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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Guerras Milenares

A milenar luta entre o xiismo e o sunismo, atravessada por linhas étnicas entre árabes e persas, e complicada por relações de interesses entre aqueles que pretendem uma relação com o Ocidente e os que baseiam as suas legitimidades no ódio ao Ocidente está, segundo vários especialistas,  a decantar uma nova Guerra Fria, na região do Médio Oriente.

De um lado o Irão, a Síria, o Qatar (Al Jazeera), e grupos paramilitares no Líbano, Gaza, Iraque, etc.
Este grupo conta com a simpatia da Turquia de Erdogan, da América "bolivariana" e da  esquerda internacional.
Do outro o Egipto, a Arábia Saudita e os restantes países árabes.

Este é o antigo e grande conflito no Médio Oriente, disfarçado apenas pelo factor Israel.
Mas o jogo está a definir-se e as espingardas a ser contadas.

No início da semana 9 estados árabes (Abu Dhabi, UAE, Egipto, Arábia Saudita, Marrocos, Autoridade Palestiniana, Jordânia, Yemen, Bahrain e Tunísia)  reuniram-se no Abu Dhabi e foi clara e explícita a identificação da ameaça iraniana.

Para os próximos dias está agendada uma reunião do outro lado, desta vez na Síria, para celebrar a "vitória"  em Gaza, tendo sido convidados o Irão, o Qatar, o Hamas, o Hezbolah, a Turquia, e a  Venezuela.
Por enquanto a guerra é apenas de cimeiras..



3 comentários:

tribunus disse...

Oportuno e actualizado este post de O-LIDADOR, já que a comunicação social ocidental, ocupada na condenação de Israel que quer ver no TPI, está a ver a banda passar sem nela reparar e muito menos a ouvir.

Está a operar-se uma reconfiguração do mapa do Médio Oriente em dois blocos. De um lado o bloco Síria, Irão, Hamas, Hezbollah, instrumentalizado pelo Irão, a quem se atrelaram o Qatar e, há dias, a Turquia; do outro os chamados países árabes comandados pelo Egipto, Arábia Saudita e Jordânia. Mas não ficamos por aí. A ameaça da reconstrução do império persa (e agora o otomano?[1]) - o império persa eventualmente nuclear -, trouxe algo inesperado: a aliança tácita dos países liderados pelo Egipto, Arábia Saudita e a Jordânia com o ex-inimigo Israel.

Foi notório o marcar-passo do último bloco na obtenção de uma trégua na recente guerra na Faixa de Gaza para dar tempo a Israel de causar o maior dano possível ao Hamas, mal-grado as baixas entre a população civil que sabem melhor que ninguém são potenciadas pela promiscuidade dos guerrilheiros com os civis.

Talvez escape a muita gente que o problema da guerra eternizada entre as facções Sunita e Xiita não tem apenas por base a cisão religiosa decorrente das Batalhas do Camelo (656) e Karbala (680). Habituámo-nos de tal maneira à convenção que decidiu agrupar os países “árabes” no chamado Mundo Árabe, que nos escapa uma realidade: a maioria dos países chamados árabe foram “arabizados” e “islamizados” pelas hordas Árabo-Muçulmanas vindas de Meca no século V; E que a “arabização” de países como o Egipto, Iraque e Líbano está longe de ser assunto arrumado. Aliás, a palavra “árabe” hoje usada não está circunscrita a uma etnia, definindo povos de língua árabe e cultura islâmica. Países como o Egipto, o Iraque, o Líbano tinha uma cultura milenar antes da invasão Árabo-Muçulmana que, tendo sofrido algum retrocesso durante a ocupação muçulmana, manteve embora muito das suas característica ainda hoje presentes. Esta é a razão pela qual por muito boa intenção que tenha a Liga Árabe, dificilmente consegue consensos entre os povos “arabizados”.

O Irão, antiga Pérsia, foi forçado a “islamização”, mas nunca se “arabizou” e sempre foi uma centelha anti-árabe. Tal como os turcos otomanos, este convertidos voluntariamente, sequestraram o Islão e partiram para a construção de um dos grandes impérios da história, subjugando árabes e “arabizados”, também o Irão moderno pretende sequestrar o Islão para reconstruir o seu império e ganhar a hegemonia da região. Não é pacífico que o chamado Mundo Árabe se deixe submeter.

São também já visíveis fracturas sérias no seio do Hamas, também ele dividido entre “arabizados” (liderança de Gaza) e persas (liderança de Damascos) – vide http://ecodanoticia.net/phpBB3/viewtopic.php?f=43&t=19678&p=109571#p109571

É uma situação que vai dar muito que falar e, eventualmente, acabará numa guerra entre os dois blocos em formação no Médio Oriente, sendo que o bloco liderado pelo Egipto, Arábia Saudita e Jordânia sabe que para a ganhar precisa de Israel, tal como na 2.ª Grande Guerra a União Soviética se decidiu pelos Aliados contra o Eixo.

[1] Se bem percebi, a viagem do presidente da república turca está a realizar, já mostra alguns sinais de recuo face à peça de teatro protagonizada pelo PM em Davos e às declarações bombásticas que se lhe seguiram.

Unknown disse...

Boa análise tribunos.
Eu acho até que Israel tem neste momento todo o interesse em não acabar com o Hamas e o Hezbolah, uma vez que estes movimentos são as testas de ferro do aríete iraniano no mundo árabe/sunita, e a sua simples existência faz com que se mantenha aceso o conflito mais antigo.
A Israel não interessa um bloco islâmico unido. Dividir para reinar é uma táctica antiga e numa situação de guerra fria entre o bloco persa/xiita e o bloco pan-árabe, Israel , apesar de continuar a ser um recurso retórico em termos de politica interna, surge como um fiel da balança. Está ali, tem poder, pode de facto desiquilibrar, se as coisas aquecerem.
Nem sei se Israel é o alvo mais provavel das eventuais armas nucleares do Irão, até porque Israel é o país do mundo com o mais denso escudo anti-míssil e a resposta, mesmo a um ataque conduzido por terroristas, seria avassaladora.
Jerusalém e Teerão partilham tb, embora não pareça, certos interesses e inimigos. O pan-arabismo é um inimigo comum
Se Israel não existisse, o alvo principal do pan-arabismo seria o Irão. O conflito está latente....a Liga Árabe chama "terra árabe ocupada" ao Khuzestão iraniano, chama Golfo Arábico ao Golfo Pérsico, reinvindica a “libertação" de ilhas iranianas no estreito de Ormuz, etc.
Neste perspectiva, atacar Israel seria dar uma vantagem ao pan-arabismo.
Assim sendo, talvez não sejam os judeus os principais interessados em atacar primeiro o Irão, até porque a experiência histórica lhes tem revelado que os europeus normalmente são mal agradecidos e desatam logo a falar do alto da burra. Por exemplo, quando em 1980, Israel destruiu o reactor iraquiano, mantendo as coisas mais ou menos contidas na região, com evidentes benefícios para toda a gente, foi recompensado pelo Sr Chirac, com o epíteto de “estado criminoso”.

EJSantos disse...

Amigos, vivendo e aprendendo. Nunca pensei nestas situações por esse prisma.