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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Obama e o Estado da Nação

Um ano depois da entronização do novo Salvador da esquerda mundial, do Messias que vinha salvar o Terra e trazer a paz e a "change", do ídolo que fazia babar jornalistas e políticos, incluindo Mário Soares, o mundo não parece ter mudado por aí além e os crentes começam a esmorecer na devoção.
Ontem Barack Obama, o Escolhido, foi ao Congresso americano dar conta das razões pelas quais não se concretizaram os milagres e as maravilhas prometidas.
E o que se conclui é que não alcançou praticamente nada do que prometeu nos arrebatamentos de uma retórica inflamada e propulsada a teleponto.
Tendo-lhe caído em cima a marreta do mundo real, tentou sacudir a água do capote, culpar os adversários e prometer mais milagres. Em síntese, o que todos fazem, desde José Eduardo dos Santos a José Sócrates, passando por Mugabe, Chavez , etc. Nem nas tácticas se lobriga qualquer "change".
O ano foi mau para Obama e não parecem vir aí melhores dias. Lá para o fim do ano há legislativas parciais e o risco de perder a maioria é real. Infelizmente são os americanos que votam e estes, contrariamente à embasbacada esquerda europeia, insistem em não divinizar o Chosen One. (Como toda a gente sabe, "os americanos são estúpidos", axioma que faz parte das tábuas da lei do verdadeiro esquerdista.)
As reformas emblemáticas que prometeu, atolaram-se na sua hubris.
Guantanano continua aberta (e bem, na minha opinião), o terrorismo voltou a assomar a cabeça no heartland americano, a economia não descola, os déficites são os maiores de sempre, o clima arrefece em vez de aquecer, e o Afeganistão não vai acabar bem, sobretudo agora que Obama explicou aos talibans que só têm de aguentar até uma data precisa.
Aqueles que ele pensava serem inimigos do Bush, mostram que, afinal, são, como sempre foram, inimigos da América e das ideias em que assenta, e estão-se nas tintas para os seus gestos amigáveis, pedidos de desculpa e ridículos salamaleques.
O Irão continua imperturbável, Chavez idem, a Coreia do Norte some e segue, Cuba coça os tomates, a Rússia vai recuperando a sua zona de influência, etc.
Pensava apaziguar os inimigos do Bush, criticando os amigos, e apenas conseguiu perder aliados.
Israel não confia em Obama, a Polónia e a Republica Checa foram tratadas como peões, as Honduras deixadas sozinhas perante Chavez e sus muchachos locos.
As suas invectivas contra os "políticos de Washington" são populistas e patéticas, como se ele não fosse politico e não estivesse em Washington.
O inaudito ataque contra o Supremo Tribunal fez estremecer até às fundações o edifício do poder, sobretudo porque foi exactamente ele, Obama, quem, nas eleições que ganhou, encaixou e gastou uma quantia inédita na história eleitoral americana, por ter renunciado a manter-se nos limites do financiamento federal.
O caminho de Obama está a afunilar e aproxima-se um momento em que, ou se modera, assume o realismo e tenta ser politico, ou foge para a frente, veste-se outra vez de pregador e corre na perseguição da utopia.
Se for por aqui, o que resta do seu mandato vai ser penoso. Para ele, para a América e para aqueles que entendem que a América é importante no mundo.

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