
Essa não é uma função que devia estar remetida ao estado, já que pagamos impostos?
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
[...]O que as bioideologias apresentam é a construção a la carte da identidade humana. Aqui reside seu êxito. O homem é produto da evolução, muda segundo as circunstâncias e é possível fazê-lo evoluir no sentido desejado. Seus meios preferidos são a reivindicação de direitos, a engenharia educativa e a propaganda, apoiados pela engenharia médica e genética. As bioideologias adotam o papel do vitimismo, a “cultura da reclamação”, muito útil para a propaganda, sendo a discriminação um dos seus conceitos centrais. O ódio e o ressentimento são seus sentimentos básicos, ainda que contem também com seus fins lucrativos.[...]
Clérigos da Igreja Católica estão sob fogo cerrado, um pouco por todo o mundo, por haverem cometido e/ou encoberto crimes de pedofilia.
É um assunto gravíssimo e de terríveis consequências, para as vítimas e para a própria ICAR.
Os autores destes crimes são uma minoria, mas isso não desvaloriza o problema e é quase automática, aos olhos da opinião pública, a generalização das imputações de pederastia aos “padres” e à ICAR.
Coisa desastrosa num mercado onde a “autoritas” e a confiança numa superioridade moral são os valores supremos.
Sendo também verdade que os casos que envolvem a ICAR suscitam de imediato o reflexo pavloviano da esquerda anticlerical, a que alguns chamam o “socialismo dos imbecis”, a hierarquia católica deveria encarar o problema e ir às raízes.
Em tempos li “Manhã Submersa” de Virgílio Ferreira e não alimento muitas dúvidas de que o problema está no celibato, na homossexualidade (os crimes são quase sempre deste tipo) e na repressão de uma sexualidade normal.
Há aqui uma selecção do tipo darwinista.
O celibato afasta do sacerdócio as pessoas que encaram a sexualidade normal e a família, como coisas de que não querem abrir mão.
E atrai os outros. Não estou a dizer que todos os padres são homossexuais, pederastas ou sátiros, mas parece-me óbvio que a exigência de celibato tende a aumentar a frequência destes desvios na população em questão.
Tanto quanto sei, o celibato não é uma questão de dogma, mas de interpretação, A Igreja já funcionou sem ele durante vários séculos. O primeiro padre da Igreja, S. Pedro, era casado (Mateus, 8:14-15).
S.Paulo escrevia que “ Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher,…” (I Tim, 3:1-3) e que “governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia.” (I Tim, 3:4-5).
É verdade que há passagens bíblicas que apontam noutro sentido mas, lá está, é uma questão de escolha. A hierarquia católica pode escolher acabar com o celibato, não está tolhida por questões “constitucionais”.
Na minha opinião deveria fazê-lo. Num determinado contexto histórico a imposição do celibato pode ter sido útil, mas hoje as coisas são diferentes e a exigência transformou o sacerdócio num armário de sexualidades desviantes, com má aceitação social e cultural.
Se os padres pudessem casar, certamente não iriam acabar todos os casos mas a sua ocorrência tenderia para valores estatisticamente “normais”.