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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O 'No.1' Volta a Atacar

Teixeira dos Santos, considerado pelo FT o pior ministro das finanças da Europa, volta a atacar.

Os mais otimistas poderiam supor que o ministro (e com ele, o Governo) tinha aprendido com os erros próprios e dos outros. Isto é, o Governo viria agora arrepiar caminho e dizer que este era o momento de aliviar o sufoco fiscal a que empresas e particulares estão submetidos. O dinheiro assim desviado do prato do Estado-glutão serviria para financiar de modo saudável, sustentado, a retoma económica.

Os inteligentes aprendem observando os erros dos outros e os burros aprendem à própria custa. Mas o Governo não está na classe dos inteligentes nem na classe dos burros. Está numa classe abaixo de burro, a classe dos socialistas. Vai daí o ministro das finanças declarou que "temos de pressionar os bancos para que o dinheiro das linhas de crédito anunciadas pelo Governo chegue às empresas." Já tínhamos destacado antes a aberração anti-económica desta ideia e os maus resultados de políticas semelhantes nos EUA.

Há um outro motivo forte que evidencia a asneira de insistir nesta solução. A dívida externa portuguesa atingiu dimensões inéditas. Desde há vários anos que os Bancos portugueses se endividam fortemente no exterior para financiar uma economia cuja riqueza interna é sugada pelo Estado.

Para se ter noção da dimensão da nossa dívida externa usemos uma comparação com o caso americano. Os EUA são geralmente referidos como um país sobre endividado, alertando muitos para os problemas económicos que, mais tarde ou mais cedo, esse endividamento acarretará.
-Os EUA devem a credores externos o equivalente a 100% do seu PIB (quase 14 biliões de dólares (biliões=10^12));
-Portugal, no final do ano passado, devia a credores externos o equivalente a 200% do PIB, o dobro da proporção americana (a dívida externa no final de 2007 já era de 461 mil milhões de dólares). No final deste ano prevê-se que a fasquia do dobro do PIB esteja francamente ultrapassada.

As consequências desta insanidade económica já se vão sentindo e irão, inevitavelmente, sentir-se cada vez mais. Por um lado, se aumenta a dívida aumentam também os juros a pagar. Por outro, se a proporção da dívida externa sobre o PIB se degrada, o risco creditício do país sobe e as taxas de juro dos financiadores externos também. Para uma economia sustentada no crédito externo, a conjugação destes dois factores tem tudo para ser trágica.

No meio disto anunciam-se projetos de um novo riquismo megalómano, doentio: um TGV de ricos para um país pobre; um aeroporto novo que muitos continuam a questionar se é realmente um investimento prioritário; a construção de autoestradas para volumes de tráfego muito abaixo do internacionalmente estabelecido para infraestruturas tão caras. Tudo a ser financiado com dinheiro que o país não tem e que terá de comprar lá fora. O devedor será o Estado, isto é, serão os contribuintes. Para pagar todos estes elefantes brancos e respetivos juros o Estado terá de cobrar cada vez mais impostos, isto é, deixar-nos mais pobres. E a dívida externa continuará o seu galope ascendente.

Nada disto interessa à miopia económica de Sócrates, o vão. A miopia evoluiu para amplimiopia agora que os brios dos vaidosos estão ofendidos pelos resultados económicos negativos. Mas o Governo é mesmo de esquerda (ao contrário do que alguns ensaiam), pelo que não lhe interessa a realidade nem ouvir quem fala nela. E Portugal segue a reboque destas decisões. Caminhamos, ignorantes, para o abismo. Mas caminhamos em estilo: com milhares (ou milhões?) de 'magalhães' e com um PM de palanque a falar-nos em pressupostos sucessos que cada vez mais só ele não tem vergonha de anunciar.

27 comentários:

RioDoiro disse...

A propósito de miopia, devo estar a ficar míope.

Tenho impressão que o Cardeal José Policarpo está no Prós e Contras para falar de .... economia!

.

Renato Bento disse...

Maldita Doutrina social da Igreja.

Esses tipos contribuiram de que maneira para o atraso que somos hoje e ainda vêm mandar postas de pescada para a RTP...

Anónimo disse...

Toda vez que leio nesse Blog as matérias de cunho econômico, penso que estão falando do meu Brasil, onde tudo se passa como se tivessem copiado de vocês portugueses ou vice-versa.

As mesmas besteiras daí estão sendo ditas repetidas vezes pelos comunistas daqui, enquanto caminhamos a largos passos para algo muito além da recessão econômica, ou seja, para a depressão com quebradeira generalizada das empresas.

Não sei se Portugual tem o mesmo problema que nós aqui no Brasil, ou seja, como nos livrar de um mala-sem-alça que compra votos mensalmente com empreguismo público e assistencialismo para começar a pensar nos reais problemas da crise econômica mundial?

Anónimo disse...

"Os inteligentes aprendem observando os erros dos outros e os burros aprendem à própria custa. Mas o Governo não está no grupo dos inteligentes nem no grupo dos burros. Está num grupo abaixo, o grupo dos socratinos."

Ponha "socialistas" em vez de "socratinos". A frase fica com mais sentido.

Também tem a doença do acordo ortográfico? Não há bela sem senão.

Paulo Porto disse...

Caro Anónimo Brasileiro

É bem verdade que nós, portugas e brasucas, somos mais parecidos uns com os outros do que uns e outros costumamos ou gostamos de admitir.

Apesar de tudo o problema em Portugal é que não temos riquezas naturais nem dimensão demográfica. Uma e outra são vantagens eoómicas.

Paulo Porto disse...

Caro Anónimo Português

Ponha "socialistas" em vez de "socratinos". A frase fica com mais sentido.

Tem toda a razão. E pegando no espírito da coisa, aproveito para trocar grupo por classe.

Já agora, corrijo uns links



"Também tem a doença do acordo ortográfico? Não há bela sem senão."

Sim, meu caro, aderi ao acordo ortográfico ainda antes de ele estar em vigor por três razões:

1.interpretativa - Pois é, esta foi mais uma 'adivinha' certeira.

2 racional – o português escrito é etimológico simples (bem ou mal, é assim). O uso que ainda hoje fazemos em Portugal de consoantes mudas é um resquício de um classicismo amputado, tipo apêndice inútil, penduricalho bacoco, delícia para portugueses.

3.emocional – sou um brasileirófilo irredutível pelo que estou sempre em tudo o que tenha a ver com harmonização com o Brasil.

E por falar em futuro: Portugal tal como a União Europeia, caminha lentamente para o desastre. Se costuma acompanhar estes assuntos sabe certamente que o Brasil é uma das potência económicas emergentes. Parece-me que a salvação do nosso desastre ainda nos vai chegar do outro lado do Atlântico.

Paulo Porto disse...

Caro RB

"Maldita Doutrina social da Igreja.

Esses tipos contribuiram de que maneira para o atraso que somos hoje e ainda vêm mandar postas de pescada para a RTP..."

Qual é a parte da doutrina social da Igreja que o RB não gosta?

Numa das partes da doutrina social da Igreja incentiva-se a repartiição dos lucros com os funcionários que mais contribuiram para eles. Qualquer livro de Gestão e Motivação de recursos humanos escrito por um WASP diz o mesmo.

E depois, em que foi que a Igreja contribuiu para o nosso atraso económico? A Igreja tem empresas? Faz leis? Controla sindicatos? Domina ou manobra ministérios ou ministros?

Não adianta procurar vacas a pastar na fossa das Marianas, caro RB. Olhe para o socialismo que amarfanha a economia, está lá tudo.

ml disse...

Maldita Doutrina social da Igreja.

Caro RB, não seja injusto, não peça o que não têm para dar.

A política social da igreja católica não é má nem boa em si mesma porque totalmente condicionada pela ambiente político onde se move. As águas em que nada completamente à vontade são as da ditadura, é quando se sente compreendida e apoiada para fazer aumentar os pobrezinhos, os seus meninos Jesus do dia-a-dia. Já viu o que seria da igreja sem os pobrezinhos?

A ditadura portuguesa é um microcosmo deste modelo de actuação, apesar do braço-de-ferro entre os dois Antónios. O António secular levou sempre a melhor, com a colaboração activa do António religioso. Se queria benesses do amigo professor doutor tinha que dar muito para a troca. Foi a simbiose perfeita, apesar dos lamentos. Há documentos, nomeadamente a troca de correspondência entre os dois, que são uma delícia de permuta de favores. As propostas são delirantes: tu entregas-me a orientação do ensino que eu prometo-te que o máximo que aprenderão será apenas o suficiente para ler e escrever o nome.
O António secular não foi nisso, era uma área demasiado importante para colocar nas mãos de outros.

Em democracia a igreja vai-se adaptando, com mais ou menos protestos, e vai-se resignado a ocupar o papel que lhe cabe na vida dos cidadãos: pessoal e intransmissível.

Até tenho uma boa impressão do D. José Policarpo e de outros, caso a caso. São pessoas que me parecem sensatas, cordatas e naturalmente bondosas, o que devia ser indispensável numa ‘igreja de amor ao próximo’. Mas não é.
Não são burros, perceberam que os tempos áureos já lá vão e neste momento a doutrina social que praticam é quase o único recurso para muita gente esquecida do mundo de delícias dos ‘empreendedores’. Que aliás, pobrezitos, temos que ser justos, estão também a passar tempos difíceis, de mão aberta para que o estado lhes acuda com os milhões das nossas poupanças. Em breve os veremos às portas das igrejas com a latinha das esmolas ao pescoço. E a igreja, na sua eterna bondade, não se esquecerá deles.

Renato Bento disse...

Caro Paulo,

Já por mais que uma vez discutimos sobre a Igreja Católica e bem sabemos que isto não nos leva a lado nenhum.

"Numa das partes da doutrina social da Igreja incentiva-se a repartiição dos lucros com os funcionários que mais contribuiram para eles."

Não deve ser uma doutrina, seja ela de que religião for, a definir o que um funcionário ou um empresário deve ou não fazer. Cada um deve decidir consoante aquilo que pensa e não consoante aquilo que Deus noxo xenhor quer. Que eu saiba, a Bíblia não é nenhum tipo de economês e nunca vi um economista a citá-la.

A moral Judaica e Protestante vai mais ao encontro disto: o indivíduo tem todas as condições, dadas por Deus, para triunfar na vida. Se triunfa foi porque o mereceu!

"E depois, em que foi que a Igreja contribuiu para o nosso atraso económico?"

Se fosse pela Igreja, ainda o Sol andava á volta da terra e não vice-versa. A Igreja Católica sempre foi um dos maiores obstáculos ao progresso científico e económico ao longo da História;

A Igreja, apesar de alguns dissidentes terem criticado e bem o regime Salazarista, normalmente andou metida com ele e dele tirou proveitos.;

Se não fosse os medos do Rei apoiados pela Igreja, os Judeus não tinham sido expulsos e a Holanda não tinha sido a potência do Século XVI, sendo possível que a potência fosse Portugal;

Se não fosse a moral cristã de alguns empresários, estes em vez de comprar Ferraris investiam (...);

E por aí adiante. Passaria boa parte do dia a justificar o porquê da Igreja Católica não se relacionar bem com o sistema económico vigente (Vários Bispos, Teologos e creio que até o Papa já disseram o mesmo).

A Europa do Sul tem uma enorme desvantagem em relação à Europa do Norte neste aspecto. Os últimos livraram-se das rédeas da Igreja e souberam lidar com a diferença (aproveitaram-se, inclusive, dela).

Agora, o Paulo diz uma coisa claramente correcta: isto são tempos antigos e já não é para aqui chamado. A minha veia anti-clerical de vez em quando tem a necessidade de dizer coisas destas só para chocar.

O que eu tenho medo é que isto volte a ser como dantes!

Unknown disse...

Quando tinha 14 anos, fiz uma redacção anti-clerical, no liceu, com os lugares comuns que a ml acaba de expender. Escrevi com sinceridade e escrevi muito. A professora gostou e deu-me uma excelente nota, além de um elogio na aula.
Fiquei inchado, mas tinha 14 anos.
Com o tempo, aprendi mais coisas e as minhas certezas esfumaram-se.
Não sou católico, não sou sequer religioso, mas sei que as religiões cristãs dão às sociedades um cimento ético e moral que tem de vir de algum lado.
E dão respostas, em momentos de desepero, nos quais a razão não basta, ou ainda é mais desesperante.
Dito isto, o catolicismo teve méritos e deméritos. Foi a Igreja Católica que transportou o facho da civilização do Império Romano até ao Renascimento. A chama foi diminuindo, mas não se apagou. Os que sabiam ler, escrever e pensar, encontraram abrigo na Igreja. Grandes mentes foram salvas do destino cruel da barbárie.
E em última análise, foi o cristianismo que delimitou a identidade da nossa civilização. Niezche não tinha dúvidas em considerar a democracia a expressão profana do cristianismo.

E os deméritos, claro. A "doutrina social" da Igreja, é uma versão soft da teologia da libertação, uma maneira perigosa de Deus entrar no domínio de César.
O Bispo de Setúbal, o Bispo Torgal, etc, são ( e o 2º eu conheço-o bastante bem) socialistas de batina.

A Igreja católica trouxe-nos a noção de pecado original, pela qual hoje nos flagelamos pelos "pecados" dos nossos antepassados.
Deu-nos a culpa e hoje rojamo-nos à frente de toda a gente a pedir desculpa pelo que somos, ou fomos, ou seremos.

É avessa ao sucesso. Os pobres vão para o Céu, mas os ricos não, até um camelo passa mais facilmente pelo buraco de uma agulha.
É por uma ética altruísta, o que é a mais rematada estupidez que nos condiciona, e nos faz sentir mal por prosseguirmos os nossos interesses pessoais, como se isso não fosse normal e desejável.
É contra o "juro" e outros instrumentos racionais da actividade económica.

E depois há a diferença entre catolicismo e outros cristianismos.Max Weber achave que o capitalismo só podia ter surgido num ambiente saturado de ética protestante, com o valor do trabalho, o esforço individual, etc.

No catolicismo, as pessoas pedem a Deus através dos santos. É um sistema de cunhas que se derrama depois na maneira como encaramos o mundo.

Paulo Porto disse...

Meus caros RB e Lidador

Não concordo com a v.generalização da parte.

Uma coisa é a Igreja pretender dar conforto espiritual a quem é pobre. Outra coisa é dizer-se que, se não fosse a Igreja, o pobre seria rico. Nunca ninguém deixou de enriquecer porque é católico, nunca ninguém empobreceu porque é católico.

Existe uma tentação de colar pobreza a catolicismo, sobretudo na Europa. A frase é “os países do norte são ricos porque são protestantes, os do sul são pobres porque são católicos". O imediatismo deste lugar comum ilude. Na verdade os países do norte da Europa não são ricos há assim tanto tempo, e durante séculos os países católicos foram os mais ricos e poderosos da Europa.

Por outro lado, atualmente a Suíça, parcialmente católica, o sul da Alemanha, a Áustria, o norte de Itália são católicos e estão entre as zonas mais desenvolvidas económica e culturalmente.

Portanto, a tentativa de colagem de catolicismo a pobreza não resulta nem nos nossos dias nem no passado. Existem outras explicações que não passam pela contraposição catolicismo vs. protestantismo.

O complemento também falha, e o complemento é ‘o protestantismo e o judaísmo promovem o progresso económico’. Não é difícil admitir que promovem, e no entanto a Alemanha e a Escandinávia protestantes exportaram milhões de miseráveis para a América há cerca de um século. E quando Hitler recolheu milhões de judeus europeus para os campos de morte, para espanto dos nazis mais idiotas a grande maioria deles era gente tão pobre como qualquer outro habitante da Europa central, fosse ele protestante, ou católico, ou coisa nenhuma.

Unknown disse...

Caro P Porto, um dia tem de ler " A ética protestante e o espírito do capitalismo", da Max Weber.
Com uma argumentação notável, embora de leitura não muito fácil.

E sobre a ética altruísta, tb originada na doutrina da Igreja, Ayn Rand tem uma obra magistral: " A virtude do egoísmo". E bate, bate muito não na Igreja, mas em alguns ensinamentos que ele veicula.
Mas dou-lhe razão: a coisa não é a preto e branco. E se tiver de fazer um balanço, eu acho que nestes 2000 anos, o saldo é positivo.

Renato Bento disse...

Esqueci-me de referir à bocado que a Igreja, ela própria, é uma empresa caro Paulo: tem funcionários (padres, bispos, Papa), um Presidente (Papa), uma hierarquia, uma sede (ali para os lados de Roma), tem clientes (o crente), tem lucro (que usa da mais diversa forma) e os seus funcionários descontam!

"Nunca ninguém deixou de enriquecer porque é católico, nunca ninguém empobreceu porque é católico."

Hmmm... Então a Grã-Bretanha ia-se lançar na expansão se continuasse agarrada a Roma? Entao e Portugal não podia ganhar uns trocos a mais evitando a perca de tempo que era a evangelização?

"Na verdade os países do norte da Europa não são ricos há assim tanto tempo"

Grã-Bretanha livrou-se das trevas no século XVI e no século XVIII já mandava; a Holanda cresceu no século XVI depois de chegarem os Judeus; a Alemanha, mesmo antes de unificada, tinha cidades importantíssimas (maioritariamente as protestantes); Antuérpia era a cidade dos Judeus.

No máximo, os países do Norte da Europa não eram ricos, mas sempre foram superior aos do Sul da Europa. Portugal era alguma coisa no século XII? e no século XIII? E Espanha? E o sul de Itália? E o Sul de França?

Então e os Estados Unidos da América? Então e o padreco lá da aldeia que diz que "Mais facilmente se encontra uma agulha num palheiro que um rico entra no céu"?

Itália, nomeadamente Roma, foi sempre um centro de desenvolvimento por causa da abundância de recursos da Igreja. Mesmo assim, pelo que se vê, o dinheiro poderia ter sido melhor empregue.

"séculos os países católicos foram os mais ricos e poderosos da Europa."

Porque eram os únicos que existiam. Os outros andavam preocupados nas bulhas e eram sempre atacados pelos dignos cavaleiros de Roma, nas pessoas dos mais diversos Reis Católicos, que de vez em quando lá se lembravam e limpavam o sebo a 20 ou 30 cidades não evangelizadas. A formação de Reinos não católicos solidificados na Europa vem muito depois do nascimento de Estados Protestantes, ou seja, estes partiram muito depois.

Mas quando partiram, partiram em força e tal é inegável.

"e no entanto a Alemanha e a Escandinávia protestantes exportaram milhões de miseráveis para a América há cerca de um século"

Com a ajuda do Santo Pio XII, que se manteve calado que nem um rato, a ver se acabava de fazer o trabalho que a Igreja já tinha começado a fazer lá bem atrás.

Paulo Porto disse...

Caro Lidador

Eu li 'A Ética...' do Weber. E foi também nessa altura que construi o tipo de contra argumentação que parcialmente deixei aqui.

Nunca li nada da Ayn Rand. Tomo nota da sua sugestão. Mas não me parece que as cacetadas dela possam ser graves além de que se devolvem com facilidade. As perseguições à liberdade religiosa, as prisões, os assassinatos, ou os campos de concentração, essas 'cacetadas' é que são dolorosas.

Paulo Porto disse...

Caro RB

Sim, a Inglaterra ia lançar-se na expansão com Roma ou sem Roma, então Portugal também não se lançou na expansão com Roma? Isto mostra que a questão de Roma ou não Roma nâo condiciona estas coisas.

"Portugal era alguma coisa no século XII? e no século XIII?"
No século xii era pouco, tinha acabado de nascer. No xiii já era mais qualquer coisa, os cristãos tinham expulsado os muçulmanos de outro modo aos 6 anos os nossos miúdos andariam na madrassa a abanar a cabeça e a decorar o corão. No século xiv e xv o sul da Europa era o centro do mundo. No séc.xvi Lisboa era a cidade mais importante do mundo.

E era assim pq era católico? Não. Tal como não empobreceu depois por ser católico. Uma e outra coisa não estão ligadas.



Depois o RB cita-me:
"e no entanto a Alemanha e a Escandinávia protestantes exportaram milhões de miseráveis para a América há cerca de um século" e, pelo que percebo, supõe que eu me esteja a referir a judeus. Não estou, releia. Estou a referir-me ao final do séc.xix, princípio do xx, quando dos países protestantes do norte da Europa saíram milhões de pobres para a América. Com isto estou a dizer-lhe uma vez mais que versões de cristianismo não tèm ligação direta, predefinida com pobreza ou riqueza.

Sobre Pio XII, tem coisas por aprender. Não se pode ficar por ressentimentos judaicos ou por literatura de comunistas.

Por fim, meu caro RB, partilho consigo a aversão a obscurantismos. E lembro-lhe que o pior dos obscurantismos é recente e ateu, e foi responsável por mais mortes que nenhum outro antes.

Onde não há liberdade religiosa e respeiro pela regiliosidade do indivíduo não há simplesmente liberdade.

Renato Bento disse...

Caro Paulo,

"então Portugal também não se lançou na expansão com Roma?"

Então e Roma aceitaria dar a evangelização a explorar por mais 4 ou 5 países? Isso não traria confusão? Então e o Tratado de Tordesilhas, apoiado por Roma, que dividia o Mundo em 2 áreas de influência?

Seria muito pouco bolo para dividir por tão famintas bocas.

"No século xii era pouco, tinha acabado de nascer."

Tal como no século XVI os países mais ao Norte começavam a ganhar estabilidade. E, em muito menos tempo, ergueram-se....

"quando dos países protestantes do norte da Europa saíram milhões de pobres para a América"

Tal como Tugas para o Brasil? Irlandeses para os EUA?

"E lembro-lhe que o pior dos obscurantismos é recente e ateu, e foi responsável por mais mortes que nenhum outro antes."

Sem sombra para dúvidas. Os fenómenos que aqui discutimos estão ultrapassados, as lutas são outras.

Partilho da ideia lançada pelo Lidador. A nossa civilização não deixa de dever muito à Igreja Católica.

Anónimo disse...

Eu nem queria interromper este solilóquio fiel, mas...

A Igreja Católica sempre foi um dos maiores obstáculos ao progresso científico e económico ao longo da História

Não é verdade e nem devia ser eu a dizer isto. cof... cof... cof...
Só no século XIX, quando a igreja começou a não ver com bons olhos o macaco como parente das criaturas divinas e a ciência percebeu que não precisava de Deus para explicar os fenómenos naturais nem a origem do homem, é que se deu o divórcio.
Até aí, foi de mãos dadas com a igreja católica que a ciência se desenvolveu, salvo os episódios conhecidos.
O próprio Galileu era profundamente religioso, teve é pouca sorte com o vira-casacas do papa. Era físico também, mas não teve coragem de o defender para não pôr em causa o poder da igreja. Business as always. As púrpuras sempre à frente da humanidade, não foi só o 'papa nazi'.


A nossa civilização não deixa de dever muito à Igreja Católica.

Não é apenas não deixar de ver. A nossa civilização deve metade à igreja católica. A outra metade à Antiguidade Clássica.


No máximo, os países do Norte da Europa não eram ricos, mas sempre foram superior aos do Sul da Europa.

Nada mais falso, as sociedades do norte desenvolveram-se mais tarde do que as do sul, que eram herdeiras da cultura e dos saberes mediterranicos e árabes (arrrrrghhhhh!!!!).
No norte, o poder feudal que vivia dos saques manteve-se mais tempo. E algumas só bastante mais tarde se desenvolveram, como a península da Escandinávia. Até o Eça se refere à ‘miserável Suécia’ rural, que teve que exportar para os EU e Brasil um quinto da sua população. Da Noruega é melhor nem falar, já que foi dominada pela Suécia durante todo o séc. XIX.

3º Não se ganha nada em discutir com dados errados, apesar dos hábitos enraizados da casa.

4º É claro que existe uma relação entre a doutrina e ética religiosas e o dinheiro. O luteranismo e derivados sempre privilegiaram o dinheiro, com regras, o catolicismo preferia os pobrezinhos, desde que não fossem eles nem os seus protectores.
Hoje há uma diluição desses princípios e uma aproximação entre ambos, principalmente quando impulsionados pelo Opus Dei. O cimento ético e moral comum a todos eles é um belo espectáculo nestes dias pouco recomendáveis.

- E lembro-lhe que o pior dos obscurantismos é recente e ateu
- Sem sombra para dúvidas.


A alegria voltou ao Giroflé.

Eu fui ao jardim celeste, giroflé, giroflá
E o que foste lá fazer, giroflé, giroflá
... ... ...

Paulo Porto disse...

Caro RB


A aprovação do Papa ao tratado de Tordesilhas não teve relação com autorizações da Igreja para a expansão. Ela não tinha esse poder, nunca teve. Foi apenas a forma de evitar que dois países cristãos que se projetavam no mundo andassem à pancada um com o outro.

Quanto à emigração, o RB contrapõe que nos países do sul tb se emigrava. Claro que emigrava. Mas esse é precisamente o meu argumento. A miséria ou a prosperidade não estavam, como não estão, ligados à dicotomia catolicismo vc.protestantismo.

Voltanto um pouco atrás, o RB fala-me em 'padrecas' que promovem a ignorância. O que não faltam são padrecas de todas as crenças, e desde logo ateus, que promovem a ignorância. Acontece que no caso da Igreja Católica o inverso é bem mais representativo, isto é, a Igreja como promotora da educação tanto em meios urbanos como rurais. É fácil dar-lhe exemplos em qualquer lado do mundo, tanto hoje como no passado.



Cara ml

Começou a sua corrida por etapas tão bem, mas depois, guinada contra guinada e acaba por capotar antes de passar a meta.
Mas não desista, tem potencial e um belo dia chega lá.

ml disse...

Caro Porto

É natural que o surpreenda que alguém discuta com dados reais e não com devaneios, a prática de recorrer à carta astrológica do Olavo tem efeitos perversos.
Podia ser da Maya, mas é uma questão de gosto pessoal.

Aliás, o que esperar de quem afirma isto?

serve bem para se perceber onde está quem presta e quem não presta.

Eu até podia tecer algumas consideraçõezitas sobre uma frase que, como dizem os ingleses, speaks volumes sobre quem a profere, mas olhe, fico-me por aqui: Deus nos livre dos santos inquisidores, desses já tivemos a nossa dose.


tem potencial

E sabe que até acredito em si? Só lamento não poder retribuir, apesar de ser Natal.

ml disse...

- E lembro-lhe que o pior dos obscurantismos é recente e ateu, e foi responsável por mais mortes que nenhum outro antes.
- Sem sombra para dúvidas.


Agora que já brincaram, dispenso-me de lhes chamar a atenção para o ridículo desta afirmação. Seria preciso ‘uma corrida por etapas’ e não vou exigir-lhes esse esforço.

É um slogan recente que a beatice de direita gostaria de ver credibilizada para tapar os buracos negros da história, mas parece que funciona apenas em circuito interno.

O Estaline, o Mao, o Pol-Pot mataram milhões por razões internas, a subjugação absoluta das populações aos objectivos políticos e económicos que traçaram.

Com Hitler, apesar daquela mistura entre catolicismo e pangermanismo pagão, e de se confessar um instrumento de Deus para levar a bom termo a Sua Obra, não foi exactamente a religião a causa primeira para o aniquilamento do povo judaico.

A igreja católica foi a única que matou e queimou em nome de Deus. Apenas porque não tinha sombra de dúvida sobre quem presta e quem não presta.

Paulo Porto disse...

Cara ML

Pois não, ml, o comunismo não é nada uma fé ateia, e os crimes incomparáveis que protagonizou foram "internos" (???), não foram sistémicos.
Se bem que o muro lhe tenha caído em cima da cabeça há dez anos, a ml ainda tem um lobo que não ficou suterrado e lhe permite este tipo de fantasia.

A Igreja católica matou em nome de Deus. É certo que matou, não com a amplitude que se conta, claro, mas matou.

Mas o mais notável é o preconceito anti-católico subjacente à restição do 'matar por Deus' à Igreja Católica.

Desde logo porque me parece que a Igreja sofreu mais mortes do que aquelas que causou. Por outro, o 'matar por Deus' na Igreja Católica é hoje história e impensável.

Há mais. Ao contrário do que a nossa ml diz, não foi só a Igreja católica que matou 'por Deus', mas disso nem convém falar, estraga o preconceito anti católico. Por exemplo, as religiões ameríndias pré columbianas matavam diariamente para satisfazer as divindades. Os comunistas, na sua religião ateia, matavam e matam, em quantidade nunca vista pelas suas divindades terrenas.

Há mais exemplos destes. Destacam-se os muçulmanos que matam tanto quanto podem em nome de Deus. E não foi só no passado, fazem-no hoje, à nossa frente. Mas quando fala em 'matar por Deus' a ml omite. Desonestidade, como costume.

ml disse...

Pois, essa da desonestidade foi a última capa que lhe ocorreu para encobrir a falta de verbo. Quando eu digo duas ou três coisitas que lhe soam bem ao ouvido, aí já falo muito bem por etapas.

Deixe lá, esse nem é o pior ‘argumento’, já lhe ouvi outros mais de acordo com o cimento religioso e moral de quem presta.

E então está bem, já vamos nos ameríndios e se continuarmos a recuar chegamos a Abraão e à ordem para que sacrificasse o filho a Deus.

Esqueceu-se do Hitler? Se tudo é reversível à fé, qual foi a costela que cometeu crimes? A católica? A pangermanista?
E os herdeiros dos Founding Fathers dizimaram os índios em nome de quê? Do calvinismo? De outras religiões cristãs que chegaram depois?
E o Cortez e o Pizarro? E os cruzados?

Enfim, uns momentos de humor caem sempre bem no meio de um arraial pouco entusiasmente. Se quer ir por aí, vamos lá, mas não aprecio ver ninguém meter-se em águas turvas sem barbatanas para nadar.

Paulo Porto disse...

Tá bom, ml, fica então assente que o ateímo foi, e continua sendo, a mais criminosa das religiosidades. Não se vilumbra quem os possa ultrapassar.

Pode ensaiar a colagem de Hitler ao catolicismo. Há quem lhe cole a idiologia ao ressentimento pelo insucesso juvenil nos meios pobres dos judeus austríacos. Presumo que tudo isto tenha o mesmo valor que colar o nazismo a um anúncio de lâminas para a barba.

A ml recuou a Abraão. Não vale a pena. Ninguém aqui lhe disse que não se matou por Deus. As linhas de força são:
-no deve e haver de mortes (triste contabilidade) parece-me que os católicos estão a perder por muitos;
-'matar por Deus' é um passado de que a IC se afastou há muito, pelo que vir trazê-lo para recriminar a Igreja e simultaneamente omitir o islamismo e o ateísmo é um exercício de desonestidade intelectual.

Ainda nos traz o Pizarro e o Cortés, dois bravos. Mas uma vez mais o problema das mentes anti ocidentais é que, tal como no caso do tráfico de escravos, nunca mencionam que os europeus não teriam conseguido o que conseguiram sem a ajuda e o proveito das etnias locais rivais que os apoiaram ativamente. A este respeito o caso de Cortés é tão evidente que até é referido deste modo nos livros de história mexicanos.

Unknown disse...

PP, o ateísmo, como movimento ideológico não existe.
O que matou mais de 100 milhões de pessoas no séc XX, não foi o "ateísmo", mas sim religiões profanas, que assentavam na ideia de que a religião é o ópio do povo, mas que rapidamente verificaram que tem de haver um ópio qualquer.
O comunismo teve de criar e desenvolver todas as características de uma religião:
A crença de felicidade algures no futuro, os seus profetas, os seus dogmas, os seus sacerdotes, os seus livros sagrados,a intolerância, o pecado, a expiação do pecado, o proselitismo, a imunidade à realidade.

E os rituais.
Em Moscovo, o mausoléu de Lenine era um local de peregrinação, em Havana há um altar a Che Guevara, na URSS, Estaline mandou mesmo deitar abaixo uma das mais opulentas catedrais ortodoxas para aí construir uma catedral comunista, um imenso e imponente edifício desenhado como forma de magnificar a ortodoxia comunista.

( A 2ª guerra mundial parou a construção da coisa e quando Estaline se foi, aquilo ficou às moscas...após a queda do comunismo os ortodoxos fizeram uma subscrição à escala nacional e reconstruiram a velha catedral)

Claro que há religiões e religiões.
E entre a cristã e a socialista, os factos mostram que a 1ª tem um saldo bem mais positivo.

Paulo Porto disse...

Caro Lidador

"PP, o ateísmo, como movimento ideológico não existe."

Na verdade consegue-se estabelecer uma linha evolutiva contínua no ateísmo moderno que começa na era das 'luzes' até chegar aos nossos dias.

As religiões (sistemas de crença racionalizada) podem sustentar ou até inspirar ideologias. Mas uma e outra coisa não são o mesmo. De tal modo que pessoas com ideologias diferentes podem ter uma religião comum.

E é por esta razão que concordo com a sua frase: é certo que o ateímo não é uma ideologia; não, nã é, é antes uma crença racionalizada, isto é, uma religião, uma religião que tem a particularidade de ser ateia. Mas sempre uma crença tão racionalizada como qualquer outra e que pode albergar aderentes a várias idiologias.


Depois o assunto pode ser abordado por um outro ângulo.

Nenhuma religião na sua origem é um corpo estruturado de cânones. O ateísmo não é exepção. Os cânones aparecem a posteriori, e quase sempre multiplicados pelas interpretações ou práticas dominantes que se formam a partir da ideia difusa original.

É assim com o ateísmo moderno que se começa a insinuar na era das ‘luzes’. Logo na primeira manifestação estruturada para o povo deu origem ao ‘Culto do Ser Supremo’, afinal um ateísmo teísta (o que é uma óbvia contradição, mas sobre isto há que questionar o c seu criador), o que mostra bem que o ateísmo é uma forma de procura de um Deus que não é Deus.

A natureza é avessa ao vazio e o homem é um ser com dimensão espiritual. Portanto, se se matam os deuses do Olimpo, ou se se esvazia o Céu cristão, procuram-se outros deuses, ou divindades terrenas, ou crenças no que quer que seja.


O Marximo é o cânone mais notável de entre as formulações ideológicas de inspiração ateia. De tal modo notável e tão aderente que se confunde ele próprio com uma religião ateia.

ml disse...

O cimento da sua argumentação é à prova de martelo eléctrico. Calculo que seja com esse martelo que devastam os outros blogues e os anexos. Corre por aí que estão a barricar-se para se protegerem de novas investidas.
Lembra-se da Muralha de Adriano? Uma coisa assim.

O ensaio que liga o Hitler ao catolicismo é a biografia – nascido e educado catolicamente – e as próprias palavras no ‘Mein Kampf’ e no ‘A Minha Nova Ordem’. Justifica longamente porque é que, como um homem de Deus, tem deveres para com o Senhor e esses são os de purificar o povo alemão dos judeus e dos bolcheviques.
Por isso, estou convencido de que actuo como um agente do nosso Criador. Combatendo os judeus, estou a fazer a Obra de Deus.

A menos que tenha mudado de modalidade, o que até hoje é desconhecido, estas palavras têm um referente apenas.


Há quem lhe cole a idiologia ao ressentimento pelo insucesso juvenil nos meios pobres dos judeus austríacos.

Presumo que nunca lhe ocorreu, não há disso qualquer vestígio, que estas palavrinhas tanto se aplicam ao Hitler como ao Estaline, ao Mao como ao idio... ao Bush, como até às lâminas de barbear.

Então o que temos é a seguinte tese comprovada:
a) Sempre que regimes/líderes ateus ou agnósticos matam, é em nome de uma qualquer religião inconsciente que por birra não assumem.
b) Sempre que crentes como Hitler, Mussolini, Franco matam, é em nome das frustrações de infância ou de algum excesso amoroso.

Por estes modestos exemplos apercebemo-nos da eficácia do martelo eléctrico nos sacos de porrada que os fieis arrasam a pulso.

Os considerandos sobre o Pizarro e o Cortez devem fazer parte de alguma pausa na corrente do pensamento, porque a mim nunca me ocorreu moralizar a história. Deixo esse entretenimento aos fiéis, que séculos depois dos acontecimentos se limitam a lê-los com visão de túnel.

Ah, e não esqueça que tanto os Tutsis como os Hutus, que passaram de repente ao centro da piedade dos fiéis, são maioritariamente católicos. O que quer dizer que o conflito é qualquer coisa entre o étnico e o político. Se fossem ateus, isso sim seria grave, pois estaríamos perante uma séria luta religiosa.


o problema das mentes anti ocidentais

E continuando a esbulhar um texto complexo, nunca sei bem se atribuir estes diamantes em bruto ao cimento moral ou à lógica despretensiosa de quem presta e quem não presta.

Meu caro Porto, nem imagina como a sua definição de ateísmo me deixou bem disposta no fim de um dia cansativo. E claro, agradeço-lhe que não desista de esconjurar a minha desonestidade intelectual, pelo menos até arranjar uma coisinha melhor. Até eu, com mais tempo e lembrança, lhe darei uma dica ou outra. Ou até, se entender, pode repetir alguma já utilizada antes e mais reveladora até da qualidade superior da argamassa moral e religiosa.

Paulo Porto disse...

Cara ml

"Corre por aí que estão a barricar-se para se protegerem de novas investidas"

As coisas que a ml sabe. Ora documente lá, sff.


Depois cita Hitler:
"Por isso, estou convencido de que actuo como um agente do nosso Criador. Combatendo os judeus, estou a fazer a Obra de Deus."

O que é que esta frase quer dizer (para a ml)? Quer dizer que Hitler é cristão, pior, que é católico. Esqueça-se, portanto, a omnipresença do culto da raça ou da perfeição física (antí-cristão); esqueçam-se os cristãos em geral e os católicos em particular perseguidos pelo nazismo. Para a ml, aquela frase define Hitler. Assim mais ou menos como duas rodelas de tomate fazem do seu comedor um vegetariano, ainda que o tomate tenha ao lado um grandessíssimo bife mal passado, mas isso não conta na visão mleana das coisas.

Claro, a respeito de Hitler a ml também pode fazer um esforço para lhe evidenciar a lógica socialista tanto na ideologia quanto na prática.
É verdade que este é um aspeto dominante no nazismo, mas a ml anda ocupada em apontar vegerianos que comem carne, e não de carnívoros que acompanham com salada.


"agradeço-lhe que não desista de esconjurar a minha desonestidade intelectual,"

Não tem nada que agradecer, é sempre um gosto.