referidos, por exemplo, no "The two faces of Globalization", de Branko Milovanovic (Development Research Group, World Bank), no "Comments on 'Trade, Growth, and Poverty', by D. Dollar and A. Kraay", de Dani Rodrik (Harvard) ou no livro "Kicking Away the Ladder", de Ha-Joon Chang (Cambridge).


O problema não é SÓ esse. Eu continuo sem perceber exactamente a razão para uma empresa (qualquer que seja) que em última instância é sempre salva pelo Estado (implicando custos para todos), tem de ficar em mãos privadas enquanto for lucrativa. Algo que, já agora, me parece ainda mais óbvio em relação à dupla Fannie Mae/Freddie Mac.

Anónimo disse...

Luisinho,

Claro que o Clinton era social-democrata, claro que o Freddie e a Fannie só respondiam perante o Governo (não tinham accionistas, pois não) e, mais que tudo isso, foi certamente pela mão do Estado que os bancos se meteram a criar inovações financeiras que deram o belo resultado que agora temos.

Agora volte a pôr o colete de forças, sff.

Unknown disse...

"Qual a solução que propõe?"

Aquela que o Mccain pretende:

Converter a dívida dos bancos em acções, penalizando-os pelas más escolhas que fizera e recapitalizando-os.
O que me parece mais sensato do que penalizar os contribuintes.

Acho piada ao SP que encheu a boca com a Fannie Mae e a Freddie Mac, sem ter a mínima noção de que são empresas criadas pelo estado federal ( a 1ª pelo keynesiano Roosevelt, e a 2ª para evitar o monopólio da 1ª) tendo em vista justamente o mercado hipotecário, naquela ideia bem socialista do "direito à habitação".

Esta malta cria uma bomba, ela explode debaixo do cu dos outros e os outros é que têm culpa.

É preciso topete...

Anónimo disse...

Ena meu Caro Lidador, então a este comentário, que nem era para si já responde?

Anónimo disse...

"Esta malta cria uma bomba, ela explode debaixo do cu dos outros e os outros é que têm culpa."

Está a falar da visão neo-liberal?

Anónimo disse...

Só uma dúvida meu caro lidador,

não acha que as empresas de rating tiveram qualquer responsabilidade?

Anónimo disse...

caro PP

Tal como já lhe recomendou o Pinto, não é a melhor táctica imitar o papá na deturpação do que se diz. Até porque nem vale a pena, o que está escrito aqui fica.

Já uma vez lhe chamei a atençâo para isso, mas claro que cada um sabe de si e o que pretende ao escrever para outros na antena.

Ora recapitulando para avançarmos, o seu caso não é enquadrado pelos exemplos com que tenta escapar à questão, por motivos óbvios. Se há quem desculpabilize e até elogie aqui os tempos salazarentos não sou eu, ou então andam mais uma vez a catalogar os comentaristas a olho. Isto também é verdade, mas nem todos o fazem, alguns são mais perspicazes do que isso.

Por isso é no mínimo estranho que a facção ideológica que tanto ironizou, pregou, apontou a dedo aqueles que noutros tempos punham o sol-da-terra acima de tudo e à volta do qual tudo girava, mostrem exactamente a mesma formatação mental e o façam agora com o mesmo seguidismo em relação ao 2º sol que entretanto despontou.

Mas de saliva a cair na cabeça dos outrora mais encarniçados vamos estando já nós habituados. Agora é um verdadeiro espectáculo vê-los a tentar fazer os gatos passarem por lebres nas estatizações dos mercados financeiros.

Independentemente do que pensa aquela facção esquisita que aqui tanto vos tem ajudado a movimentar o blogue e a escrever posts incendiados, o que está em causa é a incapacidade de olhar para dentro. Certamente não faz falta, sei lá.

Paulo Porto disse...

ml

Tá percebido que a minha observação foi certeira, e de tal modo assim que, como é hábito, a ml gasta alguns parágrafos para coisas que, a não serem assim, se respondem em um par de linhas.

Paulo Porto disse...

caros ml e sp

Já pude observar que os meus amigos desenvolveram um reflexo pavloviano aqui na caixa, a saber, sempre que por aqui alguma coisa vos corre mal, o oponente ganha o título de 'imitador do papá'.

Por mim, acho bem, até porque percebo que me estão a dizer 'não tenho mais argumentos, resta-me descarregar a minha frustração refugiando-me no meu ódio de estimação'.

Mas já que são os meus amigos amigos de dar conselhos, também são certamente amigos de os receber. Portanto, sempre que noutras ocasiões fiquem danados porque vos dizem que estão a fazer uma coisa mal e vcs estejam mesmo a fazer mal, nada de, na resposta pavloviana ao mesmo estímulo da arrelia, dizerem a quem vos quer ajudar 'lá tá ele a imitar o papá'. É que, a menos que se trate de alguém que já vos tenha visto zangados por aqui, o vosso interlocutor ficará sem perceber o que vcs queriam dizer com isso, e fica ele a pensar que vcs são tolos. O que é um grande disparate, claro.

Anónimo disse...

porque vos dizem que estão a fazer uma coisa mal e vcs estejam mesmo a fazer mal

E essas autoridades são...?


perceber o que vcs queriam dizer com isso, e fica ele a pensar que vcs são tolos.

Tolo, tolo, caro PP e espero que não leve a mal, longe de mim, é este post. É uma súmula muito bem conseguida das auto-ajudas online.
LOL! Isto é um manancial, na net encontra-se de tudo.


PS: Sim, sim, PP, foi certeira. Sapiente. Não perca as ferramentas, vou precisar de mais.

Anónimo disse...

Paulo Porto,

E argumentos, há algum? Ou o deserto de ideias mantém-se?

Dei-lhe números objectivos. Nega-os? Concilia-os com políticas meoliberais? Consegue ver muitos traços comuns com as receitas prescritas pelos adoradores do mercado livre?

É capaz de argumentar ou vai continuar ao nível do lidador, debitando parvoíces sobre os comentadores que não estão de acordo consigo?

Anónimo disse...

Acho piada ao SP que encheu a boca com a Fannie Mae e a Freddie Mac, sem ter a mínima noção de que são empresas criadas pelo estado federal ( a 1ª pelo keynesiano Roosevelt, e a 2ª para evitar o monopólio da 1ª)

Já eu acho muito mais piada ao idiota que aparentemente nem sequer repara que a Fannie Mae foi PRIVATIZADA em 1968, sendo o Freddie criado 2 anos depois.

Unknown disse...

"I would like to say to Milton and Anna: Regarding the Great Depression. You're right, we did it. We're very sorry. But thanks to you, we won't do it again."

(Ben Bernanke, Presidente da Reserva Federal, 2002.)

http://www.worldnetdaily.com/index.php?fa=PAGE.view&pageId=59405