Teste

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sábado, 8 de novembro de 2008

Até Abril...


George W. Bush prepara-se para dar à sola da Casa Branca. Eu preparo-me, ao invés, para assistir aos primeiros capítulos da nova saga anti-Americana, saga essa que terá como principal alvo Barack Obama e a forma como este se deixou influenciar pelos lobbys. Graças a Deus que os tempos de Franklin Delano Roosevelt já lá vão, caso contrário tornava-se extremamente chato andar-se sempre a falar do mesmo “idiota”, “burro”, “estúpido”, “ignorante” e “maquiavélico”.

As primeiras más notícias para os estúpidos já saíram: Barack Obama tem vindo a escolher, para o seu gabinete, pessoas ligadas (e que bem ligadas...) à Administração Clinton. Uma destas pessoas é Rahm Emanuel, judeu (auch...), que foi a favor, em tempos, da Guerra do Iraque. Quando a Guerra, que pôs cobro ao regime de Saddam Hussein, se tornou fora de moda, o inteligente Rahm teve a magnífica ideia de se esconder atrás de uma árvore.

Com o decorrer do tempo, e à medida que os nomes forem anunciados, muita malta vai cair de cú no chão. É melhor começarem todos a pôr almofadas, antes que comece a sério o mandato Obama.

O Dadaísta clama por mudança para outros temas, alegando que as Eleições Americanas já se estão a tornar chatas. É verdade que o tema tem tido primazia no Fiel nos últimos tempos, mas isto é plenamente justificado: eu, o Carmo, o David, o Range, o Paulo, o Luís e o Lidador arriscamo-nos a ir para o fundo de desemprego. Pelo menos até Abril/Maio do próximo ano, altura em que a boa e velha esquerda Europeia e Mundial voltar a atacar em força nos blogues, jornais e programas de TV.

Enquanto isso não acontece caro Dadaísta, permita-nos que contínuemos com o rescaldo da vitória Obama e com as consequências que esta vitória terá para os Estados Unidos da América, para a Europa e para o Mundo.

Eu penso, cá com os meus botões, que Barack Obama, apesar de todos os seus truques de ilusionismo que me põem sempre em dúvida e de pé atrás, trará alguma espécie de mudança para o Mundo. Mudança de estilo, mudança do modo como os Estados Unidos da América são vistos no Mundo, mudança de acção dos governantes Europeus/Mundiais.

É errado pensar, porém, que esta mudança é algo que os governantes Mundiais querem obsessivamente. Na verdade, é muito fácil atribuir as culpas a alguém que está sentadinho na sala oval, a 4500kms de distância, em vez de assumir-mos nós a nossa quota-parte (significante) de culpas no cartório. Vai ser difícil dizer que a culpa é de Obama e da sua Administração, apostando eu que as baterias serão novamente apontadas para o estúpido do Bush e para o buraco que ele fez para tramar o coitadinho do Hussein.

Enquanto isso não acontece, chovem mensagens de toda a parte, estando tudo disposto a negociar com Obama, o Messias do Século XXI. Chego mesmo a pensar que Deus tem um novo emissário na Terra, cujos headquarters são em Washington DC. A complicada Jerusálem foi colocada de parte, aguardando-se uma descida considerável do turismo em Israel (sim, em Israel. Ou não se lembrarão os meus caros amigos do grande discurso do Messias, onde este afirmou que Jerusálem deveria permanecer indívisivel?).

As possíveis futuras mudanças das relações do Mundo com os Estados Unidos podem ser justificadas de várias formas: foi um indíviduo de uma minoria a ser eleito, não um qualquer senhor dos petróleos; o Bush foi-se embora, esse malvado, e agora tudo vai ser um mar de rosas; o Obama é do catano, vai mudar esta treta toda.

É o comum cidadão que vai fazer os seus governantes negociarem com Obama, porque agora não há desculpas: toca a mexer, toca a fechar Guántanamo, toca a trazer as tropas do Iraque para casa, toca a acabar com a fome em África e toca a fechar as multinacionais exploradoras na China e na Índia.

As pessoas sentem-se agora mobilizadas, confiantes. Essa é, de facto, uma vantagem que Obama trouxe consigo. Mas, já lá dizia a minha avó, “quanto mais alto estás maior é a queda”...

Obama trás, indiscutivelmente, um estilo novo: franzino, bem vestido, bronzeado (como diria Berlusconi), pomposo, sorridente, Barack Obama irá, até, construír um campo de basquetebol na Casa Branca. Talvez para fazer umas jogadas com LeBron James (jogador de basquetebol dos Cleveland Cavaliers e um dos maiores craques da NBA), que apareceu no último jogo da equipa com uma camisola de Obama, dizendo, aos repórteres, que estava inspiradíssimo pela vitória de Obama. Conclusão: facturou 42 pontos, derrotando dessa forma os outrora magníficos Chicago Bulls.

As mudanças serão sentidas maioritariamente a nível interno. Aquela coisa do spread the wealth around, é uma coisa nova nos Estados Unidos, podendo ser, a meu ver, a senteça de Barack Obama daqui a 4 anos.

As medidas proteccionistas aparecerão, o NAFTA será revisto, as relações comerciais com a Europa e com a Ásia também. Não sou economista, mas creio que o dólar valorizará (até porque já começou a valorizar, enquanto que a Europa ainda está a cortar nos juros) e o petróleo estabilizará. Os impostos aumentarão para as empresas e para os mais abastados e manter-se-ão para os mais pobres. O projecto de saúde universal será esquecido, sendo a educação um ponto a apostar.

Porém, os impostos aumentarão nunca de forma considerável, pondo de parte qualquer tipo de revolta. Nem o dinheiro será dado de mão beijada aos pobrezinhos, longe disso. Barack Obama não é nenhum estúpido, tem as suas convicções, será diferente de Bush, mas não quer assustar os empresários.

Os cortes no armamento vão aparecer mas Barack Obama terá o olho bem aberto para possíveis ameaças.

Quanto a política internacional, as medidas proteccionistas afectarão todos os outros países do Mundo. Os Estados Unidos da América importarão menos e continuarão a exportar, embora que a um nível menor.

Obama exigirá esforço no Afeganistão por parte da Europa, para pôr os Talibans no seu lugar. Invadirá o Paquistão se for preciso, violando o nosso querídissimo Direito Internacional. Porque é que ficou tão calado Obama aquando do bombardeamento estratégico, ocorrido há algumas semanas na Síria, por parte de forças Norte-Americanas? Ou estão connosco ou estão contra nós...

Quanto ao Iraque, manterá as forças Norte-Americanas até quando o General Petraeus assim o entender, porque este sim, percebe da poda.

Quanto à Rússia, creio que falará com Putin, integrando-o. Fomentará as políticas de amizade com vários estados no Médio Oriente, para asfixiar cada vez mais o Irão. E quando a hora chegar...

Quanto a Israel e ao conflito Israelo-Palestiniano, a sua política dependerá de quem vencer as eleições antecipadas: se for Tzipi Livni, a linha de Olmert tem tendência a manter-se, apesar de Livni ser uma tipa muito menos dócil que Olmert; se foi Benjamin Netanyahu, líder do Likud, a barraca poderá instalar-se. Netanyahu poderá fazer, hipoteticamente, uma ou outra cedência, mas nunca abdicará de Jerusálem nem permitirá o retorno dos refugiados (o retorno nem mesmo o mais liberal concentiria).

Quanto a Chávez, Castro e a outros governantes da América Latina, falará com todos eles. A América Latina é o vizinho mais próximo... Em tempos de proteccionismo toca a jogar em casa...

Veremos. Mas creio que uma Administração Obama será qualquer coisa parecida com este género. O tempo dirá se estou enganado.

Em 2012, os adversários poderão ser muitos. No campo Republicano aparecerão, possivelmente, nomes como Rudy Giuliani, Mike Huckabee, Mitt Romney ou Blomberg. Já para não falar de Sarah Palin...

8 comentários:

Anónimo disse...

"eu, o Carmo, o David, o Range, o Paulo, o Luís e o Lidador arriscamo-nos a ir para o fundo de desemprego."

Ao que eu, com a autoridade que vocês desconhecem e com os super-poderes que eu próprio nunca pus em prática, em verdade vos digo:
-Já Mééé.

ml disse...

As primeiras más notícias para os estúpidos já saíram

É este autocontentamento que eu aprecio neste blogue. É assim mesmo, 'eu Nero vos condeno aos bichos'.
Mas parece que afinal não coincide com a realidade, no Coliseu romano nunca houve leões mas outros espectáculos. Como aqui.

Está bem, tudo pode acontecer. E como paliativo para a espera, augurar, pressagiar, esmiuçar, repisar palavra a palavra vai confortando as almas muuuuuuuuuuito inteligentes. Um reforço de Fosglúten nunca fez mal:

- Wall Street Journal: a viragem encerra a era reaganista e uma nova maioria, constituída à custa das perdas republicanas ao centro, dominará por mais de uma geração
- o Partido Republicano é cada vez mais um partido velho, rural, com um discurso anacrónico que não entende o que aconteceu no país nas últimas décadas - demográfica, cultural, teconológica e economicamente
- a maioria dos americanos aprova mais despesas com a saúde, a educação, e mais intervenção pública do estado


judeu (auch...)

A obsessão etno-religiosa de alguns blogueiros, rara de encontrar na esmagadora maioria dos comentadores, impressiona.
Há aqui qualquer coisita, ai há, há.
O ‘Ha’aretz’ (que não lê os fiéis) parece-me muito mais liberto desses estorvos, sei lá.

Um momento antes de os EU se terem tornado eles próprios o eixo do mal – já estavam muito próximos – um momento antes de se tornarem um poder odiado e ostracizado, o povo americano provou ao mundo, na terça-feira, de que existe uma nova América.

Um momento antes de estarmos completamente fartos da hegemonia americana e de a expressão ‘líder do mundo livre’ se tornar uma piada de mau gosto, quando todo o mundo via a América agressiva, destrutiva, vendilheira de guerras, arrogante e racista, esta potência maravilhosa sacudiu-se e mostrou ao mundo uma face diferente.


Bom, talvez não nos interesse muito, mas pelo menos é muito mais cativante do que o velho do Restelo ressentido.

Unknown disse...

" a viragem encerra a era reaganista"

O clinton era "reaganista"?

"e uma nova maioria, constituída à custa das perdas republicanas ao centro, dominará por mais de uma geração"

A 1ª parte é verdade. Os resultados das votações falam por si. De resto já tinha acontecido com Clinton, e no sentido inverso com Bush. Parece contudo que as "gerações" nos EUA têm, no máximo, 8 anos.


"o Partido Republicano é cada vez mais um partido velho, rural"

Sempre foi. Basta olhar para os mapas eleitorais.

"com um discurso anacrónico "

A habitual converseta progressista de quem acredita que as suas ideias são as avançadas e as dos outros "anacrónicas".Temos muito disso por cá.

"não entende o que aconteceu no país nas últimas décadas"

Carter, Reagan,Bush, Clinton, Bush, Gore.Aumento da população, cultura cada vez mais dominante no mundo, explosão tecnológica, economia mais poderosa do mundo. Isto foi o que aconteceu.

"a maioria dos americanos aprova mais despesas com a saúde, a educação, e mais intervenção pública do estado"

Isso era verdade com Carter, deixou de ser verdade com Reagan, voltou a ser verdade com Clinton deixou de ser verdade com Bush, e é novamente verdade com Obama.
E, obviamente, voltará a ser mentira daqui a algum tempo.



"O ‘Ha’aretz’ (que não lê os fiéis) parece-me muito mais liberto desses estorvos, sei lá."

O Haaretz é um diário de esquerda, tipo Guardian, ou o orgão oficial do Partido Socialista.
Que queria que o Haaretz dissesse?

Começo a entender a ml. Se é só esse o alimento intelectual que consome, não é de admirar o lixo que depois produz.

Quanto aos judeus, estiveram mais na campanha de Obama do que na de McCain.
David Axelrod, o cérebro da campanha de Obama, Jon Stewart,Barbara Streisand,etc,etc.


E, já agora, por muito que lhe custe a acreditar, há judeus que atacam Israel, tal como houve portugueses que defenderam os interesses de outros países em detrimento do seu.
Miguel de Vasconcelos, Alvaro Cunhal, etc.

Luís Oliveira disse...

[" a viragem encerra a era reaganista"

O clinton era "reaganista"?]


O Bush era reaganista?

ml disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ml disse...

Bom, prezado, de tantas linhas o que se aproveita é escasso. O impulso para a quantidade oca afecta a já pouca assertividade e precisão.

Eu dizia-lhe que colocasse essas prementes questões à impressa americana, do Wall Street Journal à Forbes, e a gente tão díspar como Krugman ou Jeb Bush (sim, o irmão do idio... do outro), para esclarecimento cabal sobre o fim das tais ideias anacrónicas. Um mea culpa a que ele, Jeb, não foge.

Mas eu não me importo de transferir resumidamente, e mais uma vez, para um português simplificado:
acabou a era em que ‘the Reagan's conservative revolution’ fazia sentido para meia América, com Clinton ou sem Clinton. A derrocada sucessiva de várias certezas plenas, das de Greenspan à dos WASP, acabou com ela.

Para tira-gosto (os brasileiros são o máximo no vocabulário) comece com a Peggy Noonan, que em tempos escreveu a oratória do Reagan:

Mas sejamos francos. Alguma coisa de novo está a acontecer na América. É a chegada iminente de uma nova era liberal. A história acontece, dá as suas voltas, e cada um tem que se aguentar. A vida move-se.
Eras acabam, eras começam.


Ou o ainda mais tira-gosto do David Schultz:

O troar que se ouviu através da América nesta semana não foi apenas o estrondo da Merril Lynch e do Lehman Brothers a ruir. Foi também o crash de duas ideias republicanas, a desregulação da economia americana e a privatização da segurança social. O colapso da Wall Street é não só um requiem à falência da filosofia económica como um novo caminho para a América.

Que quer que lhes faça, prezado? Eles é que são americanos.


Pois, o Ha’aretz é de esquerda e está em completa sintonia com a votação no Obama.
Estiveram mais judeus na campanha de Obama do que na de McCain?! Só isso? Sabe que percentagem de judeus votou no ‘messias’, estimado prezado? ‘Apenas’ 78%, os segundos maiores apoiantes do Partido Democrata a seguir aos negros, muitos mais do que os 60% que se previam.

Tem fugido constantemente a esta evidência mas anda para aí afanado a tentar esconjurar a aumento do voto negro. Perguntei-lhe várias vezes e repito: para quem reduz tudo a uma questão de ‘raças’, então qual é a sua explicação para o voto judeu?
Ver-se-ão como negros? Marginalizados e pobres à espera do Messias? Vítimas do Katrina?
Finalmente uma ideia de insólita clareza: 78% dos judeus americanos são Miguéis de Vasconcelos.


deixou de ser verdade com Bush

Siiiiiiiiiiiiiim? E desde quando? Continua a sonhar com a cartilha.

Unknown disse...

Ml, creia que entendo muito bem a estrutura do seu pensamento. É típica do típico "progressista" que acredita que há um determinismo histórico e que se progride do "mal" para o "bem", em linha recta, sendo o bem, evidentemente, aquilo em que acredita.

Paradoxalmente, uma obvia formatação na visão cristã do mundo, que assenta na ideia de um início e num fim, ligados pelo fio do tempo.
Bastante diferente da visão oriental, do ciclo, da repetição infinita, etc
E, obviamente, o seu cérebro sofre da falácia lúdica de que fala o economista Nassim Kaleb, no seu "Cisnes Negros".
É por isso que , quase sem querer, escolhe a dedo os acontecimentos que lhe confirmam a crença e ignora deliberadamente os que a contrariam.
É mais ou menos o problema do seu amigo Diogo, embora num outro plano.
No fundo, estão formatados da mesma maneira: têm uma narrativa do mundo, têm a certeza de que lado está o "bem" e o "progresso", e o vosso radar apenas capta os sinais positivos, ignorando todos os outros.

E por isso que você necessita desesperadamente de ver nas eleições americanas, uma virgem cósmica no caminho do "bem" e do "progresso".
E não entende que nunca é nada disso e que os ciclos se repetem, muitas vezes,e a propósito do Nassim, já agora, determinados não pelo futuro inevitavel, mas pelos Black Swans que ninguém espera.

Olhe, o Bush, exactamente...chegou ao poder com uma agenda isolacionista e acabou a lançar socos em todas as direcções. Não porque o tivesse querido, mas porque foi colhido pelo cisne negro do 9/11.

Relativize, minha cara. O determinismo histórico já não se usa.

Anónimo disse...

Não seja palerma, prezado, poupe-se. As palavras não alteram nada e sabe isso tão bem que as utiliza em excesso e em redundância como mera cortina.
Eu transcrevi-lhe palavras do seu espectro político, o desânimo é deles. Numa busca breve pela comunicação social encontraria muitas mais, que se citam e empurram como no dominó. Parece que todos querem fazer a catarse do que até agora defenderam.

Não fuja, não corra que não tem para onde.

E quanto ao voto 'racista', nada?
Vá lá, uma das suas explicaçõezinhas ping-pong para o funcionamento do mundo.