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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Puzzle

Raios me partam se percebo patavina desta história.

Quando um governo qualquer falou em genéricos as farmácias e os médicos opuseram-se. O governo cascou nas farmácias e os médicos por estarem contra os genéricos.

Depois tentou que os doentes pudessem optar por genéricos à revelia do médico. O Infarmed tratou de gerar uma lista de princípios activos para permitiria estabelecer a compatibilidade entre medicamentos. As farmácias opuseram-se, os médicos também.

Depois tentou obrigar os médicos a prescrever pelo princípio activo. As farmácias opuseram-se, os médicos idem.

Depois as farmácias entraram no negócio dos genéricos e ... o governo opõe-se a tudo o que queria anteriormente. Os médicos estão com o governo.

Desisto.

7 comentários:

Anónimo disse...

Aqui no Brasil também tivemos vários problemas na implantação dos medicamentos genéricos. O segredo para entender a coisa é simples: "follow the money". Acrescento que, aqui, a implantação dos genéricos veio no bojo de uma lei que autoriza o governo a quebrar patentes se ficar comprovado abuso por parte dos grandes laboratórios. Também observo que nenhuma patente precisou ser quebrada até agora, pois os laboratórios aprenderam neste ínterim a ganhar dinheiro com os genéricos.
Para entender este triângulo (pelo menos no Brasil): os médicos são bombardeados com agrados pelos laboratórios: congressos em lugares paradisíacos que mais parecem férias do que trabalho (duas horas de palestras para cada dois dias de sossego, banhos de sol e muitas cervejas geladas, por exemplo). Ocorre que assim eles tambem são "incentivados" a receitar os medicamentos de seus "sponsors" por assim dizer. Além do que eles estão acostumados há décadas a receitar medicamentos pelo seu nome de mercado e não pelo nome genérico.
As farmácias: ao substituir os medicamentos pelos remédios genéricos eles aumentam suas rendas devido às diferentes alíquotas de impostos que incidem nestes ingredientes, por assim dizer.
O governo: é mais difícil para o governo fiscalizar as farmácias do que os laboratórios. Não conheço o caso português, mas aqui eles notaram rapidamente a queda de arrecadação, logo compensada com o aumento da fiscalização sobre os laboratórios que produzem os genéricos.
Espero ter ajudado a compreeender o imbróglio.
[ ]´s

Anónimo disse...

É realmente complicado. São todos como os putos com a perrice.

Azrael disse...

Eu explico, segundo o meu ponto de vista, apesar de o anónimo já ter abordado o assunto.

As farmácias nunca se opuseram à prescrição por DCI. Muito pelo contrário.

De facto, é o único tipo de prescrição que tem lógica salvo raras excepções. O que realmente importa num medicamento é a sua substância activa e a concentração que esta atinge no organismo do doente. Ou seja, desde que dois medicamentos tenham a mesma substância activa e a mesma biodisponibilidade, têm o mesmo efeito no organismo.

As farmácias defendem precisamente que a autoridade do médico deve acabar na determinação de qual o substância activa necessária para tratar o doente. Defende também que deve ser a farmácia a decidir qual o laboratório ao qual compra o medicamento correspondente a essa substância activa e não o médico prescritor como acontece agora.

Em portugal todo o conceito de medicamento genérico foi desvirtuado e apareceu o genérico de marca que não foi mais do que uma forma de os médicos manterem o seu poder de decisão podendo escolher um medicamento genérico em detrimento de outro sem qualquer justificação clínica para isso.

A verdadeira motivação por detrás do finca pé da Ordem dos Médicos é o facto de que, mantendo sob a alçada dos médicos a decisão da marca dispensada ao doente, garantem que será neles que serão investidas as quantias bilionárias de propaganda médica que vão desde férias em locais paradisíacos a electrodomésticos, jantares e mesmo pagamento à comissão mediante o número de medicamentos receitado. Além disso penso que seja também uma questão poder pelo poder.

Do lado das farmácias, neste momento, muitas debatem-se pela dificuldade em dispensar de imediato aos seus utentes o medicamento x da marca y porque existem para alguns medicamentos mais de 700 marcas diferentes e porque é de todo impossível ter em stock todas as marcas que eles prescrevem em simultâneo.

Por outro lado, tal como em todas as transacções comerciais, uma compra de grandes quantidades da mesma marca permite descontos comerciais ou bonificações que permitem o decréscimo do preço dos mesmos.

Não é preciso pensar muito para perceber de que forma é que o utente sai beneficiado pela medida defendida pelas farmácias graças aos preços substancialmente mais baratos dos genéricos.

RioDoiro disse...

Caro Azrael,

Sem prejuízo do que afirmei sobre o caramelo da ANF (http://range-o-dente.blogspot.com/2005/09/joo-cordeiro-e-pide.html) e tendo em atenção o que fui ouvindo ao longo dos últimos 10-15(?) anos, parece-me que a sua explicação faz sentido.

Azrael disse...

Já não me recordo qual o tema desse prós e contras mas julgo que tenha sido o programa subsequente ao anuncio da liberalização da propriedade das farmácias.

De facto o Cordeiro sempre teve esse estilo de afronta ao poder, o que por vezes traz maus resultados. No entanto não nos podemos esquecer que nessa altura a verdadeira e primeira ameaça tinha vindo da parte do governo que logo na tomada de posse prometeu a liberalização da propriedade das farmácias.

Esse é outro assunto que é complexo e sobre o qual a generalidade das pessoas está muito mal informada, no meu entender.

Resta-me dizer que a ideia que tenho é que sempre apreciou a liberdade de expressão

RioDoiro disse...

Caro Azrel,

Já não me lembro de pormenores do Prós e Contras, mas lembro-me, de facto, de duas coisas. Uma delas, a que referi no post, a 'afronta'.

Mas ouve outra que, se calhar, transformarei em post. A história dos pagamentos.

Era óbvio que o ministro se sentia bastante apertado por ter que negociar com o Cordeiro que, independentemente de optar por um tom trauliteiro, fazia o papel dele. Também eu gosto de chamar os bois pelos nomes, muito embora me parecesse que, no caso, o Codeiro perdia mais do que ganhava. O ministro não era parvo (pelo menos no momento) e tirou partido da coisa metamorfoseando-se em cordeirinho face ao lobo-mau.

De qualquer forma pareceu óbvio que o aparecimento da ANF resultou da história do incumprimento reiterado das obrigações do estado em termos de pagamento. Pela ANF as farmácias ganharam (entre outras coisas) poder negocial incluindo a possibilidade, em tribunal se necessário fosse, de reclamar juros.

O ministro estava piurso e queria (queria) passar a pagar atempadamente às farmácias de forma a esvaziar o papel da ANF. Bem, com a sobrevivência não se brinca e o Cordeiro dava saltos de corsa.

A realidade demonstrou que o estado continuou a pagar tarde e más horas ... e o Cordeiro averbou, a prazo, uma vitória.

Em relação à liberalização da propriedade (uso o termo sem preciosismo), parece-me que deva ser feito, desde que garantindo (mesmo - sem subterfúgios), que quem lá trabalha sabe o que faz.

Suponho que ao uso do termo 'liberalização' vem agarrado o carimbo "não interessa como", coisa que me parece não fazer sentido.

Também gosto de ter ao cockpit alguém que não perceba apenas de poda.

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RioDoiro disse...

Desculpe, queria ter escrito Azrael.

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