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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Eleições Norte-Americanas VI


As últimas sondagens noticiadas pela comunicação social Europeia têm dado claras vitórias a Barack Obama. Embora, actualmente, Obama tenha ligeira vantagem (em termos de Estados considerados já ganhos) não se justifica o absurdo rótulo de próximo Presidente dos Estados Unidos da América.

Era óbvio que Barack Obama iria crescer nas sondagens com a desistência de Hillary Clinton. Porém, tem sido ocultado um facto de extremo relevo: McCain vai buscar 30% do eleitorado Clinton.

Baseando-me em várias sondagens, fiz algumas contas. Segundo essas contas, Obama vai, neste momento, à frente de John McCain: 213 delegados contra 201. Estão, a meu ver, atribuídos 414 dos 538 votos do colégio eleitoral. Faltam, portanto, por atribuir 124 votos.

As coisas estão longe de estar acabadas. Ambas as candidaturas não podem estar certas de nada até ao dia da eleição.

Como sabemos, as sondagens nos Estados Unidos da América têm que ser sempre levadas um pouco de pé atrás: várias foram as vezes em que candidatos apontados como vencedores se saíram mal no dia da eleição. Aconteceu com Hillary Clinton este ano, aconteceu com John Kerry em 2004. Estamos a 4 meses das eleições e ainda existe muita coisa passível de se alterar.

Entre os estados divididos destacam-se o Ohio (20), a Pennsylvania (21), o Michigan (17), o Missouri (11), a Virgínia (13) e o Colorado (9).

John McCain tem estado a trabalhar bem em alguns destes estados, mas acho que o que é de frisar nesta altura é o seu extremo esforço em cativar os mais conservadores do partido, que valeram o segundo mandato a George W. Bush. Isto porque John McCain, figura muito liberal dentro do GOP, é olhado com um certo desdém entre as hostes evangélicas, um importante eleitorado que tende a votar nos candidatos Republicanos.

É do voto destes conservadores que depende a nomeação de McCain. Se não os conseguir levar às urnas, de pouco valerá os votos que mais nenhum candidato Republicano em toda a História retirou aos Democratas (salvo Ronald Reagan).

A campanha de Barack Obama tem um ponto a seu favor: o seu extremo empenho em levar a luta até ao voto. Estão muito mais mobilizados que os eleitores de McCain.

No entanto, eu também já foquei aqui outro aspecto relevante: Obama é adorado por uns e odiado por muitos.

Creio que os indecisos tenderam a votar John McCain no dia das eleições. Se assim for, John McCain nem tem que se preocupar em ir caçar votos aos democratas, mas apenas em garantir que os mais conservadores estão consigo.

Loureiro dos Santos e o Império

Conheço razoavelmente bem o General Loureiro dos Santos e até já fiz com ele parte dos corpos dirigentes de uma Associação.
Tenho alguns dos seus livros, e outros serviram-me para estudar História Militar e Estratégia, no antigo Instituto de Altos Estudos Militares.
Respeito a sua inteligência e o seu pragmatismo em quase tudo.
É um homem notável que, para além de uma carreira militar como Oficial de Artilharia e de Estado-Maior, foi Ministro da Defesa e Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas.
Todavia, quando fala sobre os Estados Unidos da América, e os neocons, o General Loureiro dos Santos, adepto da escola realista, parece ter grandes dificuldades em manter a imparcialidade na análise, apesar de se esforçar visivelmente para não se afastar da honestidade intelectual que o caracteriza.
Os seus últimos livros, que se debruçam sobre as questões do Poder, focalizam-se criticamente nos EUA.
O uso recorrente da designação “Império”, é ela mesmo reveladora do filtro ideológico que distorce as percepções de Loureiro dos Santos, porque tem menos a ver com a realidade do que com a novilíngua neomarxista de Hardt e Negri, que inventaram o “Império”, como suprema diabolização de um poder cuja fase classicamente imperial se esgotou há mais de um século
Os EUA como Império, são um mito sobre o qual recai o ódio ideológico da esquerda mundial.
Basta ouvir Chavez, para perceber.
Loureiro dos Santos perde credibilidade quando usa um termo preciso, numa situação a que ele manifestamente não se aplica, apenas com a intenção de fazer crítica ideológica
É pena!
Mas há mais. Ontem, na RTP-2, Loureiro dos Santos tecia comentários sobre o Afeganistão e os Talibãs. A dada altura disse algo que ele sabe ser uma absoluta mentira: que os talibãs foram criados pelos americanos através dos paquistaneses.
À sua frente havia vários livros, um dos quais (Taliban) era justamente aquela que é considerada a melhor obra sobre os talibãs, escrita pelo paquistanês Rashid.
Nessa obra, Rashid distingue claramente o que foi o apoio americano aos mujaehdin, no tempo dos soviéticos, do movimento talibã, que apenas surgiu muito depois, no meio do caos afegão, como instrumento estritamente paquistanês, quando os americanos já estavam completamente afastados da questão afegã.
Entristece-me que um homem da craveira intelectual de Loureiro dos Santos, perca as referências e se adentre pela mentira fácil, quando o assunto é a América e a sua culpa cósmica.

domingo, 29 de junho de 2008

Václav Klaus pela Liberdade dos Europeus

Na passada quarta-feira, Václav Klaus, Presidente da República Checa, que se define a si mesmo como um euro-realista, foi entrevistado pelo jornal espanhol 'El País'.

Klaus dá a sua opinião sobre as consequências do ‘não’ irlandês a Lisboa. Mas o mais importante da entrevista é exposição da sua visão de uma alternativa política para a harmonização europeia que não passa pelas decisões obscuras da eurocracia. Uma ideia política para o futuro da Europa que assenta antes no respeito de identidade nacional dos Estados-membros e da vontade dos seus cidadãos. Esta visão de uma Europa de Estados e indivíduos livres está nos antípodas dos desígnios da Constituição Europeia, agora mascarada e renomeada ‘Tratado de Lisboa’.

Klaus não é um opositor da Europa, afinal foi ele quem protagonizou a adesão de Republica Checa à UE; ele é antes um dos poucos políticos europeus contrários às opções federalistas pós-Masstricht. A respeito da alegria de tantos euro-ingénuos na adoção uma identidade nacional europeia inventada pelos eurocratas, atente-se nesta passagem:
“Los checos no entraron en la UE para adquirir el sentimiento de ser europeos. Deberíamos dejar a la gente que vive en el continente europeo que sean checos, polacos, italianos, daneses y no hacer europeos de ellos. Ése es un proyecto defectuoso. La diferencia entre un checo, un polaco, un italiano y un danés, por ejemplo, y un europeo es semejante a la diferencia entre el idioma checo, polaco y danés, y el esperanto. La europeídad es el esperando: una lengua artificial."
É difícil ser mais claro na rejeição da engenharia nacional (uma forma de engenharia social tão aberrante como outra qualquer), que é produzida pela elite política e burocrática desta União Soviética Soft que é a União Europeia.

Václav Klaus é também um destacado denunciante da teoria política das ‘alterações climáticas’. Este tema é abordado no final da entrevista.

(Ler aqui toda a entrevista.)

Israel, o nosso defesa-avançado


O que temos vindo a vincular ao longo destes meses no Fiel-Inimigo é a extrema cumplicidade entre a esquerda estúpida Europeia e os extremistas radicais Islâmicos. Já alertamos alguns leitores para a perigosidade deste facto, uns acreditam na perigosidade, outros não, uns estão cientes do perigo, outros não.

O que mais me preocupa é o extremismo Islâmico e não a esquerda estúpida. Isto apesar de alguns amigos aqui do blog continuarem a insistir no "no left, no blog". Esta opinião da ml não traz nenhuma novidade: felizmente para todos nós. Se não existisse direita provavelmente a ml não passava cá no sítio a mandar as suas farpas (as quais muito aprecio); se não existisse direita o Diogo não gritava que o edifício número 819192912 do WTC foi demolido por um abutre de ascendência judaica; se não existisse a direita o Sérgio Pinto teria uma vida muito mais monótona (por falar no Sérgio, onde anda ele?).

O diálogo entre as diferentes correntes ideológicas sempre existiu e a crítica mútua também. Enquanto ela perdurar o mundo lucrará com isso. Estamos de acordo não estamos ml?

A esquerda estúpida e a esquerda utópica sempre existirá e nós, aqui no Fiel, cá estaremos para a criticar e para tecer as nossas opiniões. Não temos problemas em lidar com elas, ao contrário dessas esquerdas quando estiveram no poder: basta olhar para o Partido Comunista Soviético, para o Partido Comunista Cubano, para o Partido Comunista Norte-Coreano, para o período pós-revolucionário em Portugal.

Existiram sempre personagens (países, indivíduos, civilizações) ao longo da História, que preferiram ficar alheias ao clima que as rodeava, sofrendo depois as penosas consequências. É contra as penosas consequências de um mundo dominado pela estupidez e pelo utopismo da esquerda que aqui estamos.

Já estabelecemos, para justificar a união entre a esquerda estúpida e o extremismo Islâmico, diversos paralelismos entre aquilo que uma e outro defendem. A maioria dos argumentos que usamos são, a meu ver, irrefutáveis.

Os porquês da esquerda estúpida "apoiar" (com noção ou sem noção disso) o extremismo religioso, neste caso o Islâmico, são variados: cegueira do multiculturalismo a toda a força; semelhante ódio dos dois ao modelo económico e social ocidental; muito semelhante ódio à superioridade económica, cultural e militar (entre outras vertentes) dos Estados Unidos da América; compreensão da luta dos oprimidos contra os dominantes, algo que a esquerda sempre adorou.

A união ameaça o nosso modo de viver, a nossa cultura, as nossas democracias, o nosso bem-estar. Existem palcos importantes onde se joga, mais que em outros locais, o nosso futuro. Um desses locais é o Médio Oriente.

É por isto (e não só), que me classifico como sendo pro-Israelita.

Porque ser pro-Israelita é ser pro-democracia, pro-justiça, pro-capitalismo e pro-civilização ocidental em tudo o que esta acarreta.

Como dizia, e bem, João Marques de Almeida no XVI Encontro Internacional de Estudos Políticos da Universidade Católica, este ano com o tema "Human Rights Today: 60th Anniversary of the Universal Declaration of Human Rights", em Israel joga-se a maior das nossas lutas.

Preocupo-me com o futuro dos nossos amigos Israelitas. Mas, ao mesmo tempo, estes já foram capazes de demonstrar, por mais que uma vez, que são capazes de lidar com as ameaças que têm a cada segundo que passa. Estou, ao mesmo tempo, confiante.

A nova ameaça que Israel tem é o Irão dos ayatollahs, sendo que este Irão só existe graças à inoperância do pateta de nome Jimmy Carter. Jimmy Carter, aliás, tem vindo ultimamente a tomar uma posição de plena condenação a praticamente todos os actos de Israel, sendo seguido por todo o ocidente pateta nesta "cruzada contra os sionistas".

Por todas as suas posições anti-belicistas, que providenciaram diversas amarguras a todo o ocidente e a todos os Norte-Americanos, o que levou, de resto, à sua derrota com Ronald Reagan nas Presidenciais de 1980, ele ganhou o Prémio de Nobel da Paz em 2002, sem nunca se ter percebido bem porquê. Alguém percebeu?

Os Guardas da Revolução Iraniana disseram ontem que Israel está ao alcance dos seus mísseis. O tempo esgota-se a cada segundo que passa para Israel tomar uma acção e servir, mais uma vez, de nosso defensor.

Na Europa ainda não se adquiriu a noção do problema que enfrentamos. E é por isso que os Europeus já escolheram o seu candidato para a Presidência dos Estados Unidos da América: Barack Obama.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

These guys are ants

El Baradei, a esquerda internacional, o Sr Ahmadinejad e, de um modo geral todos aqueles que ignoram os dados reais do potencial relativo de combate, coincidem na ideia de que um ataque ao Irão é uma opção catastrófica que conduzirá a respostas apocalípticas, como se os iranianos fossem detentores do martelo de Thor.
Esta gesticulação interessa sobretudo ao Irão que, como um gato em perigo, eriça o pêlo, bufa e levanta a cauda de forma a parecer ameaçador e dissuadir a agressão.
Na verdade o Irão é um anão militar, ou uma “formiga”, na expressão do Almirante Fallon , e não tem maneira de rechaçar um ataque, não sendo sequer capaz de uma resposta militar efectiva.
As suas Marinha e Força Aérea são tecnologicamente arcaicas. O exército é grande, mas serve apenas para se defender, agarrando-se ao terreno, arriscando e destruição se se mover.
No caso de um ataque aéreo às infra-estruturas nucleares não haverá necessidade de invadir o Irão, pelo que o Exército não tem qualquer serventia, excepto na componente da defesa antiaérea que, todavia, no estado actual, será neutralizada em pouco tempo.
Não tendo forma de se defender de um ataque, o Irão joga a cartada óbvia: sugerir que pode responder de forma catastrófica.
De facto as suas potenciais respostas passam apenas por atacar populações, lançando mísseis sobre cidades, activar células terroristas e aliados e procurar bloquear o Estreito de Ormuz para interromper o fluxo de petróleo para os mercados internacionais.
O problema é que este tipo de “respostas” escalará o conflito para um patamar que o Irão não pode suportar, porque dará pretexto a retaliações esmagadoras de adversários que têm capacidades militares mais do que suficientes para fazer regredir o país à Idade de Pedra.
Assim sendo a retórica belicista do Irão equivale à ameaça de um homem que avisa que poderá dar um tiro na própria cabeça, sujando o fato do seu adversário com os seus miolos.
Os aiatolas sabem disto tudo e sabem também que a única maneira de levarem a água ao seu moinho é passarem a ideia de que são capazes de responder com actos de loucura.
Acredito que dificilmente o farão. São obstinados, apelam ao suicídio, mas não são, eles mesmos, suicidas. Ahmadinejad, talvez, mas não os clérigos que realmente mandam.
Face a um ataque limitado, o mais provável é que reajam como a Síria: lambendo as feridas, inflamando a retórica e atiçando Hezbolah e Hamas contra Israel, o que obrigará este país a enfrentar uma nova chuva de mísseis e a atacar desta vez de uma forma menos “proporcionada”.
Há contudo uma opção que ainda pode ser tentada para vergar o Irão, antes de um ataque: um bloqueio naval. O orçamento iraniano depende em 80% das exportações de crude, pelo que esta medida poderia ter uma eficácia notável. Mesmo que o Irão considerasse o bloqueio como um casus beli, pouco poderia fazer, sem arriscar uma escalada militar.
O grande óbice destas opções é o facto de o preço do crude tender a subir para valores altíssimos durante a crise.
Mas isso irá inevitavelmente acontecer se o Irão se dotar de armas nucleares e estiver em condições de exercer chantagem sobre praticamente todo o mundo, pela simples sugestão de que armas nucleares poderão chegar facilmente às mãos de terroristas.

Tá a dar, tá a dar.

«O subsídio social de maternidade é garantido às mulheres nas situações de parto de nado -vivo ou morto, de aborto espontâneo, de interrupção voluntária da gravidez nos termos do artigo 142.º do Código Penal ou de risco clínico para a grávida ou nascituro.»
(Via Insurgente e Blasfémias).
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Esoterismo:

Também me parece que há que ler esta.

(Via Portugal e Outras Touradas).

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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Eleições Norte-Americanas V


A Europa já escolheu o sucessor de George W. Bush. Escolha fácil e mal fundamentada mas que, apesar de tudo, reflecte o modo como a Europa vê os Estados Unidos da América hoje em dia.

Como diz, e bem, o Lidador, a esquerda Europeia anda extasiada com o candidato Democrata, o senador do Illinois, Barack Obama. Não por causa da sua visão, das suas opiniões, das suas convicções, da sua ideologia, da sua política: mas sim por causa da sua retórica, da retórica "demagogo-populista" que atinge o auge nos famosos slogans "hope" e "change".

Segundo o nosso Mário Soares, que ainda não mastigou bem isto da Globalização (o que explica, em parte, tanto "ódio" aos Estados Unidos), Barack Obama seria uma mudança de "180º graus" na política Norte-Americana. E é talvez por causa desta ilusão de mudança que a Europa tanto gosta de Hussein. Aliás, como sabemos, Obama é um político ímpar em vários quadrantes.

O que mais mexe nas relações entre os Estados Unidos da América e a Europa é, excluíndo a vertente económica, o modo como os Estados Unidos operam no Mundo. Isto faz na elite Europeia extrema confusão como, diga-se, sempre fez. A Europa ainda não assimilou bem a superioridade dos Estados Unidos da América, conquistada no início do século XX e tenta, muitas vezes, afigurar-se como bloco avesso aos seus maiores amigos.

Curiosamente, os presidentes Democratas foram, ao longo da história dos Estados Unidos da América, aqueles que colocaram mais vezes o país em guerra: Woodrow Wilson ordenou a entrada dos Estados Unidos da América na I Guerra Mundial; Franklin Delano Rosevelt ordenou a entrada na II Guerra Mundial; Harry Truman deu início à Guerra Fria; John F. Kennedy ordenou a invasão do Vietname (o Republicano Richard Nixon negociou a retirada das tropas); com Bill Clinton foi aquilo que sabemos.

Jimmy Carter foi talvez dos mais pacíficos entre os Democratas. Por isso é que John McCain disse, numa entrevista, em tom irónico: "Eu posso ser o terceiro mandato George W. Bush mas Obama será o segundo mandato Carter".

Esta curiosidade pouco ou nada de relevante tem para o caso. Mas serve para elucidar aqueles que julgam que com Obama na Presidência a mudança vai ser abismal.

Hoje, os noticiários nacionais divulgaram uma notícia (das raras que aparecem sobre o senador John McCain) sobre o "escândalo" das declarações de um elemento da equipa do Republicano. Salvo erro, não vi tanto alarido aquando da polémica do Reverendo Wright. Nem quando, há dias, Obama afirmou que Jerusalém deveria permanecer a capital "indivísivel" de Israel e depois se desmentiu.

Barack Obama tem muitos aliados deste lado do Atlântico. Até as sondagens que aqui são divulgadas são escolhidas a dedo: não obstante de existirem, nos Estados Unidos da América, numerosas sondagens que indicam para uma corrida muito renhida ou até para uma clara vitória de John McCain, a Europa apenas passa as sondagens mais convenientes para Obama.

O leitor e o espectador mais atento sabe que as eleições nos EUA têm muitas particularidades. Mas a nossa comunicação social não fala nelas.

O caso mais interessante ocorreu há dias: depois de saídas as sondagens da Universidade do Quinnipiac, um jornal Português correu a dar as boas novas: Obama vencia Ohio, Pennsylvania e Florida.

Porém, a esmagadora maioria das sondagens (esta sondagem foi, salvo erro, a única que deu vitória a Obama na Florida) dá vitória larga a McCain na Florida, empate técnico no Ohio e ligeira vantagem de Obama na Pennsylvania (-4%).

terça-feira, 24 de junho de 2008

O mundial é nosso

Chegou ao fim a expedição lusa pelos alpes – Debelada por alguma tribo germânica? Furaram os pneus do autocarro? Pouco importa, o azar de uns é a sorte de outros. Cerceado o direito à blogga e sitiado por quatro canais o feito sabe a bifes de alce na brasa. O tempo não está para a foleirada dos selvagens da bola mas para os foliões dos comes e bebes. Pelo menos o carnaval fora de época vem demonstrar o nível de ilustração desta gente. O país exibe-se tão analfabeto como na pior hora fascista, eis o que temos, eis o que somos, uma nação de emplastros a perseguir câmaras de tv e a profetizar glória nos relvados internacionais. O que os redis da ocde e do fmi nos nega buscamos no pano verde dos estádios. Ainda o árbitro não apitava para o jogo Turquia-Portugal e já a pátria coroava-se campeã – a cada directo, a cada brecha intervalesca para publicidade – brindava-se de êxito por que estava escrito nos astros e nos remates ziguezagueantes do Cristiano Ronaldo. “Tem de ser, o caneco é nosso”, asseverava extasiado o povo verde-vermelho – rigores da metafísica professada pelos amantes do 4x3x3 ibérico, historicismo uefeiro que Hegel jamais suspeitou mas que esta tribo pratica de dois em dois anos a pedir meças a Heraclito ou a Platão.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O flautista de Hamelin


A esquerda europeia está apaixonada por Barack Obama, que, para fazer o pleno, só lhe falta ser homossexual e voar.
Obama é, hoje por hoje, o destinatário dos imaginários cósmicos da esquerda, que sobre ele verte os mais húmidos elogios, numa expectativa orgásmica que faz lembrar a histeria de adolescentes num concerto do Michael Carreira.
Suspeito que estes elogios untuosos da "Retórica do Obama", têm menos a ver com a retórica em si, do que com a paixão dos autores pelo que acham ser um novo D. Sebastião, Prometeu regressado à Terra ou até o verdadeiro Messias que vem trazer "change" ao mundo.
Nada de novo...os tontos caminham de ilusão em ilusão e, como se consideram geralmente pessoas muitíssimo inteligentes e esclarecidas, detestam as religiões tradicionais, principalmente a católica. Mas não conseguem deixar de necessitar de uma fé, de um transcendente. Obama mostra-lhes o "novo caminho que atravessa o deserto".
São assim, as mentes religiosas. Desesperam por uma "causa" por uma ideia que os arrebate e as faça sonhar em amanhãs que cantam.
Se fossem mais cépticas, talvez se recordassem que Hitler tinha uma retórica notável, Mussolini arrebatava multidões, os vendedores de cobertores fazem disso vida e, um pouco por todo o mundo, gurus de várias seitas têm sido capazes de alienar completamente quem está disposto a ser alienado, incluindo gente que, pelas suas habilitações académicas, supostamente estaria fora do alcance da banha da cobra.

O flautista de Hamelin toca sempre uma música a que os ratos não resistem.

sábado, 21 de junho de 2008

Demita-se


El Baradei, o Director da Agência Internacional para a Energia Atómica (AEIA) acaba de lançar para o tabuleiro da decisão, um poderoso incentivo à opção de atacar o Irão: a garantia de que se demite se isso acontecer!
Assim, desde que El Baradei cumpra a sua palavra, um ataque às instalações nucleares do Irão e aos seus sistemas de lançamento de mísseis balisticos, matará dois coelhos de uma cajadada: atrasará durante anos as megalomanias nucleares dos aiatolas e eliminará da AEIA um homem que ao longo dos últimos anos, tem sistematicamete desculpado e coberto os países islâmicos que se procuram dotar de armas nucleares.
Os argumentos do Sr Mohamed são de uma lógica implacavelmente ilógica: garante que o Ocidente não pode agir para prevenir um holocausto anunciado, porque essa acção pode levar o Irão a cometer o holocausto anunciado; afirma que se o Ocidente atacar o Irão por estar a tentar fabricar armas nucleares, o Irão pode ficar irritado e tentar fabricar armas nucleares; condena Israel por ter atacado um reactor nuclear secreto na Síria, garantindo que, se soubesse do caso, a AEIA poderia tê-lo investigado, da maneira como tem “investigado” as estruturas nucleares iranianas e já antes disso havia “investigado” o lucrativo supermercado nuclear que o paquistanês Khan havia montado no Paquistão.

El Baradei, um muçulmano, é considerado um político animado por profunda antipatia pelo Ocidente e por Israel, e tem agido de forma a resgatar os regimes com que simpatiza das alegações de proliferação.Por sua pressão, os relatórios sobre o Irão são suavizados e despidos de conteúdos que os aiatolas possam entender como críticos, o que lhes vai dando o tempo necessário para alcançarem os seus objectivos.
Na verdade, El Baradei exorbita das suas funções. Ele é um funcionário que recebe um salário para cumprir uma tarefa simples: fazer executar as decisões do Conselho de Segurança. Não lhe compete a ele determinar políticas e formular estratégias.
Se não concorda com as políticas definidas por quem lhe paga, ou se não se sente capaz de as prosseguir, deve demitir-se, em vez de as torpedear.
Muita gente acha que El Baradei é manobrado pelos iranianos, ou por convicção, ou por dinheiro, ou simplesmente por chantagem. Ainda não há muito tempo, a pedido de Ali Larijani , o inspector Chris Charlier foi simplesmente afastado do caso iraniano por dizer de forma clara que, na sua opinião de técnico, todas as peças conhecidas do puzzle conduziam à inevitável conclusão de que o Irão estava a construir uma bomba atómica.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A fúria dos fracos

Falar com o inimigo não define, por si só, um appeaser. Nem é, em si, sinal de fraqueza ou ingenuidade.
A guerra e a diplomacia estão repletas de casos em que inimigos mortais falaram entre si.
Quando os emissários do Rei de Castela vieram parlamentar com o Comando português em Aljubarrota, não estavam a ser ingénuos ou fracos, mas apenas a tentar alcançar os seus objectivos sem custos, mostrando-lhe que tinha poucas hipóteses de vencer e que a rendição seria mais racional.
Quando James Baker se encontrou com Tarik Aziz antes da invasão do Kuweit, não o fez por fraqueza, mas para lhe passar a inequívoca mensagem de que se o Iraque não retirasse, sofreria as consequências que acabou por sofrer.
Barak Obama, primeiro candidato mestiço com probabilidades reais de ser eleito presidente dos EUA, afirmou em tempos que se sentaria e falaria sem condições prévias com os inimigos declarados e existenciais dos EUA.
Esta predisposição voluntarista de Barack Obama denuncia que o senador acredita(ava) que os seus argumentos são avassaladores e que seria capaz de mostrar a pessoas como Amadinejad, Chavez, Nasralah, Bin Laden, ou Kim-Jong-Il,o caminho da razoabilidade, e coisas que eles ainda não conhecem ou não foram capazes de ver.
Esta crença de que se está na posse da “Verdade” , de que se é o detentor da Razão, de que os outros apenas agem mal porque nós lhe demos razões para isso e de que tudo se resolverá com “diálogo” e sorrisos, é recorrente nas mentalidades da esquerda dita “progressista” e constitui a marca do appeaser.
E é imune aos factos.
Barak Obama tem factos recentes que o deveriam fazer pensar. Jimmy Carter pregava as mesmas crenças na concórdia mundial e nos passarinhos, e fundava as suas políticas nas mesmas visões idealistas do mundo, advogando também o diálogo franco com os governos hostis.
As consequências são por demais conhecidas e uma delas, a “Revolução Iraniana”, é a maior assombração das relações internacionais nos nossos dias.
Obama é um rookie em matéria de relações internacionais e porta-se como uma barata tonta.
Diz uma coisa e o seu contrário como quem muda de camisa, sem transição e com o mesmo ar grave e profundo.
Num dia afirma que Jerusalém é a capital una e indivisível de Israel, e no outro dia esclarece que não foi bem isso que disse.
Na mesma frase garante ao 1º ministro iraquiano que reconhece que "estão a ser feitos progressos no Iraque e que nós não vamos actuar precipitadamente", e na oração seguinte afirma que temos de retirar.
Se se trata de maquiavelismo táctico, tudo bem, Obama mostra ser inteligente e dá uma no cravo e outra na ferradura de forma cínica, para ganhar votos em todos os tabuleiros.
Pauta os seus comportamentos por razões que a razão conhece.
Se, pelo contrário, Obama for mesmo um iluminado da paz mundial e das florzinhas e patati patatá, vêm aí maus tempos para a América e para o Ocidente.
O problema com Obama é que, se for um genuíno idealista, no momento em que a realidade se recusar a estar de acordo com as suas esperanças, não haverá nele o cinismo da água que rodeia o obstáculo, mas a fúria do homem enganado que desata aos tiros sobre os culpados da sua raiva.
Os idealistas são perigosos e não há nada mais perigoso do que a fúria cega de um desiludido ou de um fraco que quer mostrar que é forte
Porque só se desilude quem se ilude.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

União Europeia, uma União Soviética Evoluída?

Vladimir Bukovsky esteve durante 12 anos encarcerdo em prisões soviéticas. Viveu a realidade soviética, os métodos soviéticos. Conhece por experiência própria os vícios e as características do regime. Ele alerta neste vídeo para demasiados paralelismos entre o que foi a União Soviética e aquilo em que se vai transformando cada vez mais é a União Europeia.

domingo, 15 de junho de 2008

FUßBALL ÜBER ALLES...


O hino alemão, Das Lied der Deutschen é, apesar de ‘censurado’, na minha MODESTA opinião o hino mais bonito que se houve em campos de futebol. Um belo poema patriótico, que sem ser obrigatoriamente patrioteiro, é apoiado numa fantástica melodia que coloca os jogadores alemães a ganhar 2-0 antes mesmo do pontapé de saída.

Não é de estranhar, tudo o que os alemães fazem leva o carimbo: Deutsche Grundlichkeit (precisão/solidez). Assim também o hino, que é da autoria do escritor alemão August Heinrich Hoffmann e foi escrito em 1841 quando este morria de saudades na ilha Helgoland, ocupada na altura pelos ingleses e é utilizado pela Alemanha Federal desde 1922. A melodia, bem mais antiga que as palavras, é de uma canção de Joseph Haydn de 1797 Gott erhalte Franz dem Kaiser e era até 1918 ouvida na Áustria como ‘o hino do imperador’.

Da letra só se ouve actualmente nas cerimónias oficiais a bastante neutral terceira estrofe, apesar de nenhuma delas ser proibida, ao contrário do que por vezes é insinuado. Além disso não está oficialmente assente em nenhuma lei o estatuto da Deutschlandlied como hino nacional alemão, há apenas uma carta de 1991 entre o Presidente e o Chanceler da Alemanha em que se designa a terceira estrofe como hino nacional.
A normalmente ouvida terceira estrofe:

Einigkeit und Recht und Freiheit
Für das deutsche Vaterland!
Danach lasst uns alle strebe
Brüderlich mit Herz und Hand!
Einigkeit und Recht und Freiheit
Sind des Glückes Unterpfand:
blüh’ im Glanze dieses Glückes,
Blühe, deutsches Vaterland!

---//---

Unidade e Justiça e Liberdade
para a Pátria Alemã!
Procuremos juntos
alcançá-las de alma e coração!
Unidade e Justiça e Liberdade
são o penhor da felicidade.
Floresce, no esplendor desta felicidade,
Floresce, ó Pátria Alemã!


Porque a primeira, com o 'Alemanha acima de tudo',

Deutschland, Deutschland über alles
über alles in der Welt,
wenn es stets zu Schutz und
Trutze brüderlich zusammenhält.
Von der Maas bis an die Memel,
Von der Etsch bis an den Belt,
Deutschland, Deutschland über alles
über alles in der Welt,

---//---

Alemanha, Alemanha acima de tudo,
acima de tudo no mundo,
quando sempre, na defesa e na sua protecção,
se mostra unida como irmãos.
Do [rio] Mosa até ao Memel,
Do [rio] Etsch até ao Belt,
Alemanha, Alemanha, acima de tudo,
acima de tudo no mundo!

tornou-se anacrónica, mas sobretudo politicamente problemática, depois da desintegração da Alemanha no seguimento da primeira e da segunda Grande Guerra. Os países vizinhos poderiam insurgir-se contra um hino que parece querer fixar as fronteiras do seu país muito além das fronteiras actuais: No território da Holanda, da Áustria, da Itália, da Polónia, da Rússia, da Dinamarca ou da Lituânia.

O rio Memel corre com o nome de Nojman na Bielorrússia, e como Nemunas na Lituânia, e era a fronteira noroeste da Prússia. O rio Etsch corre no norte da Itália e lá chama-se Adige, e era a fronteira sul do Tirol do Sul. Com o Belt querem dizer o Fehmarn Belt, o estreito de mar que faz fronteira entre a Dinamarca e a Alemanha.

As palavras Deutschland über alles (Alemanha acima de tudo) são geralmente mal compreendidas, vê-se nisso um apelo para dominar outros povos, e é evidente que os Nacional-Socialistas promulgavam precisamente esta interpretação com a sua política do 'espaço vital' (Lebensraum), no entanto, na origem, estas palavras tinham um significado bem diferente. Eram um apelo a todos os alemães para que a identidade alemã prevalecesse acima das quezílias regionais, acima das lealdades individuais e mesquinhas dos inúmeros condados. Precisamente como a Europa neste momento.

Para quando uma Europa über alles?

Os ingratos

Contrariamente à “Europa”, os Estados Unidos nada fazem sem ser “em defesa dos seus interesses”.

Contrariamente à “Europa”, os Estados Unidos têm sempre uma agenda escondida e agem por simulação.

Contrariamente à “Europa”, os Estados Unidos ignoram sistematicamente os meios desde que os fins o justifiquem.

Os políticos europeus adoram lançar, a torto e a direito, chavões como os anteriores, pretendendo com eles demonstrar aquilo que, de fulcral, distinguirá a “Europa” do “Império”.

Ficando perplexos pelos nãos que os cidadãos “europeus” vão dando aos luminescentes tratados* sempre que podem, os políticos do bem-fazer descambam exactamente pela navalha que acusam Washington de usar, cobrando, em acusações de ‘ingratidão’, as ajudas dadas aos que chumbam as luminosas ideias.

A virulência dos ataques aos ‘ingratos’, variam na razão inversamente proporcional ao peso do ‘malandro’ no “concerto europeu” nem percebendo, os aprendizes de imperador, que de cada vez que abrem a boca mais confirmam aquilo que a generalidade das pessoas já percebeu.

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* o último, o Tratado Constitucional, foi refundido e dissimulado como "ajustamentos aos anteriores tratados".

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sábado, 14 de junho de 2008

Eleições Norte-Americanas IV


O senador John McCain está a receber endorsments de todos os quadrantes da sociedade Norte-Americana. Não tantos e tão vistosos como os do senador Barack Obama, como é óbvio. Mas os endorsments Obama são perfeitamente adaptados aos alvos da sua campanha (tal como a retórica): os jovens. Há quem até já lhes chame os endorsments à Obama.

O wrestler Hulk Hogan, o rapper 50cent, a apresentadora Oprah Winfrey, o cantor Usher, a banda Pearl Jam, as actrizes Scarlett Johansson, Jessica Alba e Gwyneth Paltrow e os actores Ben Affleck, George Clooney, Robert de Niro e Brad Pitt são apenas alguns dos bons endorsments de Obama.

John McCain vai-se contentando com alguns bons endorsments, à medida da sua campanha. Joe Lieberman, um ex-super-delegado Democrata é, para mim, um dos mais importantes endorsments de John McCain.

Os mais atentos certamente que se lembram de Joe Lieberman. Joe Lieberman foi o Vice-Presidente de Al-Gore para a Presidência dos Estados Unidos da América em 2000. Sim, sim aquela eleição em que o sulfuroso do Bush foi eleito mas não ganhou as eleições e que motivou o I use to be the next President of the United States of America do birrento Al Gore.

Mas até que ponto é Joe Lieberman importante? Joe Lieberman é um democrata bastante conhecido nos Estados Unidos da América. Embora já não pertença aos quadros do Partido Democrata, sendo actualmente um Democrata Independente. A controvérsia da separação de Joe Lieberman do Partido Democrata surgiu quando Lieberman perdeu contra Ned Lamont a nomeação do Partido Democrata para o estado de Connecticut (2006). Lieberman resolveu concorrer como terceiro candidato e ganhou as eleições com 50% dos votos.

Há quem diga que seria um grande ticket Republicano (McCain+Lieberman). Porém, convém ter algumas cautelas: embora Lieberman chama-se os votos independentes e democratas, McCain poderia perder o massivo apoio dos Republicanos mais radicais e dos evangélicos.

Mas até que ponto não seria bom dividir o eleitorado Democrata?

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Referendo Irlandês a Lisboa

A expressão gaélica 'Erin Go Bragh' significa ‘Irlanda Livre para Sempre’. Ontem os Irlandeses deram corpo a este moto pelo seu país e pela restante Europa amordaçada pelos burocratas e políticos europeus.


Até agora o Tratado de Lisboa só tinha sido aprovado através de votações parlamentares. Isto na sequência do não cumprimento da promessa da generalidade dos partidos políticos de poder na Europa de referendar o Tratado. O TL também foi aprovado no Parlamento europeu. Da votação de Estrasburgo só nos chegaram as ‘boas’ notícias e as imagens de satisfação. Mas aqui pode ver-se algo mais do que aconteceu então com especial relevância para o discurso do notável Nigel Farage do UKIP britânico e dos incidentes subsequentes

Os irlandeses foram o único povo europeu que teve a possibilidade de referendar o Tratado de Lisboa. Não porque essa fosse a vontade generalidade dos seus políticos, mas sim por imposição constitucional. Aliás, o Governo irlandês fez algumas manobras para facilitar o ‘sim’, tais como mudar a data inicialmente prevista de realização do referendo de Maio para Junho, em pleno campeonato europeu de futebol, assim como nomear um Primeiro Ministro pró-Lisboa mais popular a meio do mandato.

Em consequência da consulta popular na Irlanda, os neo-iluministas da UE foram derrotados, tal como tinham sido derrotados nas outras poucas ocasiões em que submeteram as tentativas de construir um novo império europeu. Mas desta vez foi mais grave. Nunca a mentira, o embuste e a opacidade das práticas de fraude política do eurocentrismo tinham ido tão longe, pelo que nunca a sua derrota foi tão clamorosa.

Do lado do ‘sim’ esteve a generalidade do poder político euro-alinhado e da comunicação social subserviente. Do lado do ‘não’ estiveram vários sectores da sociedade irlandesa, da esquerda à direita, com o apoio de apenas um partido. Ergueram-se e organizaram-se pela Irlanda e pela Liberdade, contra a euro-fraude do Tratado de Lisboa. E ganharam.

A campanha pelo ‘não’ assentou sobretudo nas linhas seguintes:
- A Irlanda iria perder peso na Comissão Europeia e no Parlamento;
- O Tratado de Lisboa aumenta em muito o peso e a importância das decisões políticas que passavam a ser tomadas pelos eurocratas não eleitos de Bruxelas, em lugar de serem decididas pelos próprios irlandeses;
- O Tratado é ininteligível; se algo é ininteligível então deve ser recusado; (aqui o relato das ordens de um dos mais interessados e interesseiros mandantes do Tratado de Lisboa);

Entre os argumentos inválidos do 'sim' destaca-se um: o Tratado de Lisboa iria aumentar nível de globalização da economia europeia. A verdade é as coisas são ao contrário, a União Europeia é, e vai continuar a ser, um obstáculo à globalização da economias do centro europeu, isto é, da agricultura francesa e da indústria alemã. Exemplo: as indústrias têxtil e de calçado portuguesas ficam entregues à livre concorrência com a China, os carros alemães continuam a escapar à concorrência indiana.


O órgão de propaganda central da imposturice federal europeia, a Euronews, foi tendo uma postura de grande discrição, quase desinteresse, na contagem final para o referendo na Irlanda. No entanto, ontem e anteontem, dias de proibição de propaganda política na Irlanda, interveio em força. Perante as sondagens que davam vitória magra ao ‘não’, a dado momento era noticiado que na Grã-Bretanha o Tratado de Lisboa iria ser aprovado por via Parlamentar. (Os acontecimentos na GB interferem de modo relevante na opinião pública irlandesa, país em que estiveram integrados durante séculos.). Mas como é que a Euronews sabia isto? Essa informação, segundo a própria euronews, tinha sido fornecida por um alto-funcionário britânico. Esta é a lógica da União Europeia: os altos-funcionários decidem no lugar dos eleitores; mais, o povo deve escutar com atenção e reverência os altos funcionários na certeza de que eles sabem melhor o que é bom para ele, povo. O jacobinismo está vivo na Europa neste princípio de século.

Mas parece que a Euronews não podia estar pior informada.. Na GB está em banho-maria uma batalha entre um Primeiro-Ministro não eleito, Gordon Brown, e a oposição a respeito da aprovar por via parlamentar ou referendar o Tratado de Lisboa (ver). O certo é que muitos parlamentares trabalhistas estão contra o alinhamento de Brown com a Comissão Europeia e acham que a decisão deve ser tomada pelo povo em referendo. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, e mais parece que o ‘não’ irlandês vai ter consequências nos parlamentares britânicos do Partido Trabalhista.


A Europa pode viver melhor sem as imposições anti-democráticas e dispendiosas de Bruxelas. Aqui fica uma visão alternativa e certamente mais livre, democrática e económica.


Diz-se que os irlandeses devem estar gratos à Europa. Em alguma medida, sim, embora não tanto quanto se diz, mas isto daria tema para um outro post. Com este NÃO ao Tratado de Lisboa os irlandeses já podem dizer que pagaram a sua dívida para com a Europa dando voz aos povos amordaçados pelos políticos federalistas. Obrigado, Irlanda.

Bomba em Bruxelas


Ao que parece o Tratado de Lisboa foi rejeitado pelo eleitorado Irlandês. O próprio Ministro da Justiça Irlandês já reconheceu a derrota da Sim.

A televisão pública vai mais longe e adianta que o Não venceu em 35 das 43 circunscrições do país.

E agora Europa? Acabou-se o sonho idílico?


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Portugal (Brasil 1, Madeira 1, Mendro 1) 3 - República Checa 1




Uf, uma vitória arrancada a saca-rolhas. Continuamos a não perceber que uma baliza tem 2,44 metros de altura por 7,32 de largura, o que implica que um guarda-redes deve ser obrigatoriamente alto! Quem tiver menos de 1,90 pode ser defesa esquerdo, direito, central, médio-atacante, extremo-esquerdo ou árbitro, MAS NÃO GUARDA-REDES.

O Deco pelos vistos desta vez não bebeu, e foi logo o melhor em campo. Moral: quando jogar não beba….. muito.

E da próxima vez Sr. treinador, para isso lhe pagámos, indique ANTES do jogo quem é que está incumbido de apontar os livres do lado esquerdo, do lado direito, os cantos etc. Para não acontecer outra vez aquela cena caricata – marco eu ou marco eu!!! - entre o Simão o Cristiano Ronaldo e o Deco à volta da marcação de um livre, o que obrigou o homem em forma no momento, Deco, a retirar-se e o melhor do mundo a abster-se.


E por falar em brasileiros aqui vai uma citação de Carlos Drummond de Andrade sobre futebol. Na realidade ele refere-se ao Brasil dos anos 50 e em especial ao Mané Garrincha, mas de qualquer maneira ainda é actual e a nós também nos serve como uma luva…


A necessidade brasileira [e portuguesa] de esquecer os problemas agudos do país, difíceis de encarar, ou pelo menos de suavizá-los com uma cota de despreocupação e alegria, fez com que o futebol se tornasse a felicidade do povo. Pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele. E os grandes jogadores convertem-se numa espécie de irmãos da gente, que detestamos ou amamos na medida em que nos frustram ou nos proporcionam o prazer de um espectáculo de 90 minutos, prolongado indefinidamente nas conversas e mesmo na solidão da lembrança.


Ora bem!

Eco Tretas para o fim de semana

1 - HORRRROR - Camuflado no CO2, o verde ataca

2 - ALAAARME - O CO2 turva dados científicos ... (mais pormenores aqui).

3 - PÂÂÂÂNICO - Evite-se esquiar porque o atrito aumenta o aquecimento global*

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Nota: Para uma interpretação politicamente correcta, onde se lê 'aquecimento global' deve ler-se 'mudanças climatéricas'.
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quarta-feira, 11 de junho de 2008

Equívocos do 'Dia da Raça'

A esquerda em geral manifestou-se indignada pela referência do PR ao dia de Portugal como o ‘Dia da Raça’. Tratou-se obviamente de um lapso de Cavaco, mas para a nossa esquerda essa coisa de achar que os PRs devem ser poupados à crítica partidária acabou a partir do momento em que o PR eleito não é de esquerda. Já se tinha visto isso aquando do discurso no Parlamento em 25 de Abril.

Há em tudo isto dois equívocos, um da esquerda, outro da direita.

O equívoco da esquerda é ter a certeza absoluta que o ‘Dia da Raça’ é uma instituição da II República, mais conhecida por Estado Novo. Enganam-se. A instituição do termo ‘Raça’ para designar as comemorações de Portugal foi estabelecida no tempo da I República. A designação original foi ‘Festa da Raça’. A ‘festa’ durava uma semana terminando em 10 de Junho. No tempo da República ‘avançada’ os termos ‘raça’ e ‘preto’ tinham verdadeiro significado racista e eram comummente usados pelos que se auto intitulavam ‘progressistas’. Depois, só a partir de 1977, já nesta III República, é que se passou a usar a designação atual. Lá se vai mais uma bandeira.

Quanto ao equívoco da direita; durante anos os políticos da direita andaram com panos quentes e mesuras sempre que um PR de esquerda dizia ou tomava posições que eram tudo menos pacíficas. Fizeram mal, e agora têm a paga merecida. Os PR são uma peça do jogo político; a conversa generalizada de que são supra-partidários foi sempre a veste que serviu para esconder a farda. À direita sempre se aceitou este jogo de perca certa. É bom que agora aprendam com a esquerda como se fazem as coisas.

Homem velho céptico sobre homem novo

Esta notícia, ao melhor estilo do The Onion, vinha hoje no jornal Global:


Experiência soviética

Saramago céptico sobre homem novo comunista

O escritor comunista e Nobel da Literatura José Saramago confessa que nunca acreditou totalmente que o comunismo atingisse os objectivos últimos, como “criação do homem novo”, e volta a fazer uma dura crítica à experiência soviética.“Para um regime que se dispunha a criar um homem novo, sabemos hoje que os métodos e as propostas para esse homem novo não eram grande coisa. O actual quadro russo não tem nada que ver com aquilo que alguém, na melhor boa-fé, imagino, pensou que seria factível”, diz Saramago que admite que nunca chegou a ter essa “boa-fé”: “Sou suficientemente céptico para nunca acreditar. Quanto maior é a promessa, mais eu desconfio”.

Luminárias, indeed.

Olhem que duas luminárias se juntaram para parir lixo e impostos.

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Actualização

Mais impostos (comentários):
"É. Tal como foi com os jardins do Espelho d'Água , que só existem - e ainda bem - porque o Corte Ingles os pagou. Pena que não façam o mesmo com a Praça de Espanha, com o Campo Grande, etc..."
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terça-feira, 10 de junho de 2008

... tipos perfeitos da raça

O LUGRE



de Bernardo Santareno

«A todos os pescadores bacalhoeiros portugueses, que têm o riso claro e feroz, que sempre ocultam nos olhos um aceno da morte, que todos os dias, naturalmente, fazem milagres de força, que, se a pesca adrega de ser boa, cantam e bailam sozinhos, como os meninos e os loucos... que são tipos perfeitos da raça.»

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Democracia no Egipto - http://www.shayfeen.com/

Equilíbrio instável.


Há um cão a passear numa das casas. O cão já não é um bicho a abater?
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As imagens que não vemos


Raios Cósmicos


Observatório Astronómico de Lisboa
Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa

DESCOBERTA PARTE DA MATÉRIA EM FALTA NO UNIVERSO

Com o auxílio do observatório espacial XMM-Newton, uma equipa internacional de astrónomos descobriu parte da matéria em falta no Universo.

Sabe-se que apenas cerca de 5% do Universo é constituído por matéria bariónica, ou seja, matéria formada por protões e neutrões (bariões) que, juntamente com os electrões, formam os blocos de construção da matéria que conhecemos, os átomos. Os outros 75% do Universo são constituídos por matéria escura e energia escura, em proporções de 23% e 72%, respectivamente.

Todas as estrelas, galáxias e gás cuja observação é possível no Universo, representam menos de metade da matéria bariónica. Assim, embora a percentagem de matéria comum seja muito pequena, metade desta ainda está por descobrir.

Toda a matéria presente no Universo encontra-se distribuída numa estrutura semelhante a uma "rede". Nesta rede, existem nodos densos formados pelos maiores objectos do Universo, os enxames de galáxias. Há cerca de uma década, os cientistas previram que aproximadamente metade da matéria comum encontra-se na forma de gás de baixa densidade. Este gás estaria
localizado nos filamentos da rede cósmica, preenchendo o vasto espaço intergaláctico.

Os cientistas previram que o gás teria uma temperatura elevada, o que faria com que emitisse a maior parte da sua radiação na gama dos raios-x de baixa energia. No entanto, até hoje, todas as tentativas na sua detecção não foram bem sucedidas devido à sua densidade baixa.

Fazendo uso da sensibilidade elevada do XMM-Newton, uma equipa de astrónomos foi capaz de detectar as porções mais quentes do gás intergaláctico.

A equipa observou um par de enxames de galáxias designados por Abell 222 e Abell 223, localizados a 2300 milhões de anos-luz da Terra. As imagens e o espectro deste sistema revelaram uma ponte de ligação entre os dois enxames, constituída por gás quente. Acredita-se que este gás, será provavelmente a porção mais densa e quente do gás difuso presente na rede cósmica, que se crê perfazer metade da matéria comum do Universo.

A imagem é uma composição de duas imagens obtidas no óptico e no comprimento deonda dos raios-x. É possível observar a vermelho e amarelo, a distribuição dogás quente difuso.

Embora a sensibilidade do XMM-Newton tenha sido crucial para esta descoberta, a detecção do gás só foi possível porque o filamento se encontra ao longo da linha de visão, concentrando assim toda a sua emissão numa pequena região do
céu.

A existência de vários modelos, que prevêm que a matéria comum em falta encontra-se nalguma forma de gás quente, faz com que esta descoberta seja importante. No entanto, para a compreensão da distribuição da matéria na rede cósmica, será necessário observar mais sistemas como este e, em última instância, criar um novo observatório espacial dedicado à observação da rede cósmica. Este observatório teria de ter uma sensibilidade muito superior à que se tem acesso com os actuais observatórios. Os resultados agora anunciados permitem estabelecer requerimentos mais adequados para um tal futuro observatório.

A nova descoberta ajudará os cientistas na compreensão da evolução da rede cósmica e o facto de os astrónomos saberem agora onde procurar o gás torna-a bastante relevante. No futuro, esperam-se novos estudos de zonas promissoras no céu, como o sistema observado, com o auxílio do XMM-Newton.

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**** ASTRONOVAS ****

Lista de distribuição de notícias de Astronomia em Português

Observatório Astronómico de Lisboa
Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa
Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa
Portugal

Telefone: 351+21 361 67 39
Fax: 351+21 361 67 52

1) Sugestões de notícias poderão ser enviadas para o endereço:
astronov@oal.ul.pt

2) Inscrição: envie uma mensagem vazia para o endereço:
astronovas-subscribe@oal.ul.pt

segunda-feira, 9 de junho de 2008

As fontes

Os camionistas em "greve", em tom fascistoide, "avisam": "não vás por aí porque eu não me responsabilizo pelo que possa acontecer ali mais abaixo".

Não é uma ameaça. É apenas um "aviso". Nunca pode ser uma ameaça porque não há fontes que a fundamentem nem câmaras que liguem as consequências ao "aviso".

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domingo, 8 de junho de 2008

NOSSA SENHORA 2 – ALÁ 0

Bem, já nos safámos desta. E não jogamos muito mal, pelo menos jogamos melhor que nos jogos de apuramento… E só para chatear os PNR’s os melhores jogadores em campo foram sem dúvida Pepe e Bosingwa. O melhor do mundo não jogou mal, mas não foi o melhor do mundo. O Deco parecia que estava c’os copos e por causa dele bebi na segunda parte 7 cálices de cachaça (não tinha outra coisa em casa) para aguentar os nervos – cabrão. O Moutinho está cada vez melhor e vai um dia destes meter um golo com um remate de fora da área, reed my lips.

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É dia de futebol na Associação Portuguesa de Amesterdão (APA) numa bela final de tarde de Agosto de 2006. O salão nobre da associação encontra-se completamente cheio com cadeiras dobráveis em fila viradas para o palco onde está instalado um enorme ecrã. O jogo Portugal-Inglaterra para o campeonato do mundo de futebol de 2006 iria ser daqui a pouco transmitido em directo na TV-Internacional.

Rapidamente as pessoas passaram do bar para o salão e as cadeiras foram rapidamente ocupadas. Quem chegou um pouco mais tarde ficou de pé, contra as paredes laterais do salão.

A irremediável mas agradável barulheira que normalmente existe quando se assiste a um jogo de futebol numa associação recreativa era desta vez bastante deteriorada por tambores, mas sobretudo por um instrumento demoníaco: A BUZINA A GÁS!!!
A utilização da dita num estádio de futebol, ao ar livre, é já uma fonte de desespero para quem realmente gosta de futebol, agora imagine-se o insuportável cagaçal que produz no interior das quatro paredes de uma associação…

Como odeio este ruído. Ainda por cima este execrável basqueiro lembra-me sempre desportos inferiores, de sala: voleiboles, basqueteboles ou andeboles. Enfim, um ruído insuportavelmente provinciano.

Na altura de cantar o hino nacional, e precisamente como os jogadores na TV, toda a gente se colocou religiosamente em sentido. Verdadeiramente TODA A GENTE. Os homens foram os primeiros a levantar o cu da cadeira. As esposas foram um pouco mais lentas neste dever patriótico porque, como de costume, é a elas que incumbe outro dever, o de segurar a filharada que em mil malabarismos queria a todo o custo ficar de pé em cima das cadeiras dobráveis.

O ambiente era tão patrioticamente ameaçador que até as amigas e esposas holandesas presentes se sentiam na obrigação de se colocarem em sentido, até a minha mulher… Duas filas atrás de mim reparei na luta interna que o meu amigo de esquerda, o João Paulo, travava para não sucumbir ao nacionalismo exacerbado: deixo-me estar sentado ou levanto-me, como toda a gente? Cedeu à pressão e resolveu ficar de pé – as massas venceram.

Isto deixou de ser um encontro informal entre portugueses, para se transformar numa manifestação de saudade misturada com muito patriotismo e heróis do mar…. Não sei o que me deu na telha, mas também quis ser herói. Deixei-me estar sentado e tenho a certeza que fui o único. Não me chateia nada cantar A Portuguesa de peito inchado, até me acontece lacrimejar ao fazê-lo, mas não alinho quando se trata de uma obrigação. A minha atitude ‘déviante’ não iria ter consequências negativas para o seguimento de uma agradável noite na APA. Portugal ganhou, o Rui Costa meteu um golaço e o Beckham falhou um penálti. Não fossem as putas das buzinas e a noite teria sido perfeita…

Passados alguns minutos o Figo cabeceia a bola para dentro da baliza inglesa, a APA explode: GOOOOOOOOLOOOO! As gargantas, os tambores, as buzinas, tudo junto numa sinfonia infernal. Toda a gente de pé, eu também! As crianças, que também querem ver, encontram-se outra vez a baloiçar perigosamente com os pés encima das cadeiras dobráveis obrigando as mães, mais uma vez, a dividirem a sua atenção entre o ecrã e as crianças que correm o risco de caírem.

Um português que estava ao meu lado, e que eu nunca tinha visto mais gordo na vida, grita GOOOOOOLOOOO ao mesmo tempo que me abraça efusivamente. Perplexo, respondo o mais espontaneamente possível ao abraço com um GOLO mais tímido. A minha falta de patriotismo de circunstância de há pouco já tinha sido pelos vistos esquecida. Eu e o meu compatriota ainda não nos tínhamos inteiramente desligado do nosso abraço quando das filas mais próximas do ecrã ouço alguém gritar: É PÁ, FODA-SE, É FORA DE JOGO…

Não consegui ver a repetição do lance, aliás, do jogo só vi de vez em quando uns fragmentos entre cabeças e ombros. A voz do comentador perdia-se entre os decibéis das buzinas e dos tambores. Mas com um público tão expressivo quem é que precisa de um comentador?
De repente apercebi-me que as pessoas reagiam aquilo que viam no ecrã como se tivessem fisicamente presentes no estádio, como se o árbitro ou os jogadores pudessem realmente ouvir todas as suas imprecações ou os seus conselhos! Vi nisto uma leve semelhança com as minhas primeiras idas ao Cineteatro de Gaia (três escudos na geral). No meu tempo de criança também o público vivia os filmes como se estivessem fisicamente presentes no Far West. Cada soco que o artista dava no artista-dos-bandidos era acolhido com palmas, como num circo ou num espectáculo ao vivo. Era costume do público avisar o artista sempre que o artista-dos-bandidos pérfidamente o esperava escondido atrás de uma porta ou de uma árvore.

Não há nada como uma pequena dose de imaginação para levar-mos a nossa cruz ao calvário…

sábado, 7 de junho de 2008

Dar tropa

Um dos órgãos oficiais de propaganda pró Estados Unidos da Europa, a Euronews, saiu-se esta madrugada, com uma pérola ao nível da melhor lógica Stran.

Citando de memória, dizia o iluminado jornalista:

“O futuro ministro dos negócios estrangeiros da Europa terá, além de um conjunto de tropas que os países membros lhe quiserem dar, verbas suficientes [...]”.

Trata-se de uma das mais típicas formas de pretender que se perceba exactamente o contrário daquilo que se passa.

A coisa anda à volta da utilização de “terá” e “além de”, conjugando a coisa com “quiserem dar”.

“Terá” tenta deixar a certeza que a coisa virá a ser um facto. “Além de”, junto a “terá”, a garantia que o que vier a seguir é uma certeza. Depois de tanta garantia, “quiserem dar” deixa a impressão que a coisa será mesmo dada visto que já tinham sido anteriormente projectadas duas certezas (“terá” e “além de”).

Não vale a pena perder tempo com o facto de ‘dar tropas’ ser algo tão preciso como reclamar melhore políticas.

A Comunidade Europeia real garante apenas que o futuro ministro dos negócios estrangeiros terá verbas mas, a ter tropas, serão, quanto muito, retiradas de qualquer teatro de operações à menor beliscadura e ao melhor estilo Zapatero. As verbas, serão sempre inexoravelmente torradas.

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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ordem Espontânea III

ML

Parece que ambos estamos indisfarçavelmente com os dois pés na metafísica, e em campos opostos. Em vez de factos em bruto baconianos chafurdamos em factos em bruto de inspiração mística. Factos com que podemos concordar ou recusar, mas não discutir. Não concorda comigo e eu não concordo consigo. Pelo menos e justamente no fundamental. E nisto não há nada a fazer. Quem asseverou que da discussão nasce a concórdia ou nunca discutiu ou babava-se por solilóquios axiomáticos. E não há disposição filosófica ou psicológica que a apoie. O que vem a propósito. A ordem em que vivemos, insisto, é essencialmente espontânea, não há uma ideia, uma cultura, um individuo, uma nação, uma causa, um credo, há vários, em desassossego permanente e dotados de vontade própria, a crença num caminho racional – ou pior, racionável – é irracional, não há um motor ou vários – pura metafísica, e velhíssima. Há revoluções e novos reinos de liberdade, padrões em que se manifesta uma semi-consciência colectiva, mas não são começos absolutos, são começos relativos, quando os homens se reúnem para realizar novas sociedades olham invariavelmente para trás, porque a tragedia humana é invariavelmente a mesma. É aqui que eu não posso concordar – fora dos instantâneos que marcam o renascimento de Roma. Eu não nego a politica – como atitude calculista e de transformação – nego-lhe poderes místicos, não é só uma questão metafísica ou de plano – é o grau de consciência na fluidez do processo histórico