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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mentirosos e imbecis

No poste sobre o anti-semitismo, o comentador Diogo, com a desonestidade intelectual que caracteriza todos os anti-semitas, e com a obsessão que só o ódio patológico explica, foi pescar com pinças uns excertos das "Cartas de Inglaterra", de Eça de Queirós, no intuito de "provar" que Eça era anti-semita e que por isso ser-se anti-semita é uma coisa sofisticada e própria de gente esclarecida.

Pois tome lá o capítulo completo e leia-o com cuidado...estão lá as respostas de que precisa:

"Cartas de Inglaterra"
“ Este extraordinário movimento antijudaico, esta inacreditável ressurreição das cóleras piedosas do século XVI é vigiada com tanto mais interesse em Inglaterra quanto aqui, como na Alemanha, os judeus abundam, influindo na opinião pelos jornais que possuem (entre outros o Daily Telegraph, um dos mais importantes do reino), dominando o comércio pelas suas casas bancárias e, em certos momentos mesmo, governando o Estado pelo grande homem da sua raça, o seu profeta maior, o próprio Lord Beaconsfield”.
“Mas que diremos do movimento na Alemanha?
Que em 1880, na sábia e tolerante Alemanha, depois de Hegel, de Kant e de Schopenhauer, com os professores Strauss e Hartmann, vivos e trabalhando, se recomece uma campanha contra o judeu, o matador de Jesus, como se o imperador Maximihiano estivesse ainda, do seu acampamento de Pádua, decretando a destruição da lei rabínica e ainda pregasse em Colónia o furioso Grão de Pimenta, geral dos dominicanos –, é facto para ficar de boca aberta todo um longo dia de Verão.
Porque enfim, sob formas civilizadas e constitucionais (petições, meetings, artigos de revista, panfletos, interpelações), é realmente a uma perseguição de judeus que vamos assistir, das boas, das antigas, das manuelinas, quando se deitavam à mesma fogueira os livros do rabino e o próprio rabino, exterminando assim economicamente, com o mesmo feixe de lenha, a doutrina e o doutor.
E é curioso e edificante espectáculo ver o venerável professor Virchow, erguendo-se no parlamento alemão, a defender os judeus, a sabedoria dos livros hebraicos, as sinagogas, asilo do pensamento durante os tempos bárbaros – exactamente como o ilustre legista Roenchlin os defendia nas perseguições que fecharam o século XV!
Mas o mais extraordinário ainda é a atitude do Governo alemão: interpelado, forçado a dar a opinião oficial, a opinião de Estado sobre este rancor obsoleto e repentino da Alemanha contra o judeu, o Governo declara apenas com lábio escasso e seco «que não tenciona parara alterar a legislação relativamente aos israelitas».
Não faltaria, com efeito, mais que ver os ministros do império, filósofos e professores, decretando, a D. Manuel, a expulsão dos judeus, ou restringindo-lhes a liberdade civil até os isolar em vielas escuras, fechadas por correntes de ferro, como nas judiarias do gueto.
Mas uma tal declaração não é menos ameaçadora.
O Estado dá a entender apenas que a perseguição não há-de partir da sua iniciativa: não tem porém uma palavra para condenar este estranho movimento anti-semítico, que em muitos pontos é presentemente organizado pelas suas próprias autoridades.
Deixa a colónia judaica em presença da irritação da grossa população germânica — e lava simplesmente as suas mãos ministeriais na bacia de Pôncio Pilatos.
Não afirma sequer que há-de fazer respeitar as leis que protegem o judeu, cidadão do império; tem apenas a vaga tenção, vaga como a nuvem da manhã, de as não alterar por ora!
O resultado disto é que numa nação em que a sociedade conservadora forma como um largo batalhão, pensando o que lhe manda a «ordem do dia» e marchando em disciplina, à voz do coronel – cada bom alemão, cada patriota, vai imediatamente concluir desta linguagem ambígua do Governo que, se a corte, o estado-maior, os feld-marechais, o senhor de Bismarck, todo esse mundo venerado e obedecido não vêem o ódio ao judeu com entusiasmo, não deixam de o aprovar em seus corações cristãos... E o novo movimento vai certamente receber, daqui, um impulso inesperado.
Que digo eu? Já recebeu.
Apenas se soube a resposta do Ministério, um bando de mancebos, em Leipzig, que se poderiam tomar por frades dominicanos mas que eram apenas filósofos estudantes, andaram expulsando os judeus das cervejarias, arrancando-lhes assim o direito individual mais caro e mais sagrado ao alemão, o direito à cerveja!

Mas donde provém este ódio ao judeu?
A Alemanha não quer, decerto, começar de novo a vingar o sangue precioso de Jesus.
Há já tanto tempo que essas coisas dolorosas se passaram!... A humanidade cristã está velha e, portanto, indulgente: em dezoito séculos esquece a afronta mais funda.

E infelizmente hoje já ninguém, ao ler os episódios da Paixão, arranca furiosamente da espada, como Clóvis, gritando, com a face em pranto: – Ah, infames! Não estar eu lá com os meus Francos!
Além disso, este movimento é organizado pela burguesia, e as classes conservadoras da Alemanha são muito jurídicas para não aprovarem, no segredo do seu pensamento, o suplício de Jesus.
Dada uma sociedade antiga e próspera, com a sua religião oficial, a sua moral oficial, a sua literatura oficial, o seu sacerdócio, o seu regime de propriedade, a sua aristocracia e o seu comercio que se há-de fazer a um inspirado, a um revolucionário, que aparece seguido de uma plebe tumultuosa, pregando a destruição dessas instituições consagradas à fundação de uma nova ordem social sobre a ruína delas e, segundo a expressão legal, «excitando o ódio dos cidadãos contra o Governo»?
Evidentemente puni-lo. Pede-o a lei, a ordem, a razão de Estado, a salvação pública e os interesses conservadores.
É justamente o que a Alemanha, com muita razão, faz aos seus socialistas, a Karl Marx e a Bebei.
Ora, estes maus homens não querem fazer na Alemanha contemporânea uma revolução, decerto, mais radical que a que Jesus empreendeu no mundo semítico.
É verdade que o Nazareno era um Deus: para nós, certamente, humanidade privilegiada, que o soubemos amar e compreender mas em Jerusalém, para o doutor do Templo, para a escriba da lei, para o mercador do bairro de David, para o proprietário das searas que ondulavam até Belém, para o centurião severo encarregado da ordem Jesus era apenas um insurrecto.
E se Bismarck estivesse de toga, no Pretório, sobre a cadeira curul de Caifás, teria assinado a sentença fatal tão serenamente como o dito Caifás, certo que nesse momento salvava a sua pátria da anarquia.
Os conservadores de Jerusalém foram lógicos e legais, como são hoje os de Berlim, de Sampetersburgo ou de Viena: no mundo antigo, como agora, havia os mesmos interesses santos a guardar.

Que diabo!, é indispensável que a sociedade se conserve nas suas largas bases tradicionais: e outrora, como hoje, a salvação da ordem e a justificação dos suplícios.
É possível que este gozo que nós hoje, conservadores, temos de triturar os messias socialistas, encarcerar os Proudhon, mandar para a Sibéria os Bakunine e crivar de multas os Félix Pyat venha a custar caro a nosso netos.
Com o andar dos tempos, todo o grande reformador social se transforma pouco a pouco em Deus: Zoroastro, Confúcio, Maomet, Jesus, são exemplos recentes!
As formas superiores do pensamento tem uma tendência fatal a tornar-se na futura lei revelada: e toda a filosofia termina, nos seus velhos dias, por ser religião.
Augusto Comte já tem altares em Londres; já se lhe reza.
E assim como hoje exigimos capelas aos santos padres, aos que foram os autores divinos, os nobres criadores do catolicismo, talvez um dia, quando o socialismo for religião do Estado, se vejam em nichos de templo, com uma lamparina de frente, as imagens dos santos padres da revolução: Proudhon de óculos. Bakunine parecendo um urso sob as suas peles russas, Karl Marx apoiado ao cajado simbólico do pastor de almas tristes.
Como a civilização caminha para o oeste, isto passar-se-á aí para o século XXVIII, na Nova Zelândia ou na Nova Austrália, quando nós, por nosso turno, formos as velhas raças do Oriente, as nossas línguas idiomas mortos, e Paris e Londres montões de colunas truncadas como hoje Palmira e Babilónia, que o zelandês e o australiano virão visitar, em balão, com bilhete de ida e volta... Logicamente, então, como são detestados hoje na Alemanha os herdeiros dos que mataram Jesus – só haverá repulsão e ódio pelos descendentes de nós outros que estamos encarcerando Bakunine, ou multando Pyat.
E como toda a religião tem um período de furor e extermínio, esses pobres netos nossos serão perseguidos, passarão ao estado de raça maldita e morrerão nos suplícios... C’est raide!
Mas voltemos à Alemanha. Ainda que o Pedro Eremita desta nova cruzada constitucional seja um sacerdote, o reverendo Streker, capelão e pregador da corte, é evidente que ela não tira a sua força da paixão religiosa.
As cinco chagas de Jesus nada têm que ver com estas petições que por toda a parte se assinam, pedindo ao Governo que não permita aos judeus adquirirem propriedades, que não sejam admitidos aos cargos públicos, e outras extravagâncias góticas!
O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colónia judaica, colónia relativamente pequena, apenas composta de quatrocentos mil judeus; mas que pela sua actividade, a sua pertinácia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrência triunfante à burguesia alemã. Tudo isto, no entanto, é a luta pela existência.
O judeu é o mais forte, o judeu triunfa.
O dever do alemão seria exercer o músculo, aguçar o intelecto, esforçar-se, puxar-se para a frente para ser, por seu turno, o mais forte.
Não o faz: em lugar disso, volta-se miseravelmente, covardemente, para o Governo e peticiona, em grandes rolos de papel, que seja expulso o judeu dos direitos civis, porque o judeu é rico, e porque o judeu é forte.
O Governo, esse, esfrega as mãos, radiante.
Os jornais ingleses não compreendem a atitude do senhor de Bismarck aprovando tacitamente o movimento antijudaico.
É fácil de perceber; é um rasgo de génio do chanceler.
Ou, pelo menos, uma prova de que lê com proveito a história da Alemanha.
Na Meia Idade, todas as vezes que o excesso dos males públicos, a peste ou a fome desesperava as populações; todas as vezes que o homem escravizado, esmagado e explorado mostrava sinais de revolta, a Igreja e o príncipe apressavam-se a dizer-lhe: «Bem vemos, tu sofres!
Mas a culpa é tua. É que o judeu matou Nosso Senhor e tu ainda não castigaste suficientemente o judeu.
A populaça então atirava-se aos judeus: degolava, assava, esquartejava, fazia-se uma grande orgia de suplícios; depois, saciada, a turba reentrava na treva da sua miséria a esperar a recompensa do Senhor.
Isto nunca falhava.
Sempre que a Igreja, que a feudalidade, se sentia ameaçada por uma plebe desesperada de canga dolorosa – desviava o golpe de si e dirigia-o contra o judeu. Quando a besta popular mostrava sede de sangue –servia-se à canalha sangue israelita.
É justamente o que faz, em proporções civilizadas, o senhor de Bismarck.
A Alemanha sofre e murmura: a prolongada crise comercial, as más colheitas, o excesso de impostos, o pesado serviço militar, a decadência industrial, tudo isto traz a classe média irritada.
O povo, que sofre mais, tem ao menos a esperança socialista; mas os conservadores começam a ver que os seus males vêm dos seus ídolos. Para o calmar e ocupar, o que mais serviria ao chanceler seria uma guerra, mas nem sempre se pode inventar uma guerra, e começa a ser grave encontrar em campo a França separada, mais forte que nunca, com os seus dois milhões de bons soldados, a sua fabulosa riqueza, riqueza inconcebível, que, como dizia há dias a Saturday Review, é um fenómeno inquietador e difícil de explicar.
Portanto, à falta de uma guerra, o príncipe de Bismarck distrai a atenção do alemão esfomeado – apontando-lhe para o judeu enriquecido.
Não alude naturalmente à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas fala nos milhões do judeu e no poder da sinagoga.
E assim se explica a estranha e desastrosa declaração do Governo.”

As passagens que o Diogo transcreveu constam deste artigo e só nele se entendem. A esperteza saloia dos Diogos deste mundo é agarrar numa frase do tipo: “É mau beber água salgada “, escamotear a palavra “salgada” e garantir que “É mau beber água”......exactamente o contrário daquilo que a frase diz.
Já me vai faltando pachorra para mentirosos e imbecis.

9 comentários:

Anónimo disse...

Gabo-te a paciência, Lidador. E li com proveito este post.
ejsantos

Osório disse...

Este Eça era, de facto, um génio. Impressionante a clareza de pensamento e a capacidade de perceber o Mundo.
Obrigado pela divulgação deste texto que não conhecia.

Anónimo disse...

Gabo-lhe e enalteço-lhe a paciência.
Tinha eu no post anterior chamado a atenção para que os dioguitos deste mundo (descobridores do relojoeiro de Génova) utilizarem maldosamente excertos de literatura transviada (coltura)para acorrer aos fins que a sua ideologia permite utilizar qualquer meio.
Não tive tempo nem cabia numa caixa de comentários.

LGF Lizard disse...

Diogo, onde estás tu?

RioDoiro disse...

"Diogo, onde estás tu?"

'Resolveu' adoptar uma alface mas está em dificuldade porque ela não se deixa agarrar.

Diogo disse...

Enganas-te imbecil. O texto que coloquei era outro:

"Ora, Lord Beaconsfield realmente nunca fez coisa alguma para se tornar popular e sempre lembrado; nunca ligou o seu nome a uma grande instituição, a um grande benefício público, a uma campanha vitoriosa. Tudo ao contrário nesta original personalidade, parecia destiná-lo à impopularidade: a sua origem, os seus gostos e hábitos anti-ingleses, a sua poderosa veia sarcástica, a sua oratória requintada e subtil, o gongorismo metafísico das suas concepções literárias, e certos lados muito acentuados do seu fundo semítico. E a isto acrescia que, para a grande maioria da nação, ele representava um parvenu de autoridade oligárquica, surdamente hostil à ideia de democracia e de soberania popular."

"A sua assombrosa popularidade parece-me provir de duas causas: a primeira é a sua ideia (que inspirou toda a sua política) de que a Inglaterra deveria ser a potência dominante do mundo, uma espécie de Império Romano, alargando constantemente as suas colónias, apossando-se, britanizando os continentes bárbaros e reinando em todos os mercados, decidindo com o peso da sua espada a paz ou a guerra do mundo, impondo as suas instituições, a sua língua, as suas maneiras, a sua arte, tendo por sonho um orbe terráquio que fosse todo ele um Império Britânico, rolando em ritmo através dos espaços."

[...]

"A esta causa de popularidade deve juntar-se outra – a reclame. Nunca, um estadista teve uma reclame igual, tão contínua, em tão vastas proporções, tão hábil. Os maiores jornais de Inglaterra, de Alemanha, de Áustria, mesmo de França, estão (ninguém o ignora) nas mãos dos israelitas. Ora, o mundo judaico nunca cessou de considerar Lord Beaconsfield como um judeu - apesar das gotas de água cristã que lhe tinham molhado a cabeça. Este incidente insignificante nunca impediu Lord Beaconsfield de celebrar nas suas obras, de impor pela sua personalidade a superioridade da raça judaica - e por outro lado nunca obstou a que o judaísmo europeu lhe prestasse absolutamente o tremendo apoio do seu ouro, da sua intriga e da sua publicidade. Em novo, é o dinheiro judeu que lhe paga as suas dívidas; depois é a influência judaica que lhe dá a sua primeira cadeira no Parlamento; é a ascendência judaica que consagra o êxito do seu primeiro Ministério; é enfim a imprensa nas mãos dos judeus, é o telégrafo nas mãos dos judeus, que constantemente o celebraram, o glorificaram como estadista, como orador, como escritor, como herói, como génio!"

Donde quero salientar este trecho: «Os maiores jornais de Inglaterra, de Alemanha, de Áustria, mesmo de França, estão (ninguém o ignora) nas mãos dos israelitas»


Do texto do Eça que foste buscar também gostava de realçar os seguintes trechos:

«em Inglaterra quanto aqui, como na Alemanha, os judeus abundam, influindo na opinião pelos jornais que possuem (entre outros o Daily Telegraph, um dos mais importantes do reino), dominando o comércio pelas suas casas bancárias e, em certos momentos mesmo, governando o Estado pelo grande homem da sua raça, o seu profeta maior, o próprio Lord Beaconsfield”.»

E és tão mentiroso Lidador que cortaste a a parte mais importante do artigo - a que não te convinha.

ml disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ml disse...

Pois tome lá o capítulo completo

M-e-n-t-i-r-a.

Mas por que raio é que o artigo do Eça foi censurado?
Por que raio é que largos parágrafos foram retiradas à tesourada?
O que é que incomoda assim tanto? O homem já morreu há mais de um século, continua a ser assim tão importuno?

O Eça não era anti-semita, percebia bem as manobras do Bismarck, mas não tinha uma opinião favorável sobre os judeus. Pelo contrário, basta ler os parágrafos que fez desaparecer.
So what? Era a opinião dele. Quer eliminar o Eça da história? Outra nódoa na literatura portuguesa só porque não apreciava o comportamento dos judeus europeus e fez questão de o escrever?

Patológica é essa aldrabice compulsiva.


Israelismo, Eça de Queirós
http://www.portugal.150m.com/docs/israelismo.htm

Anónimo disse...

Como se nota aqui as saudades que tanta mente guarda do Ziklon B e do ópio do povo dos gulags e fuzilamentos.
Até o Eça é usado por estes anti-semitas como se de palavra sagrada se tratasse.
Realmente o "marxianismo" socialista "libertou"estas mentes para a barbárie travestida de intelectualidade.