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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Da Verdade da Crise

Da sempre latente (não deixem de visitar o Blue Breve) picardia entre mim e o Eurico Moura, (ver caixa de comentários) cá vai:

“Sem prejudicar os outros, diz o Kel. Pois aí é que está o busílis. Que outros? Há muitos interesses diferentes e antagónicos e no fim vence o mais forte. É tudo uma questão de poder e o poder ganha-se com poder.”

É verdade. Por exemplo, o poder de aplicar as correctas medidas conducentes à compensação desses atropelos tem levado a uma sociedade mais igual: mais pobre. Distribui a pobreza. Quem pode manda e quem manda, manda que se redistribua a riqueza alheia. Feitas as contas, a pobreza generaliza-se. Com o bucho aos berros, grita-se pelo socorro do mais forte que … acaba por ganhar. Já ruminando, volta-se a resmungar que a riqueza que vai chegando ao estômago está mal distribuída e volta a deixar de se comer e volta a perder-se tempo e oportunidade de … comer.

“Nada tenho, ideologicamente, contra o capitalismo. Tenho tudo contra os capitalistas que desrespeitam os mais elementares valores da ética, da moral, sujeitando os que vivem do trabalho, a uma exploração ignóbil para acumularem riquezas igualmente ignóbeis.”

Caro Eurico, trata-se da defesa daquilo a que o Eurico chama moral. Cada um tem a sua. Apesar disso, gostava que me explicasse como seria possível encontrar dinheiro que permitisse reunir a tecnologia necessária à longevidade que hoje gozamos.

A canção da “moral” e do “ignóbil” tropeça sistematicamente no facto de ser exactamente onde o capitalismo mais “ignóbil” mora que a qualidade de vida das pessoas melhora mais rapidamente. Há até quem diga que isso acontece por falta de moralidade, por ser essa a forma mais rápida dos ignóbeis ganharem ainda mais e mais rapidamente.

“E nutro o mesmo sentimento por aqueles socialistas, de emblema, cuja prática revela os mesmos atropelos.”

Naturalmente que isso é bicho morto e, concedendo que o Eurico não vai por esses caminhos, percebo também que a sua tese enferma de bastantes das falhas que moram nas monas dos saudosistas em causa.

“Mas mais ainda me revolta aqueles que não sendo nem capitalistas nem socialistas e que, como eu sempre viveram do trabalho, militarem ao lado dos que os exploram.”

Ora vê! E acha que eles não têm moral? Será que militam por masoquismo ou por verem uma brecha de redistribuição para o lado deles?

“Na nossa geração assistiu-se a uma filosofia de ensino e educação que advogava uma total liberdade para as crianças, no seu desenvolvimento como adultos. Os resultados de uma contaminação dessa filosofia nas escolas está a dar os seus frutos. E bem amargos eles são...”

Mas isso, mau caro, é a reencarnação da teoria do ano zero. Do zero de que nascerá o homem novo: fraterno, multi-tudo-e-mais-alguma-coisa, portador da mais burilada e suprema moral, solidário, …. mas bronco. Bronco, incapaz de fazer o que quer que seja pela sua vida, capaz apenas de fazer aquilo que o resto do mundo não quer fazer, capaz apenas de trabalhar para o mais trambolho dos capitalistas a quem chamará “salvador” e ... levando, ao fim do mês, o salário de miséria reservado aos que militarem ao lado dos que os exploram. … tá a ver o filme?

Nesta coisa de interesses é de esquerda quem der mais poder ao “povo”. E dar mais poder ao “povo” é dar mais autonomia a cada um dos cidadãos e não ao “povo” em si. Mas essa esquerda, meu caro, não existe há muito. Desapareceu. A “esquerda” que há limita-se a fazer o que o Eurico acusa os capitalistas de fazerem mas sem criarem qualquer riqueza e, necessariamente, não a podendo distribuir (nem me atrevo a escrever ‘re-distribuir’). Repare, se assim não fosse o capitalismo definhava automaticamente, vergado à superioridade do ‘alter’. Como diz (algures) o Eurico, coisas de Darwin. Quem quereria trabalhar para um capitalista se pudesse optar pela via do homem novo? A “esquerda” que existe é composta por uma escumalha que pretende viver à custa dos que ela consegue “libertar” das garras do capitalismo.

“Mas também me surpreende que os liberais da economia, muitos deles se auto nomeando de bushistas, não dêem aos outros povos o direito de, na sua própria casa, fazerem o que muito bem entendem, levando-lhes a guerra e seus horrores, para lhes proporcionar as liberdades da democracia. Um pouco paradoxal, não. Consubstancia-se na frase canalha: Tens de ser livre!”

Tem razão. É a tese possível para ouvidos que gostam de implementar a democracia nas escolas. Em boa verdade, salvo algumas excepções (a da Coreia do Norte será, provavelmente, mais uma dentro de pouco tempo), trata-se de guerras para’ erradicação da malária em terra alheia’. Repare como a República Dominicana se arrepiou pelo aparecimento de malária no Haiti. Parece que a malária não conhece fronteiras, como também não as conhecia o internacionalismo proletário ou, voltando ao presente, o terrorismo islâmico. Mas até quando Pol Pot foi derrubado os oponentes à ditadura “tens de ser livre” se arrepiaram. Seriam o mesmo tipo de receios expressados pela República Dominicana?

“2- Mais uma vez as energias renováveis. A dimensão do problema não é passível de ser avaliada por um tipo com boas intenções que faz umas contas sobre o joelho.”

Pois não. Os únicos gajos que sabem fazer contas são os que têm calculadora. Se calhar, por prémio por alguma cedência por militarem ao lado dos que os exploram.

“Muitos factores estão envolvidos e a análise de um ano atípico ou até de um longo período futuro, diferente em termos meteorológicos, não invalida a utilidade da ideia.”

Sempre que as contas não batem certo descobrem-se “muitos factores”.

“No inicio da aviação ou mesmo do automóvel, muitas foram as vozes discordantes e cépticas em relação à utilidade de tais loucuras.”

Tenho por aqui um livro que se chama qualquer coisa como ‘As mais disparatadas invenções’. Quer que lhe transcreva algumas? Que disparatada 'invenção' recente lhe parece ser a mais forte candidata?

“Numa coisa eu concordo. O aproveitamento da energia produzida por esses meios hídricos e eólicos deveria ser mais regional. O transporte dessa energia é caro e pouco eficiente.”

Mas as pessoas não moram no alto das serras e é sempre necessário elevar a tensão para transporte. Foi por isso que se inventou a corrente alternada.

“Outro factor que tem penalizado a produção eólica tem sido a alteração dos padrões de vento, que se tem verificado, comparada com os estudos e medições dos anos anteriores. São aquelas alterações climáticas que não iriam acontecer...”

Veja lá. As “alterações” previam de tudo. Uns defendiam que o vento iria aumentar. Outros, desaparecer. Uns defendiam que iriam aumentar os fenómenos extremos nomeadamente furacões. Outros defendiam que o fenómeno extremo seria a falta de variação na velocidade do vento.

O que aconteceu, meu caro, é que nada aconteceu a não ser o aumento do disparate: espalharam-se milhares de quixotescos moinhos de vento que agora alguém terá que pagar. Não é ainda claro que serão pagos aos furibundos capitalistas ou aos ecologistas. Se for este o caso, um perdão cairá, certamente, sobre as nossas cabeças. Mas tenho para mim que se vai voltar a redistribuir a pobreza.

4 comentários:

RioD'oiro disse...

http://www.youtube.com/watch?v=W7kYpzy8J7g

Eurico Moura disse...

Caro Rio... já discutimos estes temas dezenas de vezes. Ficamos sempre entre muros; os muros da nossa casmurrice. Deve ser da idade...
Mas uma coisa me ocorre dizer, mais uma vez. Se distribuirmos a riqueza total por todos, ficamos pobres. Alguns, muito mais pobres. Milhões muito mais ricos.
E não aprecio a longevidade conquistada pelo progresso tecnológico.
Mas isso iria dar, mais uma vez, rios de comentários e eu já não tenho cu para isso...
Volto para a minha música...

Um abraço...

RioD'oiro disse...

EM:

"Mas uma coisa me ocorre dizer, mais uma vez. Se distribuirmos a riqueza total por todos, ficamos pobres. Alguns, muito mais pobres. Milhões muito mais ricos. "

Sim. É verdade. De imediato é assim. Mas a história, a experiência, a vida diz que é comida para hoje fome para amanhã. É como ir pedir dinheiro aos "especuladores" pensando que se está a re-distribuir para se descobrir que, apesar dos 'esforços', ainda falta comida, nenhuma riqueza foi produzida e a fome está à porta.

"E não aprecio a longevidade conquistada pelo progresso tecnológico."

Bom, isso é consigo, muito embora eu aprecie que a minha companhia seja agradável durante mais tempo.

"Volto para a minha música..."

Conhece uma obra que por aí circula chamada "Os 1001 albuns que se devem ouvir antes de morrer" (ou coisa que o valha)?

Eurico Moura disse...

Caro Rio, aqui vai:
http://www.rocklistmusic.co.uk/steveparker/1001albums.htm

ou

http://www.radio3net.ro/dbalbums/albume1001

A música é, verdadeiramente, a única linguagem universal.

Um grande abraço e... se não nos virmos antes... BOM NATAL!