It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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sábado, 8 de outubro de 2022
segunda-feira, 8 de agosto de 2022
«INFEÇÃO PSÍQUICA»: O SOCIALISMO DE SÓCRATES E COSTA
A direita fofinha – a autorizada pela esquerda a opinar nas televisões, rádios e jornais – tirou mais um coelho da cartola: o crescimento do Chega deve-se à estratégia do PS para esvaziar o PSD e à estratégia de Augusto Santos Silva para se candidatar à Presidência da República. O óbvio explicativo desaparece: os méritos próprios do Chega e dos portugueses que os apoiam.
Este rasgo de autolisonja medíocre dos comentadores da área do PSD e da IL, os incapazes de tratar a esquerda como a esquerda sempre tratou a direita, entre o desdém e a trapaça, demonstra o seu vício de sempre de divinizarem as qualidades da esquerda mesmo perante vitórias inequívocas da direita. Pedro Passos Coelho provou doses cavalares dessa capitulação mental no interior do seu próprio partido, o PSD.
Porque André Ventura reposicionou a direita sem pedir licença à esquerda, os que prosperavam em cima do muro desde Francisco Sá Carneiro, depois com Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho julgam passar imunes ao dever de descerem à terra, a terem de assumir um ou outro lado do muro.
Num contexto político profundamente renovado, tornou-se saliente o padrão mental do regime abrilista. Basta compreendermos o caso tipo, a lavagem cerebral a que os portugueses foram sujeitos para desresponsabilizar e limpar a imagem de um dos maiores desastres socioeconómicos de sempre, a governação socialista de José Sócrates e dos que o acompanharam (2005-2011).
Será inapagável da história mental dos povos, por um lado, que o socialismo português (como outros) exerce o poder recorrendo ao controlo mental autocrático e invasivo que aponta à intimidade dos indivíduos (ao pensamento e vida familiar), por outro lado e por isso mesmo, que esse controlo incorpora necessariamente uma dimensão de instigação e socialização de patologias mentais. O fenómeno é comprovável pela facilidade, impunidade, ausência de remorsos ou arrependimentos com que os socialistas impõem a subversão da relação lógica entre factos e palavras. Fazem com que as palavras desmintam os factos, justamente o inverso da sanidade mental, e com a cobertura da restante esquerda.
A doença tem nome: neurose. Em rigor, transtorno neurótico.
Não havendo descontinuidade entre indivíduo e coletivo, existem patologias mentais que se transformam de residuais em fenómenos sociais. Basta um veículo ou agente indutor com essa capacidade, no caso o poder político. Não por acaso, Freud sustentou a hipótese da «infeção psíquica» ilustrando-a com o exemplo de pacientes numa enfermaria que passam a imitar tiques histéricos uns dos outros (A interpretação dos sonhos, 2009/1899, Lisboa, Relógio D’Água, p.114).
Em sociedades nas quais a comunicação social tem impacto massificado, e foi talhada para a permanente guerra psicológica em nome de causas socialistas e de esquerda, as infeções psíquicas propagam-se bem mais rápida e eficazmente do que a pandemia de Covid 19. Portugal e Ocidente vivem fustigados por essa versão reinventada de guerra civil que encaminha as sociedades para a rotura mental, o superlativo absoluto da luta de classes.
A dimensão sem paralelos históricos do sofrimento psicológico nas profissões mais expostas ao poder político (polícias, professores, médicos, enfermeiros, funcionários públicos administrativos, entre outros), assim como os excessos de consumo de antidepressivos ou ainda a ilusão da necessidade de um psicólogo, psiquiatra ou psicanalista a cada esquina retratam o estádio mental coletivo a que nos conduziram progressistas e globalistas de esquerda.
Claro que não é possível colocar uma sociedade inteira no divã. Mas é possível confrontá-la com os seus próprios sintomas de loucura pela tolerância fortíssima à crítica social e à liberdade de expressão. Essa é a versão ajustada ao sujeito coletivo do discurso em associação livre que permitiu a Freud racionalizar o inconsciente e desenvolver a psicanálise.
A esquerda fica histérica com tal possibilidade. Compreende-se. É dramático ver exposta em praça pública a insanidade mental de qualquer sujeito individual ou coletivo. Mas não parece que exista alternativa.
Graças à sua rede omnipresente disseminada por instituições estratégicas de controlo mental – ensino (do superior ao básico), comunicação social e meios intelectuais e artísticos –, o verdadeiro coração do poder (não é nem nunca será a economia!), os socialistas e a esquerda em geral tornaram-se tenebrosamente eficazes na imposição social de uma relação quase inversa entre os factos (ultradesvalorizados) e as (suas) palavras (sobredivinizadas), o transtorno neurótico coletivo. José Sócrates levou essa loucura ao limite. António Costa é mestre em surfar a onda.
O detalhe é o dessas atitudes agravarem os sintomas patológicos para quem os queira ver. Freud explica. Uma identidade coletiva mentalmente sã, como uma sociedade, submete-se quase por instinto à autoridade moral da prosperidade. Uma mentalmente patológica agrava a insensibilidade ao empobrecimento, miséria, desordem, violência, anomia, má governação na mesma medida em que esse sujeito coletivo (ou individual) se filia a uma causa inviável de natureza mística, religiosa ou ideológica. O socialismo termina sempre dessa forma. Da Venezuela a Portugal.
Nem por sombras Salazar deixou a sociedade portuguesa na lástima moral e intelectual, isto é, mental que herdamos do pesadelo socialista, coroado em 2022 com mais uma maioria absoluta. O problema de Portugal não é político. É de sanidade mental coletiva.
A natureza da crise que vivemos teria sido improvável sem a reiterada colaboração ativa e passiva do PSD, hoje o partido político mais inútil e inviável da democracia portuguesa. José Pacheco Pereira ou Manuela Ferreira Leite carregarão o peso da capitulação mental da direita, o que remeteu a sociedade portuguesa a um estado de falência mental coletiva dos mais graves desde 1128. A douta ignorância massificada pelas televisões dá nisso.
A penosa sobrevivência do regime abrilista deve-se a outra razão, a espiral do silêncio. Pessoas e sociedades evitam, até ao limite último do sofrimento, ter de enfrentar fenómenos mentalmente dolorosos. É da natureza humana sentirmos que esses fenómenos estão dentro de nós mesmos e dentro daqueles que nos são (muito) próximos. Manifestam-se por todo o lado onde tenham chegado a comunicação social, o ensino, os meios intelectuais e artísticos ultra controlados pela esquerda.
Apesar de alguns núcleos de resistência, o manto de insanidade mental politicamente induzida cobre a intimidade das nossas famílias, as relações com os nossos colegas de profissão, as pessoas com as quais lidamos quotidianamente sem intermediários. Daí que seja nas relações de proximidade que o problema verdadeiramente se coloca e se tem de enfrentar. Porém, fugimos dele pelo ritual paradoxal das críticas aos governantes de turno. Tal espiral do silêncio torna-se a fonte por excelência do poder dos Sócrates e Costas desta vida.
«O Triunfo dos Porcos» ou «1984», distopias ficcionais de George Orwell, e que muitos continuam com dificuldades básicas de interpretação, estão realizadas em Portugal.
Quando me tornei deputado há quatro meses, tudo se revelou ainda mais cristalino. Nos debates parlamentares, a tortura mental imposta pelos deputados socialistas (PS) aos deputados sociais-democratas (PSD) leva aqueles a invocarem, a toda a hora, o passado «negro» ou «tenebroso» do governo de Pedro Passos Coelho. Confrontados, os deputados do PSD ficam tolhidos por um bloqueio mental que os faz incapazes de responderem aos socialistas em dobro, triplo ou muito mais com o passado patologicamente criminoso dos governos de José Sócrates, seus companheiros e sucessores, parte deles acusadores ali presentes.
A Assembleia da República está transformada na Grande Fábrica da Loucura Social. Compete aos portugueses comuns lutarem, por eles mesmos, pela restauração da sanidade mental coletiva. Os alvos são inequívocos: sistema de ensino, comunicação social e meios intelectuais e artísticos.
Gabriel Mithá Ribeiro
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