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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Nivaldo Cordeiro - Obama desarma EUA


O assunto recordou-me parte da obra de Robert Heinlein, em particular um dos livros cujo título não consigo de momento recordar, mas aqui fica um excerto da Wikipedia sobre a geo-política terrestre abordada num outro livro dele.

Earth politics and background history

The novel indicates that Earth had experienced a nuclear world war (the "Wet Firecracker War") in the past century, although no significant traces of devastation are apparent at the time of the novel's setting.

Other changes include unification of the entire North American continent under a successor government to the United States, and political unification of South America, Europe, and Africa into mega-states. The Soviet Union seems to have lost the land east of the Urals to China into a rump state, and China has conquered all of East Asia, Southeast Asia, eastern Australia, and New Zealand (deporting unwanted people to Luna in the process). This Chinese aggrandizement is similar to that described in Tunnel in the Sky and, to a lesser extent, Sixth Column. The militarily dominant nations seem to be North America and China. India is overcrowded but seems able to obtain much of the wheat shipments from Luna.

It is suggested that the Western nations, including North America, have become corrupt and authoritarian, while holding on to the vestiges of the pre-war democratic idealism in propaganda and popular culture. China is portrayed as plainly and unabashedly despotic, but no less technically advanced than the West. The Soviet Union seems to have relatively little influence, whereas the Lunar Authority itself is portrayed as corrupt. Most of Earth seems to have been split into several large nations, most joined together by the Federated Nations. They include the North American Directorate, Great China, Soviet Union, Pan Africa, Brazil (hinted to include all of South America), and a European coalition (named "Mitteleuropa" in Chapter 25, Paragraph #8). Individual nations such as Chad (the first to recognize Luna), India, and Egypt are also named.

domingo, 28 de agosto de 2011

Líbia: a guerra limpa

A guerra na Líbia tem sido uma perfeita guerra. A esquerdalha, mais ou menos indignácara, não falou de:

 - "bombas ditas inteligentes"
 - efeitos colaterais
 - bombardeamentos a alvos civis
 - bombardeamentos a "fábricas de leite"
 - falta de protecção aos museus
 - "a guerra nunca é solução"
 - vigílias
 - escudos humanos
 - ONGs
 - não haver ainda planos para o pós-guerra
 - eleições para colocar fantoches no poder
 - como se "garantirá" a democracia
 - "ocupantes"
 - "expansionismo imperialista"

Um dos jornalistas conseguiu finalmente perceber que naquelas sociedades e naquelas circunstâncias não há exactamente civis e militares porque toda a gente tem armas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desde quando se combate, em guerras boas, com munições?

Nem com munições, nem com aviões, nem com soldados. Apenas andorinhas e assistentes sociais. Sim, assistentes sociais porque todos são vítimas dos "poderosos" e dos "interesses".
Less than a month into the Libyan conflict, NATO is running short of precision bombs, highlighting the limitations of Britain, France and other European countries in sustaining even a relatively small military action over an extended period of time, according to senior NATO and U.S. officials.

Via O Insurgente.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Agarrem-me ou ainda me desgraço

Tem muita graça ver os europeus e o Santo Buraco Obama reclamar "à NATO" por ... mais envolvência na Líbia. Líbia, que faz lembrar a guerra de 1908 de Raul Solnado.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Panelas, democracia e Islão

Uma certa Europa "progressista" e aliada táctica do islamofascismo, estupidamente alapada no relativismo cultural que a proíbe de criticar os conceitos retrógrados do Islão, recita quotidianamente o mantra de que “a democracia não se impôe à bomba” e que o Ocidente não tem nada que tentar obrigar outras culturas a aceitarem os valores democráticos.
Esta baboseira passa por discurso inteligente e sofisticado em alguns meios.
Pensando aqui no meu vizinho, em teoria não tenho efectivamente nada a ver com o modo como ele lava a louça. Todavia, se o seu peculiar método de lavagem fizer com que, de vez em quando, me aterrem panelas de pressão em cima da cabeça, insisto em que tenho uma palavra a dizer.
Não que eu seja um perigoso neocon, bushista, neoliberal, capitalista e da "extrema-direita".
Não sou, pelo contrário sou do Benfica.
E sou até pós-modernista e culturalmente relativista, por exemplo com os costumes dos índios Jarawara. De facto não só me estou nas tintas para eles, como nem sequer sei se existem ou, se existem, se se governam à pancada ou aos beijos na boca.
Já com os muçulmanos a coisa fia mais fino, porque o mundo desta gente teima em me entrar pela casa dentro, de muitas maneiras, nenhuma delas particularmente agradável.
E infelizmente tenho esta pouco “progressista” ideia de que a pancadaria da rua islâmica se deve principalmente ao caldo de cultura cujo imprimatur vem dos valores religiosos islâmicos (e não às “injustiças” e “agressões”, como papagueia o Dr Soares, o Dr Boaventura e os analfabrutos que lhe bebem a baba).

Por outro lado, como alguns estudiosos demonstram que as democracias liberais maduras tendem a não se guerrear e a gerir os conflitos internos com menos violência e maior tolerância, é perfeitamente normal que eu (um detestável egoísta pouco motivado para o idealismo e a missionação), não estando particularmente entusiasmado com a perspectiva de continuar a levar com panelas islâmicas na cabeça, comece por sugerir ao meu vizinho barbudo que mude o seu método de lavagem de louça. Claro que ele pode “rejeitar” a “injustiça”, afiançar que assim é que lava mais branco, acusar-me de “imperialismo cultural” e ameaçar-me para não meter o nariz na vida dele.
É o que farei, se sentir que não tenho poder para o obrigar a mudar, tendo de resignar-me a andar de capacete e a comprar betadine e compressas. Porém, se eu tiver em casa 1 caçadeira, 1 pistola e 2 pitt-bull esfomeados, e lhe der subtilmente a entender, limpando a zagalote, que não estou na disposição de levar com mais panelas na testa, há uma hipótese de que ele comece a pensar na excelência do método alternativo que lhe proponho (a democracia).

E se demorar muito a fazer opções, poderei até passear o pit-bull, mesmo que me arrisque a levar com um tacho na mona, durante o passeio.

Em meu modesto entender, é esta a razão pela qual fazer o “enforcement ” da democracia, longe de ser uma atitude missionária e voluntarista releva, pelo contrário, do mais prosaico utilitarismo.
E não me podem chamar intolerante, porque em relação aos costumes dos Jarawara, a minha paciência e tolerância são infinitas.
Em relação às panelas do vizinho, lamento não ser tão tolerante, mas tenho esta ideia catastrofista e certamente radical de que, se as coisas não mudarem, um destes dias uma panela islâmica atingirá um filho ou um neto meu.
E aí não há Maomé nem meio Maomé. É imitar o islamófobo Pai Afonso e desatar rachar cabeças da moirama a golpes de montante.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Uma ordem é uma ordem

Por definição os militares obedecem, e a disciplina tende a criar automatismos que compelem.

Parece que já estou a ver a paisanada sorrindo complacentemente ao confirmar a caricatura do militar-autómato que obedece cegamente, ainda que não entenda a ordem.

Mas a questão vai além da caricatura. Quando é que um militar deve desobedecer a uma ordem?

A resposta académica e abstracta é papagueada sem hesitação: se ela for ilegal, imoral ou estúpida.
A questão enreda-se quase imediatamente: quem define o que é “imoral” ou “estúpido”? Aquilo que parece estúpido a um executante pode não o ser para o escalão que lhe dá a ordem e que vê, não apenas o pixel, mas a big picture.

Ora não tendo um determinado militar informação suficiente para julgar com objectividade, obedece ou não a uma ordem legal mas que aparenta não fazer sentido?

Mudança de cenário.

Campo Militar de Santa Margarida, década de 80.

Psicólogos do Centro de Estudos Psicotécnicos do Exército procedem a um estudo de campo no Curso de Comandos, sobre estilos de liderança.

Trata-se da vulgar prova de “salto para o desconhecido”, em que o instruendo tem de se projectar de uma plataforma elevada, sem ver e sem saber o que está para além dela.

Espera-o quase sempre uma queda razoável, numa superfície de água ou lama, mas isso ele só sabe depois.

Os instrutores dão a ordem de execução de duas maneiras:

Com uns usam a abordagem persuasiva e informada. “Meu caro amigo, vai executar uma prova que consiste nisto, nisto e naquilo. Pretende-se medir e isto e aquilo. Ora tenha a bondade, de executar.”


Com outros, a abordagem é brutal e com excesso de décibeis. “Seu ****, estás a ver a **** daquela rampa. Estás à espera de quê, seu ****? Salta ****, antes que te acerte com um pontapé nos ****. Salta ****, salta!”

Os resultados não deixam dúvidas sobre a natureza humana em situações extremas. Com a 1ª abordagem, mais de 90% dos instruendos quiseram ir ver e, como isso não era permitido, ficaram ali a engonhar, com olhares hesitantes e conversa fiada.

Com o 2º estilo, saltaram todos, de olhos arregalados, em passo de corrida e com a adrenalina à flor da pele.

É por isso que nestas questões não há respostas fáceis.

Tudo depende.

A desastrosa carga da cavalaria ligeira em Balaclava, não teria acontecido se a ordem tivesse sido recusada por estúpida, mas Sun Tsu não tem dúvidas: “Aqueles que, mandados avançar, o não fazem, serão decapitados”.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Da fina flor do ocidente

As Americans we feel that we have to babysit the rest of the world.

Our enemies, those who do not wish us well in this world, counting on the fact that we're not true believers, that we are too soft, that we are not willing to give up the consumption society that we live in, they're counting on the fact that we won't show up.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Obama, guerra e paz

O discurso de Obama, na cerimónia de entrega do Nobel da Paz, tem partes excelentes, e nele se descobre um homem que, forçado pela realidade, teve de descer da estratosfera moral onde todos gostamos de flanar.
Impossibilitado, porque tem responsabilidades políticas e a política é sempre a arte do possível, de olhar o mundo tal como gostaria que fosse, vê-se obrigado a enfrentá-lo tal como ele é.

É por isso que, não desistindo todavia de descrever as coisas como gostaria que fossem, tributo retórico que o vício tem sempre de pagar à virtude, estas ideias são as que verdadeiramente contam no terreno onde nos movemos e na realidade que é a do nosso tempo e das nossas vidas:

1-Não trago aqui hoje a solução definitiva para os problemas da guerra.

2-Temos de compreender a dura verdade de que não iremos erradicar os conflitos violentos no nosso tempo de vida. Haverá momentos em que as nações entenderão o uso da força, não apenas necessário, mas moralmente justificado.

3-Como chefe de estado obrigado a proteger e a defender a minha nação, não posso ser apenas guiado pelos seus exemplos (de Gandhi e de Luther King). Eu encaro o mundo como ele é.

4-Que não haja dúvidas: o Mal existe no mundo. Um movimento pacifista não seria capaz de travar os exércitos de Hitler. As negociações não podem convencer os lideres da Al-Qaeda a baixarem as armas.

Dizer que a força é por vezes necessária não é cinismo- é o reconhecimento da história, das imperfeições do homem e dos limites da razão.


5-Sim, os instrumentos da guerra têm um papel a desempenhar na preservação da paz.


6-A guerra é por vezes necessária e é, de algum modo, uma expressão das emoções humanas.


7-Eu, como qualquer outro chefe de estado, reservo-me o direito de agir unilateralmente se tal for necessário para defender a minha nação.


8-A crença de que a paz é desejável, raramente é suficiente para a obter.



Isto é o que conta.

O resto também é importante, mas não é novidade.

De resto, o Pacto Kellog-Briand, que abolia a guerra, é de 1928, continha a habitual retórica estratosférica e foi assinado por todas as nações que,11 anos depois, travaram entre si a mais mortífera guerra da História.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Se Israel tem, porque é que o Irão não pode ter?


Quando se aborda a questão do nuclear iraniano, é recorrente o argumento de que o Irão na posse da arma atómica, não será substancialmente diferente de outros países que também a têm, e surge quase sempre o argumento de que “se Israel tem, então o Irão também tem direito a ter”.

Há quem se questione mesmo se a preocupação com o Irão, não será um caso de “dois pesos e duas medidas”.

Há aqui questões políticas e jurídicas complexas e que não se deixam aprisionar em narrativas tão simplistas.

Politicamente falando, todos os estados soberanos reservam para si o direito de desenvolver programas nucleares para fins civis e militares. EUA, Rússia, China, Índia, etc., fazem-no. Israel não se sabe, porque mantém uma politica deliberada de “não confirmo nem desminto”, por razões estratégicas, mas presume-se que sim.

Há vários anos que, no quadro das Nações Unidas, se procura controlar estes programas, tendo como racional a ideia de que a proliferação tornará o mundo inseguro, pela multiplicação das possibilidades de erro, irracionalidade e escalada.

Nesse quadro, muitos países comprometeram-se voluntariamente com o Tratado de Não Proliferação. O Irão foi um deles. Tal como Portugal.

Assinar o TNP implica a expressa renúncia a programas militares e a aceitação de inspecções dos programas civis por parte da AIEA.

Ou seja, Portugal e o Irão podem ter um programa atómico, podem enriquecer urânio, mas têm de seguir os procedimentos e limitações decorrentes do tratado que assinaram.

O problema com o Irão, é que não está a fazer nada disso.

O Irão pode, a qualquer momento, dizer que não está mais limitado pelas cláusulas do NPT, retirar-se do tratado, e prosseguir com os seus programas de forma soberana.

Não o faz, porque quer manter-se na luz da legalidade e sabe que se dela se retirar antes de ter disponíveis vectores nucleares, será tratado como o vizinho perigoso da rua, e os vizinhos podem mexer-se para o impedir.

Em termos de Direito Internacional, existe um problema: o Irão, ao ocultar sistematicamente à AIEA, partes do seu programa nuclear, e ao colocar obstáculos às actividades de inspecção, violou e viola os compromissos que assinou,

Por isso é perfeitamente natural que se instale a suspeita de que as suas intenções não são claras. E é daí que brota o alarme e a mobilização de uma grande parte da comunidade internacional, perante aquilo que percebem naturalmente como uma ameaça à sua segurança.

No plano político a questão é incontornável: quais as razões pelas quais o Irão prossegue tais actividades e, especialmente, por que razão tenta ocultá-las?

A diferença entre o Irão e Israel (ou o Reino Unido), é que os poderes destes países não passam a vida a ameaçar outros países de que vão fazê-los “desaparecer do mapa”. São actores racionais.

A França está aqui perto, os seus aviões, submarinos e mísseis alcançam o local onde moro, e nem por isso me sinto preocupado. Na verdade Portugal está mais seguro pelo facto de países aliados terem armas destas.

Na inversa, não acredito que um iraquiano, um saudita, um egípcio, etc., se sinta mais seguro por ter como vizinho um Irão dotado de armas nucleares.

Pelo que se sabe, é justamente o contrário, de tal forma que até os sauditas, inimigos figadais de Israel, permitem discretamente que aviões israelitas sobrevoem o seu território, no caso de um ataque ao Irão.

O programa israelita é uma ameaça para os vizinhos? Alguns acreditam que sim e, no limite é-o mesmo, uma vez que Israel usará o seu arsenal se a sua sobrevivência estiver em causa, mas limitemo-nos aos factos: os belicosos vizinhos de Israel manifestam-se contra, obviamente, mas não com grande indignação, porque sabem que Israel é um actor racional, pelo que nem sequer tentaram iniciar uma corrida ao nuclear, para contrabalançar, coisa que já estão a fazer relativamente ao Irão.

Porquê? Pelas mesmas razões que levam a Alemanha a não criar um programa nuclear militar para equilibrar o inglês. Porque tanto a Alemanha como os vizinhos de Israel percebem tratar-se de programas defensivos, meras forças de dissuasão, que não se destinam a ser usadas, mas sim a dissuadir ataques.

Se o Irão preocupa, é porque é percebido como um estado revolucionário; porque sabemos que, quando dispuser de um guarda-chuva nuclear, o irá utilizar para incrementar o apoio a movimentos terroristas nos países vizinhos, sem temer sofrer retaliações; porque tememos que possa encaminhar para estes grupos, alguma dessa tecnologia; porque se trata de um governo repleto de fanáticos religiosos e não confiamos que gente desta seja capaz de gerir racionalmente uma situação de tensão; porque sabemos que os vizinhos irão, também eles, tentar dotar-se dos mesmos meios, numa imparável corrida ao nuclear que, mais tarde ou mais cedo, se descontrolará e terminará numa catástrofe global.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Diálogos com a Ciência


Está a decorrer um excelente Ciclo de Conferências na Reitoria da Universidade do Porto, com conferencistas de peso que, ao longo dos meses, aí dialogarão com a Ciência.

Pessoas como o Bispo do Porto, Carlos Fiolhais, Loureiro dos Santos, João Lobo Antunes, Adriano Moreira, Fernando Nobre, Alexandre Quintanilha, Palmira Silva, Durão Barroso e Cavaco Silva, fazem parte do rol de conferencistas.

Depois de amanhã, dia 29 de Outubro o tema é " A simbologia da palavra e a ciência militar".

Com o Dr Severiano Teixeira, o Gen Loureiro dos Santos e Rodrigues do Carmo.


Vá lá, um pouco de publicidade fica sempre bem.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O General e o Presidente.

De um lado um general de Forças Especiais, escolhido a dedo pela sua competência profissional, provada em vários campos de batalha em vários continentes.

Do outro um activista comunitário com boa pose oratória, eleito Presidente pela boa leitura de discursos e pelo toque rectal nos complexos de culpa que, ao longo dos anos, a mentalidade esquerdista foi instilando na população norte-americana.

O general quer para ganhar uma guerra, o outro quer evitar polémicas políticas que desagradem à sua mais radical base de apoio.


O general Stanley McChrystal pede os meios para cumprir a missão que lhe incumbiram, o Presidente Obama irrita-se por o general lhe pedir esses meios.


O mesmo Obama que, na retórica naive que o caracteriza, garantia, na campanha eleitoral, que ouviria os comandantes no terreno.

Bem, McChrystal é o comandante no terreno, no Afeganistão, anda há meses a exigir os meios, e tanto quanto se sabe, Obama só o ouviu na semana passada.

Até ao momento, sem resultados.
McChrystal está numa situação impossível, que é a de todos os chefes militares a quem alguém encarrega de fazer uma boa omelete, sem que se lhes forneça um único ovo.
Em Goa, Damão, Dio, Dadrá e Nagar Aveli, o General Vassalo e Silva, viu-se em idênticas circunstâncias... sem meios para cumprir a missão, e sem ordem para a largar.
O que se passa com Obama é claro como a água.
Tem de sair do mundo imaginário em que vive, e no qual se podem sempre fazer opções fáceis entre o feio e o bonito, o mau e o bom, o branco e o preto.
No mundo real, que é o da política, algumas decisões não são tão fáceis de tomar.
É por isso que, enquanto soldados morrem em batalhas, ele hesita entre tomar a decisão "bushista" de fazer um "surge" no Afeganistão, que de resto condenou veementemente no caso do Iraque , perdendo desse modo o apoio da base esquerdista/derrotista, que o levou ao colo, ou recusar a estratégia de McCrhystal, ganhando aplausos imediatos dos patetas alegres, mas assumindo a curto prazo uma retirada que será vista como uma derrota militar, com consequências devastadoras para a imagem do poder americano e para a existência da NATO.
Já para não falar do dramático aumento da força da jihad global, tornada um poder imbatível aos olhos de milhões de muçulmanos.


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Público e Haaretz


E se amanhã, quando acordassemos, o Mundo estivesse completamente diferente? Foi esta a sensação que senti hoje, quando abri a página do Público Online e dei de caras com esta notícia.


Não fiquei em nada surpreendido com mais uma das muitas traduções que o Público Online faz dos artigos do jornal Israelita Haaretz, visto que tais traduções já são hábito por aquelas bandas, parecendo o jornal Português não conhecer outro jornal Israelita que não seja o Haaretz. Não que tenha alguma coisa contra o Haaretz, cujo site faz parte dos meus Favoritos, aliás como o do Público. O que me causa uma certa estranheza é este repetir de artigos sobre o conflito Israelo-Palestiniano que parecem uma versão do Haaretz em Português. Não sei se por orientações ideológicas, se por visões comuns, se por linhas editoriais de alguma forma semelhante, mas o que é certo é que o Público Online parece não conhecer outro jornal Israelita que não o Haaretz.

Passando à frente, é fácil entender o porquê da minha surpresa. Porém, quando li melhor, apercebi-me que as informações tinham sido recolhidas junto de responsáveis Europeus e Palestinianos. Mesmo assim, analisemos o assunto como se estes responsáveis Europeus e Palestinianos tivessem razão naquilo que dizem, algo de que muito dúvido, ou não fossem as outras partes (Israel e os Estados Unidos da América) os factores mais decisivos, uma vez que os Palestinianos falam a diversas vozes e com diversas bombas.

Há dias, numa entrevista, Avigdor Lieberman, Ministro dos Negócios Estrangeiros Israelita, afirmou, citando de memória, que nem daqui a 15 anos existirá um Estado Palestiniano. Porém, aqueles que tentem chegar à paz não encontrarão em Lieberman um obstáculo, segundo o que o Ministro afirmou. Esta declaração convicta de Avigdor Lieberman tem que ser vista de duas formas: a primeira diz respeito ao facto de Lieberman ser um homem de Estado, à frente de uma pasta importantíssima como a dos Negócios Estrangeiros, sabendo portanto daquilo que está a falar; a segunda diz respeito ao pensamento de Lieberman e ao eleitorado que pensa como ele, gente obviamente céptica e, em numa pequena parte, extremamente radical.

Encaro com uma certa normalidade, apesar de andar por estas andanças ainda há bem pouco tempo, esta maneira quase teatral de relatar possíveis progressos na resolução de um conflito que merece ser tratado de diversas formas, menos com leviandade. Reconhecendo a dificuldade que a cobertura deste conflito e o seu estudo representa, tanto por imposições estatais (devido a operações secretas, reuniões secretas, actividades secretas) como por imprevisibilidade (recordar a recente operação Israelita contra um reactor nuclear em construção na Síria, a Operação Orchard), parece-me mesmo assim que a comunicação social dá tiros nos próprios pés quando aborda esta questão. Inundada na necessidade de transmitir horrores cometidos pelos Israelitas (muitas vezes mentindo se for preciso), na necessidade de fazer sempre estes os culpados e de fazer os outros inocentes e interpretando os acontecimentos de uma forma horizontal, é necessário recomendar, sem qualquer tipo de presunções, que todos tomemos cuidado quando se lê determinado tipo de notícias. Como lá diz a minha avó: "Quando a esmola é muita o pobre desconfia...".

O fenómeno tem crescido um bocadinho nos últimos tempos, graças às reconhecidas capacidades do Messias, que se encarregará de resolver uma questão com que muito poucos Presidentes Norte-Americanos conseguiram sequer lidar. A comunicação social fica em alvoroço, aliás o filho é seu e o Pai tenta sempre proteger o seu filho pródigo; o futuro será risonho, o Chumbo Endurecido foi a última barbaridade que os Israelitas fizeram, e só o fizeram porque o Messias ainda não estava no poleiro. A euforia, felizmente, não é acompanhada por todos...

Foquemos, pois, o artigo do Público. O artigo afirma que as próximas negociações entre Palestinianos e Israelitas vão ser sobre a delimitação de fronteiras, para mais à frente anunciar, citando mais uma vez o Haaretz, que as fronteiras serão as de 4 de Junho de 1967, correspondentes, como se sabe, às fronteiras resultantes da Guerra de Independência de Israel e anteriores à Guerra dos 6 Dias. Dei por mim a pensar: se as fronteiras são as de 4 de Junho de 1967, para que é que precisam de ser negociadas? Bem sei que essas fronteiras estavam longe de ser, na época, seguras e imutáveis, visto que eram baseadas unicamente nas linhas do armistício Israelo-Jordano assinado no final da Guerra de 1948-1949 e visto que o Exército Israelita, que contava na altura com o ainda jovem Ehud Barak (militar mais condecorado da história de Israel), levava a cabo diversas incurssões terrestres contra a recém criada Fatah (criada em 1958), para além da fronteira; porém, estou em crer que com um bocadinho de ajuda dos Jordanos (ou será que deva dizer Palestinianos?) é possível recordar essa fronteira, sendo dispensável qualquer tipo de negociações...

Segundo o Público, que mais uma vez cita o Haaretz estou em crer, não se exigirá de Netanyahu, para que possa ser anunciado dentro de dois anos um Estado Palestiniano, que negoceie Jerusalém. Se não está a negociar Jerusalém como é possível regressar às linhas de 1967? Alguns poderão advogar que se está a deixar o melhor e o mais difícil para o fim, o que até pode ser correcto, mas não me parece de todo coerente afirmar que as fronteiras vão ser as de 1967 sem que Jerusalém seja negociada. Convém recordar, ao menos informado leitor, que em 1967 Jerusalém se encontrava dividida em duas: a Ocidental, controlada por Israel; a Oriental, controlada pelos Jordanos. Com Jerusalém Oriental integrado em Israel as linhas não serão as de 1967, serão outras. Se a questão fosse negociar as linhas de 1967 sem falar de Jerusalém, deixando as coisas como agora estão, creio que Benjamin Netanyahu assinava o acordo já amanhã de manhã.

O Público também afirma que Netanyahu se deslocou ao Egipto para, juntamente com Hosni Mubarak, tentar relançar o processo de paz com os Palestinianos. Ora, segundo os political advisors de Netanyahu e segundo o próprio Primeiro-Ministro, a deslocação ao Cairo teve como principal objectivo tratar da questão do soldado Israelita Gilad Shalit, questão que se encontra num impasse depois de mais uma generosa oferta Israelita. Facilmente, através das ofertas, se verá o valor que cada lado atribui à vida humana...

Parece ser fácil esquecer que as linhas de 1967 são um objectivo totalmente irrealista, algo que é partilhado por diversos quadrantes da Sociedade Israelita. Colocar em prática estas linhas acarreteria uma interminável operação de remoção dos milhares de Judeus espalhados pelos considerados "colonatos" Israelitas na Cisjordânia (cerca de 500000 pessoas). Escusado será dizer que a operação, que teria como alvo muitos mais Judeus que a recente retirada de Gaza (de onde foram retirados 7000 Judeus), seria de difícil execução, pois é expectável uma resistência muito maior e muito mais árdua dos colonos, para além de exigir um deslocar de forças Israelitas em número muito superior, o que seria difícil, pois o plano não seria aprovado por muitos militares Israelitas. A Sociedade entraria em alvoroço como entrou em 2004, só que num patamar muito superior.

O cenário parece recambulesco, e parece-me que jamais será levado a cabo, não só porque os partidos passíveis de serem eleitos em Israel não o querem como também porque a pressão da população levaria, de imediato, ao cair do Governo. A proposta de Lieberman, neste aspecto, tem muito mais lógica: trocar vilas maioritariamente Muçulmanas em Israel pelos "colonatos" Israelitas. Tal tem toda a lógica no meu entender, e faz como que um dois em um: Israel fica com os seus Judeus sem que seja necessária uma complicada e arriscada operação de remoção, as terras que foram sabiamente escolhidas/organizadas/compradas/ocupadas por Judeus antes e depois de 1967 (sim, também foram expulsos Judeus do lado Jordano da fronteira de 1967, aliás como de todo o Mundo Árabe desde 1948) continuam na sua posse e Israel vê-se livre da ameaça da bomba demográfica Muçulmana; os Palestinianos vêm o seu Estado criado (mediante algumas condições), tomam posse de muitas terras perdidas aquando da Guerra da Independência e aumentam exponencialmente a sua população. Obviamente que, por motivos diversos, não será de excluir uma evacuação pontual de alguns colonatos por parte dos Israelitas, para conseguir algo em troca e para que a paz avance.

O problema para a paz não me parece ser a questão das fronteiras, problema que pode ser ultrapassado com concessões várias de parte a parte, nomeadamente através de troca de terras e de populações, como propõe Lieberman. O que é necessário é que Israel se sinta seguro quanto às fronteiras que possui, daí não querer largar os estratégicos "colonatos", escolhidos a dedo por Ariel Sharon. Os Montes Golan não se englobam obviamente neste acordo, pois aí a questão é outra, e tal terá de ser negociado com a Síria e com os diversos "colonos" e cidadãos Israelitas que vivem no local e que, curiosamente, não querem deixar de ser Israelitas. Quanto a esta última questão, é curioso ler esta notícia do Haaretz onde se conseguirá observar a tolerância Síria.


Escusado será dizer que a questão dos refugiados Palestinianos é, para mim, uma falsa questão, da qual os países árabes e a classe política Palestiniana se tentaram sempre aproveitar e não cuidar. Não é possível o retorno tal como não é possível o retorno dos milhões de Judeus que, depois da declaração de Independência de Israel, tiveram que fugir de todos os países Muçulmanos onde viviam.

O problema centra-se em Jerusalém e na confiança mútua. Escusado será dizer o que penso sobre uma coisa e outra, mas poderei pronunciar-me no futuro, se assim me for pedido.

ADENDA: Dois dias depois, outro artigo no Público: ausência de acordo Estados Unidos-Israel sobre congelamento dos colonatos. Como as coisas mudam em dois dias! Será que o Público acordou, desta feita, para a realidade?

As dificuldades não me surpreendem. Um acordo sobre esta matéria tem de ser acompanhado, obviamente, por gestos do outro lado da barricada; curioso que nada se tenha ainda pedido dos Palestinianos, com quem é difícil dialogar, pois nenhum dos seus auto-proclamados representantes parece ter a legitimidade necessária para dialogar o que quer que seja, embora eu reconheça a Mahmoud Abbas essa legitimidade. Tem-se falado, como moeda de troca, do reatar de relações comerciais/diplomáticas de Israel com diversos países Muçulmanos. Porém, os Israelitas não são burros e sabem muito bem que Barack Obama, na pessoa de George Mitchell, não fala por esses países, que já demonstraram ter sempre um comportamento imprevisível no que a esta e a outras questões diz respeito.

Assim, um compromisso Israelita numa questão tão sensível como a dos "colonatos" parece-me impossível. Não só porque o que é pedido é de difícil execução, porque limita o quotidiano das populações residentes nos "colonatos" que, recorde-se, têm a maior taxa de crescimento em todo o território Israelita, como também porque as repercussões políticas para Benjamin Netanyahu de um acordo que limitasse os "colonatos" sem qualquer tipo de coisa em troca seriam abismais.

Mas os "pacifistas" precisam mais de Benjamin Netanyahu do que este deles. Portanto é necessário que se dê qualquer coisa a Netanyahu em troca, uma vez que este não colocará em causa a sua coligação, o seu cargo de líder do Likud e a sua imagem junto dos colonos por um acordo que nada dá a Israel. Precisam-se de coisas palpáveis, não de promessas vãs.

O aceitar por parte dos Norte-Americanos da exclusão de Jerusalém Oriental (será que ainda se pode usar este termo?) de um possível acordo de paragem de construção parece-me um bom passo. Mas ainda insuficiente.