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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Um caso da vida


Uma familiar minha, professora, contou-me que encontrou, na passada segunda-feira, na clínica de fisioterapia em que se encontra em tratamento, um colega que já não via há uns anos. Esse colega iniciava naquele dia um segundo ciclo de sessões de recuperação após uma operação a um dos joelhos. Tudo indica, porém, que terá que voltar a repetir essa operação, após o que, naturalmente, tornará à fisioterapia. Anda nisto há quase um ano.
Motivo? Confrontado com uma briga entre alunos, procurou separá-los. No meio dos seus esforços, um deles caiu sobre aquele joelho, originando uma lesão interna grave. De então para cá, para além das dores, há a registar todas as despesas feitas (que a ADSE não cobre nem integralmente nem na totalidade), bem como o desconto sofrido no tempo de serviço, por ter faltado mais de trinta dias num ano, e aquele que virá ainda a sofrer, dado ser forçado a repetir em breve todo o processo.
O que aconteceu entretanto aos alunos? Uma repreensão. Possibilidade de vir a agir judicialmente, tendo em vista as legítimas compensações? A legislação em vigor não prevê que os professores ajam, apenas que mantenham compreensivamente a disciplina e a concórdia entre os existencialmente desvalidos alunos, que não pediram para nascer. E que sejam atenciosos com os eleitores, perdão!, com os pobres e inseguros pais, a quem já basta terem o infortúnio de serem obrigados a educá-los e suportar os seus caprichos e crises de identidade social. E que se lembrem de que, pais e filhos, necessitam de apoio para poderem viver em sociedade, coisa antinatural a que é forçado o bom selvagem rousseauniano, pervertendo-o e fazendo despoletar nele as mais negativas tendências.
O Ocidente cava a sua própria tumba.

4 comentários:

Carmo da Rosa disse...

José Gonçalo,

Se bem compreendi, o professor sofreu uma lesão grave, no local de trabalho e durante as horas de trabalho, e a entidade patronal (ADSE!?), além de se recusar pagar as despesas hospitalares, vai ainda descontar as horas que o professor não comparece para receber tratamento…!

Para que servem então os sindicatos? Porque esperam os professores para deitar fogo ao ministério? (Por muito menos os Gregos deitaram fogo a três cidades e ocuparam consulados em países estrangeiros…)
Pelos vistos não é o Ocidente, mas são os professores que cavam a sua própria tumba…

José Gonsalo disse...

Carmo da Rosa:
A ADSE é o organismo de segurança social destinado aos funcionários públicos, distinto da Segurança Social, que protege na doença os trabalhadores do sector privado. Mas ainda mais uns quantos, não muitos, sistemas de segurança, como, por exemplo, o dos trabalhadores do sector bancário. Todos com regimes e benefícios diferentes. Conheço quem pague mensalmente €75 num sistema (ADSE) por tratamentos que, noutro sistema (Segurança Social), é gratuito. E poderíamos encontrar múltiplos exemplos do mesmo tipo e o seu inverso. É claro que toda a gente, à boa maneira lusa, inveja as "mordomias" do vizinho.
O governo prepara a unificação desses organismos para o próximo mês, coisa com que eu, em princípio, não poderia estar mais de acordo, mas, confesso, receio muito pelo sentido e pelas consequências dessa unficação - penso que iremos ser todos nivelados pelo mais baixo possível, até à indigência. Numa palavra, que o arbítrio irá continuar. Mas isto sou eu, má-língua incurável.
Quanto aos professores, bem, a maioria faz parte deste Ocidente de brandos costumes e está tudo dito.
Abraço.

RioDoiro disse...

JG:

"Confrontado com uma briga entre alunos, procurou separá-los."

Estavam a treinar para, em adultos, terem capacidade argumentativa para que lhes "dêem" trabalho.

Como sempre, até nisso estamos atrasados. Os gregos estão, neste momento, na crista da onda.

Com licença da ML e to Stran, umas mangueiradas vinham mesmo a calhar. Numa primeira fase, por jacto de alta velocidade. Numa segunda, com a mangueira, propriamente dita, no lombo.

Claro que isto é "educação" a modos que à base de cachaporra.

.

EJSantos disse...

"O Ocidente cava a sua própria tumba."
Touché.