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domingo, 21 de março de 2010

Segundo um amigo...


... que mo enviou por email, este soneto terá sido escrito por José Régio, aí pelos finais da década de 60, em memória de Aurélio Cunha Bengala, num dia de reunião de antigos alunos:

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício
"De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

2 comentários:

Kikas disse...

Há mais de cem anos, Eça escreveu;
"O que são os partidos em Portugal? Que pensamento traduzem? Que grande facto social querem realizar? Formam-se, desagregam-se, dissolvem-se, passam, esquecem, sem que deles fique uma edificação aceitável, uma criação fecunda. Estabelecem patronatos, constróem filiações, arregimentam homens e braços trabalhadores, preparam terreno e solo robusto, onde eles possam sem embaraço tomar as livres atitudes do aparato e da vaidade reluzente. Nada mais fazem. Nascem infecundamente, morrem esterilmente".
Daqui a cem anos, os nossos tetranetos continuarão a escrever as mesmas "banalidades".
O problema é que a política não é uma ciência exacta, é uma arte!

Carmo da Rosa disse...

Há menos de um ano António Barreto escreveu:

'Fazer um sacrifício político, abdicar temporariamente de ideias ou de nomeações dos amigos, em nome do interesse público, não faz parte da nossa “cultura” política. Renunciar, em nome das necessidades do país, ao bairrismo tribal e marialva do seu partido é considerado crime maior. Esperar pelo desastre dos outros, e do país, para poder recolher louros, é considerado fino raciocínio estratégico.'