Teste

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

HAFID BOUAZZA ACERCA DOS MINARETES…

Hafid Bouazza (1970), o autor deste artigo, é um escritor e ensaísta de origem marroquina que vive na Holanda desde os 7 anos de idade. Já publicou vários livros que foram premiados. Ao lado desta actividade traduz poesia e escreve peças de teatro. O link: http://loorschrijft.web-log.nl/verwondering_is_het_begin/2009/12/minaretten-als.html#more


A notícia é recente e as consequências são imprevisíveis, mas a reacção do mundo muçulmano já cá canta e é precisamente como se esperava. Estou a falar do resultado do referendo na Suíça contra a construção de mais minaretes; um pouco mais de metade votou a favor da proibição. Um resultado inesperado mas importante.

Como de costume, quando há algo de humorístico da parte do Islão, nunca é essa a intenção.

«Não somente esta proposta deve ser vista como um ataque à liberdade religiosa, mas também como uma tentativa de insulto à sensibilidade da comunidade muçulmana dentro e fora da Suíça», afirmou o influente grande mufti, xeque Ali Gomaa.

Pelos vistos o xeque Ali Gomaa é um grande defensor da liberdade religiosa. É bom sabermos. Os coptas e o bahais – que não têm qualquer tipo de protecção no Egipto – certamente que o têm em grande consideração.

E como organizações judaicas e cristãs na Suíça fizeram um apelo à população para votar contra a proibição, certamente que agora o Grande Mufti vai redobrar esforços em prol destas minorias. Não como uma questão de reciprocidade, coisa inexistente no Islão, mas por causa da pretensa similitude entre as religiões monoteístas que nos é constantemente, mas debalde, martelada. Esta bigorna já está cheia de moças…

Será que os muçulmanos vão sentir qualquer dificuldade na sua prática religiosa porque as futuras mesquitas não vão ter minaretes? Será que as preces só são ouvidas por Alá quando declamadas a partir de uma torre que pode rivalizar com a de Babel? Claro que não. Houve então receio (nem me atrevo a pensar nisso) que iria ser necessário arranjar outras torres bem altas para atirar sodomitas de cabeça para baixo?

Já me esquecia. Foram mais uma vez ofendidos os sentimentos da comunidade muçulmana.

Agora a sério.

Apesar da minha aversão a proibições em geral, mas desta vez não consegui reprimir uma certa alegria ao ouvir as notícias. Claro, trata-se de um acto simbólico: a nível prático não é colocado nenhum entrave ao Islão.

Uma proibição aos minaretes não é uma proibição a uma prática religiosa. Mas uma decisão simbólica deste tipo é importante, porque, deste maneira, é travado o avanço simbólico do Islão. Todos nós sabemos o valor que os muçulmanos dão ao aspecto exterior, à matéria, à pedra, ao véu, e também ao minarete.

Mas se não me engano e se bem reparei durante o último Ramadão na Tv, nos jornais e na internet, para os muçulmanos o importante é a espiritualidade do Islão, a experiência interior. E a este respeito o minarete nem adianta nem atrasa. Um minarete é um depoimento, que ele não seja apreciado por toda a gente é compreensível.

Quantas vezes não ouvimos, cada vez que uma nova mesquita ia ser construída, que esta iria ter o mais alto minarete da Europa? E porque razão? De onde vem esta compulsão para ‘o maior’? (Quem foi afinal que escreveu acerca dos minaretes que ‘eles se erguem como orgulhosos manguitos’)

Eu penso que se trata aqui de ênfase e triunfalismo. É um marco bem alto, uma vitória para a visibilidade do Islão. E tendo em conta os países onde vivem os financiadores isso não me parece estranho.

O que é que a mesquita faz em prol da sociedade? Eu já escrevi sobre isto: se as mesquitas, juntamente com as igrejas, acolhessem refugiados, dessem abrigo a desalojados, oferecessem refúgio a mulheres batidas, então toda a sociedade beneficiaria. Desta forma a mesquita seria funcionalmente integrada na comunidade. Um diálogo inter-religioso de vez em quando não é suficiente; é uma fantochada de boas intenções.

Tariq Ramadan disse que foi uma decisão ‘catastrófica’ (não faz a coisa por menos!) motivada pelo medo. Mas mesmo que assim fosse, não será esse medo legítimo? Todos os apologistas com melodiosas historietas sobre a universalidade do Islão, todos os disparates sobre a contextualização das partes obscuras do Corão (‘a coisa tem que ser vista no seu tempo’) não conseguiram, pelos vistos, dissipar o medo. E isso nada tem a ver com a chamada ‘islamofobia’ vigente, tem a ver que o povo suíço não quer ser mais uma vez ludibriado.

Podemos andar de ‘iftar’ em ‘iftar’ [primeira refeição que quebra o jejum do ramadão] e com a pança repleta e um sorriso de compreensão calçar de novo os sapatos à porta da mesquita; mas tudo isso não impede as pessoas de já terem compreendido que estas ocasiões não passam de folclore – e na pior das hipóteses trata-se de uma palhaçada. Não substitui a realidade do dia-a-dia.

Que não se trata de islamização é imediatamente contradito pela atitude das autoridades suíças, que receiam repercussões nos países islâmicos e o perigo de radicalização de jovens muçulmanos.

Estar refém da ‘susceptibilidade muçulmana’ é uma forma de islamização.

Contra isto é que o povo suíço votou. Não mais Islão visível. Quantas iniciativas de integração através de mesquitas já falharam na Holanda? Lembro-me da ‘Poldermoskee’ [Mesquita dos Polders – Amesterdão] (pouco pólder, muito deserto) e da Westermoskee [Mesquita Ocidental - Amesterdão].

E no lugar de mais uma iniciativa através de uma mesquita, com ou sem minarete, o melhor seria haver um período de ponderação. Porque o que a Europa (e até mesmo os muçulmanos) precisa não é mais Islão, mas precisamente menos, muito menos.

16 comentários:

Diogo disse...

Já cá faltava a «guerra de civilizações» que tantos proveitos tem dado ao complexo-militar-petrolífero americano. Soldier on, Carmo da Rosa, soldier on!

Lura do Grilo disse...

Os que se manifestam no ocidente pela defesa da sua cultura, civilização e valores são sempre rotulados de extrema-direita, fássistas e outros adjectivos que a nazo-esquerda bafienta e militarista usa, à falta de qualquer argumento decente ou semi-inteligente.

EJSantos disse...

Ola Carmo da Rosa.
Excelente texto.

Carmo da Rosa disse...

@ Lura do Grilo: «….à falta de qualquer argumento decente ou semi-inteligente.»

Lura, não é culpa do Diogo, ele é apenas mais uma vítima da educação nacional dos últimos 30 anos… (O Nuno Crato e o Medina Carreira explicam isso muito bem).

Para apresentar argumentos é, antes de tudo, necessário saber ler, a seguir formular uma opinião e depois ainda é preciso escrevê-la. Tudo isto é muito complicado para quem nunca foi obrigado a fazer o antigo exame da quarta-classe! Por isso é que o Diogo normalmente não é capaz de escrever mais de sete palavras seguidas, incluindo o nome da pessoa visada, uma ou outra laracha em americano (repetida) e o link do Jon Stewart…

EJSantos disse...

"Quem divide inovação [na religião] em boa inovação (bid'ah hasanah) e inovação pecadora (bid'ah sayyi'ah), então, fez mal e contrariou o Mensageiro (sws), que disse “Toda a inovação é desvio”. Ou seja, não existe nem boa nem má inovação, existe desvio sempre que existe inovação..."
Para lerem mais destas maravilhas da religião da paz, podem ir ao
http://safyiah.blogspot.com/

Anónimo disse...

Uma da razões porque os minaretes são insultos, é por isso mesmo, são uma inovação.

Carmo da Rosa disse...

@ anónimo: «é por isso mesmo, são uma inovação [os minaretes].»

Não, são uma cópia perfeita dos mísseis russos SS20...

ml disse...

Não mais Islão visível.

Nem vou falar em ‘tolerância’, isso não tem por aqui qq eco, vou antes falar de erro crasso ou golo na pp baliza. E se é difícil assacar esse erro a uma estrutura concreta - resulta do sistema de democracia directa que existe na Suíça - ninguém tem dúvidas em apontar as responsabilidades à agenda da extrema-direita. Labaredas.

E assim estou cada vez mais convencida de que os resultados práticos do referendo suíço vão resultar em nada, agora que a comunidade judaica internacional entrou na dança. Primeiro, uma a uma, foram-se ouvindo vozes um pouco por todo o mundo a protestar contra esta segunda vaga de anti-semitismo. Agora a ultrapoderosa Anti-Defamation League, que decide o que é verdade e mentira sobre os judeus e o holocausto, resolveu dar um ar da sua graça e avisar o governo suíço de que não se lembre de pactuar com a extrema-direita (até dá vontade de rir, mas seja). E se de alguma coisa os judeus entendem é dessa ‘invisibilidade’ que quer ver aplicada às mesquitas. As sinagogas tb tiveram que se ‘invisibilizar’ durante séculos.

No dia 29 de Novembro a comunidade muçulmana foi vítima de uma campanha populista de intolerância religiosa, liderada pela extrema-direita do SVPO.
Não foi a primeira vez que o voto popular suíço foi usado para promover a intolerância religiosa. Há um século um referendo baniu o ritual judeu da matança numa tentativa de escorraçar a sua população judaica. Nós partilhamos as preocupações da Federação das Comunidades Judias Suíças de que esses que iniciaram a campanha antiminaretes podem tentar acabar com a liberdade religiosa através de meios semelhantes.


Quer dizer, este filme é uma chatice. Ou se troca o enredo, ou o enredo se revolta contra o autor. Depois da apreensão sobre os dinheiros muçulmanos, já só faltava a ameaça de fuga das poupanças judias.

Carmo da Rosa disse...

@ ml: «Nem vou falar em ‘tolerância’, isso não tem por aqui qq eco.»

Pela parte que me cabe, acho que a ‘tolerância’ tem aqui algum eco! Sobretudo em relação às mulheres, aos homossexuais, aos dissidentes que se sentem ameaçados por todo o tipo de religiões ou ideologias e aos tipos que, como eu, querem continuar a beber vinho tinto e a comer carne de porco sem a mínima restrição… Como dizem os franceses: pas mal, pour un petit pays comme ici.

@ ml: «ninguém tem dúvidas em apontar as responsabilidades à agenda da extrema-direita.»

Não me diga que está a querer insinuar que o pobre do Hafid também é de extrema-direita? Ou sou eu que estou a tirar conclusões precipitadas! Por favor, diga que a culpa é minha…

(De qualquer maneira, e para efeitos de controlo, vou já acrescentar ao meu post o link para o artigo de Hafid Bouazza, não vão pensar as más línguas que fui eu que escrevi o artigo e assinei com o nome de um marroquino!) *

@ ml: «E se de alguma coisa os judeus entendem é dessa ‘invisibilidade’ que quer ver aplicada às mesquitas. As sinagogas tb tiveram que se ‘invisibilizar’ durante séculos.»

Sim senhora, muito bem visto e …. muito bem escrito. Mas há uma ‘pequena’ diferença entre as sinagogas e as mesquitas, e isto é, a meu ver, o ponto fulcral desta discussão. Ou seja, há uma diferença entre o comportamento dos judeus e o dos muçulmanos que a senhora se recusa a querer ver! Não vou explicar as diferenças de comportamento entre as duas comunidades (duas religiões) porque tenho a certeza que as conhece tão ou melhor do que eu – só que nunca se deu ao trabalho, por razões que desconheço, de as colocar lado a lado.

* Aconselho vivamente todos os leitores a darem uma vista de olhos no site onde Hafid Bouazza escreveu o artigo. Sim, mesmo os que não podem ler holandês. Não tem a mínima importância, admirem – enquanto se pode - as fantásticas fotografias de mulheres que acompanham cada artigo. O site é de uma beldade (fotografia no canto superior esquerdo) meia-judia, meia-portuguesa (!?), chamada Loor que me garantiu ser descendente dos Braganzas…

ml disse...

Sr. Carmo, não me recuso a ver nada. Sou míope mas não sou cega e não vou repetir o que já disse ene vezes.
Do que aqui trato, porque falar de tolerância é mesmo um diálogo de surdos e eu até nem gosto da palavra, é de medidas estúpidas e manhosas, quem as incita não quer nada do que o dom Carmo diz querer. Isso até os judeus – ou principalmente os judeus – vêem. E andam pouco sossegados, embora intuam que existe pouca disposição para avançar com esta aberração.

O novo anti-semitismo ainda é o velho anti-semitismo e eles costumam ser os primeiros da fila. E se vir bem, nem a conversa mudou, é só fazer algumas pequenas adaptações ao que já se conhece de outros carnavais e transpor. Nem o Eça, o nosso Eça, apreciava lá muito a visibilidade pública dos judeus e ele nem anti-semita era.

Há um texto de Uri Averny que acho particularmente interessante e que resume o que move essa gente.

Os suíços decidiram por referendo proibir a construção de minaretes. Isto é mau. É abominável.
O anti-semitismo parece que se deslocou de um povo semita para outro. Na Europa pós-holocausto é difícil ser-se antijudeu, e assim os anti-semitas tornaram-se antimuçulmanos. Como dizemos em hebraico, a mesma senhora com um vestido diferente.

De um ponto de vista estético, é uma decisão estúpida. […] Mas não se trata de arquitectura, antes de racismo brutal e primitivo, aquele a que os alemães tentam escapar. Os suíços também têm muito de que se penitenciar. Já os seus avós se portaram miseravelmente durante o holocausto […].

[…] O referendo abre as portas aos mais vis dos demagogos, os discípulos de Joseph Goebbels, que uma vez escreveu: ‘Temos que apelar de novo aos instintos mais primitivos das massas'.

Jean-Paul Sartre disse uma vez que todos somos racistas. A diferença, disse, é entre aqueles que o reconhecem e lutam contra o seu pp racismo, e aqueles que se submetem a ele. A maioria dos suíços, lamento dizê-lo, falhou o teste. E nós?


Pode ler o texto completo aqui.

http://www.avnery-news.co.il/english/index.html

Estou com alguma curiosidade acerca da opinião da Ester Muznick, também sempre muito chegada ao mata-e-esfola. Mas quando o fogo nos chega às canelas…

Mas pronto, como diziam os republicanos, ‘no pasarán’. Esperemos de que desta vez não se enganem.

ml disse...

Olhe, acabei por esquecer-me de responder ao principal.
Eu sei que o texto não é seu, ainda consigo ler qq coisita, mal, mas tb sei que tem o seu aplauso, por isso o transcreveu para aqui. Daí a minha resposta não ser mal direccionada.

Além disso, já disse o que penso da reciprocidade. O pai de uma amiga minha, quando os filhos apareciam em casa a justificar o envolvimento em zaragatas 'porque ele também fez', perguntava-lhes calmamente: "Se um burro te der um coice, vais dar um coice ao burro?"

É isso a reciprocidade.

Carmo da Rosa disse...

@ ml: «Sr. Carmo, não me recuso a ver nada. Sou míope mas não sou cega e não vou repetir o que já disse ene vezes.»

Peço imensa desculpa, a senhora não é míope mas, como disse há pouco, recusa-se a ver a diferença de comportamento entre as duas ‘religiões’ e para mim, e também para Hafid Bouazza, Wafa Sultan, Ayan Hirsi Ali, Walid Shubat e tantos outros anti-fascistas, isto é que é o busílis da questão. O resto é mais insulto menos insulto - folclore.

@ ml: «…quem as incita não quer nada do que o dom Carmo diz querer.»

Acredito que haja muito boa gente que não quer minaretes na Europa por outras razões, porque por exemplo querem uma Europa limpa de semitas – sejam eles quais forem. Todos nós temos direito a 10% de idiotas. Mas isso não é razão suficiente para eu dizer que o Islão é uma religião de paz, amor e tolerância…

@ ml: «Há um texto de Uri Averny que acho particularmente interessante e que resume o que move essa gente.»

Você acha o texto deste Israelita, que só foca os 10% de idiotas, interessante. Muito bem. Eu acho o texto deste marroquino mais interessante. E porquê? Mais uma vez, a comparação com o holocausto: antigamente os judeus, agora os muçulmanos é absurda e completamente fora da realidade.

Eu ia dizer que para entender isto talvez fosse necessário viver algum tempo num bairro a maioria muçulmana de Haia ou de Roterdão, mas não é verdade. Infelizmente a história, e sobretudo o Sartre, ensinou-nos que é perfeitamente possível viver e ver a realidade com os nossos próprios olhos, estar perfeitamente informado e, passe a expressão, não ver a ponta dum corno… O cérebro humano continua a ser muito mais complexo que um computador – Mac 3,6 dual intel processor.

@ ml: «Eu sei que o texto não é seu, ainda consigo ler qq coisita, mal, mas tb sei que tem o seu aplauso, por isso o transcreveu para aqui. Daí a minha resposta não ser mal direccionada.»

É evidente que o texto do Hafid tem o meu aplauso, mas não creio ter dito que a sua resposta foi mal direccionada! Apenas lhe perguntei se achava o Hafid Bouazza de extrema-direita!

@ ml: «Se um burro te der um coice, vais dar um coice ao burro?»

O Theo van Gogh costumava chamar aos muçulmanos ‘enraba-cabras’, você optou por uma versão…… ‘light’. E acho muito bem – se não o fizesse deixava de lhe responder. Reconheço que sou um hipócrita, há certas coisas que me chocam nas mulheres: dizer palavrões e cuspir para o chão.

Carmo da Rosa disse...

Camaradas e menos-camaradas,

vejam por favor o link do anónimo de 10 de Dezembro de 2009 23:21, façam um post. Em três minutos de video está matematicamente explicada a intolerância do Islão. Por um clérigo islamita...

http://maislusitania.blogspot.com/2009/12/o-islao-e-2-2.html

Anónimo, muito obrigado... que coisa tão gira. Melhor que o teorema de Pitágoras.

2+2 = 3

ml disse...

há certas coisas que me chocam nas mulheres

Não se preocupe, o meu pai tb pensava assim. E antes dele o meu avô, bisavô, suponho.
O meu pai achava que eu, a par de não dizer palavrões, não fumar e de me portar bem, tb devia saber cozinhar e passar a ferro. Ele e os meus irmãos não, estavam isentos por bula divina. Mas tenho que ser justa, nunca me chateou nem pressionou. Aprendi o que quis e quando quis.

Não digo palavrões por educação e hábitos, na minha casa ninguém dizia, nem mulheres nem homens. Nesse campo tenho que reconhecer que o meu pai era muito justo e moderno, só exigia o que dava.


Percebeu o contrário, sou mesmo míope. Não muito, mas ainda assim exige-me um esforço um pouco maior para distinguir as pandilhas ao longe. Olhe, neste momento a nova imagem do nosso prezado continua um tanto 'blurred'.

Quanto ao Hafid Bouazza, realmente não o conhecia de lado nenhum, se não é de extema-direita faz-lhes um jeitão. Não pelo que diz, com toda a certeza que conhece o 'milieu' muito melhor do que eu e sabe do que fala, mas por alinhar em tiros no pé estúpidos. Os tiros são sempre estúpidos, nos pés ainda mais. E além disso mantém um tipo de site que, se fosse meu, o sr. Carmo acharia impróprio.
Adoro as duplicidades dos países civilizados, dos outros já não espero nada.

Carmo da Rosa disse...

@ ml: «O meu pai achava que eu, a par de não dizer palavrões, não fumar e de me portar bem, tb devia saber cozinhar e passar a ferro.»

Pois o meu pai (e a minha mãe) achavam que eu, a par de não dizer palavrões não fumar, não ter o cabelo comprido, não sujar os sapatos do domingo a jogar à bola, não entrar em casa às horas que o meu pai abalava para o trabalho, não ir à Maria do barrote (5 escudos ou um maço de tabaco!), também devia fazer os deveres da escola…

Como geralmente só fazia tudo aquilo que me proibiam, o que não era pouco, ficava muito pouco tempo para a escola. O que ainda se nota na conjugação dos verbos.

@ ml: «Quanto ao Hafid Bouazza, realmente não o conhecia de lado nenhum, se não é de extema-direita faz-lhes um jeitão.»

Ó minha senhora, com franqueza? Cruzes cruzes canhoto, já parece o Caturo! Porque razão os muçulmanos não hão-de ter também direito aos seus dissidentes? A esquerda nos anos 70, com a sua habitual lógica macabra, dizia o mesmo sobre os dissidentes de leste (Sharansky, Soljenitsin etc): "se não são agentes da CIA são provocadores a soldo do imperialismo, e acabam sempre por fazer um jeitão…" Apenas os dissidentes do Chile de Pinochet ou do Apartheid da África do Sul é que eram vistos como ‘the real thing’…

@ ml: «Os tiros são sempre estúpidos, nos pés ainda mais. E além disso mantém um tipo de site que, se fosse meu, o sr. Carmo acharia impróprio.»

A metáfora do ‘tiro nos pés’ escapa-me completamente! Não perca tempo, tem com certeza a ver com o facto de nunca ter feito o que me obrigavam em casa.

Mas o site não é dele!

Ele (Hafid) escreve muito raramente em sites. E quando o faz, isso é visto como uma grande honra para o site… O mesmo seria o Miguel de Sousa Tavares, por especial favor, aceder a postar uma vez no FIEL. Num comentário anterior eu disse: “O site é de uma beldade (ver fotografia no canto superior esquerdo) meia-judia, meia-portuguesa (!?) chamada Loor, que me garantiu ser descendente dos Braganzas…”

E não acharia nada impróprio! Assim como não acho nada impróprio as fotos bastante eróticas que a Loor escolhe para acompanhar os artigos. Igualmente acerca das confissões bastante detalhadas que ela amiúde posta sobre amores falhados. Tudo muito erótico, tudo muito bem escrito, tudo muito chique. Por isso é que metade da blogosfera holandesa está apaixonada pela Loor – e quem não está é maricas ou muçulmano, o que vai dar mais ou menos ao mesmo…

E eu desconfio que o Hafid, que não é dos que costuma frequentar mesquitas, anda, como se costuma dizer de forma mais popularucha, a fazer-se ao piso…

Confesso que há tempos também fiz uma tentativa debalde, mas ela gostou à brava. Inspirado nas confissões da Loor, traduzi-lhe aquela fantástica canção da Opereta do Malandro, Teresinha, cantada pela Zizi Possi:

O primeiro me chegou,
como quem vem do florista
trouxe um bicho de pelúcia
trouxe um broche de ametista.
Me contou suas viagens
me mostrou o seu relógio
me chamava de rainha.
Me encontrou tão desarmada
que tocou meu coração,
mas não me negava nada
e eu assustada disse não.

O segundo me chegou
como quem chega do bar
trouxe um litro de aguardente
tão amarga de tragar.
Indagou o meu passado
e cheirou minha comida
vasculhou minha gaveta
me chamava de perdida.
Me encontrou tão desarmada
que arranhou meu coração,
mas não me entregava nada
e eu assustada disse não.

O terceiro me chegou
como quem chega do nada
ele não me trouxe nada
também nada perguntou
mal sei como ele se chama
mas entendo o que ele quer
se deitou na minha cama
e me chama de mulher,
foi chegando sorrateiro
e antes que eu dissesse não
se instalou feito um posseiro
dentro do meu coração.

E ela exclamou, “José, acertaste na mouche”. Pois é, mas o que é que ganhei com isso? Pensei eu cá com o meu teclado...

ml disse...

Pronto, o site não é dele. Mas tem pinta disso.

Então não lhe adiantou de nada a trabalheira da tradução… Que pena!, mas não desista. Traduza-lhe este, é daqueles que uma mulher desempoeirada aprecia. É uma outra história, menos cor-de-rosa, a daquelas que pensam que podem dizer palavrões e ter sites impróprios até que alguém lhes lembra que há direitos de exclusividade seculares.
E poupe-me à cantilena de que na Holanda bla bla e mais bla bla…

Apresse-se, o outro marroquino ainda lhe passa a perna e depois vem para aqui carpir contra os árabes.


vivi a ilusão da liberdade, daquela liberdade sonhada
em que se pode ser casada e solteira
infantil e madura, morena e oxigenada
aquela liberdade atemporal em que se pode fazer tudo
sem ser condenada
em que as leis são individuais, as faltas puras
vivi a ilusão de que poderia sobrevoar os edifícios e
sorrir feito criança, que poderia satisfazer meu corpo
sem pagar preço alto e até mesmo nenhum
a liberdade que cheguei a experimentar me tirou de órbita
me fez perder peso, ganhar viço, acreditar
por uns instantes tive o gozo flutuante, fui inocente e fui eu
eu por uns dias, eu fui eu por uns céus
fui ser quem eu era ao nascer, antes de ser educada,
resumida, adestrada, induzida, aplicada,
antes de ser abatida em pleno voo

Martha Medeiros