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domingo, 23 de outubro de 2011

Informação, desinformação e contra-informação (3)



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DETRÁS da Cortina (2)

PEQUENO MANUAL DE CONTRA-INFORMAÇÃO

Ao elaborar este pequeno e resumido manual para uso prático, contendo apenas as linhas gerais mas que permitem, se necessário, praticar contra-informação com conhecimento de causa e, ao mesmo tempo, ficar-se habilitado a ver claro a do oponente, devo dizer antes de mais que quem quiser entrar e sentar-se nele como um educado cavalheiro, ou educada dama, se continuar a ler é melhor perder as ilusões …

Efectivamente, os leitores – geralmente pequeno número de confrades de confiança ou eventuais futuros membros de task force, ainda que apenas suposta para efeitos de léxico comum – devem perceber que acabaram de entrar como espectadores/visitantes no continente dos golpes baixos, do trabalho sujo, da deliberada simulação operacional.

Em contra-informação a moral não rende nem paga a pena, a não ser que, por hipótese, ela permita afivelar uma maior eficácia. Ou uso democrático, leia-se anti-regime totalitário.

Um manual praticado de contra-informação é a assumpção da fille-d’autre mère bem sucedida, que deve obviamente creditar-se como a “maior moralidade”, a “maior ética”, o mais justo desempenho. O que conta, nela, é aniquilar o adversário, de preferência ao primeiro golpe. O segundo golpe só é de desejar se, mediante o mesmo, se conseguir destroçar um punhado mais de adversários ou preparar o campo para mais eficazes futuras hecatombes. Em contra-informação os fins justificam os meios, a não ser que esses meios corram o risco de ficar excessivamente expostos.

Como consolação, haja em vista que mediante o estudo prático deste assunto se incrementa a liberdade democrática, que é filha do conhecimento, que os membros do poder usam geralmente, pelo contrário, para destroçar o bem comum.

Tal como no famoso tomo de Machiavelli, aqui ao fim e ao cabo alerta-se o cidadão para as realidades, permitindo-lhe entender as ciladas.

Os operacionais, é claro, não precisam de as ler.

Nunca esquecer que, como disse Salazar (um excelente e talentoso hipócrita), “em política o que parece, é”. Será necessário dizer que em contra-informação é exactamente a mesma coisa?

Não esquecer também que uma contra-informação eficaz pode ajustar-se preferencialmente se apoiada em meios societários favoráveis: sistema judicial parcialmente corrompido ou corruptível dum ponto de vista ético, forças de segurança lábeis ou venais, operadores mídias passíveis de estipêndio, etc…

Os objectivos – bem como as acções sequentes - devem pois trabalhar-se caso a caso e com índices seguros. Nunca contar com as chamadas “expectativas de milagre”.

Isso irá evitar tropeções aos operacionais.

Primeira parte

1. As Técnicas contra-informativas temporais

São elas: imediatas, a curto, a médio e a longo prazo.

As imediatas visam responder quando o objecto de protecção ou operador de topo fica subitamente exposto, ou quando uma situação emergente é despoletada.

a) o desmentido (deve usar-se com rapidez, haja ou não razões para desmentir). O seu objectivo é, primeiro que tudo, ganhar tempo.

b) A declaração de próxima emissão de comunicado. Permite gerar uma certa expectativa, além de que os factos posteriores podem contorná-la. E só se emitirá o comunicado se esses factos não o tornarem desnecessário por entretanto as condições terem mudado.

c) A remissão de declarações para um outro emissor, de preferência ausente do núcleo duro. Cria confusão nos receptores.

d) A postura frontal. Se for pedido ao protagonista um número, tentando confundi-lo pela incapacidade de o ter à mão, aventar um qualquer que possa parecer minimamente credível, visto haver sempre a possibilidade de rectificar posteriormente ou alegar má-fé na transcrição, além de que o grande público é desatento e mal formado (o que lhe interessa é a aparência palpitante, não a verdade dos factos).

e) A resposta paralela. Exemplificando: “Por agora, o meu comentário é que só falta que me acusem de que também fiz o Benfica perder em Alvalade ou que afundei o Titanic”. Não diz nada e o povo usa capear-se pela referência a um clube popular ou um caso histórico mediático primário. Como se sabe, a (in)capacidade de apreensão não é muito grande e liga preferencialmente ao acessório espectacular. (O falar-se por exemplo em robalos, detalhe risível aventado para possibilitar um tom anedótico no meio dum facto grave).

(cont.)

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