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terça-feira, 3 de março de 2009

Porca Miséria

Empolgamo-nos com direitos árabes em Israel, apesar de os árabes terem mais direitos em Israel que nos seus próprios países. Empolgamo-nos contra o português que os brasileiros falam, apesar de ser por causa de eles falarem português que o mundo sabe que a nossa língua existe e lhe dá importância. Empolgamo-nos com TGVs modernaços em vai-vem para Madrid, apesar de eles irem andar vazios a custo de fortunas que não temos. Empolgamo-nos com geradores de energia movidos a vento, apesar de a energia que geram em toda a sua vida útil não compensar aquela que foi gasta para os fabricar. Empolgamo-nos com a integração no ‘maior bloco político e económico do mundo’, apesar de essa mesma integração ter arrastado a nossa economia para os domínios da indigência, da inaptidão, da subsídio-dependência. Empolgamo-nos a favor e contra a proteção fiscal dos homossexuais que agora têm birras de casar, apesar de ser urgente promover a proteção fiscal de quem tem filhos porque daqui a 20 anos seremos ainda mais um país de velhos.

Portanto, empolgamo-nos com tudo o que nos afasta de nós mesmos, com o que nos enxovalha e minimiza, mas também com o que nos dá brilhos de pechisbeque, brilhos de chumbo que precisa ser polido agora e a seguir porque depressa embaça.

Com tanta autoflagelação e fancaria nem sequer vemos ou damos valor ao que enobrece e dignifica. Mais, nobreza e dignidade são conceitos que já tomamos como estranhos, ridículos até, quando aplicados a nós mesmo e a Portugal.

Segue mais um exemplo deste estado de miséria a que chegámos.

No passado sábado, 28 de Fevereiro, decorreu em Olivença um encontro sobre a Língua portuguesa na ‘vila’ e no seu território. Pela primeira vez em mais de 200 anos, a proscrição da nossa língua pôde ser abordada no local do crime, sem medo ou vergonha, e sob a proteção de entidades oficiais espanholas. Foi um acontecimento histórico.

Em linha com a falta de auto-estima nacional para que o atual regime nos arrastou, o assunto passou completamente ao lado do jornalismo português e das nossas entidades oficiais (não considerando oficial a presença de um representante do Instituto Camões).

O evento na TV da Extremadura:




O evento na TV espanhola:




Epílogo. No meu corretor ortográfico, ’oliventino’ aparece assinalado como erro, o que significa que esta palavra não consta no dicionário de português da Microsoft. Porca miséria.

76 comentários:

Anónimo disse...

Qual língua foi chamada de "dialeto" pela reportagem? O português ou o oliventino?
Ao que me consta dialeto é a lingua que não possui literatura extensa.

Paulo Porto disse...

@Anónimo

Chamaram 'dialieto' ao port.de Olivença. O português de Olivença mantém muito do que era o português alentejano de há 200 anos a que se juntam algumas palavras espanholas para designar objetos que não existiam.

Por exemplo, eles usam 'coche' (espanhol) para dizer 'automóvel' (ou carro no sentido de automóvel) porque os carros só apareceram depois do corte cultural com Portugal.

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

Sinto satisfação em ler textos de língua portuguesa que ousam, nestes dias que correm, defender valores tradicionais de nossa civilização judaico-cristã, ou se vós preferis, civilização ibérica que inoculou e prosperou em populações no mundo todo.

Em particular, neste vosso texto, vós alertais para a falta de vergonha na puta da cara portuguesa por negligenciar os limites de seu próprio território, que dir-se-á em preservar seus mais altos valores civilizacionais, dos quais até muitos brasileiros orgulham-se em internalizar e praticar?!

Nestes dias carnavalescos, eu tive oportunidade de reler o livro do filósofo Olavo de Carvalho, "O Jardim das Aflições". Ali, eu pude meditar em passagens, como: ..."Associar, assim, Idade Média com Inquisição, e sobretudo filosofia medieval com Inquisição, é um descalabro cronológico..." na página 35. Eu considero que nós incorporamos culpas indevidas por ignorância - impingidas pela retórica comunista - levando-nos a inércia, a palermice.

E eis vosso dedo a apontar toda essa patetice.

Anónimo disse...

Gostaria de acrescentar ao comentário da Nauticaa, que para além da retórica comunista, outras houve (e continuam a existir) que mais influência tiveram no actual estado "deprimido" de Portugal. Refiro-me obviamente à retórica maçónica que com o objectivo de denegrir a imagem da Realeza e Nobreza em Portugal, arrastaram pela lama tudo o que mais sagrado havia neste nosso país. Têm agora o Poder, mas não os nossos corações. É mesmo uma porca miséria.

PO

Anónimo disse...

Voando sobre um ninho de cucos...

Desculpem ter começado assim no entanto foi o que senti a ler algumas das coisas ditas no artigo e nos comentários, passo a citar:

"Empolgamo-nos com direitos árabes em Israel, apesar de os árabes terem mais direitos em Israel que nos seus próprios países"

Esses arabes estão no seu próprio país!

"Empolgamo-nos com geradores de energia movidos a vento, apesar de a energia que geram em toda a sua vida útil não compensar aquela que foi gasta para os fabricar."

??? Gostava de saber o estudo em que se baseiou para afirmar isto. Consegue providenciar um link?

"Empolgamo-nos com a integração no ‘maior bloco político e económico do mundo’, apesar de essa mesma integração ter arrastado a nossa economia para os domínios da indigência, da inaptidão, da subsídio-dependência."

???????? Lamento mas a nossa dependência sempre existiu, desde o Estado-corporativista do tempo do Salazar. A integração nesse bloco foi um marco histórico positivo, sendo mais os beneficios que retiramos de o ter feito do que o oposto.

Já agora defende que não deviamos ter entrado?

"Empolgamo-nos a favor e contra a proteção fiscal dos homossexuais que agora têm birras de casar, apesar de ser urgente promover a proteção fiscal de quem tem filhos porque daqui a 20 anos seremos ainda mais um país de velhos."

É uma questão de direitos HUMANOS, e quanto à protecção fiscal de quem tem filhos ela já existe!

Mas em vez desta questão de DIREITOS HUMANOS o que é que você acha que deviamos de empolgar:

"decorreu em Olivença um encontro sobre a Língua portuguesa na ‘vila’ e no seu território."

Sim, muito mais importante do que os DIREITOS HUMANOS é sem duvida um encontro sobre lingua portuguesa!

O que é que disse mesmo sobre nobreza e dignidade? Ah foi o seguinte:

"Mais, nobreza e dignidade são conceitos que já tomamos como estranhos, ridículos até, quando aplicados a nós mesmo e a Portugal"

Realmente deve ser mesmo um conceito estranho!!!

"... que para além da retórica comunista, outras houve (e continuam a existir) que mais influência tiveram no actual estado "deprimido" de Portugal."

Não se esqueça que os comunistas comem criancinhas ao pequeno almoço! Fogo, o comunismo em Portugal representa apenas 10% de eleitores (o que significa que é cerca de 5% se tanto da população). Lamento mas deixem de culpar os comunistas.

"Refiro-me obviamente à retórica maçónica que com o objectivo de denegrir a imagem da Realeza e Nobreza em Portugal..."

Nop foi mesmo a nossa nobreza que se denegriu a si mesmo. Por acaso não defende um Estado monarquico?

"...arrastaram pela lama tudo o que mais sagrado havia neste nosso país."

E o que é que havia de sagrado neste país?

"Têm agora o Poder, mas não os nossos corações. É mesmo uma porca miséria."

Porque é que fiquei com a impressão que de repente acordei para uma realidade de à 50 anos?

Anónimo disse...

Stran, deixe de maniqueismo:

"Esses arabes estão no seu próprio país!" É verdade. O diabo é que a maioria esmagadora de todos os outros árabes, por acharem a mesma coisa, pregam a destruição de Israel.

"Sim, muito mais importante do que os DIREITOS HUMANOS é sem duvida um encontro sobre lingua portuguesa!"
Onde voce achou no post a relação de excludência entre os dois assuntos?

Toda vez que alguem me aparece brandindo a causa dos "direitos humanos" me ocorre a pergunta: quem os autorizou a defendê-los?

E não leia o que eu não escrevi: ainda que os direitos DOS humanos seja algo valioso, os "humanos direitos" tambem deveriam ser protegidos não? Ou será que estes só servem para pagar as contas?

Cruzes! Parece que dormi sobre minhas bolas.. Ui!

Anónimo disse...

"Onde voce achou no post a relação de excludência entre os dois assuntos?"

Não é de excludência, é a valorização que deu à temática.

O autor (e esclareça-me se é você ou não) passou tempo todo com a seguinte construção de frases:

Nós valorizamos X quando deviamos valorizar Y (sendo que por vezes Y era o negativo de X).

e depois na segunda parte diz que se devia ter valorizado Yn (que neste caso era o encontro).

Claramente ele fez uma valorização menor da questão dos direitos humanos (neste caso relativamente aos homossexuais e aos Arabes israelitas) do que o encontro sobre a lingua portuguesa numa aldeia aqui ao lado!

Pode não ser a intenção do autor mas tal foi feito!

E já agora onde é que está "a relação de excludência" na minha frase?

"Toda vez que alguem me aparece brandindo a causa dos "direitos humanos" me ocorre a pergunta: quem os autorizou a defendê-los?"

E desde quando é que é necessário autorização?

"ainda que os direitos DOS humanos seja algo valioso..."

E para não não dizer que estou a dizer o que você não disse deixe-me fazer a seguinte pergunta:

Quando escreveu "algo valioso" quis dizer "um pouco valioso" ou "uma coisa valiosa"?

"os "humanos direitos" tambem deveriam ser protegidos não?"

O que é que são "humanos direitos"? Presumindo que está a falar dos heterossexuais (sendo que presumo que a expressão deriva de "Straight Humans") não percebo onde é que nesta temática eles não são protegidos? Aliás diga-me uma situação em que um humano por ser heterosexual tem menos direitos que um não heterosexual? Consegue apontar uma?

"Ou será que estes só servem para pagar as contas?"

Não sabia que os homossexuais estão isentos de pagar contas!

Anónimo disse...

O comentarista das 17H18 não desiste. Não lhe basta a notoriedade que os quinze minutos de fama foram-lhe oferecidos no corpo do blog dias atrás.

Stran, ide lamber sabão. Vossos números e argumentos integram a farsa montada pelos chefes de redação dos principais noticiários de rabo preso nessa ideologia mentirosa.

Paulo Porto disse...

@Stran

"os árabes estão no seu próprio país."

Pois estão. E têm mais direito lá que nos países árabes.


"Gostava de saber o estudo em que se baseiou para afirmar isto. Consegue providenciar um link"

Procure.


"Lamento mas a nossa dependência sempre existiu, desde o Estado-corporativista do tempo do Salazar. A integração nesse bloco foi um marco histórico positivo, sendo mais os beneficios que retiramos de o ter feito do que o oposto."

Vc nunca consegue sair das baladas que lhe embalam a idade mental.

O problema do corporativismo nada tem a ver com a subsidio-denpendência e a transformação de Portugal num consumidor que se financia com atividades económicas baseadas em transferências de fundos europeus.
Portugal podia ter-se desenvolvido fora da UE como dentro da UE. Tal como qualquer outro país do mundo, tal como os países europeus que não fazem parte da EU.
Acontece que os países do centro europeu cresceram mais que Portugal. Portanto, as conversas da convergência e nivelamento por cima foram larachas para embalar Strans. Teríamos crescido mais fora da EU? Admito que sim, partindo do princípio que teriamos de nos desemparaçar sem ficar aa espera do dinheiro de subsídios que amolecem e definham quem os recebe.


Sobre essa sua ideia de ligar casamentos e direitos humanos..., só mesmo se for associar divórcio a direitos humanos, de resto, não estou a ver.


"quanto à protecção fiscal de quem tem filhos ela já existe!"

Tente explicar isso a quem tem 3 filhos e não consegue pagar €500 em Outubro para comprar livros para todos, ao mesmo tempo que fica sem €100 ou €150 retidos todos os meses para o Sócrates entregar aos associados.

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

"Pois estão. E têm mais direito lá que nos países árabes."

Sabe tão bem como eu que o que disse não é justificação. E ao contrário do que é habito de alguns autores deste blogue, eu passo a justificar o que disse.

Se o que você escreveu fizesse sentido, então eu poderia criar um regime de apartheid em Portugal para arabes, sendo que para tal bastava fundamentar como acabou de fazer: "não há problema porque aqui têm mais direitos do que nos países arábes". O que no minimo seria estupido!

"Procure."

Eu acho que não percebem o que eu quero sugerir quando peço estes Links. Se vocês querem ter um melhor blogue, algo que ultrapasse o mediocre, convêm fundamentar o que é afirmado. É pratica comum nos melhores blogues, no entanto já vi que não querem seguir por esse caminho.
Por exemplo com um link para um estudo sério este ponto que eu pedi daria um melhor artigo do que vocês escreveram nos ultimos meses. E esse link faria mais pelo que defendem do que qualquer uma palavra que o meu caro Porto possa escrever. Mas vou deixar de dar estas sugestões, já vi que não é por aí que querem caminhar.

"O problema do corporativismo nada tem a ver com a subsidio-denpendência e a transformação de Portugal num consumidor que se financia com atividades económicas baseadas em transferências de fundos europeus."

Por acaso até tem. A ligação em ambas está na necessidade do nosso tecido empresarial de uma protecção externa a si própria para sobreviver. No fundo são duas faces da mesma realidade.


(...)

Continuo amanhã! (e já agora na minha 1ª resposta politicamente incorrecta)

Paulo Porto disse...

@Stran

Não há apartheid de árabes em Israel.

"A ligação em ambas está na necessidade do nosso tecido empresarial de uma protecção externa a si própria para sobreviver. No fundo são duas faces da mesma realidade"

É ao contrário. A subsídio-dependência ou o protecionismo é que são a causa de economias débeis e não o contrário. Quando deixadas aa livre concorrência sobrevivem as empresas mais fortes. Logo, o tecido económico também fica mais forte. Quando entram subsídios ou protecionismos sobrevivem empresas-emplastro. É o que se passa com a Europa em geral e com Portugal em particular. A doença também alastrou aa America.

Não deixa de ser engraçado que liga o insucesso económico português ao modelo social europeu. Chegou lá de marcha atrás e sem olhar para o espelho, mas chegou lá.

ml disse...

Tenho que me render perante raciocínios brilhantes quando descubro algum por aqui.
Isto, Empolgamo-nos com direitos árabes em Israel apesar de os árabes terem mais direitos em Israel que nos seus próprios países,
tem tudo a ver com isto, Portanto, empolgamo-nos com tudo o que nos afasta de nós mesmos, com o que nos enxovalha e minimiza.


Empolgamo-nos com a integração no ‘maior bloco político e económico do mundo’, apesar de essa mesma integração ter arrastado a nossa economia para os domínios da indigência

Estávamos tão bem antes... E estaríamos complemente limpos deste lixo bancário se não andássemos atracados à Europa. Consta que na Sopa dos Pobres e na Mitra não houve problemas com as poupanças nos bancos. Era só manter o país inteiro dentro do Banco Alimentar Contra a Fome que as falcatruas financeiras nem cá tinham chegado.

Olivença sim, se as populações assim o desejarem, hoje não é possível de outro modo. Duvido é que o desejem, basta passar por lá num fim de tarde e observar a espanholização da vida da cidade. Está bem que colocaram calçada portuguesa, está bem que conservaram a vila alentejana e a toponímia, está bem que as armas de D. Manuel no Ayuntamiento estão bem visíveis e bem tratadas, mas as pessoas estão acima das pedras. Ainda há décadas se ouvia por lá o português, agora só aos turistas e a um ou outro idoso resistente.
Teria sido possível uma negociação até ao séc. XIX, quando o português era a língua do quotidiano, ou talvez até meados do séc. XX, quando a população ainda era bilingue, mas parece que tanto a monarquia como o Senhor Professor Doutor se acobardaram perante Espanha.
Como qualquer língua ultraminoritária, o português é ensinado nas escolas como opção. Quer dizer que já está a caminho do museu, como o Irish ou o bretão. É pena, também o lamento, mas não creio que os oliventinos o lamentem.

E para não ficar atrás e também relacionar assuntos que têm tanta ligação entre si como um nabo e um garnisé, se ao fim de 200 anos temos pretensões sobre um território que é nosso de jure, como é que os palestinianos não as terão ao fim de apenas 40? E mais agora que uma ministra qualquer de um governo criminoso tem planos para a instalação de mais colonatos em território que não lhe pertence.

E ainda sem abandonar assuntos que se ligam como água e azeite, bastava ter ouvido o Sarkozy no final da cimeira europeia e os 75 reunidos no Egipto para se perceber como a comunidade internacional se empolga com tudo o que se afasta dela mesma, com o que a enxovalha e minimiza, isto é, se empolga com o não reconhecimento da bondade de Israel em relação aos árabes e aos palestinianos.

Unknown disse...

"se ao fim de 200 anos temos pretensões sobre um território que é nosso de jure, como é que os palestinianos não as terão ao fim de apenas 40"

Ou os judeus, ao fim de 3000....

Unknown disse...

"a instalação de mais colonatos em território que não lhe pertence."

A quem pertence?
É que desde 1967 que se tenta entregar essas terras à Jordânia e aos "palestinianos", mas nem Jordânia quis, nem "os palestinianos" eram/são uma entidade jurídica.

Pertence "aos palestinianos"? A quais? Ao senhor Hassan ou ao senhor Mohamed?
E ao sobrinho deles? A quem é que Israel, Estado, deveria entregar a terra? Ao Hassan?
Já agora, porque é que os "palestinianos" não constituiram um estado entre 1948 e 1967 nessas mesmas terras? Não havia lá israelitas.

Ora diga!

Unknown disse...

"o não reconhecimento da bondade de Israel em relação aos árabes e aos palestinianos."

Bondade?
E porque razão Israel deveria ser "bondoso"?

Foi atacado mal nasceu ao som e frases empolgadas como estas:

1º ministro sírio: Ergam-se e eliminem o flagelo sionista.

Rei da Arábia Saudita: Que importa perdermos 10 milhões de pessoas se eliminarmos os judeus? Vale a pena.

Chefe da Irmandade Muçulmana: Os árabes devem aniquilar os judeus. Encheremos o mar com os seus corpos.

Mufti de Jerusalem e tio de Arafat: Matem os judeus. Matem-nos a todos!

Secretário-Geral Liga Arabe: Esta guerra será de extermínio e de massacres....

Foi atacado várias vezes depois disso. É atacado todos os dias com bombas, com rockets ,com a estupidez da esquerda europeia e com as ameaças de destruição total por um país que se está a dotar com armas nucleares.


Bondade?
Bondade perante uns palestinianos que se recusam a reconhecer a sua existência e tem escrito, preto no branco, na sua Carta Fundadora, que

"Israel will exist and will continue to exist until Islam will obliterate it, just as it obliterated others before it." ?

Bondade perante quem afirma que "The Islamic Resistance Movement believes that the land of Palestine is an Islamic Waqf consecrated for future Moslem generations until Judgement Day. It, or any part of it, should not be squandered: it, or any part of it, should not be given up. "?

Bondade para quem garante que "There is no solution for the Palestinian question except through Jihad. Initiatives, proposals and international conferences are all a waste of time and vain endeavors."?

Bondade?

Anónimo disse...

Stran:
Sobre a defesa dos direitos humanos:
"E desde quando é que é necessário autorização?"
Desde que esta defesa passou a ser feita seletivamente para minorias para atraí-las para a causa do "coitadismo", causa esta tão cara às esquerdas: direitos dos negros, direitos dos pobres, direitos dos árabes, direitos do diabo a quatro.
Todas estas "defesas" que puxam o saco de minorias em detrimento dos mesmos direitos das maiorias. Percebe a assimetria?
Daqui a pouco a verdadeira minoria (aquela tolhida de seus direitos) será mesmo o branco, pobre, heterossexual e casado. O diabo é que ninguem está lá para defendê-la. E indo ao final de teu comentário: este mesmo comportamento "pró-coitadismo" está gerando políticas assimétricas de proteção a estas minorias, tratando de forma desigual os (que deveriam ser) iguais. Tudo isso, paradoxalmente, para diminuir as desigualdades...

"Quando escreveu "algo valioso" quis dizer "um pouco valioso" ou "uma coisa valiosa"?"
O "algo" evidentemente se refere aos "direitos" em "direitos humanos". Pronome relativo?
Quis dizer "valioso".

ml disse...

Prezado, numa leitura em diagonal inevitável para fazer o scanning dos comentários, verifico que tornou a tropeçar na palavra 'bondade' e que só lhe ocorre o sentido cristão do termo.

Um bom dicionário, que rompendo com a tradição dos fiéis não vou recomendar, resolve-lhe rapidamente o impasse.

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

"A subsídio-dependência ou o protecionismo é que são a causa de economias débeis e não o contrário."

E se reparar eu não disse o contrário, eu apenas apontei para um facto - a nossa cultura - que propicia que apenas essas empresas sobrevivam no mercado.

O que quero dizer com isto é que existe uma desresponsabilização clara de uma componente activa do problema, que são as empresas. Todo este sistema (de proteccionismo e de subsidiodependência das empresas) é ou foi activamente promovido pelos empresários portugueses e é ilusório pensar-se que sem mudar a cultura destes algo de diferente aparecerá em Portugal.

"Quando deixadas aa livre concorrência sobrevivem as empresas mais fortes. Logo, o tecido económico também fica mais forte."

É preciso ter muito cuidado com a simplificação deste raciocinio. O que tenho visto é que as pessoas partem do pressuposto que "mais fortes" significa que são as melhores para as pessoas e isso é falso. "Mais fortes" não tem um valor qualitativo. Por exemplo num país com cultura de corrupção, mais forte significa as empresas mais corruptas, que são essas que sobrevivem.

Era interessante que o "mercado" fosse a varinha mágica que tanto apregoam para os problemas em Portugal, infelizmente não o é e os ultimos anos foram prova disso.

O que defendo é que sem mudança cultural dos empresários em Portugal a teoria liberal irá falhar, pois como esta teoria defende não sobrevivem as melhores mas as mais fortes.

Aliás a nossa entrada para U.E. (na altura C.E.E.) foi um bom exemplo disso mesmo. As nossas empresas, em vez de irem conquistar o mercado que se abriu, tentaram apenas garantir o pequeno mercado que detinham.

"Não deixa de ser engraçado que liga o insucesso económico português ao modelo social europeu"

Epá isto é que é "wishful thinking". E parece que não entendeu. Eu ligo o insucesso económico português à cultura portuguesa! E isto leva-nos onde eu fiquei ontem.

"Portanto, as conversas da convergência e nivelamento por cima foram larachas para embalar Strans."

Sabe qual foi a verdadeira laracha para embalar Strans?
Foi a que acabou de me contar e que tem multiplas facetas.
A de que a responsabilidade do insucesso do modelo económico português não é dos portugueses.

De que a responsabilidade é sempre de uma "entidade" externa e imaterial e que se pode traduzir em "Estado" ou "comunismo" ou "União Europeia" ou "modelo social europeu"! Nunca é nossa!

Nunca é da falta de ambição dos portugueses, ou da apologia de mediocricidade, que este blogue é um tão bom exemplo. E julgo que ainda pior que estas caracteristicas é o orgulho que temos nelas, e uma vez mais é extensa o rol de exemplos que este blogue proporciona!

"Teríamos crescido mais fora da EU? Admito que sim..."
Você é um verdadeiro "Wishful Thinker". Diga-me lá em que medida é que podiamos ter crescido mais?

"Sobre essa sua ideia de ligar casamentos e direitos humanos..., só mesmo se for associar divórcio a direitos humanos, de resto, não estou a ver."

Pois é normal que não esteja a ver. Julgo que basta ler os primeiros artigos da Carta de Direitos Humanos para passar a ver.

""quanto à protecção fiscal de quem tem filhos ela já existe!"

Tente explicar isso a quem tem 3 filhos e não consegue pagar €500 em Outubro para comprar livros para todos..."

É irónico que depois de criticar a subsidiodependência venha pedir MAIS SUBSIDIO.

Onde é que fica a verticalidade da sua posição? Pois os subsidios só são maus se não forem para si!

Um liberal diria nessa situação que: foi você que escolheu ter 3 filhos por isso a sociedade não tem nada que lhe pagar as suas opções!

"Não há apartheid de árabes em Israel"

Mas eles têm ou não os mesmos direitos que os Israelitas judeus?

Anónimo disse...

Cara Nausicaa,

"O comentarista das 17H18 não desiste."
Yep, fui verificar sou eu! Para a próxima peço-lhe encarecidamente que me trate por Stran, é que me poupa trabalho!

"Não lhe basta a notoriedade que os quinze minutos de fama foram-lhe oferecidos no corpo do blog dias atrás."

Isto já é um amor antigo que já ultrapassou os 15 minutos de fama. Anda distraida!

"Stran, ide lamber sabão. Vossos números e argumentos integram a farsa montada pelos chefes de redação dos principais noticiários de rabo preso nessa ideologia mentirosa."

Qual ideologia mentirosa? Consegue defini-la?

Anónimo disse...

Caro Anonimo,


""E desde quando é que é necessário autorização?"
Desde que esta defesa passou a ser feita seletivamente para minorias para atraí-las para a causa do "coitadismo",..."

1. O que é a causa do "coitadismo"? Consegue defini-la?

2. Ela não é feita selectivamente para minorias, mas sim para pessoas que ainda não usufruem da totalidade dos Direitos Humanos. Percebe?

"...causa esta tão cara às esquerdas:"

Não, não é monopólio da esquerda. E defendido por pessoas de direita também, e de centro! Raios que ideia que você tem das pessoas de direita? Que são monstros?

"...direitos dos negros, direitos dos pobres, direitos dos árabes, direitos do diabo a quatro."
Não, por enquanto ainda não lutei pelos direitos do diabo.

Quanto aos outros entenda uma coisa, a luta é pelos direitos HUMANOS independentemente de sexo, credo, raça, orientação sexual, etc...

"Todas estas "defesas" que puxam o saco de minorias em detrimento dos mesmos direitos das maiorias. Percebe a assimetria?"

Não, poderia-me explicar como eu tivesse a idade mental que os fieis pensam que tenho?

"Daqui a pouco a verdadeira minoria (aquela tolhida de seus direitos) será mesmo o branco, pobre, heterossexual e casado."

Porquê?



"E indo ao final de teu comentário: este mesmo comportamento "pró-coitadismo" está gerando políticas assimétricas de proteção a estas minorias, tratando de forma desigual os (que deveriam ser) iguais. Tudo isso, paradoxalmente, para diminuir as desigualdades..."

No caso especifico que eu mencionei é tornar igual uma situação que actualmente é desigual.

Paulo Porto disse...

@Stran

O problema de discutir consigo não é a sua visão infantil das coisas. O problema é que vc não percebe o que os outros dizem e na tentativa de sair disso inventa aquilo que a sua infatilidade lhe permite.

Por exemplo, eu digo-lhe que as pessoas não têm benefícios fiscais que correspondam aos encargos de ter filhos. O Stran responde que afinal eu sou a favor de subsídios. Ora, o que eu disse foi outra coisa.

É possível continuar, mas faz sentido. Vc não consegue perceber o que se diz.

Paulo Porto disse...

@ml

"Estávamos tão bem antes [da entrada para a UE]... E estaríamos complemente limpos deste lixo bancário se não andássemos atracados à Europa."

Não estávamos bem antes, como não estamos bem agora. Talvez até nunca "estejamos bem", afinal somos humanos.

Essa não é a questão. A questão é que aquilo que nos aconteceu na UE não fazia parte do guião. Desde logo porque as difenças de desenvovimento entre os vários países não se esbateram, antes aumentaram, ao contrário do que dizia a 'cantata'. Depois, porque estruturar atividades económicas a partir de milhões de euros/mês em subsídios, naturalmente não se traduziu numa estruturação saudável da economia.

Não adianta especular sobre se estaríamos melhor ou pior se não tivéssemos entrado na UE. Julgo mesmo que não é essa a questão. O que faz sentido é perceber que ou nós olhamos por nós mesmos fazemos as opções melhores em lugar das aparentemente mais fáceis, ou dá asneira.

Anónimo disse...

"O problema é que vc não percebe o que os outros dizem"

Como dizia Napoleão, o tolo tem uma grande vantagem: está sempre contente consigo mesmo.

Carmo da Rosa disse...

Paulo Porto, acerca das empolgações:

É verdade que os árabes têm mais direitos em Israel. E é verdade que os que se empolgam sistematicamente com os direitos dos árabes em Israel, nunca o fazem em relação aos direitos das populações de Darfur ou da Chechénia... Mas não estou muito convencido que haja assim tanta gente em Portugal a empolgar-se com os direitos de seja quem for, à excepção dos direitos do seu clube de futebol...

Quase na mesma ordem de ideias, gostaria de saber se há muita gente em Portugal que quer um TGV para Madrid, ou são apenas os directamente interessados e beneficiários do projecto?
Há uma alternativa mais barata para o TGV para Madrid? Ou isso nem sequer é necessário, porque julgamos que os madrilenos não querem visitar Lisboa e os alfacinhas quem lhes tira o Algarve tira-lhes tudo?

Todas as energias alternativas (vento, nuclear, sol, marés, etc) são bem-vindas, talvez umas mais do que outras, mas o importante é começar a pensar (a experimentar) no assunto para no futuro não ficarmos completamente dependentes de regimes pouco aconselháveis.

Não fosse a nossa integração no ”maior bloco político e económico do mundo” e estaríamos hoje provavelmente ao nível da Albânia... Sinceramente não estou a ver, apesar de ver o problema real da dependência ao subsídio, que alternativa económica poderia ter existido à integração na UE, mas sobretudo ao Euro.

É verdade que em Portugal deveria haver uma política para promover o crescimento demográfico, mas isso não impede de proteger os direitos das minorias: das mulheres, dos homossexuais, dos corcundas, dos emigrantes, dos deficientes físicos, dos oliventinos, dos jogadores do pau e dos animais. Nas sociedades mais decentes, mais democráticas, todas estas coisas são geralmente mais protegidas do que nas outras, em que apenas se empolgam para venerar o líder máximo, ou o Livro onde tudo está escrito!!!

A falta de auto-estima nacional está muito bem assinalada com a falta de presença dos nossos representantes em Olivença – note-se e louve-se o destaque que ‘nuestros hermanos’ deram ao assunto. Viva España! -, mas isto é um mal nacional que já vem de longe, sempre foi assim. Mas de qualquer maneira não é razão para não ser assinalado.

@ Paulo Porto: ”No meu corretor ortográfico, ’oliventino’ aparece assinalado como erro,....”

E no meu corrector ortográfico (Flip Mac), além de ’oliventino’, aparece assinalado como erro: Alzheimer, bacano, caralho, chuteiras, clicar, cricket, derbi, fúcsia (planta), hagiografia, mafoma, maricas, pólder e......... puta!!! Como vê, um indivíduo do Porto está praticamente impossibilitado de escrever ‘correctamente’. Mas eu fodo-os (este verbo também é assinalado como erro!) à meia-volta, porque no corrector existe um botãozinho que diz ADD, - e eu farto-me de ADDicionar...

@ Paulo Porto: ”Empolgamo-nos contra o português que os brasileiros falam, apesar de ser por causa de eles falarem português que o mundo sabe que a nossa língua existe e lhe dá importância.”

Absolutamente de acordo. Aliás, arranjo-lhe mais um adepto, o escritor José Eduardo Agualusa, que falando sobre o acordo ortográfico diz a certa altura o seguinte:

(...)

Este insidioso rancor contra o Brasil está, aliás, presente em muitos dos discursos contra o Acordo Ortográfico. Há portugueses aos quais parece incomodar o crescente empenho do Brasil na afirmação internacional do português. Noventa e cinco por cento dos falantes de português no mundo são brasileiros. Não fossem os cento e noventa milhões de brasileiros e o português teria menos relevância que o holandês ou o catalão. Os portugueses deveriam, sim, exigir mais empenho ao Brasil.

Recordo, a propósito, o caso do escritor português de visita ao Rio de Janeiro a quem alguém terá, estupidamente, recriminado o sotaque (querendo, talvez, referir-se à má dicção). Empertigando-se o português retorquiu: «Quem tem sotaque é você, a língua é minha.» Engano o dele. A língua é de todos quantos a vêm criando e recriando, com paixão e ternura, desde que ela se formou, e, mais tarde, se espalhou pelo mundo.

No que diz respeito ao sotaque, o erro não é menor: os especialistas em prosódia têm vindo a comprovar, através de engenhosos exercícios, que o sotaque de Lula da Silva está mais próximo do sotaque de Pedro Álvares Cabral do que o de Cavaco Silva. E não apenas o sotaque. A periferia tende a ser conservadora. Quase sempre muda-se a partir do centro, e terá sido também isso que aconteceu com o nosso idioma. Se, como receiam tantos portugueses, o presente Acordo Ortográfico forçar o português de Portugal a aproximar-se das variantes brasílicas, não haverá nisso tanto de deriva quanto de regresso. Ao aproximar-se do Brasil, está Portugal aproximando-se de si mesmo — está, afinal, a fazer-se mais português. Também nesse sentido o Brasil é o futuro de
Portugal.

PS. Quem quiser ler o artigo na totalidade veja a revista LER de 6 Nov. De 2008

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

"Por exemplo, eu digo-lhe que as pessoas não têm benefícios fiscais que correspondam aos encargos de ter filhos. O Stran responde que afinal eu sou a favor de subsídios. Ora, o que eu disse foi outra coisa."


Para não vir outra vez escrever o paragráfo anterio. Você é ou não a favor de "benefícios fiscais que correspondam aos encargos de ter filhos"?

Paulo Porto disse...

Caro CDR

Sobre a ortografia, testei duas das palavras que refere (assim aquelas duas que se destacam mais) no corretor do word e também dão erro. Afinal o assunto é mais grave do que eu pensava...


"Sinceramente não estou a ver, apesar de ver o problema real da dependência ao subsídio, que alternativa económica poderia ter existido à integração na UE, mas sobretudo ao Euro."

Esta é uma velha divergência nossa que espero se mantenha por muitos e bons.
Repare que antes do euro e da UE já havia economias melhores e piores. Quando o euro e a UE passarem continuará a haver economias melhores e piores. Os suiços ou os noruegueses podem explicar como se faz.

Quanto ao mais, o problema português era um problema de modernidade económica. Devia ter sido resolvido por ahi, com ou sem UE. Se uma empresa ou oportunidade de negócio forem boas, aparecerá sempre um investidor estrangeiro para as financiar. Quanto a subsídios que compram fidelidades e políticos, serviram apenas para criar negocios e rendimentos assentes em pressupostos sem auto-sustentação.


Já fiz o copy/past do texto do Águalusa. Vai dar jeito.

NachtEldar disse...

@Paulo Porto:
"Os suiços ou os noruegueses podem explicar como se faz."
Isto é que é uma soberba escolha de exemplos! A Noruega é produtora de petróleo e a Suíça é um offshore, tornando-se desnecessária qualquer explicação.
Quanto à questão europeia, o Stran (!) tem razão. É uma questão de cultura empresarial, num sentido estrito. Acrescento eu que a falha reside na mentalidade nacional, num sentido mais lato.
Portugal poderia nunca ter entrado na então C.E.E. e ter abraçado áreas de actividade económica no Atlântico Sul. E teria atingido a banca rota por volta de 1988? Talvez aguentasse até à Primeira Guerra do Golfo, soçobrando com a subida do barril de petróleo?
É que há 500 anos que não criamos riqueza! A mentalidade de dependência (de subsídios ou de redes estatais clientelistas) está solidamente implantada. O cidadão médio não pretende vingar, pretende "safar-se"...
Vinham as matérias primas das colónias e seguiam para a Flandres e outros países para serem transformadas. Nós comprávamos já transformado. Durante o Estado Novo acumulou-se ouro. Mas liberalizar a economia, apostar forte na formação e permitir a livre circulação de divisas em todo o território nacional, nem pensar!
E quando acabou a era colonial portuguesa, o país, improdutivo há séculos, teve que se voltar para a Europa. Cenário que, ao contrário da Irlanda ou da Espanha, não foi aproveitado. Novamente não se constituiu tecido empresarial forte nem se apostou na Educação/formação.
A integração na Europa talvez tenha sido mais saúdavel do que a tentativa de erger uma economia de vocação sul-atlântica. Mas sem ilusões: dado que não se aproveitaram os fundos, tem-se as praias, o vinho, o azeite, os queijos.
E a Albânia, prestes (numa escala temporal histórica, entenda-se...)a ultrapassar Portugal.

@Carmo da Rosa:
Caro, concordo ponto por ponto com o seu coméntário, excepto numa questão. Penso não ser necessário o Acordo Ortográfico - repare nas variantes do Inglês, língua omissa relativamente a acordos.
O Português de Portugal deveria seguir o exemplo do neerlandês - pouco falado, mas referência filológica. Quanto ao pretenso rancor ou a pretensas ininteligibilidades... Parecem-me fruto de más vontades.

@O-Lidador:

Fronteiras de 1967, revisão do regime de quotas no acesso ao ensino superior (instituido para Árabes Israelitas), Solução dos dois estados, nenhum colonato. Olho vivo e justiça pesada os Integrismos, islâmicos ou Judaicos.
O resto é discutir o sexo dos anjos.

Cumprimentos à equipa e ao Stran - o caro está mais desenvolto no estilo e no conteúdo.

ml disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ml disse...

Os suiços ou os noruegueses podem explicar como se faz.

Eu ia jurar que falta aqui qualquer coisa à listinha ... mmmm... alguém que também em tempos nos explicou como se faz...
Já sei!! A Islândia!

Com as convulsões suíças no abandono do sigilo bancário, não tarda as ovelhinhas irem-se chegando ao redil.

_____________________________

Sr. Carmo, apenas quatro ou cinco pontos contra a aberração chamada acordo ortográfico.
1. Essa do rancor contra o Brasil é mais uma teoria anti-qualquer coisa. Uma Kabala.

2. Por acaso, nesta situação concreta, quem mantém as formas mais antigas da língua é a norma portuguesa, os brasileiros há umas décadas valentes que deram uma carecada na etimologia. Mas isso é completamente irrelevante para o caso.

3. O Acordo é inútil, esbanjador e disparatado. O que dividia vai continuar a dividir, o que une não adianta nem atrasa e vai custar balúrdios ao erário público.

4. A justificação da aproximação da escrita com a fonética é completamente idiota. Há inúmeros exemplos em que a inovação gráfica força a alteração da pronúncia, coisa nunca vista em reforma alguma. Pelo contrário, a pronúncia era intocável. Desta vez foi o desleixo que se vê.

Se se pronuncia claramente sub-região, porque se há-de passar a escrever ‘subregião’?
Su-bre-gi-ão? Su-bro-da? A-bro-ga-ção?

5. Nem todos são Agualusas.

O Acordo Ortográfico de 1990, o tal que aí vem, é uma medida incoerente, oportunista, irresponsável, desnecessária. Os quase 100.000 portugueses que já assinaram um protesto na Net mostram como não é fácil enganar um povo. Simplesmente, o PR não deu ouvidos ao intenso clamor, e o Acordo lá passou. E agora? Choros convulsivos? Uma maciça desobediência civil? Qual! O Acordo contém, por nítida desatenção, um lado espantosamente saudável. Ora vejamos.
Até hoje, o grande critério para a ortografia do português era a etimologia. Escreve-se assim porque a forma original era esta ou aquela. Um segundo critério, menos produtivo, mas não menos eficaz, era a tradição. Escreve-se assim porque já o nosso bisavô o fazia. Estes critérios eram sacrossantos e produziram uma ortografia de desnortear os mais sisudos. Vamos ao dicionário ver onde está o ‘z’ em “vazar” e “extravasar”, ou o ‘u’ em “coscuvilhar” e “burburinho”. Inútil indignar-nos. A ortografia nunca perseguiu a fiel reprodução da fala. Quando calhava, óptimo. Quando não calhava, óptimo na mesma.
Mas o Acordo traz novidade, e das graúdas. Ponhamos por caso “amnistia”, “amnistiar”, “amnistiável”. Assim dizemos e escrevemos nós. Um brasileiro diz e escreve “anistia”, “anistiar”, “anistiável”. A leitura destas realidades foi sempre dúplice. Havia a imarcescível latinidade portuguesa, havia a natural evolução ultramarina. Altas justificações para a crueza dos factos. O mesmo valia para os nossos “subtil”, “súbdito”, “contactar”, “intacto”, etc., e para os brasílicos “sutil”, “súdito”, “contatar”, “intato”. Era a evolução.
O Acordo deixou-se de impressionismos. Muito pós-moderno, ele declarou tais diferenças um reflexo da prolação das elites. Ou mais chãmente: a reprodução das várias “pronúncias cultas locais”.
Mas espera lá: não vinha o mirífico Acordo unificar a escrita da ‘Lusofonia’? Claro. E bem tentou. Só que, no contorcionismo para uniformizar o impossível, rebentaram-lhe as costuras do outro lado. Isto é: o Brasil, cansado de ser ‘evolução’ dos usos portugueses, fez proclamar a igualdade das “pronúncias locais”, reconhecidas a partir de agora como o critério decisivo da grafia.
Isto, senhores, é simplesmente revolucionário. A ortografia deixa de ser ‘arbitrária’, ‘convencional’, para tornar-se, sem meias tintas, o reflexo duma fala efectiva. O que abre perspectivas nunca sonhadas. Podemos agora – libertos da camisa-de-forças da etimologia e da tradição, finalmente donos de nós próprios – dar ao nosso português uma escrita adequada e pedagógica.
Não era essa a intenção? É esse o precioso resultado.


Fernando Venâncio

Paulo Porto disse...

Cara ml

Não tem problema, eu acrescento a Islância à listinha. A Islândia representa dois bons exemplos: o primeiro, de como um país europeu vive bem sem a UE; o segundo, o resultado de imaginar que sobredimensionar a vertente financeira da economia resulta mal. Aliás, como sabem a GB e a Alemanha, por exemplo, onde os sistemas financeiros estão de rastos. E fazem parte da UE.

"Com as convulsões suíças no abandono do sigilo bancário, não tarda as ovelhinhas irem-se chegando ao redil."

Sim, ml, sonhe, mas não confunda sonho com realidade. Relembre sempre a URSS não esqueça que os seus sonhos podem não pasar disso mesmo.

RioDoiro disse...

ML:

"Com as convulsões suíças no abandono do sigilo bancário, não tarda as ovelhinhas irem-se chegando ao redil."

Posso estar enganado, mas se eu tivesse bué de taco, havendo um divórcio, não haveria melhor local para o guardar.

Eu suponho que a aparente tendência para se votar (autárquicas) em quem está de candeias avessas ao partido, mesmo no caso em que a coisa se estende à justiça, se deve à hipótese de haver 'garantias acrescidas' de rompimento perante a sugadora máquina partidária.

.

Paulo Porto disse...

Caro NachtElder

A Noruega tem petróleo, sim. A Holanda tem gás natural, a Islãndia tem uma poderosa industria pesqueira, os suiços são especialistas em fazer relógios e chocolate, e a lista continua.

O problema da UE é que as vantegens marginais de cada um são entregues à França e Alemanha, enquanto que a França e a Alemhanha ficam com as suas vantagens marginais para si. Em contrapartida a Alemanha tranfere uns subsídios para manter os políticos da periferia sob controlo. Resultado, o centro cresce mais que a períferia e tira partido dela, ao contrário daquilo que nos cantam as boas intenções.

Agora, que sobreveio a crise, ressalta de modo mais evidente o que está subjacente aa UE. Como sabe, os alemães e os franceses estão a fazer o que podem e não podem para impedir que as fábricas de automóveis saiam da Alemanha para os países de leste. Tal como aplicam taxas de importação para dificultar a chegada aa Europa de carros mais baratos do Japão. Como vê, a Europa é igual para todos, mas há uns que são mais iguais que outros.

Quanto a Portugal. Temos realmente um empresariado atrasado. É natural, somos um país provinciano.

Fala de não ser boa ideia sermos uma economia com vocação sul atlânitica. Pois está completamente equivocado. A vocação da economia portuguesa para o Sul é uma das mais importantes vantagens marginais de Portugal. Tente analisar quando e porquê Portugal foi o mais próspero dos países europeus.

E por falar em vantagens marginais portuguesas; Portugal possui uma das maiores zonas de pesca exclusiva do mundo de que não tiramos qualquer proveito como resultado da nossa integração na UE.

Paulo Porto disse...

Cara ml

A respeito do acordo ortográfico, cá está a nossa ml a praticar a sua melhor especialidade: ser desonesta e aldrabona. Coisa de ex-comuna impenitente,

"os brasileiros há umas décadas valentes que deram uma carecada na etimologia. Mas isso é completamente irrelevante para o caso. "

Mentira. Quem em 1911 deu um pontapé monumental na etimologia foi Portugal com a reforma da ortografia. Fê-lo à revelia do Brasil, que só alguns anos depois aderiu aa reforma.


"O Acordo é inútil, esbanjador e disparatado."
Todas as línguas plurinacionais têm uma ortografia uniforme, apesar de todas elas terem mais diferenças fonéticas do que o português. Exclui-se, o inglês, mas o inglês não é termo de comparação para o português nem para qualquer outra língua. O termo de comparação é o francês, o espanhol, o árabe, o alemão, até o holandês.

"vai custar balúrdios ao erário público. "
Vai coisa nenhuma. A grafia anterior não é ininteligível. A partir de um certo momento imprime-se com a nova grafia. Não sai mais barato nem mais caro.


"Se se pronuncia claramente sub-região, porque se há-de passar a escrever ‘subregião’?
Su-bre-gi-ão? Su-bro-da? A-bro-ga-ção?"

Trapalhona. O acordo não vai levar a alteração da pronúncia de ninguém. No alentejo vão continuar a escrever 'não' e a dizer 'nã' como fazem há 'séculos'. Eu, lisboeta, vou continuar a escrever 'peixe' e a dizer 'pâche'.
Acontece que caem as consoantes mudas, aquelas que não já não se lêem. Tudo dentro da linha de etimologia simplificada que rege a escrita em português. Qual o problema de escrever 'atuar' e dizer 'atual' em lugar de escrever 'actuar'?

Eu acho que a ml sabe muito bem isso tudo. Mas como o partido (desculpe, o Partido, que o respeiro é uma coisa muito bonita) foi o único que votou contra o acordo, a ml obedece e divulga.

Carmo da Rosa disse...

@ Paulo Porto: ”Esta é uma velha divergência nossa que espero se mantenha por muitos e bons. Repare que antes do euro e da UE já havia economias melhores e piores. Quando o euro e a UE passarem continuará a haver economias melhores e piores. Os suiços ou os noruegueses podem explicar como se faz.”

É verdade - é uma velha divergência nossa - que antes do Euro e da EU sempre houve economias melhores e piores, mas creio que os noruegueses e os suíços estavam (e estão) em melhores condições do que nós! Mas de qualquer maneira está feito está feito, agora o importante é tomar as devidas medidas para fazer avançar o barco, senão vamos ter terapia de choque...

@ NachtEldar: ”Caro, concordo ponto por ponto com o seu coméntário, excepto numa questão. Penso não ser necessário o Acordo Ortográfico.....”

Pois eu, caro NachtEldar, concordo ponto por ponto – e sem excepção – com o seu comentário.

Acerca do Acordo Ortográfico não tenho opinião, apenas enfiei o trecho do Águalusa para informar e alegrar a discussão. Com ou sem Acordo penso continuar a escrever da mesmíssima maneira que escrevia: daqui não saio, daqui ninguém me tira...

@ ML: ”Sr. Carmo, apenas quatro ou cinco pontos contra a aberração chamada acordo ortográfico.
1. Essa do rancor contra o Brasil é mais uma teoria anti-qualquer coisa. Uma Kabala.”


ML, quem fala em rancor é o Águalusa e refere-se ao Vasco Graça Moura. Aqui tem a parte do texto com a referência:

No Brasil, o Acordo Ortográfico entrará em vigor em Janeiro de 2009 e sua implementação será feita de forma gradual, de modo que as novas normas chegarão aos textos escolares em 2010, tornando-se obrigatórias a partir de 2012. Em Portugal e nos restantes países de língua portuguesa ninguém sabe muito bem quando o Acordo irá começar a ser aplicado. As vozes contra o Acordo fizeram-se ouvir logo que este foi aprovado, em 1990 — e reapareceram dezassete anos depois. Vasco Graça Moura, notável poeta e tradutor de poetas, para além de romancista e homem político, perspectiva o desastre. O desastre, sim. Um imenso desastre. Uma tragédia. Este Acordo é, escreveu Graça Moura em crónica
publicada no Diário de Notícias, «um documento que iria assassinar a
língua portuguesa a curto prazo».


PS. Pode saber-se de onde retirou o texto do Fernando Venâncio?

ml disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ml disse...

Coisa de ex-comuna

Meu caro PP, o que se confirma é o que se verifica desde sempre: a sua incapacidade de afirmar as suas ideias sem ser pelo negativo do retrato, contra qualquer coisa. Os seus adversários ideológicos têm que pertencer sempre a alguma coisa a que possa apontar o dedo, sejam eles judeus anti-semitas ou celtas anti-..., que nem entendi, porque formado em seitas é o caro PP e só ekm função delas se reconhece.
É isso que explica a sua necessidade de estar sempre a apontar o dedo a alguém, seja através das etiquetas seja dirigindo-se directamente ao comentador. Desconfio que se não houvesse opositores a quem atribuir estas e aquelas ideias ou características, que desconhece em absoluto porque desconhece as pessoas, não saberia o que fazer às suas.

Isto é psicologia de cordel mas no caso vertente não é preciso mais.

Quanto ao Acordo Ortográfico, já discuti o suficientemente consigo para perceber que entende tanto de língua, gramática e etimologia e como eu das seitas que a sua cabecinha constrói.


Vai coisa nenhuma. A grafia anterior não é ininteligível. A partir de um certo momento imprime-se com a nova grafia. Não sai mais barato nem mais caro.

Este simples parágrafo serve para ilustrar o quanto está por dentro do assunto.

NachtEldar disse...

Caro Paulo Porto:

Penso que não me expliquei da melhor forma.
Se a mentalidade vigente desde a época dos descobrimentos não se alterar, Portugal soçobra quer integrado na Europa ou fora dela, particularmente na opção sul-atlântica.
Eu não afirmo peremptoriamente que a integração na UE foi boa, exactamente pelo centralismo proteccionista do eixo franco-alemão e pelo desmantelamento da indústria e frota pesqueiras (e outras).
A nossa adesão foi feita com um custo colossal, em termos de opções económicas para o país.
Ou seja, pode definir-me como euro-céptico e, se ler um pequeno conto distópico que tenho no meu blog (Armilar Blindada), digo-lhe que não foi gratuita a referência ao "Califado Franco-germano": foi uma pequena "vendetta" ficcional...

Caro Carmo da Rosa:

Nem mais, quanto à grafia. Também não vou alterar a minha.
Relativamente à UE, já que Portugal entrou, convém evitar a "terapia de choque"...

Cumprimentos à equipa

Anónimo disse...

"Tente analisar quando e porquê Portugal foi o mais próspero dos países europeus."

Não faz as coisas por menos!!!

"E por falar em vantagens marginais portuguesas; Portugal possui uma das maiores zonas de pesca exclusiva do mundo de que não tiramos qualquer proveito como resultado da nossa integração na UE."

E também possui uma das maiores frotas da europa e somos dos paises que mais consome peixe da europa e mesmo assim não conseguimos tirar nenhum proveito disso.

Quer outro bom exemplo do factor cultural nos negócios: Vinho do Porto.

Paulo Porto disse...

@Stran

"E também possui uma das maiores frotas da europa "

Não, não possui, possuia antes de termos recebido subsídios da UE para abate de barcos em benefício da modernidade da frota "europeia". Por "europeia", no caso, deve ler "espanhola". A respeito de outros assuntos, como a vinha ou a agricultura, podia ler "francesa". Eu todo o caso, sempre que ler "em benefício de (o que quer que seja) europeia" escrito em qualquer documento da UE, pode tomar como garantido que não tem a ver com economia portuguesa, embora possa ter a ver com alguns bolsos portugueses.

ml disse...

Sr. Carmo, a opinião do Fernando Venâncio é conhecida e já não me lembro ao certo de onde tinha na altura tirado o texto. No entanto fiz uma busca na net e encontrei-o aqui.

http://bibliotecariodebabel.com/tag/fernando-venancio/

Coloco-lhe ainda outro artigo que me parece pôr um ponto final nos arrazoados de quem desconhece a função que as consoantes mudas tiveram contra a tendência de fechamento vocálico da norma portuguesa europeia.
E não é apenas a eliminação das mudas de que o F. Venâncio fala, a nova grafia de palavras como ‘subroda’ vai levar a que mais tarde ou mais cedo a leitura adulterada influencie a pronúncia. Como já disse, até agora tudo isto estava salvaguardado, o que levasse à descaracterização quer da leitura quer da grafia das palavras era acautelado. Agora muitas palavras ficam à mercê dos conhecimentos prévios e da escolaridade do falante-leitor e é só uma questão de tempo. Uma bomba-relógio, como diz o F.V.

Já nem falo nos custos que isto vai ter. Os editores querem saber quem paga a inutilidade da mudança, que calcularam que só em livros escolares será de 1,4 milhões de euros. Parece que alguém já terá dado a entender que a despesa ficará por conta do Fundo para a Língua Portuguesa, mas por enquanto está tudo fechado em copas.

E como ficam os milhares de escolas? Os milhões de dicionários, gramáticas, literatura infantil e juvenil que deixam de poder ser utilizados? Só para o Plano Nacional de Leitura e para o Programa A Ler+ o Ministério da Educação adquiriu nos últimos 3 anos milhões de livros e estamos a falar de uma população em fase de aprendizagem. A menos que abdiquem de vez da didáctica da língua portuguesa, terão que encontrar um meio de substituir tudo isto.
Um disparate que nos sai muitíssimo caro porque completamente inútil.


Dá-se, no nosso português, desde há séculos, um lento processo de fechamento (os linguistas falam em elevação) das vogais que, num vocábulo, precedem a sílaba tónica. Veja-se como pronunciamos «despertador», «adormecer», «metamorfosear», e como os pronuncia um brasileiro. Este processo de obscurecimento e consonantização da nossa fala vai seguramente prosseguir. E uma coisa parece certa: o novo Acordo Ortográfico vem dar-lhe um valente empurrão.
Admito que, com o Acordo, o livro português terá mais chances de continuar em África. E que um comunicado internacional em português não precisará, como hoje, de duas redacções. Mas aí acabam os benefícios do Acordo. Tudo o resto — e sobretudo a eliminação das consoantes mudas — é de duvidoso ganho e de muito provável perda. Ninguém, até hoje, fez as exactas contas. Mas é de crer que este Acordo saia caro ao português como o falamos.
Não me move qualquer fetichismo ortográfico. Acho que uma grafia que reflicta a pronúncia será sempre preferível a uma que só está ali para o chique. Acontece que, na grafia de Portugal, não é para o chique que as consoantes mudas ali estão. Elas são funcionais, e removê-las terá um preço. Essas consoantes têm operado como um travão ao fechamento do nosso vocalismo.
Hoje, pronunciamos com meridiana claridade as aludidas vogais (mas, leitor brasileiro, não a consoante que se segue) em «activo», «actividade», «reactivar». Em «factura», «facturar», «facturação». Em «directiva», «rectificar», «corrector», «receptivo». Em «adoptar», «adopção», «adoptivo». E assim em centenas de outros vocábulos.
Certo: a escrita do «c» e do «p» não garante a abertura da vogal a cem por cento. Já passámos a fechá-la em «actual», «actualidade», «reactualizar». E, enquanto ainda todos a abrimos em «actor», já é frequente ouvi-la fechar em «actriz». Fechámo-la já também — e isso não obstante a articulação da consoante — em «bactéria», em «factual», em «adaptar». A tendência para o fechamento não deixa, pois, quaisquer dúvidas. Os calafrios chegam-nos quando se ouvem locutores de rádio e televisão dizer «adutar» por adoptar e «adução» por adopção. Ou quando se nos fala em «col’tividade» (na RTP) e em «fâtôres» em jogo (na TSF). Desaparecidas as consoantes na escrita, o processo, não tenhamos ilusões, irá acelerar-se. Espera-nos um futuro literalmente sombrio.
Esta bomba-relógio não é, todavia, a única. O Acordo prescreve a escrita da consoante sempre que pronunciada. Assim, os brasileiros manterão «recepção», «concepção» ou «aspecto», e nós passaremos a grafar «receção», «conceção» (com previsíveis confusões com «recessão» e «concessão») e «aspeto». O grande problema é que nós, portugueses, estamos longe de qualquer unanimidade no pronunciar, ou não, do «c» e do «p». Daqui a anos, num mesmo jornal, na mesma página, um jornalista escreverá «cepticismo», «intelectual», «característico» e o colega «ceticismo», «inteletual», «caraterístico».
No mais recente Campeonato da Língua Portuguesa, Bárbara Guimarães, na SIC, ditando em directo um texto, pronunciou primeiro «o espéctro» e, em repetição, o «espétro». Um caso isolado, decerto. Mas este tipo de indecisão, já hoje corrente, simplesmente explodirá quando o Acordo entrar em vigor. Para nossa crescente insegurança. Guarde bem este Actual.


Fernando Venâncio (Expresso, Abril de 2008)

Anónimo disse...

"Não, não possui, possuia antes de termos recebido subsídios da UE para abate de barcos em benefício da modernidade da frota "europeia"."

Bem antes demais obrigado por ter escolhido este exemplo que bem retrata o que tenho afirmado.

Primeiro vamos ao números, Portugal é o 3º país em 21 da UE em números de barcos, sendo o 6º em tonelagem, o que confirma que ainda tem uma das maiores frotas.

Depois como bem disse recebemos subsidios para modernizar a nossa frota, o que era uma excelente oportunidade para nos tornarmos competetitivos.

O problema, como tem sido historicamente habitual, é que não aproveitámos esta oportunidade e não modernizámos a nossa frota. Podemos afirmar que ficamos literalmente a ver os navios passar...

Mas diga-me uma coisa: a concorrência já não é importante neste caso? Defende que neste caso ficariamos melhor com menos concorrência e mais protecção?

Paulo Porto disse...

@Stran

Está enganado.

Em 2006 Portugal tinha 4% do total da tonelagem navios da frota pesqueira do EEE, 8ª lugar. No entanto, é o país com a maior ZEE do mesmo espaço.

Quanto aos subsídios para a 'modernização' tem que traduzir para europês: subsídios para o abate.

Paulo Porto disse...

Cara ml

Os argumentos que apresenta não funcionam, como já tínhamos discutido antes.

1.Se uma consoante muda abre a vogal anterior, então porque é que dizemos âctual, e carâcterística? Num e noutro caso há uma vogal muda que não abre a consoante anterior, ao contrário do que diz.

2.Se uma consoante muda abre a vogal anterior, então porque dizemos oliveira, república, bebé, omnipresente, obrigado, e dezenas de outras palavras que têm uma vogal aberta não tónica sem uma consoante muda a segui-la?

3. Vou dar-lhe outro exemplo que evidência duma forma ainda mais conclusiva a falsidade dos argumentos do lobby dos livreiros portugueses. Em 1910 escrevia-se ‘occulto’, ‘occasião’, 'occidente, (etc, etc) sempre com ‘o’ aberto. Em 1911 passou a usar-se a ortografia atual, retirando a consoante muda. Passados quase 100 anos dizemos esses ‘o’s fechados? Não, continuamos a dizê-los e lê-los abertos.

Portanto, tirar consoantes mudas não tem nada a ver com abrir a vogal precedente. A tradição oral não é condicionada pela existência de consoantes mudas.

Também a vejo muito preocupada com a pretensão dos livreiros de faturar com substituição de livros que não precisam ser substituídos. Mas não vá atrás da conversa deles. Voltanto a 1911, quando a reforma ortográfica foi muito mais drástica, ninguém andou a substituir livros nem coisa nenhuma. Simplesmente se começou a escrever pouco a pouco usando as novas regras, nada mais.

Portanto, das duas uma, ou a ml não percebe nada disto, ou então tem quota em alguma editora.

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

"Está enganado"

A minha fonte é a seguinte: "http://ec.europa.eu/fisheries/fleetstatistics/index.cfm?lng=en"

Qual é a sua?

"Quanto aos subsídios para a 'modernização' tem que traduzir para europês: subsídios para o abate"

Mais uma vez está enganado, existem subsidios à modernização e subsidios ao abate. São duas coisas diferentes.

Depois este exemplo é paradigmático da nossa falta de cultura empresarial:

1 - temos uma grande zona pesqueira;

2 - Recebemos ajuda para nos tornamos concorrenciais (A europa poderia pura e simlpesmente abrir o mercado, que no fundo seria a solução mais próxima da ideologia que defende);

O que fizemos, nada! Ou melhor quase nada, recebemos os subsidios e não os aplicámos como deveriamos e agora aparecem uns quanto a culpar quem nos deu esses subsidios!!!

Se eu lhe der 100.000 para comprar um barco de pesca e você comprar um barco de recreio a culpa é minha de ter comprado um barco de recreio?

Mas voltando à questão, se tivessemos uma cultura empresarial desenvolvida, teriamo-nos modernizado (o sector teria se reestruturado), teriamos aproveitado as vantagens competitivas de Portugal e teriamos uma oportunidade de atacar os outros mercados! Não o fizemos. Somos maus nos negócios. Temos de reconhecer isso e deixar de culpar os outros.

Já agora volto a insistir: a concorrência já não é importante neste caso? Você defende que neste caso ficariamos melhor com menos concorrência e mais protecção?

Paulo Porto disse...

Caro Stran

Parece-me que ss dados que refere são de 2004 para a UE. Os que eu uso são de 2006 para o EEE. Ainda que exclua a Noruega e a Islãndia das contas, ocorre alguma degradação nestes dois anos.

Veja aqui:
http://themes.eea.europa.eu/IMS/ISpecs/ISpecification20041007132252/IAssessment1204722863502/view_content

Hão-de haver dados mais recentes. Vai uma aposta sobre o que entretanto aconteceu?

Anónimo disse...

Caro PP,

Obrigado pelo link (leio já de seguida).

"Vai uma aposta sobre o que entretanto aconteceu?"

Epá eu acho que vamos apontar mais ou menos a mesma previsão.

Já volto

Anónimo disse...

Caro PP,

Os meus numeros:

Numero de barcos: 3º país (da U.E.);
Tonelagem: 6º país (da U.E.);

Os seus números:

Numero de barcos: 4º país (da U.E.)*;
Tonelagem: 6º país (da U.E.)** (excluindo a Noruega e a Islândia);

Links:
*(http://themes.eea.europa.eu/IMS/IMS/ISpecs/ISpecification20041007132252/IGraphicSpec20050211110927/IGraphicExample20050211111038/show_full)

**(http://themes.eea.europa.eu/IMS/IMS/ISpecs/ISpecification20041007132252/IGraphicSpec20050211110926/IGraphicExample20050211111018/show_full)


Link a explorar:

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page?_pageid=1996,45323734&_dad=portal&_schema=PORTAL&screen=welcomeref&open=/&product=REF_TB_fisheries&depth=2

Sérgio Pinto disse...

A Islândia representa dois bons exemplos: o primeiro, de como um país europeu vive bem sem a UE; o segundo, o resultado de imaginar que sobredimensionar a vertente financeira da economia resulta mal.

Esta é capaz de ser a minha passagem favorita em toda a caixa de comentários. Junte aí a Argentina como exemplo de sucesso do FMI, já agora.

Anónimo disse...

"...ocorre alguma degradação nestes dois anos."

Por acaso a tendência é de estagnação, acho que me enganei na posição de Portugal nos meus dados em termos de número de barcos (julgo que é 4º)

Portugal segue a tendência europeia em numero de barcos e tonelagem, o que realmente é preocupante, pois mais do que os outros necessitamos de mudar a nossa frota (bem pior que nós estam os gregos), que se caracteriza bor barcos de menores dimensões. Logo o aproveitamento (e já agora a sua existência) um assunto muito importante.

Uma vez mais aponto para a nossa cultura. O nacional porreirismo, tão tipico nosso, de não criticar quem usava os subsidios para fins diversos àqueles que estavam destinados (jipes e afins), vai se pagar muito caro!

Quando o dinheiro diminuir é que vão acordar para a realidade de que deveriam ter gasto o dinheiro onde era efectivamente necessário!

ml disse...

Caro Paulo Porto

Eu prefiro levar as suas afirmações para o campo do ridículo do que para outro ainda mais penoso para si.

A sua ignorância é um autêntico obstáculo inabalável, nem a distância que vai entre si e os linguistas portugueses consegue avaliar.
Olhe, leia o segundo artigo do Fernando Venâncio que aqui coloquei, ele explica-lhe em termos muito, muito simplesinhos, porque é que se diz ‘âctual’ e ‘âctualidade’ apesar do ‘c’ mudo. Aliás, o artigo é mesmo sobre isso, mas talvez não se tenha apercebido, sei lá.

Se não se der bem com o Venâncio (acho que é amigo ou pelo menos conhecido do Carmo) porque pertence ao lobby livreiro (mais uma seita, a dos linguistas-livreiros), vá ao Lindley Cintra, ao Celso Cunha, ao Malaca Casteleiro (‘pais’ do acordo), à Maria Helena Mira Mateus, ao António Emiliano, à norma de 1945, a quem lhe apetecer, mas pelas alminhas deixe de fazer essas figuras. Quer dizer, digo isto por si, sei lá, por mim tanto faz.

E olhe, até dói ter que lhe repetir isto, mas que se há-de fazer? Porque é que insiste em papaguear coisinhas que leu, sem ter uma base mínima de conhecimentos que lhe permita perceber, ao menos,
que a consoante dupla em ‘occulto’ nada tem a ver com os dígrafos formados pelas consoante muda+consoante?


Voltanto a 1911, quando a reforma ortográfica foi muito mais drástica, ninguém andou a substituir livros nem coisa nenhuma.

E caro Porto, esta arruma de vez a questão, se dúvidas ainda houvesse.
Isto hoje foi dose, hein!
Balhamedeus!

Unknown disse...

Tem o seu quê de interessante ver a ml a tentar fazer crer que é tu cá tu lá pontapé na dita com os "linguistas portugueses" e a procurar enfeitar-se com a autoridade deles.
Táctica velha, ml.Tão velha como as ditas cujas.
Ó aqui pra mim, a citar linguistas...posso estar a dizer as maiores vacarrices, mas como cito o venâncio e o tarcísio, etc, estou toda pimpã...e é daqui qie disparo à vista.

Ora trate lá de assumir as suas opiniões e deixe em paz pessoas que não dizem nada do que você diz e nem estarão certamente interessadas em partilhar a sua companhia.

Sérgio Pinto disse...

É assim mesmo, lidado, continue a tresler. Agora chame lá o luisinho, que é o único que falta para completar o bando.
E, caríssimo, o especialista em citar autores que não conhece ou nem consegue compreender é você. Não se sinta ameaçado, as fronteiras do analfabetismo funcional estão bem definidas.

ml disse...

Ó prezado, a citação e a recomendação de autoridade é a sua prática mais corrente, certamente tenho que fazer um rappel da vacinação, que deve estar a perder a força.

Sabe que a linguística é uma ciência, conhece quem conhece. Não se trata de opinião, de ‘parece-me que’ nem de ‘eu gostava que’. Ou é, ou não é.

Quando estudou a gramática na escola não lhe perguntaram a sua opinião, assim como não lhe pediram o parecer sobre o Princípio de Arquimedes. Ou citava Arquimedes e recitava o sujeito e o predicado na ponta da língua, ou contornava a cabulice fingindo que tinha opinião diferente sobre o assunto.

Mas claro que o entendo, se não meter a colherada o formigueiro cerebral não passa.

Tá?

ml disse...

Sérgio, isto continua o Giroflé de sempre.

Ora diz-me lá tu porque o prezado é muito tímido, qual é a tua opinião sobre os números primos? E sobre as equações?

Concordas ou não concordas que existam? E caso entendas que sim, devem ou não continuar a existir?

Deixa lá os matemáticos em paz, trata de assumir as tuas opiniões.

Anónimo disse...

Meu caro Citador (lá tive eu de recuperar esta velha alcunha):

"Tem o seu quê de interessante ver a ml a tentar fazer crer que é tu cá tu lá pontapé na dita com os "linguistas portugueses" e a procurar enfeitar-se com a autoridade deles.
Táctica velha, ml.Tão velha como as ditas cujas.
Ó aqui pra mim, a citar linguistas...posso estar a dizer as maiores vacarrices, mas como cito o venâncio e o tarcísio, etc, estou toda pimpã...e é daqui qie disparo à vista."

Existe um pequenissima, ligeira diferença, quase não se nota, diferença entre você e a ML. É que a ML tem a capacidade de raciocinar sobre o que lê. Que fica claro na argumentação que desenvolve à volta da citação que utiliza para fundamentar determinada posição que defende.

Não é a mesma coisa que o meu camarada Citador faz quando transcreve uma passagem e fica preso às palavras da citação que utilizou, chegando por vezes a contrariar o próprio autor. O que é sempre engraçado de se ver!

Sérgio Pinto disse...

Ml, qual a importância dos matemáticos? Desde que um sábio, daqueles com visão holística e cuja competência esteja devidamente certificada com o carimbo 'fiel' (ou seja, um qualquer Scruton), marre nos matemáticos e decida que as equações são uma inutilidade, terão certamente razão (neste caso o melhor é esquecer "as opiniões" pessoais e usar o Scruton como bengala).

Ainda assim, "as opiniões" têm um papel evidente e que não deve ser descurado. Servem, por exemplo, para dizer que o Rodrik é keynesiano, mesmo que o próprio se assuma como neoclássico.

Tens razão, de facto isto não mudou nada. E o lado bom disso é que me continuo a rir de cada vez que te vejo a escrever nas caixas de comentários!

Unknown disse...

"a linguística é uma ciência"

"números primos"...

Bem, ml, o simples facto de equiparar a matemática, uma ciência exacta, com uma "ciência social", do tipo das que produz gnomos como Chomsky, Boaventura Sousa Santos e outras aberrações, diz tudo da confusão que vai nessa cabeça.

Não há um único matemático que discorde do objecto desta ciência.
Quanto à linguística, cada cabeça sua sentença, o que , no limite, faz de si tão linguista como o Zé das Couves.

Não há debate sobre os números primos.
Já sobre os assuntos da língua, é possível e fácil alinhar nomes sonantes a dizerem coisas que estão nas antípodas uma da outra.
É por isso que quando você se tenta albardar com "os linguistas", está apenas a usar alguns e a procurar fazer crer que "os linguistas" pensam assim e assado.
O facto de o fazer, demonstra a sua desonestidade intelectual. Num paper académico nunca usaria "os linguistas", mas sim "alguns linguistas".

Enfim...

Paulo Porto disse...

Cara ml

Portanto, venham citações de xenófobos emproados e a realidade que se lixe.

Tudo a bem dos lucros da 'quotazinha'. Não é a primeira vez que vejo um comuna anti-capitista dar voltas e revoltas e justificar uma herança rechunchuda ou a mesada rechunchuda que o pai-capitalista lhe dá sem ele precise fazer nada.

Já agora, não há também por aí uma citaçãozinha científica para "os brasileiros há umas décadas valentes que deram uma carecada na etimologia. "? Suponho que exista, tenho de reconhecer a sua apetência para citações cientificas que coisas que não existem.

Estas coisas lembram-me sempre o "socialismo científico", aquele que tornou feliz a humanidade. O problema foi a realidade, essa ingrata.

Paulo Porto disse...

@ml

A propósito do comentário que acabei de ler do Lidador, lembrei-me de algo que ilustra isto mesmo.

Refiro-me ao português que de fala na zona de Cedillo e Alcântara. Uns linguistas dizem que são resquicios da lingua galega dos colonizadores de há 6 séculos atrás. Outros cientistas dizem que se trata apenas de influências de portugueses que foram morar para uma zona relativamente desabitada e isolada.

Quais destes cientistas têm razão?

Há mais exeplos científicos do género.

Anónimo disse...

Caro Paulo Porto,

"Portanto, venham citações de xenófobos emproados e a realidade que se lixe."

Nós estavamos a falar de U.E. e linguistica e não de muçulmanos.

Que tal continuar a discussão dos barcos, dado que agora já temos dados mais concretos?

Caro Lidador,

"do tipo das que produz gnomos como Chomsky..."

Sendo Chomsky um gnomo, esso faz de si o quê? Um verme? Um atomo?

Unknown disse...

Um pouco de instrução para si, Stran:
Em 1967,Chomsky zumbia que havia “coisas admiráveis” no regime de Mao. E jurava que “o uso de terrorismo”, por parte dos revolucionários vietnamitas, era “justificado”.
Foi o principal defensor de Pol Pot (1975).Em 1980, ainda negava o genocídio de 21% da população cambodjana.
Ainda hoje se avinagra quando alguém lhe coloca uma questão sobre o assunto.
Protege negacionistas do Holocausto, e é admirado por Nasaralah, Chavez e outros cromos.

Sim, meu caro, é um gnomo.
E até um gnomo é um herói para os gnomos como ele.

Anónimo disse...

Caro Lidador,

O seu "gnomo":


Parece que MIT não achou o Chomsky tão "gnomo":

"Chomsky received a faculty position at MIT in 1955 and he has been teaching there ever since. In 1961 he was appointed full professor in the Department of Modern Languages and Linguistics; the graduate program in linguistics began the same year. In 1966 he was appointed Ferrari Ward Professor of Linguistics. In 1976, the linguistics and philosophy programs at MIT were merged and the Department of Linguistics and Philosophy was created; this has been Chomsky's home department ever since."
(in Dictionary of Modern American Philosophers)

E até parece que no seu campo não é assim tão "gnomo":

"First, Chomsky contributed substantially to a major methodological shift in the human sciences, turning away from the prevailing empiricism of the middle of the twentieth century: behaviorism in psychology, structuralism in linguistics and positivism in philosophy. Second, his groundbreaking books on syntax (Chomsky (1957, 1965)) laid a conceptual foundation for a new, cognitivist approach to linguistics and provided philosophers with a new framework for thinking about human language and the mind. And finally, he has persistently defended his views against all takers, engaging in important debates with many of the major figures in analytic philosophy..."

E não é que o seu "gnomo" já ganhou uns quantos prémios (gostei especialmente deste "George Orwell Award" - Award for Distinguished Contribution to Honesty and Clarity in Public Language):

"AWARDS: Junior fellow, Harvard Society of Fellows, 1951-55; research fellow at Harvard Cognitive Studies Center, 1964-67; named one of the "makers of the twentieth century" by the London Times, 1970; Guggenheim fellowship, 1971-72; distinguished scientific contribution from American Psychological Association, 1984; Gustavus Myers Center Award, 1986 and 1988; George Orwell Award, National Council of Teachers of English, 1987; Kyoto Prize in Basic Sciences, 1988. Honorary degrees include D.H.L. from University of Chicago, 1967, Loyola University of Chicago and Swarthmore College, 1970, Bard College, 1971, University of Massachusetts, 1973, and University of Pennsylvania, 1984; and D.Litt. from University of London, 1967, Delhi University, 1972, Visva-Bharati University (West Bengal), 1980."

Realmente comparado consigo só podemos considerar o Chomsky um gnomo, não é?

P.S. Caro Paulo Porto, caso esteja a ler ainda se recorda do que lhe disse sobre a cultura portuguesa?

ml disse...

Prezado

É evidente que não vou discutir consigo quem é gnomo e quem não é. Até porque, na linha editorial que lhe é habitual, não entende nada e deriva para assuntos colaterais para ver se leva a discussão para um ângulo que lhe seja mais favorável.
Se fosse desta vez que algum ponto de luz tivesse surgido na sua cabeça, teria percebido que indiquei autores de gramática ou que tenham contribuído para esclarecer regras gramaticais, o que é tão científico como a explicação dos números primos ou das equações. Saber como e porquê uma palavra se pronuncia assim ou assado, através do traçado etimológico, é tão sujeito às regras da pesquisa, formulação de hipópteses e comprovação como qq ciência.

Então, para que a minha desonestidade intelectual na selecção de autores seja despida em praça pública, vá a uma biblioteca, peça todas as gramáticas que se publicaram em Portugal pelo menos desde 1911 e indique-me uma – UMA chega – que diga o contrário do que aquí afirmo em relação à manutenção consoantes mudas.
Vá lá, só uma, para que não seja a sua palermice a ficar mais uma vez exposta.


O facto de o fazer, demonstra a sua desonestidade intelectual. Num paper académico nunca usaria "os linguistas", mas sim "alguns linguistas".

Agora deu-me para acabar os comentários com as ‘pérolas’ dos fiéis.

_____________________________________________________


Caro Porto, também vi o seu comentário em bicos de pés por detrás do ombro do prezado. E claro, mais uma seita para a lista: xenófobo emproado anti...? Tem que me dizer o resto, não adivinho o que lhe passa pela cabecinha, limito-me a ir elaborando a lista.


Já agora, não há também por aí uma citaçãozinha científica para "os brasileiros há umas décadas valentes que deram uma carecada na etimologia.

Mas sabe que por vezes dói mesmo que desentenda constantemente o que se discute? Obriga-me a explicações que deveriam ser desnecessárias, mas vá lá.

Não vou fazer a história dos desacordos ortográficos entre Portugal e o Brasil, fica para uma outra altura porque agora tenho mais que fazer. Mas neste caso concreto da queda das mudas, como disse ao Carmo da Rosa, o Brasil deu há muitas décadas, depois de mais um desentendimento com Portugal, a carecada que nós agora vamos dar.

Percebeu desta vez, Paulo Porto? Se não, disponha, cá estou para repetir as vezes que for preciso. Se for necessário afixo aí a explicação num canto qualquer.

O seu segundo comentário, embora aparentemente dirigido a mim, é um prolongamento do entendimento acutilante com que o prezado tem seguido esta discussão. Entenda-se com ele e para a outra vez seja mais autónomo porque apesar de tudo acho que está uns centímetros mais avançado do que ele.

Paulo Porto disse...

@ml "Mas neste caso concreto da queda das mudas, como disse ao Carmo da Rosa, o Brasil deu há muitas décadas, depois de mais um desentendimento com Portugal, a carecada que nós agora vamos dar. "

A ml está a fazer figuras tristes.
Leia e aprenda:

"Esta reforma da ortografia [1911], a primeira oficial em Portugal, foi profunda e modificou completamente o aspecto da língua escrita, aproximando-o muito do actual. Foi, pode dizer-se, uma mudança verdadeiramente radical e feita sem qualquer acordo com o Brasil"

"O essencial da reforma ortográfica de 1911 [que só foi feita em Portugal] foi acabar com o despotismo da etimologia, aproximando a ortografia oficial de uma escrita fonética."

O projecto da Academia Brasileira de Letras de 1907 acabou por não ir por diante e, por outro lado, Portugal cometeu o absurdo erro de avançar sozinho para a reforma. Assim, e apesar de a reforma portuguesa ser defendida sem alterações, para uso no Brasil, por filólogos brasileiros do calibre de Antenor Nascentes e Mário Barreto, o certo é que, durante alguns anos, ficaram os dois países com ortografias completamente diferentes: Portugal com uma ortografia moderna, o Brasil com a velha ortografia pseudo-etimológica.

"Foi em 1924 que as duas Academias, a Brasileira de Letras e a das Ciências de Portugal, resolveram procurar uma ortografia comum. Claro que, para isso, o Brasil teria que se aproximar de Portugal, que, na altura, caminhava na frente. Houve em 1931 um acordo preliminar entre as duas Academias, em que se adoptava praticamente a ortografia portuguesa. Assim se iniciou o processo de convergência das ortografias dos dois países com um reconhecimento quase total, por parte do Brasil, da superioridade da ortografia portuguesa."

Este texto é de Manuel Mendes Carvalho. No caso, pode consultar também a Wikipedia; não se tratando de política, é fiável.

Depois disto, só tenho que lhe pedir para parar de ser alarde na exibição da sua igorância.

Unknown disse...

"indique-me uma – UMA chega – que diga o contrário do que aquí afirmo em relação à manutenção consoantes mudas"

Mas você acha mesmo que eu estou interessado nas consoantes mudas?
Ou que li o que você diz que afirmou sobre esse magno problema?

Read my lips: estou-me nas tintas para as consoantes mudas, ou surdas, ou surdo-mudas ou tartamudas, ou-lá-o-que-é (dou-lhe um doce se me souber dizer qual o famoso escritor que usa muito esta expressão).

Eu só me estou a pronunciar sobra a sua impostura.

Anónimo disse...

Caro Lidador,

"Ou que li o que você diz que afirmou sobre esse magno problema?"

Que monumental frase de apologia da ignorancia!!!

E depois de dizer isto ainda pensas que alguém o leva a sério?

ml disse...

Mas ó Paulo Porto, o que é que não entende, balhamedeus? Como é que não foram os brasileiros os primeiros a dar a carecada nas mudas que o próprio acordo de 1931 salvaguardava, se nós só agora é que o vamos fazer?
Será isto chinês? Árabe? Quirguízio? Estarão os articulados escritos num português assim tão complicado para si?

1) 1931 - Acordo ortográfico Portugal/Brasil

Apesar disso:
2) 1943 - Brasil – Formulário Ortográfico: diretor, ótimo

3) 1945 - Acordo Portugal/Brasil

Apesar disso:
Portugal: director, óptimo
Brasil: diretor, ótimo

4) 1990 - Acordo Portugal/Brasil
Portugal: diretor, ótimo
Brasil: diretor, ótimo

5) 2009 – Portugal passará a adoptar a ortografia ‘diretor’ e ‘ótimo’ que o Brasil utiliza há décadas.

6) Ora explique lá muuuuuuuuito devagarinho como é um país que em 1943 reafirma a eliminação de todas as mudas, mesmos as excepções previstas no acordo de 1931, não lhes deu uma carecada antes de um país só as vai eliminar em 2009?

7) Algo me diz que ainda não é desta.

8) Deixe lá a Wikipédia e consulte sites credíveis, como o Portal da Língua Portuguesa ou o Instituto Camões. Ou o Ciberdúvidas, que faz um bom apanhado disto tudo.

E se voltássemos antes para a política, sei lá? É que aí é uma questão de opinião e já disfarça melhor quando se põe a esbracejar irracionalmente contra factos. Se não vier com enormidades como ‘o avanço civilizacional’ do sistema de saúde americano, claro, porque aí voltamos à fé que renega os factos.


_____________________________



Prezado, porque é tão palerma que insiste em meter-se no meio de discussões das quais não entende um boi, e acaba a dizer que só pretende pronunciar-se sobre uma impostura que não sabe qual é?
Não se descomponha desse modo, um blogue não vale tanto desgaste. E a minha pessoa muito menos.

ml disse...

Stran, o nosso prezado não aspira a uma credibilidade que nunca teve a não ser entre os fiéis.
Sempre o conheci a lançar mão de aldrabices primárias para arredondar as teses da cartilha, e que neste caso nem sabe quais são.

ml disse...

Sendo Chomsky um gnomo, esso faz de si o quê? Um verme? Um atomo?

Só agora passei uma vista de olhos por esta 'temática', porque na verdade já muito raramente dou atenção à gritaria, histeria, propaganda básica do prezado sobre as coisas mais absurdas, em que só um fanático como ele cai.

Essa do Chomsky ter sido apoiante do Pol-Pot só mesmo de quem não tem os cinco bem aferidos. Não lhe perdoam ser quem é e não alinhar com as impunidades do sol-da-terra2, como os apoios ao Pinochet, ao Suharto, ao Saddam e ao próprio Pol-Pot.

A China não foi o único país a apoiar Pol-Pot. De 1979 até 1991 Washington apoiou indirectamente os Khmer Vermelhos, então um dos componentes da coligação da guerrilha contra o governo vietnamita instalado.

New York Times, 1997

Usam sempre a mesma táctica. Aliam-se a ditadores para obter determinados objectivos, e depois atiram-nos às feras para obter outros e contentar os fiéis admiradores que os seguem de rastos.

Luís Oliveira disse...

"Não lhe perdoam ser quem é e não alinhar com as impunidades do sol-da-terra2"

Ai não que não alinha!

"In the days after [9/11], he raised his speaking fee from $9,000 to $12,000 because he was suddenly in greater demand."

ml disse...

"Não lhe perdoam ser quem é e não alinhar com as impunidades do sol-da-terra2, como os apoios ao Pinochet, ao Suharto, ao Saddam e ao próprio Pol-Pot."

Li o artigo da Hoover Institution à pressa, é certo, mas de alto a baixo, e não vi por lá sinal de alusão ao colaboracionismo entre os Estados Unidos e Pinochet, Suharto, Saddam ou Pol-Pot.
Cada vez me convenço mais de que existe online um alfabeto paralelo subliminar, que conecta e desconecta conforme a capacidade de processamento do leitor.

Anónimo disse...

ML,

"Sempre o conheci a lançar mão de aldrabices primárias para arredondar as teses da cartilha, e que neste caso nem sabe quais são."

O mais interessante é que daqui a pouco vem cá dizer que os outros vêm aqui falar do que não sabem ou não leram. Eu sempre pensei que isso era uma critica, vejo agora que para o Lidador é uma virtude!

"Usam sempre a mesma táctica. Aliam-se a ditadores para obter determinados objectivos, e depois atiram-nos às feras para obter outros e contentar os fiéis admiradores que os seguem de rastos."

A nossa sorte na II guerra mundial é que Hitler nunca foi uma vantagem competitiva para os USA e não conseguiu/quis chegar a um acordo de paz com Inglaterra.

Anónimo disse...

ML

"Cada vez me convenço mais de que existe online um alfabeto paralelo subliminar, que conecta e desconecta conforme a capacidade de processamento do leitor."

LOL

ml disse...

Stran

Sim, em termos políticos não houve alianças declaradas, mas em termos económicos foi uma roda-viva de empresas e bancos americanos a colaborar na ascenção do 'glorioso império para mil anos'. E a viagem dos dinheiros 'democráticos' à volta do mundo para ir apagando a pista americana, só com guia especializado se consegue reconstituir.

E vou deixar em banho-maria a colaboração científica/genética para quando voltarem as moralidades selectivas. Há mais marés que marinheiros.

Paulo Porto disse...

Cara ml

Estava eu a achar um piadão a mais um exemplar exercício de desonestidade intelectual a que a nossa ml já nos habituou, e veio-me à ideia um figurão... o Vale e Azevedo!

Sim, ml, está toda a gente errada, a wiki e quem publica sobre estas coisas também. Mas a ml está certa. E já que a ml faz de Vale e Azevedo, terei eu de fazer de Vilarinho. Vai dahi, tome lá um cheque em branco e vá aa sua vida, que eu vou-me ao whisky.

ml disse...

Está bem, Paulo Porto, eu sou isto e mais aquilo e tudo aquilo que o 'cimento moral e ético' lhe sugerir, mas para isto não tem resposta:

Brasil - 1943
Portugal - 2009

Noves fora, zero. O costume. Conhecimentos para interpretar até o esquema cronológico que o Manuel Mendes de Carvalho apresenta, nicles.

Deixe lá, o futebol é muito mais importante, é pena eu não entender os seus paralelismos. Mas dê cumprimentos meus a esse tal Vilarinho, que bem deve merecer o whisky, sei lá. Ao outro dê antes whiskey, é muito mais fino.