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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A manife

Há dias fui levar a minha filha à Escola e uma pequena multidão de alunos estava aglomerada à entrada.
Ela foi averiguar e daí a momentos regressou com a notícia de que não se podia entrar porque havia um protesto qualquer.
Enquanto ela ficava por ali na conversa com amigos, incorporei-me no magote e cheguei à entrada da Escola.
Cinco raparigas vestidas com T-Shirt branca, ocupavam a linha do portão, dissuadindo os alunos de entrar. Cirandavam também por ali mais 10 ou 11 marmanjos com o mesmo uniforme, atarefados em obscuras acções de activismo. De quando em quando, grupos de 3 ou 4 alunos forçavam a entrada e eram vaiados e insultados pelo piquete da brancura.
3 ou 4 cartazes com as palavras de ordem habituais, algumas delas escritas com erros de palmatória, nomeadamente as também habituais confusões entre o "à" e o "há", serviam de pólo aglutinador dos movimentos da multidão.
Exceptuando a brigada da brancura, o ambiente geral era descontraído e bem disposto.
Calhei perguntar a vários alunos, activistas, incluídos, quem tinha convocado a acção e ninguém sabia em concreto. Que tinham sido "eles", que era a "nível nacional", que eram "os professores", etc,etc.
As razões eram também inúmeras e iam desde o "estatuto do aluno", às "más condições", passando pela "ministra" , pela "avaliação dos professores", contra os "professores", etc
Em concreto, o que ali estava a acontecer era simples: cerca de 20 pessoas impediam centenas de outras de ir às aulas e no ambiente de turba que se estava a gerar, os professores que tentavam entrar com os seus carros eram insultados, vaiados e os carros abanados.
Aproximando-se a hora da 1ª aula, a questão era que havia aulas e quem faltasse tinha falta.
Fui ter com a minha filha que, obviamente, não queria entrar isolada, por temer a vaia. Segundo percebi, vários alunos estavam no mesmo dilema.
A brigada da brancura zunia febrilmente pelo meio da multidão, debitando garantias de que ninguém ia apanhar falta.
Alguns acreditavam, ou queriam acreditar, bastantes outros sabiam que se tratavam de promessas vãs.
Entretanto eu tinha de ir à minha vida e não estava disposto a que a minha filha apanhasse uma falta porque 20 indivíduos se achavam no direito de impôr aos outros as suas ideias e intenções.
Trata-se de uma menor, pelo que a responsabilidade é minha. Havia ali mais encarregados de educação com a mesma visão das coisas, alguns mais timoratos que outros.
Disse-lhe que ou entrava de livre vontade ou entraria com ela, e que na prática estavam a ser usados e manipulados por alguém que nem sabiam quem era. O mesmo fizeram outros encarregados de educação.
Resolveu entrar. E com ela mais 9 ou dez colegas. As vaias foram colossais, mas outros grupos de alunos se decidiram e foram entrando também.
Os activistas da brancura abandonaram então a entrada e resolveram aproveitar os alunos que ainda não se tinham decidido para marcharem em direcção à Câmara Municipal.

Mais tarde disse à minha filha que há coisas pelas quais vale a pena lutar, mas que somos nós que decidimos as lutas em que entramos e que devemos estar sempre precavidos contra as tentativas de manipulação que nos procuram arregimentar em manadas acéfalas.

26 comentários:

Anónimo disse...

Caro Lidador,

É com agradável surpresa que vejo que depois de tanto criticar o sector publico prefere utilizar esse mesmo sistema.

Afinal tanta discussão entre publico e privado e você opta por publico!!! É assim que realmente uma pessoa conhece as preferências de uma pessoa, isto é pelas suas escolhas.

Anónimo disse...

stran, e os paizinhos e mãezinhas que vão ter os seus bebés ao privado, mas que quando surgem complicações a sério vêm a correr para o público?

Lidador, gostei do texto. Concordo. É coisa rara.

Unknown disse...

"prefere utilizar esse mesmo sistema"

Engana-se. A explicação é mais prosaica: no local onde vivo, e num raio de 20 km,não há ensino privado no nível em questão ( 11º ano, cientifico-tecnológicas).
Infelizmente....

Enquanto tive escolha, utilizei o privado. E não me arrependi. A minha filha aprendeu a ler e a escrever num João de Deus. A diferença é como do dia para a noite.

Unknown disse...

OLhe, por exemplo, não lhe passa pela cabeça escrever "há medida que as notícias vão saíndo".

Unknown disse...

"os paizinhos e mãezinhas que vão ter os seus bebés ao privado, mas que quando surgem complicações a sério vêm a correr para o público?"

Obviamente não sabe do que fala.
No privado, a mulher recebe uma atenção personalizda que faz uma grande diferença. O processo de parto é uma coisa natural, mas pergunte às mulheres se preferem um ambiente hospitalar tipo linha de produção, ou um outro, acolhedor, amigável, pessoal.

O recurso ao sistema público em caso de emergência é natural. Devido às distorções do nosso sistema de saúde, só nos hospitais centrais se encontram meios de intervenção capazes de resolver complicações de última hora.
E, caso o meu amigo ignore, são justamente estes "paizinhos e maezinhas" que pagam o sistema de saúde com os seus impostos. É a classe média que paga impostos, meu caro. Paga a dobrar: paga o sistema de saúde para tratar aqueles que que não largam um tostão para o sistema e acaba a pagar sistemas alternativos, porque na maioria das situações o serviço público não lhe dà aquilo que precisa.

O que queria você? Que quem sustenta o sistema, queira ou não queira, não recorresse a ele, se lhe convier?
Chiça!

Renato Bento disse...

Nada que me surpreende, eu próprio já vivi situações semelhantes e, até, outras bem piores.

Não se assuste Lidador. São estes casos que fazem pensar aqueles que têm a cabecinha no sítio.. A acção correcta é sempre a mais difícil mas também a mais recompensadora.

Só um reparo: temos excelentes professores no Ensino público, nunca tive razões de queixa maior sobre um professor que seja (sempre frequentei escolas públicas).

O maior problema em Portugal não é a falta de competência dos professores, mas a falta de apoio que eles têm. A insegurança na escola e a insurgência dos alunos contra eles só enfraquecem os professores e a instituição.

É por isso que os privados acabam por ser melhores: o nível de exigência é outro, o ambiente também, o respeito existe.

Casos que eu vi só mesmo dignos de um estado de civilização retrógado. O desrespeito pelos professores é tão grande que me questiono quem ainda tem a coragem de desempenhar tal função, que quase apelido, nos dias de hoje, de heróica.

Que futuro Portugal...

Anónimo disse...

Meus caros amigos...é sobre o tipo de ensino que querem discutir ou sobre as deploraveis manifestações de garotos?

Realmente, este tema, para mim, é bastante desagradável, na medida em que sou aluno e estudante e deparo me diariamente com insólitas criaturas do mundo de Deus a arrastar livrinhos na malinha nova que o papá deu...para além do mais estes ignorantes e analfabetos politicos, porque o ssão, têm tanta mania quanto a de um cérebro de galinha...é uma mania esperta...mas a sabedoria e a inteligência são estúpidas...o que quero dizer é que um conjunto de personagens insolentes que frequenta as escolas teve um dia uma ideia de faltar as aulas com falta justificada - greve de alunos, assim chamada...aiai coitadinhos....são tão pobres de espírito que como um esfomeado tenta combater a fome, tentaram arranjar alguns problemas....o que é que resultou..uma parafernália de ideias mal fundamentadas anti-governo (nem sei porque?)...
o pior...é que a prpaganda começou logo a seguir as ideias serem tragadas...mensagens de telemovel, cartazes...e o resto das criaturazinhas inocentes vê uma greve programada, as faltas são justificadas, e eles alinham (ah e tal, são meus amigos..vou participar...âh)...~portanto são arrastados mais e mais estudantes....

no passado dia 5 de novembro foi em leiria....oh...caramba..fizeram greve os alunos...gritaram muito...ehehe...olha a fabria da HALLS não faliu..deve ter tido mais consumo com tanta rouquidão....

no dia 14 de novembro foi a escola da batalha a ser fechada....oh, coitadinhos...querem chamar a atenção...

também em 5 de novembro, alunos levaram porrada da policia...pobrezinhos...trancaram a escola e ainda têm de levar porrada...

conclusão...o que é a escola para estes....estes...tipos???bem, eles dizem ser tão importante que por isso reivindicam melhores condições...comecem então eles por preservar a Escola...a aceitar as regras...preocupem se em ser Alunos....

RioDoiro disse...

Há um par de anos calhou-me uma turma calibrada a energúmenos.

Em todas as aulas em que um dos bezerros aparecia, fazia que dormia, peidava-se, dava chutos ao colega do lado, apalpava a bilha às colegas ... Outros ungulados eram de idêntico calibre.

A cada uma destas habilidades ia para a rua.

Ia?

Fazia de conta que não dava com a porta. Fazia de conta que a porta abria para o lado errado. Fazia de conta que não sabia abrir a porta. Finalmente, com a porta aberta, parava na soleira não deixando fechar a porta.

Faltas, participações, conversas, reuniões, cartas registadas, reuniões, papelada, etc, etc, tudo inútil (evidentemente).

Um belo dia estava o bezerro a fazer a habitual fita à soleira esperando que eu lá me dirigisse para a tentar fechar (não conseguiria, evidentemente ou teria que o empurrar e aguentar a mais que provável acusação de agressão), quando resolvi 'tropeçar' caindo em direcção à porta. Empurrando-a violentamente fiz com que o bezerro atravessasse o corredor num segundo.

A turma disparou em gargalhada e resolveu gozar com ele.

Resolveu gozar, mas podia ter tentado fazer-me a folha.

Uma parte substancial das salas de aula são terra de ninguém. Os recreios são terra queimada.

A maioria dos prováveis bons alunos afogam-se no lamaçal. Enfim, escola "inclusiva" como areias movediças.

Tive pena do Pedro. Perdeu-se, de certeza. Por força das circunstâncias tendia a dar ouvidos a mugidos.

.

Carmo da Rosa disse...

Bom poste, pessoal, por isto é que eu me pelo, e com uma grande lição no final: Pensar antes de agir.

O que segundo os neurologistas – li ontem por acaso um artigo sobre o assunto - é difícil de incutir a jovens adolescentes.

E a razão é porque os jovens, nesta idade, ainda não têm o córtex pré-frontal suficientemente desenvolvido, precisamente a parte da caixa dos pirolitos onde planeamos as nossas actividades, a parte que nos avisa contra riscos. Por isso é que a gente, quando chega à idade de adulto e pensa naquilo que fez durante a juventude, fica aterrorizado!

Eu subi aquele lampião? Eu saltei do carvalheiro para o telhado da escola? Eu atravessei a Ponte D.Luis por baixo da plataforma? Hoje, só de pensar tenho pesadelos… Onde é que tinha o meu córtex?

Mas interessante, este comportamento típico dos adolescentes não é um acaso, nem é uma doença, é uma vantagem evolutiva… Um vantagem que deve ser regulada e bem encaminhada pelos pais. Já vão ver porquê...

Os jovens durante a adolescência vão ter que aprender a jogar à bola, andar à porrada, tocar ao bicho, andar de bicicleta, subir às árvores, roubar fruta (já não fazem), ver porno na internet sem que os pais saibam, tudo isto sozinhos. E por isso, não podem ter o medo que normalmente as mães têm, sobretudo as mães portuguesas, que estão sempre com o ai-jesus na boca.

Além disso, os jovens, ao rebelarem-se contra, ou ao quererem ser independentes dos adultos em geral e dos pais em particular, estão (inconscientemente) a diminuir a possibilidade de procriação no seio da família, reduzindo ao mesmo tempo os riscos de anomalias hereditárias.

Deus pensou em tudo. Bem, em quase tudo…

”também habituais confusões entre o "à" e o "há",’

LIFE OF BRIAN made in Portugal.

Neste caso o Lidador deveria ter agarrado na orelha da mais espigadota das cinco que segurava cartaz, torcendo-a ao mesmo tempo que a obrigava a reler a frase: ‘com que então à grebe jeral?’.
à?, neste caso trata-se do verbo haver, por isso a menina devia ter escrito ! E não é grebe mas greve, e também não é jeral mas sim geral.

- Aaiaiaiaiai, que me está a aleijar seu fascista.

Agora a menina com os sprays que tem aí nos bolsos vai escrever na parede da escola 100 vezes há greve geral. Bora, comece lá, não queria ser uma revolucionária? Então agora já virou fascista, sua choramingas?

ml disse...

Muito me admira o discurso do prezado sobre as manadas acéfalas juvenis (ex- cardumes), mas vamo-nos habituando a que não bata uma coisa com a outra.

De qualquer modo, se se aplicasse num exercício mental básico talvez concluísse que a revogação da Lei 3/2008 só beneficiaria a sua filha e todos os que andam na escola para ver se tiram dali algum conhecimento. Já agora dava jeito, sei lá.

Os ‘bezerros’, os ‘ungulados’ ou outra coisa que dê muuuuito alívio chamar, têm campo livre para faltar, estragar o ambiente, fazer perder tempo em detrimento das aulas. O máximo que lhes poderá acontecer, para além de umas sançõezitas sobre as quais dormem que nem uns anjos, é uma ‘prova’ de retorno. E uma vez e outra e outra até se cansarem de tanto conhecimento e procurarem outro poiso.

As ‘manadas acéfalas’ tiveram pelo menos alguma massa cinzenta para fazer surgir, em pleno domingo, o despacho dos ovos, que vai beneficiar todos, inclusivamente a sua filha. É claro que a sra ministra passou afoitamente por cima da complicação legal que ela própria criou, mas se conseguir nos próximos meses alterar uma vírgula à Lei, é mais uma vitória que fica a dever aos acéfalos.

Que o altíssimo permita que depois de uma doença infecciosa, de uma perna partida, de um luto prolongado, não tenham que fazer a tal ‘prova’ que demonstre que, mesmo de cama e com 40 graus de febre, são alunos aplicados.

Unknown disse...

"R.B: O maior problema em Portugal não é a falta de competência dos professores"

De acordo. Há professores bons, menos bons, óptimos, medíocres, etc. Há professores que sabem muito mas não sabem ensinar, ou não sabem fazer-se respeitar. Há de tudo, como na farmácia e nas restantes das profissões.
O "problema", na minha opinião, é da excessiva centralização do sistema, da falta de autonomia, da falta de responsabilização de cada escola, da existência de um super-ministério que praticamente determina até a quantidade de papel caganal que se deve comprar para a cagadeira do 2º piso.
Fosse criado um sistema do tipo "cheque-ensino", com as escolas a terem de suportar as despesas à conta das receitas geradas e estas a depender dos alunos que conseguissem captar, e outro galo cantaria. Nem sequer era precisa avaliação dos professores, porque esta seria feita como nas universidades, isto é, pelo mecanismo da meritocracia e do mercado. Se o orgão gestor de uma escola tivesse ampla autonomia, e do sucesso da escola dependesse o vencimento dos seus funcionários, tudo seria diferente. Haveria bons professores a ganhar bem e maus professores a ganhar mal e a serem despedidos.
Haveria gestão criteriosa de recursos, a escola preferiria gastar dinheiro num bom laboratório do que no embelezamento da álea das rosas.
Enfim, sonhos!


"Cdr: este comportamento típico dos adolescentes não é um acaso, nem é uma doença, é uma vantagem evolutiva"

Estou completamente de acordo. Mas há um centro virtuoso. O tipo que faz cavalinhos na mota, pode ter mais sucesso na luta pelas fêmeas, mas pode também rachar a cabeça e ficar na cama a esgalhar pívias.

"M.L: Muito me admira o discurso do prezado sobre as manadas acéfalas juvenis "

As suas admirações não são muito relevantes para o assunto. De resto se tivesse lido tudo, não se admiraria. Em nenhum momento me pronunciei sobre as causas das manifes. Limitei-me a escrever quais as "causas" que alguns estudantes alegavam.
O poste não era sobre isso, era sobre a manipulação, sobre a dinâmica das massas, sobre o facto de o QI de uma multidão ser por norma inferior ao do seu elemento mais burro.
Sobre a individualidade, enfim.
Conceito que, a avaliar pelas ideias que aqui defende, é para si algo de somenos e susceptível de grande relativização.
Como é que Estaline se referia às pessoas?
Não era qq coisa como "peças da grande engrenagem do socialismo"?

RioDoiro disse...

ML:

"a revogação da Lei 3/2008 "

A revogação dessa e das outras 485764928452050 leis, estatutos, etc.

O ministério transforma a escola em marionetas e os alunos em "a-gentes".

A "luta" dos professores têm uma boa dose de tiro-ao-pé. A generalidade dos professores concorda com os altos desígnios das "políticas educativas" mas discorda dos resultados incapaz de perceber que os desígnios não têm pés nem cabeça.

Para quando uma palavra de ordem como "na sala de aula mandam os professores"?

Ou outra, como "quem não quiser estar na escola vá pastar para outro lado"?

.

Carmo da Rosa disse...

”O tipo que faz cavalinhos na mota, pode ter mais sucesso na luta pelas fêmeas, mas pode também rachar a cabeça e ficar na cama a esgalhar pívias.”

Lidador,

Tomara que fossem todos como este! Este tipo é um excelente aluno, vê-se que não perde tempo porque está neste momento a aprender cinco coisas:

(1) a dominar a máquina (nunca se sabe, pode mais tarde pode vir a ser um Valentino Rossi!); (2) a seduzir o sexo oposto, muito importante para a procriação da raça dos que fazem cavalinhos na mota (mesmo sabendo que ao que parece a maioria das raparigas não goste deste tipo de exibicionismo fanfarrão – mas pelo menos o rapaz, a força de fazer cavalinhos debalde, aprende isso mesmo); (3) e na cama, ao esgalhar umas pívias é obrigado a fazer uso da sua imaginação, ‘ora, à pala de quem é que eu vou esgalhar uma hoje, da professora de matemática ou da vizinha do quinto-esquerdo?’. Um dilema que vai obrigar o nosso jovem a aprender mais uma coisa, saber tomar uma decisão (4). Last but not least, está ao mesmo tempo a aperfeiçoar a sua motricidade fina…(5)

Unknown disse...

POrra cdr, você hoje está de tal forma optimista que até era capaz de ver o lado vantajoso de bater a bota, levar uma carga de porrada ou ouvir o Sócrates a falar do Magalhães.

RioDoiro disse...

De acordo com os especialistas, há 4 maneiras de bater uma pívea:

1 - Duodedi
2 - Capuchino
3 - Tuti la mano
4 - Mana plena

Nota: o meu italiano é nulo.

RioDoiro disse...

Lidador:

"ouvir o Sócrates a falar do Magalhães"

Caro Lidador. Francamente. Isso não se deseja nem à Ana Gomes.

.

Unknown disse...

Já agora, cdr, há um livro interessantíssimo que aborda justamente a vantagem para a espécie que resulta de gajos se matarem a fazer cavalinhos.
É o "Prêmio Darwin", atribuído aos humanos que contibuem para o apuramento da espécie, morrendo cedo de forma a que o seu material genético vá sendo empurrado para fora da cadeia reprodutiva.

POr exemplo, um dos prémios foi atribuido a um cromo qe roubava carros. Abordado pela polícia largou o carro e fugiu a pé, perseguido pelos agentes.
Enquanto corria achou que uma coisa inteligente era ir disparando uma pistola para trás, por cima do ombro.

Devido a problemas genéticos, o tipo era um daqueles infelizes que não conseguem disparar para trás e correr para a frente, ao mesmo tempo.
Acabou por acertar na própria cabeça e morreu.
Os polícias, esses, nem chegaram a disparar.

Ganhou um Prémio Darwin.
Inteiramente merecido.

Anónimo disse...

Caro dente
Se cruzar o ECD, o Estatuto do Aluno, a Avaliação do Desempenho, o Regulamento Interno, a Gestão Escolar, o despacho sobre avaliação, verá que existe entre todos estes documentos uma coerência absoluta, que converge para um único objectivo: melhorar o ‘sucesso’ expresso em números, a partir do controle férreo por parte da tutela. É uma malha fina que não permite margem de manobra nem a pais, nem a professores, nem às instituições.
De caminho, caem-lhes no colo outros benefícios colaterais não desprezáveis.

Isso de "na sala de aula mandam os professores" é ilusão sua, que morreu pelos tempos mais próximos. Talvez um dia possa ressuscitar parcialmente quando os números em Portugal coincidirem com os de Bruxelas. Disse números, não disse competências. E disse talvez. Em Portugal a história tem-nos mostrado que é tudo uma questão de
'autoridade'.

A larga maioria dos professores tem consciência disso, não se julgue um dos poucos iluminados. Mas admito também que perante o cenário actual, alguns se resignem a albardar o burro à vontade do dono. Como em qualquer profissão, há uns e outros.

___________________________________


O poste... era sobre a manipulação, sobre a dinâmica das massas, sobre o facto de o QI de uma multidão ser por norma inferior ao do seu elemento mais burro.

Percebi perfeitamente, prezado, ao contrário do que pretende dar a entender. Juventudes, acefalias, rebanhos, Estaline.

RioDoiro disse...

ML:

"A larga maioria dos professores tem consciência disso"

Gostaria de estar consigo. De facto, ouve-se muita coisa, mas quando se tenta aprofundar a conversa, o condicionamento ideológico e/ou cerebral sobrepõem-se.

E há o problema do medo, que, suponho, explica em parte o condicionamento.

.

Anónimo disse...

Claro que há medo. Uma carreira que para a esmagadora maioria vai ficar pela metade, independentemente formação e da qualidade profissional, mete medo a qualquer um, principalmente pela arbitrariedade dos critérios.
Por outro lado dá a liberdade de sentir que não têm muito a perder.

E o problema não está nos ‘desígnios’ do sistema educativo mas no modo como se implanta no terreno. Os rankings internacionais liderados por países tão díspares como os da Finlândia, Hong-Kong, Coreia, Canadá, mostram que é o modus operandi administrativo e humano que condiciona os resultados.

Carmo da Rosa disse...

”POrra cdr, você hoje está de tal forma optimista que até era capaz de ver o lado vantajoso de bater a bota, levar uma carga de porrada ou ouvir o Sócrates a falar do Magalhães.”

Não Lidador, que eu saiba não estou particularmente optimista, pelo menos não em relação à meteorologia nem ao ensino em Portugal, simplesmente, neste caso as cinco vantagens, são mesmo cinco vantagens.

É claro, quem não sabe fazer um cavalinho com a mota (ou bicla) ou um hilário bem feito nos matrecos desdenha e diz que isso não vale, que não é didáctico, que é mais interessante saber que há povos a sofrer em África e que se deve falar melhor inglês que os Americanos, et cetera.

Mas afinal quem é o tal Magalhães de quem o Sócrates fala?

” Acabou por acertar na própria cabeça e morreu.”

Não teria acertado na cabeça porque esta era demasiadamente grande? Lá está, um gajo com uma cabeça de melancia pode pregar pregos com a testa (arrancá-los eventualmente com os dentes), ser Almirante, Presidente da República mas não pode fazer cavalinhos – pesa-lhe a testa…

”De acordo com os especialistas, há 4 maneiras de bater uma pívea:”

Tenho muita pena caro Range, mas não eram especialistas! Falta a mais importante e a mais poética:

5-Fotere la sorella della sinistra.
(isto para malta de direita tem até uma conotação suplementar muito agradável!)

PS. Mas afinal, deve-se escrever pívia como eu e o Lidador escrevemos, ou pívea, como o Range?

RioDoiro disse...

ML:

"Claro que há medo. Uma carreira que para a esmagadora maioria vai ficar pela metade"

Não era desse medo que eu falava. O medo das revanches dos 'militantes', em especial os que são mais papistas que o pápa, aqueles para quem a realidade é irrelevante.

O problema da progressão nas carreiras não abona em favor dos professores. Demonstra apenas que eles acreditaram no absurdo. É verdade que houve promessas, que houve "direitos adquiridos" mas deveriam ter sido os professores os primeiros a ficar de pé atrás. Se a coisa se passasse com cantoneiros seria compreensível. Mas apenas o desconhecimento dos mecanismos que fazem rodar o mundo explica a "perplexidade" perante a quebra do acordado. Isso não abona em favor dos professores, bem pelo contrário. "Mas onde pensam eles que vivem" pergunta-se.

A convivência com este absurdo explica, em parte, porque não se consegue ultrapassar a limitação mental pela qual se está contra a ministra ficando-se apenas pela rama. Está-se contra ela pelas consequências mas não se tem real consciência das causas e não se lhes conseguindo apontar certeiramente o dedo. Ataca-se o problema da avaliação pelos rocambolescos detalhes e absurdos, mas a referência ao total absurdo que são as ciências da educação (como elas são encaradas e postas em prática) com toda a sua parafernália de absurdos e de "pedagogicamente incorrecto".

Passa completamente ao lado da "luta" dos professores que a escola é um local para se estudar e não um redondel onde se fazem experiências "que só podem dar os melhores resultados".

Querem ocupar os bezerros até que fiquem adultos, contemporizando perante a sua recusa em aprender e dando-os como aptos? Estão simplesmente a assassinar intelectualmente quem quer aprender e a enganar a bezerrada.

Os ungulados não vão encontrar empregos para quem, tendo um qualquer canudo, nada sabe.

Já agora, isto tem a ver com a urticária que a esquerda tem contra os meios para atingir fins. Incapaz de perceber que a selecção de meios implica decisões difíceis, acaba dando todo o valor aos meios esquecendo os fins. O Magalhães é o "paradigma" deste bloqueio.

[o vocabulário deve estar um bocado manhoso, mas é o que se arranja].

.

Anónimo disse...

Nem tudo pode ser atribuído ao eduquês. Ele existe, tem muita força, mas também existe na Finlândia, no Canadá, no Reino Unido, na Irlanda, nos EU, na Itália, em todos os países desenvolvidos. Nós não inventámos nada, raramente nos atrevemos a fugir das modas dos nossos mentores. Antes abastecíamo-nos em França, hoje mais no mundo anglo-saxónico que, mesmo esse, apresenta resultados muito desiguais de país para país, quer quanto a organização e disciplina interna quer quanto a rentabilidade escolar.

O que muda em países como a Finlândia, em que não há reprovações no ensino obrigatório e obtém os melhores resultados na avaliação PISA, não é tanto o modelo em si mas a sua aplicação, o levar a sério o investimento público, a educação para perceber a importância da educação. A pescadinha de rabo na boca que obriga a que a exigência se responda com exigência.
As reformas em Portugal são sempre relativamente irrelevantes, nenhuma é aplicada com rigor e nunca se chega a saber se valeu a pena porque entretanto se parte para outra.

O eduquês, seja isso o que for, pressupõe uma sociedade organizada, responsável, exigente no que são direitos e no que são deveres. A escola comporta deveres mas é essencialmente um direito que algumas aproveitam em benefício próprio. Na Coreia, por exemplo, mesmo quando a escolaridade obrigatória se ficava ao nível do básico, a frequência do ensino médio era superior a 95%.

Ninguém os empurra, ninguém os vai buscar a casa ou exclui do Rendimento de Inserção como consequência do absentismo. Simplesmente as comunidades entendem as vantagens de vestir e pentear a garotada, meter-lhes a mochila às costas e pô-los a andar para a escola para, sem questionamentos inúteis, cumprirem aquilo que se espera deles, estudar.
Como não passa pela cabeça de ninguém voltar-se à aprendizagem à estalada como no tempo do sr. Professor Doutor, lá vamos dando os tais dois passinhos em frente e um atrás, esperando um dia chegar à meta.


Não me parece que passe ao lado dos professores que a escola é um local para se estudar e não um redondel onde se fazem experiências "que só podem dar os melhores resultados", pela simples razão de que são as vítimas imediatas. Passará ao lado do ministério, que produz legislação pedagógica com objectivos politicas.

O superpai Albino Almeida afirmou-se agradado quando a ministra, depois de meses de surdez, se viu coagida da noite para o dia a fazer a distinção entre faltas justificadas e injustificadas. Para tanto bastaram umas centenas de alunos e umas galinhas poedeiras.
Não me lembro de o ouvir aproveitar o ferro quente e reclamar o outro lado da Lei, a irrelevância das faltas injustificadas para os que por ali se arrastam e transformam as escolas em território de lazer. Um belo dia, fartos de batalhas campais e de tanta prova de recuperação, há um professor e outro que lhes dão um chuto para cima e que vão em paz curtir o 'sucesso' para outra freguesia.

Não sei quão elástica é a sua concepção de esquerda, mas lembro-lhe que quem introduziu nas escolas os métodos que hoje se atribuem às ciências da educação foi a Ferreira Leite, já lá vão uns bons anos. A partir dela e do Joaquim de Azevedo, foi só ligar o piloto automático.

RioDoiro disse...

ML:

[Não tenho tempo para mais]

Eu estou-me substancialmente nas tintas para a aplicação do eduquês nos outros países.

Em Portugal, o eduquês é uma ferramenta múltipla. Usada em pequenas doses tem a função do pack-shot na publicidade. Afinfa um disparate em versão compacta como quem solta uma bola se sabão: é apresentada como tendo cores “giras”, é redondinha e voa, mas nada se diz quanto a fazer pluf, salpicar e saber a sabão.

Usada em doses garrafais, em especial naquelas maravilhosas tiradas que brotam da rapaziada da Lurdinhas (ou da Lurdinhas da rapaziada) da 5 de Outubro, é uma ferramenta de escaqueiramento da razão (desconstrução, diriam eles tentando camuflar a real função) que tem a mesma funcionalidade que o ordenamento do ruído. Não tendo ponta por que se lhe pegue, desencoraja o ataque. Podendo tudo ou nada significar, tende a remeter o atacante para o mundo do absurdo.

A razão real porque é usada prende-se com a absoluta necessidade do estúpido-militante de destruir os mecanismos da lógica (da razão). Pretende-se posteriormente injectar uma “nova razão” ao melhor estilo amanhãs cantantes.

Os Neandertais do PC tentam a política de terra queimada. Os estúpidos militantes a abstracção em forma se cérebro em serradura. Pensam eles, que misturando-lhe a cola apropriada sedimentam o novo homem.

À generalidade dos professores isto passa um bocado ao lado. Não percebem mas não se opõem. Estando o eduquês cheios de pack-shots que prometem cuecas voadoras, a coisa soa-lhes bem. Para uma outra boa parte, que ideologicamente colocava tijolos no muro de Berlim, a coisa soa melhor porque estão na jogada. Outros, percebem mas estão em clara minoria.

Os sindicatos são controlados pela malta dos tijolos. O maior grupo vai na onda, protestando contra a ministra no acessório, não atacando o fulcral. Os gajos que vêm o logro têm consciência que, ao mais pequeno levantamento de crista, serão catrafilados.

A ML refere Salazar, e os dois passos à frente e um atrás, mas olhe que é ao contrário. Salazar deve estar a rir-se na tumba.

O eduquês tem pouco a ver com a política real (partidos de poder). Tem a ver com a escumalha que pulula pelo ministério. Eu conheço alguns que, entre duas cervejas, anos depois de terem estado metidos naquilo até aos tomates, confessam que não terem conseguido prever as consequências das suas colecções de excelentes intenções. Afastaram-se mas foram prontamente substituídos.

Quem não estuda deve chumbar. Quem falta sem ser por motivos de saúde deve chumbar (sem prejuízo da anterior). Quem falta deve chumbar. Quem é indisciplinado deve chumbar (quando eu estudava podiam dar-se apenas 3 faltas disciplinares por ano (somatório total). Se um gajo é balda e se atrasa deve passar pelo trabalho extra de apresentar um plano da sua própria recuperação e não o contrário. O chumbo deve ser de aplicação imediata acompanhado de expulsão da escola.

Em relação à estalada, ao ponto a que chegamos só se perderiam as que caíssem ao lado. E a “integração”? perguntará a ML. E eu pergunto-lhe se prefere a integração dos alunos de razoável para cima nas hostes da bezerrada.

Se o estado pretende criar bezerros, há espaço disponível nas pastagens. Nas florestas, podiam dizimar o mato.

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Anónimo disse...

RoD

"Em relação à estalada, ao ponto a que chegamos só se perderiam as que caíssem ao lado."

Muito educativo...

Já agora qual é a sua opinião dos professores?

ML,

"Se cruzar o ECD, o Estatuto do Aluno, a Avaliação do Desempenho, o Regulamento Interno, a Gestão Escolar, o despacho sobre avaliação, verá que existe entre todos estes documentos uma coerência absoluta, que converge para um único objectivo: melhorar o ‘sucesso’ expresso em números, a partir do controle férreo por parte da tutela."

Já li quase todos, são obras primas autênticas. Estou para ver que geração é que vai ser criada e os custos que vamos ter de suportar no futuro...

RioDoiro disse...

Stran:

"Muito educativo..."

Não tenha dúvida.

"Já agora qual é a sua opinião dos professores?"

Algumas são boas como o milho.

Quanto ao resto, ou parte dele, leia o que escrevi e ficará a saber.

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