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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cavalo de Tróia


Uma revolução tão subtil como telúrica, está a acontecer na Turquia, sob os olhares complacentes e, por vezes, embevecidos, do Ocidente.
Revolução cuja importância se pode comparar à que aconteceu no Irão, em 1979 e que afastou esse país da órbita da modernidade e da ocidentalização, lançando-o o seio do “lado negro da força”.

O partido islamista, AKP, chefiado por Recip Erdogan, acaba de ser eleito para um terceiro mandato, tendo obtido mais 5 milhões de votos do que no mandato anterior.
A agenda islamista é ambiciosa e passa por aprovar uma nova Constituição que irá enterrar definitivamente a herança modernizadora de Kemal Ataturk.
Ataturk, relembre-se, chegou à conclusão de que a decadência otomana se devia ao lastro com que os valores e instituições islâmicas carregavam a sociedade. Feito o diagnóstico, de uma assentada, mudou o alfabeto, do árabe para o latino, e desencadeou uma implacável repressão que afastou a religião islâmica para um canto, colocando-a sob controlo.
A Constituição que legou, firmava esse controlo e atribuia às Forças Armadas um papel essencial na defesa da laicidade e das instituições.
O relativo sucesso da Turquia (em comparação com os restantes países muçulmanos), deve-se, segundo muitos autores, a esta visão de Ataturk.
Mas a ascenção de Erdogan e do seu partido, está paulatina e deliberadamente, a destruir Ataturk e o seu modelo de sociedade.
É verdade que o AKP não logrou os deputados necessários para alterar a Constituição a seu bel-prazer, mas é também verdade que, dada a influência quase mafiosa que tem na sociedade turca, não terá qualquer dificuldade em fazer os negócios limianos que para isso concorram.
Nestes últimos anos o partido islamista infiltrou-se nas instituições, nas empresas, nas escolas, em todo o tecido social, e tem um poder real que vai muito para além do institucional. “Limianizar” alguns deputados é fácil, pelo que a Turquia terá, brevemente, uma nova Constituição.
Nos próximos tempos iremos também ler e ouvir encómios delirantes ao processo de “democratização” turco, por parte de alguns responsáveis europeus que continuam a ver apenas aquilo que querem ver, condicionados por antigos reflexos.
E o que querem ver, é uma Turquia “democrática”, na qual o Exército está sob controlo do poder civil, como mandam as cartilhas.
Que esse poder civil seja islamista, que persiga às claras jornalistas, militares e magistrados, calando toda a oposição aos seus projectos, parece importar menos do que devia
Entretanto Erdogan, entre feios espichos de anti-semitismo à “Galiano”, vai dizendo o que realmente pensa, ou seja, que a “democracia é como um autocarro...quando chegas ao teu destino, sais”. As acções, essas, falam por si: foi esta elite islamista que apoiou uma flotilha de extremistas contra Israel; foi esta Turquia islamista que se colocou do lado do Hamas, do Irão e da Síria, contra o Ocidente; é esta Turquia que ocupa metade de Chipre e reprime violentamente os curdos.

Face a isto, o que realmente espanta é que ainda haja “especialistas” que recomendam a entrada da Turquia na UE, esquecendo que os turcos são agora os donos do local onde os troianos meteram clamorosamente os pés, ao receber no seu perímetro um belo presente envenenado que ficou para a História com o nome de “Cavalo de Tróia”.

4 comentários:

EJSantos disse...

Bem, o Hitler chegou ao poder depois de umas eleições...

LGF Lizard disse...

Muita da culpa do que passa na Turquia é da UE. Ao não apoiar decisivamente o esforço turco para entrar na UE, apenas deu força aqueles que defendem outro rumo. O partido no poder defende que a Turquia deve olhar para outro lado que não o Ocidente.

Unknown disse...

Discordo LGF.
A culpa de a Turquia ser como é,é dos turcos.
Tal como a culpa, numa violação,é do violador e não da "atitude provocadora" da vítima.

E, no que me toca, ainda bem que não se cometeu o erro de trazer o cavalo de tróia para dentro das muralhas.

De Olho na Jihad disse...

Kaddafi, quando ainda era amado pela esquerda declarou "Esperamos a Turquia na União-européia para que seja nosso cavalo-de-tróia". E em meio a campanha anti-americana do Wikileaks, eles vazaram um documento importante com declarações dos líderes do AKP, incluindo Erdogan, onde diziam qua a meta da Turquia era restaurar o al-Andaluz.

Se não houver problema gostaria de reproduzir seu artigo em nosso blog, e aproveito para convidá-lo a conhecê-lo: http://olhonajihad.blogspot.com

Guzmán