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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

sábado, 6 de julho de 2013

Tem pai que é cego!




A propósito deste certeiro textículo do Rio d'Oiro, vejamos o que corre hoje pela habitual informação:

- Paulo Portas manter-se-á no governo, como vice e coordenador das decisões económicas:
- Álvaro Santos Pereira sairá, sendo substituído pelo meio-amigo de Portas, Pires de Lima, que poderá dividir algumas dessas decisões com o ex-demissionário ministro dos Negócios Estrangeiros;
- Será criado o ministério do Ambiente;
- A Energia, actualmente do âmbito da Economia, virá provavelmente a ser integrada no novo ministério.

Recorde-se ainda que Seguro (naturalmente) e Portas (...) foram convidados da reunião que o grupo Bilderberg fez em Londres, no mês passado.

Divirtam-se.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

"Porque virei à direita"






Chegou-me às mãos, dias atrás, este livro, editado pela Três Estrelas, de S. Paulo. Com pouco mais de 100 páginas, é constituído por três textos de filosofia política, assinados por Luiz Felipe Pondé, Denis Rosenfield, ambos brasileiros, e pelo português João Pereira Coutinho. O prefácio é de Marcelo Consentino. Deixarei de lado os textos de Pondé e Rosenfield, para me centrar no de Pereira Coutinho.

Conhecia-o das suas participações em programas televisivos de debate sobre a actualidade política em Portugal bem como das crónicas que assina regularmente no jornal Correio da Manhã. Em ambos os casos, o que distingue as suas intervenções das dos restantes comentadores ou cronistas é a elegante irreverência e, frequentemente, a subtil ironia (haja alguém!) com que costuma responder ao que lhe perguntam ou tratar o que se sentiu motivado a abordar.

O texto incluído neste livro mantém essas características, aliadas a um tom mais intimista, tornando a sua leitura muitíssimo fluida. E surpreende ainda duplamente quem avalie a dimensão intelectual de João Pereira Coutinho pela inevitável maior leveza dessas suas intervenções públicas.

Em primeiro lugar, porque nele se organiza e estrutura, sinteticamente mas com rigor, uma reflexão documentada e aprofundada sobre a relação possível entre racionalidade, utopia e Estado, sobre as oposições entre “políticas de fé” e “políticas de cepticismo” (para utilizar os termos de um inspirador maior de qualquer dos três ensaístas: Michael Oakeshott  - cuja obra continua, quase completamente, por traduzir, sinal inequívoco do obscurantismo a que o reinante e opressivo quadro mental da esquerda nos conduziu). Em segundo lugar, porque consegue que as sucessivas conclusões, mesmo as mais complexas, sejam facilmente apreensíveis pela sua formulação numa linguagem do melhor (leia-se: mais sábio) e delicioso senso-comum.

Um texto a descobrir, com a urgência justificável pelo vazio de ideias que, dia a dia, vai engolindo irremediavelmente o país.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Nova canção do emigrante com provérbio afim (recebido por e-mail)






Voltei, voltei

Voltei de lá

Ainda ontem estava em França
E agora já estou cá

Vale mais um mês aqui
Do que um ano inteiro lá

Ainda ontem eu pensava
E sonhava cá voltar
Ai, eu já não suportava
Ficar longe do meu lar

Agora já estou aqui
Já me passou esta dor
Tanto, tanto que eu pedi
Este milagre ao Senhor



domingo, 31 de março de 2013

"A entrevista"



(imagem obtida aqui)

Diz assim Alberto Gonçalves:

A única justificação plausível para a longa entrevista do eng. Sócrates à RTP passaria pela apresentação formal de um pedido de desculpas pelos erros cometidos em seis anos de desmiolada governação. Passou-se exactamente o contrário: o homem continua impermeável à realidade, não admitiu um só erro e distribuiu culpas por tudo o que se movia e move em seu redor. Portugal está como está graças à crise internacional, à Lehmann Brothers, a Cavaco Silva, ao actual Governo, ao "Correio da Manhã" e aos biltres sortidos que teimam em difundir "narrativas" (sic) mentirosas sobre a excelsa competência e personalidade do ex-primeiro-ministro. Ele acerta sempre, logo, por definição, os que dele discordam falham sempre.

Convém reconhecer que, apesar de intrinsecamente tontas, na prática estas alucinações funcionam. Não obstante a brutal inépcia de que já deu provas, o eng. Sócrates continua a dispor de um número considerável de seguidores fervorosos. Pior: mesmo entre os adversários há quem lhe atribua o tipo de características que constituem o chamado "carisma", virtude exaltada em sociedades primitivas e que quando não suscita veneração suscita uma espécie de asco respeitoso. Ou medo. Donde as expectativas de índole diversa fomentadas pelo regresso da criatura e o sucesso de audiências do regresso propriamente dito.

Perante isto, impõe-se uma questão: as pessoas andarão maluquinhas? Bem espremido, o eng. Sócrates merece tanta consideração quanto o título que precede o nome. Em matéria de ridículo, demonizá-lo equivale a beatificá-lo, no sentido de se lhe dar a importância que ele evidentemente não possui. O mito do "animal feroz", que o próprio mitómano inventou a ver se colava, colou de facto e tornou-se um dado adquirido a fiéis e a inimigos, os quais deveriam parar para pensar no exagero em que incorrem.

Descontado o folclore alusivo, a que se resume afinal o eng. Sócrates? A pouquito, uma mediocridade arrogante e uma calamidade política que subiu na carreira à custa de manha, sorte e atraso de vida. Foi justamente o atraso de vida que proporcionou o típico encanto de alguns face à prestação televisiva da passada quarta-feira.

Não importa que o eng. Sócrates tenha passado a entrevista a exprimir-se em língua-de-trapos (repetiu em 57 ocasiões a palavra "narrativa", nenhuma no contexto adequado), a contar mentirolas cabeludas, a desfilar desfaçatez e a exibir impertinência perante jornalistas aliás meigos. Não importa que compare uma dívida pública agravada em prol da propaganda eleitoral com os empréstimos necessários para atenuar os efeitos da bancarrota que a propaganda provocou. Não importa que explique o luxo de Paris com uma dívida privada e hilariante. Não importa que, com a discutível excepção do ataque às trapalhadas do PR, a prestação do eng. Sócrates roçasse o patético. Importa insistir que o "animal feroz" se mostrou preparadíssimo e mantém uma relação privilegiada com as câmaras. Mário Soares considerou a entrevista "brilhante" e, notoriamente excitado, um antigo funcionário do portento proclamou: "Sócrates ama a televisão e a televisão ama Sócrates."

Seria cruel interromper o idílio, que de resto prosseguirá em doses semanais a partir de Abril. Os fiéis do eng. Sócrates aproveitarão para se deliciar com o exercício e os que vêem no sujeito a origem do Mal poderão entreter-se a exorcizá-lo. Pelo meio, é possível que, programa após programa, laracha após laracha, uns tantos ganhem bom senso e comecem a reduzir aquela lamentável figura à sua verdadeira dimensão, a de um vendedor de patranhas que, orientado pela vaidade, fundamentado na inépcia e sustentado por pasmados e oportunistas, ajudou mais do que qualquer outro a arruinar o país. Sendo certo que os estudos em Paris não ensinaram nada ao eng. Sócrates, talvez os portugueses que por cá pagam a factura do seu intelecto aprendam uma ou duas coisinhas.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

"Incongruências"





(imagem obtida aqui)



Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão." Vendo o que se diz sobre a crise nota-se enorme falta de lógica e coerência. Isto é normal em tempos assim. Aliás o estranho e precioso em Portugal é que, por enquanto, as discussões, apesar de vociferantes, são pacíficas e a economia vai ajustando. Mas a paz e os progressos não impedem os disparates.

Para compreender os erros comecemos numa das poucas afirmações consensuais: o ensino obrigatório deve ser gratuito. Uma pseudo-ameaça a este princípio suscitou há pouco os maiores sobressaltos. Mas logo a seguir ouvimos os protestos das escolas e dos professores contra a redução dos seus gastos. Afinal a educação gratuita fica muito cara. Quem a paga então?

Dizer que deve ser o Estado é tolice, pois todo o dinheiro que ele gasta sai do nosso bolso. Só que os mesmos que querem educação gratuita e manutenção dos gastos das escolas também protestam contra a subida dos impostos. Assim se completa a incongruência. Como as coisas gratuitas e caras não se limitam à educação, a coisa fica mesmo grave. Pensões e apoios, polícia e tribunais, saúde e energia, embaixadas e militares, estradas e esgotos, entre tantos outros, constituem pesadíssimos encargos. E falar de pagamentos dos utentes, das portagens às taxas moderadoras, implica sempre novos protestos ruidosos. Podem ser compreensíveis, mas não são coerentes, violando as leis da aritmética.

Muitos julgam escapar à falácia apelando a mitos. Um dos mais populares, que o Governo também divulga, é cortar as "gorduras" do Estado. Os opositores usam uma variante da mesma ideia, falando de carros e gabinetes ministeriais, erros e corrupções administrativos. É verdade que existem muitos desperdícios, vícios, exageros e entorses na máquina pública. Mas um problema deste tamanho não se soluciona só com dieta. É precisa cirurgia estrutural. Devemos manter o essencial, na educação, saúde, estado social, etc., mas a aritmética exige que tudo seja alinhado com os impostos que podemos suportar. Recusar a mudança é perigosa ilusão.

Outro mito comum é achar que os ricos pagam a crise. Claro que quem mais tem mais deve pagar. Só que, não só não temos ricos suficientes, mas se abusarmos desse expediente quem beneficia é a Espanha e Inglaterra, para onde irão os nossos ricos, aumentando a nossa miséria. Também as empresas não podem ser sobrecarregadas de tributação se quisermos criar emprego e crescimento. Mais uma vez a lógica impõe-se. A verdade é que só cá estamos nós, e querer serviços gratuitos, despesas altas e impostos baixos não é possível. A não ser que alguém nos empreste.

Esta última ilusão é aquela que hoje nos custa couro e cabelo. A crise resultou directamente da acumulação de quinze anos de dívida externa. Aqui surge uma outra incongruência, quando descarregamos os nervos, não sobre os culpados, mas precisamente naqueles que nos querem ajudar.

É bom lembrar que Passos Coelho e Vítor Gaspar não geraram a doença, mas tentam curá-la. O mesmo se diga da troika. Só conseguimos o nível de vida dos últimos anos porque os alemães e outros europeus nos emprestaram as suas economias. A dívida externa bruta do País, incluindo Estado e privados, atingiu 386 mil milhões de euros em Junho. É isto a crise. Os credores não querem que saldemos essa dívida, mas apenas que demos garantias de conseguir ir pagando os juros. Foi esse medo que nos fechou os mercados em 2010 e criou a crise.

Ficar zangado com quem nos ajudou é estranho. Mais estranha é a continuação. A recuperação portuguesa interessa-nos a nós tanto quanto aos credores, que perderiam tudo se falíssemos. Por isso, em resposta às nossas dificuldades, eles decidiram emprestar-nos mais 78 mil milhões de euros, impondo em troca que sigamos uma cura exigente dos desequilíbrios. Estas condições são muito melhores que a generalidade dos países gastadores tiveram ao longo dos séculos. Face a isto fará sentido insultar a troika? São concebíveis alternativas melhores? Podemos ralhar, mas não temos razão.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A "Palestina"





(imagem obtida aqui)

A propósito da visita de agradecimento a Portugal do Ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano, transcrevo este artigo de Alberto Gonçalves, no DN, publicado dias atrás:

"Nascida" na sequência da Guerra dos Seis Dias, a Palestina é uma artimanha, uma estratégia de afronta, um instrumento político. Curiosamente, durante décadas foi um instrumento ao serviço da propaganda "sionista", ou pelo menos assim o garantiam inúmeros representantes árabes e os historiadores menos inclinados para o lado israelita da história. Basta ler uns livrinhos para perceber que, enquanto lhes deu jeito, isto é, sobretudo até 1948, os vizinhos de Israel deram-se a consideráveis trabalhos para desvalorizar a ideia de um povo independente, ou sequer específico, chamado palestiniano. A opinião consensual era a de que tal povo não era mais do que parte integrante da Síria, e sírios, ou em certos casos turcos, era aquilo que os próprios "palestinianos" se achavam. Depois veio Israel, as ofensivas falhadas contra Israel e, à custa do terrorismo de Arafat e, posteriormente, do Hamas, legitimou-se uma nação inventada sobre o racismo e a opressão das minorias, que pelos vistos só importam às vezes.

Esta semana, o nosso parlamento congratulou-se por unanimidade com o voto favorável de Portugal à admissão da Palestina como Estado observador da ONU. Qualificar o voto e os deputados que o festejaram implicaria o uso de linguagem inadequada a um jornal sério.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

"E se um Marinho e Pinto quiser ser presidente da República?"





É este o título do artigo de FilomenaMartins, no DN, que transcrevo de seguida:

Apesar de ainda faltarem três anos e picos para as presidenciais em Portugal, várias figuras começaram já a posicionar-se. Interessa perceber quais e com que intenções. Além dos nomes oficiais que cada partido irá escolher, há uma longa lista de protocandidatos da esquerda à direita: começa em Carvalho da Silva e acaba em Durão Barroso, mas engloba, ou pode vir a englobar ainda, Francisco Louçã, António Guterres, Carlos César, o próprio José Sócrates, Jaime Gama, Marcelo Rebelo de Sousa ou até Mota Amaral. E seguramente que me estão a falhar alguns. Mas a este rol faz todo o sentido acrescentar uma figura da tendência que cada vez ganha mais força entre os portugueses, alguém que emane da dita sociedade civil, independente e, digamos assim, apartidário. Marinho e Pinto, o bastonário da Ordem dos Advogados está claramente a fazer esse caminho.

Comecemos pelos mais óbvios. À esquerda, Carvalho da Silva tenta há mais de um ano uma candidatura mobilizadora, que conta com um apoio que ainda tem um significativo peso público: Mário Soares. As ligações ao PCP, de que nunca se demarcou totalmente, e o suporte sindical, onde fez carreira, serão a sua base de partida que pode pescar muitas outras franjas partidárias. O ex-líder da CGTP corre agora o risco de poder ter como concorrente Francisco Louçã, que liberto das funções no Bloco e da tribuna da Assembleia da República ganhou uma espécie de estatuto de senador da República.

Já à direita, o duelo pode ser muito mais complicado. Os dois nomes que saltam à vista "marcam-se" mutuamente. Durão Barroso seria a candidatura mais consensual, mas talvez ache que ainda não está na idade nem no tempo de regressar ao País a que um dia virou as costas, preferindo prosseguir a sua carreira internacional, na Europa ou no mundo, provavelmente até no sector privado. Por via das dúvidas, Marcelo Rebelo de Sousa vem fazendo os trabalhos de casa. Tirando partido da força do seu espaço televisivo, arma-se todas as semanas no crítico do regime, na voz da consciência do Governo, porque sabe que assim ganha pontos na opinião pública. Quer tornar-se um híbrido partidário. Mas como não é fácil descolar do papel que teve, e tem, dentro do PSD, pode ter de jogar em antecipação e formalizar a sua intenção para obrigar Passos Coelho - ou quem for o líder do partido na altura - a definir-se. Seja como for, é um nome fortíssimo.

E chegamos então ao PS. Se fosse possível convencer António Guterres a voltar ao pântano da pátria - agora ainda mais lamacento -, poderia estar tudo resolvido. Mas se Guterres preferir a ONU ou a UNICEF, José Sócrates, que no seu retiro parisiense assiste de camarote ao facto de ser o atual Governo quem mais faz pela limpeza do seu nome, é sempre uma hipótese. Mas só o tempo dirá se será o tempo certo.

E é aqui, ao centro, que melhor se pode posicionar um nome como o de Marinho e Pinto. Até os menos atentos se terão apercebido de como o bastonário da Ordem dos Advogados se tem desdobrado em declarações, conferências, presenças e tomadas de posição. Ainda que algo conotado com o socratismo, Marinho e Pinto é, concorde-se ou discorde-se, a voz do povo, dos "descamisados" contra os poderosos. Está à frente dos advogados como podia estar a guiar o táxi onde a maioria dos portugueses viaja. E entre todas as guerras em que se mete, as polémicas em que se autoenvolve e os erros que comete, é preciso dizê-lo, traz para a discussão muitas verdades que se perdem na enxurrada. O poder odeia-o e seguramente escorraçá-lo-á. Mas o povo gosta e revê-se nele. O seu populismo, a roçar a demagogia, insisto, pode fazer caminho. Até acho que um qualquer José Manuel Coelho faz sempre falta. Mas Marinho e Pinto é muito mais perigoso: por ele próprio e pela votação que pode conseguir. Não se riam. Foi a isto que chegámos. Foi isto que criámos.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Eco de um tolo...? Tolo será quem não pensar que a velha jogada estava apenas à espera de um pretexto!





(imagem obtida aqui)

Escreveu Henrique Medina  (as letras a cheio são dele):

O nome do ex-ministro das Finanças fazia ontem a manchete de um jornal - o 'Sol'. Dizia assim: "Apanhado na rede" e informava que a "investigação do caso Monte Branco (...) apanhou um nome totalmente improvável". A fotografia de Medina Carreira era a maior mancha gráfica da primeira página.

O ex-ministro e comentador reagiu com calma, dizendo que tinham ido a sua casa e ao seu escritório e nada tinham encontrado. Não ficou sequer como arguido.

Hoje, diversos jornais, entre os quais o Expresso, indicam que o nome de Medina Carreira seria um código usado na rede Monte Branco (e referente a outra pessoa), nada tendo a ver com a participação na rede do advogado e fiscalista que foi ministro das Finanças nos anos 70.

Vamos, pois, reconstituir a notícia: um nome aparece em documentos apreendidos num processo de investigação; a justiça naturalmente investiga e, aparentemente, chega à conclusão de que a pessoa a que corresponde esse nome nada tem a ver com o caso.

Pelo meio, alguém ligado à investigação, revela a um jornal o nome concreto que surgiu em documentos e o jornal espeta-o na primeira página.

Na verdade, como muito bem disse o visado Medina Carreira, não tem de haver aqui nenhuma conspiração ou cabala. Basta existir, como existiu, digo eu, um agente ligado à investigação completamente idiota ou tolo, uma jornalista que gosta de servir de eco a esse tipo de tolos e um jornal que publica qualquer coisa que lhe chegue sem tentar aprofundar, confirmar ou contrastar.

Gostava que houvesse uma investigação a sério e que, pelo menos, se soubesse quem é o agente tolo... porque a jornalista sabe-se que é costumeira neste tipo de andanças.
Digam lá agora se não é verdade que mais vale não haver segredo de Justiça. Ao menos, desse modo, ficaríamos com a história toda, contada por ambos os lados e não apenas com a versão do agente tolo e da jornalista eco.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"A busca da chave"






(imagem obtida aqui)



Todos conhecem a anedota do homem que, perdendo à noite a chave à porta de casa, vai procurá-la debaixo do candeeiro da rua por aí ter luz. Os portugueses fazem isto há muito, insistindo numa solução nacional por sucessivos governos falhados, sem notar a realidade socioeconómica que passa ao lado.

Na recessão o pêndulo da popularidade anda mais depressa. O anterior Governo, que nos trouxe à crise, caiu em desgraça ao fim de uns anos. Foi substituído pelo actual que, após poucos meses de esperança, já o seguiu no descrédito. É espantoso, mas ainda há quem acredite que mudar o Executivo fará diferença. Há séculos que se repete o ciclo, sem que se aprenda. Continuamos fiéis adeptos do Estado mas violentos inimigos do Governo da altura. A política há-de ter a solução nacional, embora os políticos não prestem. O paradoxo merece reflexão, em especial no momento em que o Governo, de forma totalmente inesperada, conseguiu algo espantoso. E é violentamente zurzido por isso.

Em 2011, pela primeira vez desde 1950, o total da despesa pública desceu em termos nominais. Caso único nos últimos 60 anos, é fenómeno histórico que ninguém achava possível. A responsabilidade é partilhada, porque nesse ano o Ministério das Finanças foi dirigido por Teixeira dos Santos até 9 de Julho e Vítor Gaspar depois. Embora o maior esforço seja do segundo, a execução orçamental dos primeiros seis meses, de acordo com o Relatório do OE para 2012 (quadro II.2.1.), reduziu a despesa total em 1.9%, boa ajuda para a descida de 5,5% nominais no ano. Mais impressionante, o feito repetiu-se em 2012, em que haverá uma descida da despesa total em 10,2% nominais, algo a que ninguém vivo assistiu.

E não se prevê que volte a assistir, pois as contas para 2013 já dão uma subida nominal e real da despesa. Mas ao menos contaremos aos nossos netos que vimos o impossível: o Estado cortou a despesa duas vezes. Todos os Governos, em democracia ou ditadura, falam disso há décadas. Todos têm rigor e contenção, mas houve um que teve mesmo. E é considerado o pior Governo de sempre por causa disso. Não admira que ninguém o volte a fazer.

Governos criticados são a sina nacional pelo menos desde o Dr. João das Regras. Nunca se viu um executivo de quem a opinião pública tenha boa opinião e só será louvado anos depois, como argumento para atacar o sucessor. Mas há aqui algo errado. Ouvindo as opiniões comuns acerca da péssima qualidade das políticas e ministros, a única conclusão razoável é que Portugal está tão mal quanto o Zaire. Como constatamos que, mesmo com crise, somos mais ricos que a Coreia do Sul, alguma coisa falta na análise.

O motivo é que passamos a vida a procurar no lado errado. A capacidade da nossa sociedade e economia são espantosas e têm conseguido ao longo das décadas resultados únicos. Desta vez, perante o choque brutal da crise internacional e austeridade interna, de novo se estão a notar excelentes capacidade de ajustamento, flexibilidade e imaginação por parte das nossas famílias, empresas, trabalhadores e cidadãos. No meio dos sofrimentos fazemos maravilhas. Na taxa de poupança, balança externa, transformação sectorial, criatividade empresarial há efeitos rápidos e inesperados que, embora devidos ao choque e desespero, farão o País sair da crise. Só que ninguém nota por todos estarem fascinados com a dança nas cadeiras ministeriais.

Talvez o mais incompreensível seja encontrar tantos economistas que, esquecendo aquilo que aprenderam, se sentam à porta do Parlamento e ministérios, esperando daí o processo de desenvolvimento. Dado que o Estado tem de fazer dieta, é evidente para eles que a economia não poderá crescer, como se estivesse nas páginas do Orçamento a origem da dinâmica produtiva. Por isso boa parte das análises que ouvimos devem mais ao Conselheiro Acácio e Conde de Abranhos que a Adam Smith e Paul Samuelson. Os intelectuais portugueses continuarão a procurar a chave debaixo dos holofotes partidários. Felizmente a economia não espera por eles para arrumar a casa.