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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O POVO É QUEM MAIS ORDENA...




















Kasserine terra moreeeeeeeeeena

Terra da fraternidaaaaaaaaaaaade
E o povo é quem mais ordeeeeena
Dentro de ti ó cidaaaaaaaaaaaade

Dentro de ti ó cidaaaaaaaaaaaade

O povo é quem mais ordeeeeeena,

sim, mas quando tem sorte!

Foi em Kasserine, uma pequena cidade no centro este da Tunísia, que começou a resistência popular. Mas foi em Sidi Bouzid que Mohamed Bouazizi se imolou, como forma de protesto por lhe terem confiscado (por motivos legalistas) a fruta e os legumes que o jovem académico e desempregado de 26 anos vendia no mercado local para poder sobreviver. Este acontecimento foi a centelha que acendeu o fogo às revoltas que se seguiram e que todos nós conhecemos.

Uma outra modesta família de vendedores ambulantes, os Trabelsi, tiveram mais sorte na vida que o malogrado Mohamed Bouazizi, apesar de não possuírem, como este último, uma formação académica.

A partir do momento em que Zine El Abidine Ben Ali pôs o olho na, e se casou com, a cabeleireira aleijadinha de boa Leila Trabelsi, os Trabelsis, como por encanto, deixaram de vender legumes no mercado e passaram progressivamente a ter participações em numerosas empresas - no auge do poder parece que possuíam 175. Impossível de estabelecer uma relação comercial ou começar um negócio na Tunísia sem primeiro untar as mãos aos Trabelsis - o famoso bakchich (a cunha nos países árabes).

Os Trabelsis, que sempre foram muito do povo, continuaram a sê-lo e a comportar-se como o restante do maralhal quando tem um pouco mais de poder. Nada de extraordinário, apenas aumentaram consideravelmente o volume das casas onde ultimamente habitavam, e isso porque precisavam de espaço para guardar toda a quinquilharia (de preferência em ouro) que agora já podiam comprar. Não esquecendo as garagens para guardar os Mercedes e os Ferraris que não podem ficar na rua ao sol e à chuva.

Seja como for, agora que o povo tunisino quer democracia é um facto que os Trabelsis são a família mais odiada! Mas não estou seguro se se trata de falta de democracia ou dor de cotovelo pela sorte que os Trabelsis tiveram associado ao lado exibicionista que sempre demonstraram. Uma coisa é certa, ninguém os pode acusar de serem contra a família como instituição! Sempre foram uma família muito unida e que, como toda a família árabe que se preza, sempre privilegiou os interesses do clã acima de tudo, mesmo da democracia…

Resumindo: creio que não vai ser fácil convencer rapidamente os tunisinos que demasiado amor pela família é, como já vimos, prejudicial à democracia e aos interesses do país. Já o doutor Oliveira Salazar não percebia lá muito bem esta coisa e estava sempre a marrar no raio da FAMÍLIA como base da NAÇÃO. E para mal dos nossos pecados ainda acrescentava a estes dois conceitos um factor extra que é muito pior: DEUS. Quanto é precisamente o contrário, quanto mais família e Deus, menos democracia e mais miséria – no país…

Espero que os tunisinos não se lembrem, para cúmulo da desgraça, de acrescentar Deus aos já inúmeros problemas que vão ter no futuro com a família…

1 comentário:

Carmo da Rosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.