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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Teatro de fantoches

"No meu tempo", como se costuma dizer, havia muitos teatros de fantoches, ou "robertos", como também se lhe chamava.
Basicamente eram uns biombos com aberturas engalanadas, atrás das quais uma ou mais pessoas enfiavam os braços nuns bonecos, faziam vozes ridículas e contavam histórias nas quais os bonecos eram as personagens.
E os bonecos saltavam, irritavam-se, batiam-se, beijavam-se, dançavam, berravam, etc.
Para miúdos e graúdos era um a festa. Tomava-se partido, odiava-se o fantoche mal-encarado, gostava-se do fantoche mais simpático, aplaudia-se, apupava-se, comentava-se, enfim, vivia-se a estória como se os bonecos fossem reais.
Mas não eram....por trás deles estava, na maioria das vezes, o mesmo titereiro.

Não sei porque razão, lembrei-me disto a propósito das "eleições" iranianas.

5 comentários:

Carmo da Rosa disse...

lidador: “...lembrei-me disto a propósito das "eleições" iranianas.”

É engraçado, eu também me lembrei do mesmo, mas a propósito das eleições para o Parlamento Europeu em Portugal. E porque não em relação ao Irão?

Porque a diferença entre Moussavi e Ahmadinejad, pela força das circunstâncias, é muito maior do que a existente entre Vital Moreira e Paulo Rangel.

Unknown disse...

Cdr, o Vital e o Rangel têm vontade própria, pensam pela sua cabeça, e, a não ser que o Cdr tenha uma qualquer informação que eu não tenho, não há atrás deles um titereiro a falar por eles, para que nós, os espectadores batamos palmas.

Não é o caso do Irão.
Quem escolhe os candidatos é uma e a mesma pessoa, e quem decide os seus movimentos após a eleição, é uma e a mesma pessoa.
Você atira tomates a um deles e flores ao outro e enquanto faz isso, o titereiro está na sombra, fora do alcance dos protestos, a dirigir o espectáculo.
É um gajo esperto. É o responsável pela bostada mas os espectadores atacam o boneco e dirigem-se a ele, para que mexa o boneco de outra maneira, ou para que mude a cara do boneco.

Você veja que o titereiro está num plano superior. Por exemplo, se algum dia houver uma reunião de alo nível entre o Irão e os EUA, terá de um lado o Sr Obama e do outro um boneco.
O líder verdadeiro está noutro plano.
É do caraças, mas é assim mesmo.
Você pode dizer que o Sr Obama tb se reune com o 1º ministro inglês e não com a Rainha, mas acontece que a Rainha não tem real poder. É apenas um símbolo.
No Irão, pelo contrário...

Carmo da Rosa disse...

@ lidador: “Quem escolhe os candidatos é uma e a mesma pessoa, e quem decide os seus movimentos após a eleição, é uma e a mesma pessoa.”

De acordo, mas como os candidatos não são TOTALMENTE titeriteiros há falhas no plano. E o que está acontecer no Irão é bem mais grave, e terá repercussões muito maiores do que uma simples escolha entre Rangel e Vital Moreira, ou entre Sócrates e aquela senhora mumificada do PSD que nunca sei o nome – por muito que todos eles pensem pela sua cabeça.

Aliás, os Grandes Ayatolas em Qom (ex. Montezari) estão divididos e Ali Khamenei já foi obrigado a sair da sombra, já foi obrigado a tomar uma posição. Uma posição que não é aquela que o seu protegido, Ahmadinejad, desejaria. Por outro lado, já mataram mais gente que na nossa Revolução dos Cravos e continuam a prender gente da ‘oposição’, mesmo gente ligada ao ex-presidente Khatami. O que significa que não se trata apenas de uma troca de palhaços!

Mas a notícia mais importante, é o facto dos jogadores da selecção de futebol do Irão, no jogo de qualificação contra a Coreia do Sul, terem jogado com fita verde enrolada no punho, em sinal de apoio a Moussavi. Quando isto já chega aos futebóis significa que a coisa vai mesmo muito mal...

(Se o Eusébio, o Mário Coluna (!), o Simões e o José Augusto em 1966 tivessem mandado gravar nas camisolas ABAIXO A GUERRA COLONIAL, QUEREMOS DEMOCRACIA o 25 de Abril não tinha sido em 74 mas, vá lá, em 68)

Moussavi, tal como Kubichek na Checoslováquia (outro titeriteiro), quer apenas com ‘un islam à visage humain’ salvar o regime, só que isso, sem grandes reformas não é possível... Reformas significa que os Mullás vão ter que arranjar trabalho, e eles não sabem fazer mais nada se não rezar, decorar o Corão e cortar cabeças...

Unknown disse...

Não está mal visto, não senhor, de facto neste caso, um dos bonecos ganhou vida, como o Pinóquio, apesar de ter sido fabricado pelo Gepeto.
Mas creio que o Gepeto tem força suficiente para lhe tirar o sopro vital.
Umas cosméticas aqui e ali, e dentro de uns dias volta tudo ao mesmo.
Ou temos um 1989, em Berlim, ou um 1989 em Pequim.
Penso que será Pequim...

Sintomático disto tudo é o camarada Chavez já ter vindo fazer declarações de apoio ao Amadinejahd, verberando o Império. Provavelmente teme perder um aliado na “luta”.

Carmo da Rosa disse...

Correcção.

Na frase Moussavi, tal como Kubichek na Checoslováquia (outro titeriteiro), quer apenas com ‘un islam à visage humain’ salvar o regime, não se trata de Kubitchek (um ex-presidente brasileiro) mas sim de Alexander Dubček, o tal da Primavera de Praga.