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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Dez Anos Depois da Morte de Savimbi




Muitos de nós têm presente que, durante anos, a cleptocracia, a corrupção generalizada e o abuso do poder em Angola eram explicadas por um nome maldito: Jonas Savimbi; pois passam hoje 10 anos sobre a sua morte.


Em Fevereiro de 2002 Savimbi estava na província do Moxico, junto à fronteira com a Zâmbia, acompanhado por cerca de 300 guerrilheiros da UNITA divididos em três colunas sem recurso a comunicações rádio para evitar a deteção. O grupo especial do exército angolano que buscava Savimbi havia meses tinha finalmente informações exatas sobre a sua posição. No dia 22 de Fevereiro a coluna em que seguia Savimbi composta por cerca de 30 homens foi atacada.

O Estado-Maior do exército angolano declarou que Savimbi foi morto em combate, tal como os restantes guerrilheiros que o acompanhavam. Não é certo que tenha sido assim, mas talvez esta versão seja a que faz mais justiça à memória do irredento Savimbi, o “Mais Velho”, expressão honrosa que os ovimbundos lhe reservavam.


Com o fim da URSS, as ditaduras pró-soviéticas africanas imitam de modo próprio a transição do poder na Rússia. Em Angola a similitude é mais forte dada a existência de importantes jazidas petrolíferas em exploração e por explorar, num paralelo com a estruturação do poder em torno dos negócios do gás na nova Rússia. O MPLA mete o marxismo-leninismo no caixote do lixo da história; a distribuição de petrodólares pelas elites do regime passou a ser feita sem necessidade de explicações revolucionárias.

Vencida a ameaça soviética, a UNITA deixa de ter interesse militar para os EUA. Savimbi é convidado pelos membros da troika de observadores para Angola – EUA, Portugal e Rússia – a abandonar a luta armada contra o MPLA e a aceitar participar na suposta abertura democrática do regime. O convite a Savimbi era essencialmente a oferta de um lugar à mesa farta da pilhagem da riqueza do país. Todos, sem excepção, sabiam que se tratava de mudar alguma coisa para que tudo ficasse na mesma. Uma eventual recusa da UNITA em aceitar o status quo teria consequências muito sérias dentro e fora de Angola.

Os temores do regime e dos interesses económicos internacionais que ele alimentava confirmaram-se. Desde os Acordos de Bicesse de 2001 até às eleições de Setembro de 2002, foi sendo cada dia mais evidente que Savimbi não iria aceitar o lugar que lhe tinham reservado no redesenho da cleptocracia angolana. Bem pelo contrário, Savimbi usava os comícios eleitorais e abertura dos meios de comunicação para denunciar e pôr em causa a riqueza e o fausto da elite do MPLA em contraste com a vida miserável da generalidade da população. Deixou claro que tal situação só era possível porque as petrolíferas negociavam com um governo corrupto e que a comunidade internacional fechava os olhos à situação.

É esta postura que definitivamente diferenciou Savimbi no panorama africano; nenhum outro líder guerrilheiro abdicou das benesses que o exercício do poder traz para prosseguir uma guerra de libertação.

A partir daqui Savimbi foi um homem condenado. A “abertura” democrática culmina com a fraude eleitoral de 29 e 30 de Setembro de 2002 sob o respaldo da ONU em que o MPLA foi declarado vencedor. Na sequência da recusa da UNITA em aceitar os resultados eleitorais, em 31 de Outubro, um mês depois das eleições, começa o Massacre de Luanda que se vai prolongar por Novembro. Na capital do país, os quadros políticos da UNITA são assassinados, a guarnição da UNITA é dizimada, os corpos dos soldados são amontoados e queimados nas ruas, cerca de 50 mil angolanos oriundos das etnias do sul de Angola que viviam em Luanda são chacinados. Savimbi escapa porque não está na cidade.

Este crime ocorreu diante dos olhos dos representantes da ONU que, se nada podiam fazer para o evitar, deveriam ter feito tudo para expor os acontecimentos terríveis e apontar responsáveis. O Governo português, envolvido formalmente na procura de uma solução democrática para Angola, nunca denunciou, nem procurou explicações, nem lamentou o Massacre de Luanda. Como é fácil induzir, o primeiro-ministro português à data era o inevitável Durão Barroso.


Após o Massacre de Luanda, a UNITA regressou à guerrilha, agora decapitada dos seus dirigentes políticos mais qualificados. Em 1993 a ONU decretou um embargo à venda de armas à UNITA. O poder económico do Governo do MPLA crescia e contava com os serviços dos russos que pilotavam os bombardeiros e dos mercenários portugueses e sul-africanos que poucos anos antes tinham estado do outro lado da barricada e conheciam bem o terreno e as forças da UNITA. Os operacionais da UNITA que desertavam de uma guerrilha sem possibilidade de vencer e ingressavam no Exército angolano foram também um contributo para o desequilíbrio de forças.

A UNITA deixou de ser uma ameaça militar mas continuou a fazer-se ouvir através das delegações internacionais. Para resolver esta questão, a ONU decretou novos embargos desta vez ao movimento de fundos dos representantes externos da UNITA. Este golpe na rede diplomática da organização debilitou definitivamente a capacidade de a UNITA denunciar a situação interna angolana.

Entre o regresso às matas e a morte de Savimbi passaram dez anos de lento e inexorável declínio da resistência armada angolana contra a ditadura e a plutocracia do MPLA. Ainda houve tempo para mais negociações, incluindo os protocolos de Lusaka. Por natureza ou teimosia, é possível que Savimbi não fosse capaz de distinguir derrota de rendição.

Tal como no caso do silêncio sobre o Massacre de Luanda, a ONU nunca condenou o Governo angolano pela tortura e bombardeamento indiscriminado de civis na zona de influência da UNITA, o que incluiu o uso de armas químicas.


Após a morte de Savimbi terminou o pouco que restava da guerra civil em Angola. A incorporação dos elementos históricos da UNITA na vida política angolana e acantonamento dos guerrilheiros representaram uma atitude de reconciliação do regime globalmente bem sucedida.

Passados dez anos sobre a morte de Savimbi o poder continua a ser detido por uma elite corrupta e cleptocrática estruturada em torno José Eduardo dos Santos que exerce o cargo de Presidente há 33 (trinta e três) anos. O resultado das únicas eleições entretanto realizadas (2008) assemelha-se a um “remake” de outros totalitarismos: o partido do Governo ganhou com 80% dos votos.

Mas nem tudo ficou igual, alguma coisa mudou; nos meios de comunicação social internacionais, sobretudo nos portugueses, deixou de haver bode expiatório e relativismo moral para explicar a cleptocracia, a corrupção e a miséria generalizada em Angola, tão ou mais gritantes hoje do que antes da morte de Savimbi.


Se algum dia houver Liberdade em Angola, Savimbi terá uma estátua em Luanda.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Os" belgas são racistas?

Em Educação do meu Umbigo
Num tribunal de primeira instância de Bruxelas serão hoje decididas as datas para o julgamento do caso “Tintin no Congo”, cujo teor é considerado racista por um cidadão congolês residente na capital belga.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O continente perdido



Não era Kissinger quem dizia que a África era um continente perdido?

Fiquei hoje a saber que Portugal pertence ao bando dos 5. Portugal, relativamente à "Europa" já nem é a terminação de algo que também já não é nem sorte e muito menos grande.

Se Portugal passasse a fazer parte da África e o processo não demorasse muito, poderia fazer-se por lá boa figura.

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terça-feira, 15 de junho de 2010

OS PORTUGUESES TORNARAM-SE MAIS UMA TRIBO DA ÁFRICA DO SUL

Aqui ...
Depois dos Zulu, Xhosa, Sotho, Tswana, Venda, Pedi, Ndebele, Tsonga, Pondo, Swati e Lemba. Agora é só deixar passar algum tempo até que os especialistas das causas fracturantes acrescentem algumas ao seu catálogo multicultural. Por exemplo, os rapazes aos catorze anos vão à faca e pintam-se de lama branca. As raparigas não sei, mas não me parece brilhante. A SIDA não se trata, porque é uma invenção do imperialismo colonial. E o nosso ANC governa eternamente, dando à corrupção um estatuto de estado, embora essa causa não seja lá muito fracturante. Ah! E ainda há, não vamos esquecer, a poligamia.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Investimento Público



Como diz o Ministro, no minuto 00:35:

"Perguntava a mim próprio se não me cairia em cima da cabeça. Mas depois, Boooooooooom!"

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O maior abraço do mundo


Cheguei hoje, surpreendido, à conclusão de que, adolescente, conheci bastante bem o actual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr.. Porque as circunstâncias da vida nos afastaram, não mais tive notícias dele nem acompanhei o seu percurso pessoal e político. Mas nunca esqueci nem a alegria nem o sorriso nem o excelente carácter de que sempre deu mostras. O sorriso que, para lá dos cabelos brancos, do bigode e de alguma corpulência extra, me fez de imediato reconhecê-lo quando a televisão me deu a notícia do seu sequestro pelos militares revoltosos que tentaram um (mais um!) golpe de estado.
Sei que as pessoas mudam, mas sei, seguramente também, que o Carlos Gomes não terá mudado no essencial, isto é, na integridade e na autenticidade que fizeram dele um amigo para todos aqueles com quem convivia, bem como na seriedade com que encarava o trabalho e a aquisição de competências profissionais. Um amigo, no sentido mais nobre do termo. E, ao ler a sua biografia on line, verifiquei que esse carácter se manteve na ajuda aos mais necessitados que o tornou querido e popular entre os seus compatriotas. Tão querido o Cadogo, como é conhecido, que, segundo os telejornais, a população veio para a rua, exigindo a sua libertação e levando o chefe da revolta a ameaçar executá-lo de imediato se as pessoas não recolhessem às suas casas.
Daqui, de Portugal, para o primeiro-ministro eleito da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr., o maior abraço que se pode imaginar, na esperança de que tudo isto não venha, de novo, a resultar numa tragédia, para ele e para a sua terra.

sábado, 27 de março de 2010

Do tempo ...

... ou de quando os ricos descobrem que os pobres são capazes de fazer coisas ou, ainda, de quando os ricos descobrem que outros mais ricos descobrem que os menos ricos são capazes de falar inglês.

Enfim, coisa de Índia, de África e de outros países.

[À boleia de Eurico Moura] Escolha a legendagem em português, se não domina o inglês. Clic em View subtitles.



Via Por tudo & Por nada [Inc.]*

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* Provocação bushista, do gang da cimeira das Lages, etc, etc, e dos acorrentados de Ana Gomes, e mái n´ã sêi quê.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

NÃO SE DEVE FALAR NA PRESENÇA DE BRANCOS….



O tráfico de escravos divide-se em três categorias: interno ou africano, oriental ou árabe-muçulmano e o ocidental ou tráfico transatlântico.

Todos nós conhecemos a triste história do tráfico de milhões de escravos africanos realizado pelo ocidente (portugueses, espanhóis, holandeses, ingleses) que inicialmente foi, aqui e ali encoberto, mas actualmente está bem documentado e é publicamente exposto. E ainda bem.

Mas a Unesco tem uma certa dificuldade em esclarecer TODOS os tráficos de escravos e fala apenas no OCIDENTAL – de longe o mais fácil de abordar...

Uma história tão ou ainda mais trágica, não é tão conhecida. Há razões corânicas, (multi)culturais e mesmo masoquistas para a esconder: 1400 anos de tráfico de escravos africanos para o mundo árabe-muçulmano e o ancestral tráfico interno. Que é muito anterior à chegada dos portugueses às costas de África, e mesmo anterior à expansão muçulmana do século 7.

O Alcorão refere-se várias vezes a escravos, mas sem nunca pôr em causa o seu estatuto. É verdade que recomenda não serem muito severos com os escravos, mas autoriza a prática. Este excelente documentário, Os Escravos Desconhecidos, demonstra que os traficantes árabes tinham uma ideia muita própria de severidade. Ou seja, a prática, como de costume, está longe da teoria.

Também é verdade - vá lá! - que o Alcorão proibia a escravização de muçulmanos: todos os outros (não-muçulmanos) podiam ser escravos. Mas que fazer quando a procura é enorme e o continente africano passou a ser a única reserva de escravos para o mundo árabe-muçulmano? Este dilema vai ser facilmente contornado. E, de certa forma tal e qual como o que se passou em relação a escravatura transatlântica, criou-se um racismo que iria justificar a escravatura – mesmo dos muçulmanos (negros).

Acerca disto o antropólogo Senegalês Tidiane N’Diaye, um especialista deste assunto, afirma: “é preciso dizer que muito antes dos antropólogos europeus do século XIX terem elaborado as teorias raciais e fantasistas que hoje conhecemos, o mundo árabe no século XIV já tinha consolidado no tempo, e de forma quase irreversível, a inferioridade do homem negro através de eruditos muito respeitados e bastante ouvidos como Ibn Khaldoun: “os únicos povos a aceitar a escravatura são os negros, porque vivem num estado de humanidade inferior, perto do animal”.

Os traficantes de escravos árabes são chamados Galabs (pastores)! Não se distingue o escravo do gado. Outro hábito que contribuiu para o enorme massacre da população africana, que teve o azar de cair às mãos de traficantes árabes, era a castração, que fazia com que 70 a 80% das crianças apreendidas morressem. O que a uma certa altura parece explicar o elevadíssimo preço de eunucos no mercado de escravos.

Este Tráfico Oriental durou até ao século vinte sem nunca ter sido posto em causa. Paralelamente, e por muito estranho que pareça, a luta contra a escravatura justifica a colonização: os ingleses em Zanzibar, os franceses no Magreb.

Na conferência sobre a temática do Tráfico Interno de Escravos em Bamako (capital do Mali), Ibrahim Thioub, outro grande especialista, conta-nos uma anedota bastante significativa. “Para mim, os problemas que expunha eram inodoros [e não “indolores” como está nas legendas poruguesas do documentário – CdR] e incolores e nunca imaginei que fossem tão controversos. Mas do lado dos africanos [o público era constituído de africanos e europeus. cdr] a reacção da sala foi de uma violência que eu não esperava. Honestamente não contava que o tema fosse tão polémico e tão sensível. Tive a explicação quando abandonei a sala de conferências: um grande número de africanos abordou-me e disse-me “sabe, o que você acabou de dizer é verdade, e temos que investigar o assunto, MAS NÃO SE DEVE FALAR NISSO NA PRESENÇA DE BRANCOS."

e continua,

“Os europeus também me abordaram, mas disseram-me outra coisa: parabéns, penso exactamente o mesmo que o senhor. Você é muito corajoso em dizer o que disse, mas eu não tenho coragem, porque se o fizer vão acusar-me de racista”

domingo, 27 de setembro de 2009

Climatic Change...capitalismo...

Numa cómica reunião entre alguns países da America do Sul bolivariana e os mais inacreditáveis cromos da Africa, entre os quais Mugabe, Zuma, Kadafi, etc, que foi, basicamente, uma festa de vitimização própria e culpabilização do Ocidente, às tantas Evo Morales , com a profundidade de raciocínio que lhe é característica, fez , em forma de pergunta retórica e com o ar triunfante de quem acaba de se libertar de um problema aerofágico, a síntese habitual:

"Quem é responável [pela mudança climática] ? O capitalismo é o inimigo da humanidade"

E pronto...está lá tudo...capitalismo...americanos...brancos....mudança climática...opressores e oprimidos (esta foi do Kadafi, na mesma orgia de malucos, a descrever o Norte e o Sul.)

A amálgama dos doidos....

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Diamantes de sangue

Ouvi hoje na TSF que o governo de Angola, em luta contra os “diamantes de sangue”, tinha “libertado” vastas áreas de Angola do garimpo de diamantes.

“Diamantes de sangue” é o nome dado ao conjunto de operações que resulta da compra de armamento com verbas provenientes da venda de diamantes.

As grandes organizações que se dedicam à lapidação e venda de diamantes vêm-se recorrentemente acusadas de comprarem diamantes, para lapidação e comercialização, a organizações que usam os proventos do garimpo e venda para financiar guerras ou guerrilha.

Em Angola, ninguém tem hipótese de garimpar sem estar de alguma forma ‘enquadrado’ em organizações-gang habitualmente controladas pelos comandos militares ou policiais das respectivas zonas. Quando alguém o faz, em dupla clandestinidade, será muito rápida e sumariamente abatido pelas autoridades-capanga de controlam o processo de garimpo.

… de maneira que este tipo de notícia que segundo a TSF abrangia 30.000 garimpeiros, a ser verdade, esconderá, muito provavelmente, uma outra qualquer dura realidade. Execuções massivas de garimpeiros que escapavam aos gangs ‘oficiais’? Reorganização do garimpo resultante de lutas inter-gang?

Tudo pode ter acontecido. O que é difícil de engolir é que haja alguma espécie de preocupação das autoridades angolanas com coisas floribélicas como “diamantes de sangue”.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Jihad demográfica - adenda (conversa com o Holandês Voador e quem mais quiser entrar nela, a propósito do post d'O Lidador com o mesmo título)


Fiz este texto como uma resposta a um comentário do Holandês Voador ao texto do Lidador sobre a Jihad demográfica. Depois decidi acrescentar umas pequenas coisas e dar-lhe a importância de post. De qualquer maneira, achei por bem manter-lhe o carácter espontâneo e pouco trabalhado e nem sequer o praticamente o revi, pelo que facilmente se lhe encontrarão fraquezas e insuficiências quer de conteúdo quer de forma. Do que peço desculpas, em primeiro lugar àquele a quem ele se destina prioritariamente.

Holandês:
O nível atingido pela procriação, entre os árabes, é tão culpável como o é na mentalidade camponesa e operária tradicional ou na católica que segue a ortodoxia. Mas esse nível de procriação, além de sintoma de uma mentalidade redutora e tacanha quer quanto ao lugar e significado da sexualidade na vida humana quer quanto ao papel da mulher, é também utilizável com outras intenções por essa mentalidade. Da mesma maneira que uma enxada, entre os camponeses, sempre serviu tanto para ganhar pão que o diabo amassou como para matar o próximo. Nunca se ouviu e, penso, dificilmente se imaginará um político da África negra falar da procriação como arma contra quem quer que seja. Aí reside toda a diferença.
E, já agora, para que não conclua apressadamente que a minha posição é de antagonismo e de confrontação com o islamismo, devo dizer-lhe que, ainda jovem, li o Corão orientado por alguém que se tinha convertido recentemente ao islamismo, que conheço muçulmanos e sempre me dei bem com eles, do mesmo modo que sempre me dei bem com católicos não-matarruanos ou com budistas. Mas sei estabelecer a diferença entre as diferentes interpretações e aproveitamentos de uma doutrina ou de um sistema de pensamento por parte de culturas ou grupos de indivíduos. E é disso que aqui se trata.
Não é pelo facto de acharmos que a guerra de civilizações é absurda que ela deixa automaticamente de existir. Infelizmente é um facto que todos nós desejaríamos que não existisse, mas que existe. Tal como uma doença que desejaríamos não ter, mas a cujos sintomas não podemos de deixar de tomar atenção sem corrermos o risco de ela se agravar ou de se tornar crónica ou mortal.
Quanto à cooperação Norte-Sul, obviamente que ela é a solução. Mas como é a mesma possível, atendendo à mentalidade cleptocrática generalizadamente vigente no hemisfério Sul? Como não se há-de desbaratar qualquer esforço nesse sentido? Ainda há tempos, numa série documental transmitida pela RTP2, da responsabilidade do Miguel Portas, este criticava fortemente Joaquim Chissano por permitir a exploração do seu povo. Portas falava como qualquer betinho do Bairro Alto, que não sabe que a escravatura é, em África, endémica, tal como a ostentação da riqueza, o desprezo pela poupança e o apoio mafioso à e pela família. Coisas que, aliás, são facilmente detectáveis mesmo nas comunidades africanas emigradas em Portugal, com as quais tenho um contacto frequente desde há muitos anos, somente atenuada na cabo-verdiana.
A incompreensão demonstrada pela esquerda quanto à realidade, insistindo cegamente na mesma tecla (para não perder a face ou por não conseguir orientar-se com outros parâmetros?) é, mais do que aflitiva, perigosa. Não percebe, por exemplo, voltando ao caso do islamismo, que o marxismo árabe é somente uma finíssima e estaladiça capa justificativa do seu desejo de vingança (o Corão admite-a como um direito, seja qual for o sentido em que ela é entendível, mas o mais literal basta ao matarruanismo) em relação ao Ocidente. Não o percebe, de facto ou porque a sua tolerância em relação a práticas exploradoras e repressivas é uma forma de afirmar a sua vertente mais primária, o antiamericanismo, sem perceber que, com isso, cava a sua própria sepultura bem como a alheia? O Bloco de Esquerda, por exemplo, tão liberalizante quanto aos costumes, terá ilusões sobre o que representa aos olhos árabes?
Nesta época de "globalização", a mais pequena praça financeira pode gerar problemas graves em Wall Street ou em Londres e estas, por sua vez, no mundo inteiro. A crise interna interna do mundo islâmico, inserido numa mudança planetária sem precedentes e privado de instrumentos culturais flexíveis que lhe permitam inserir-se ou sequer adaptar-se, dada a rigidez dos conceitos formatadores da mentalidade, pende, letal, sobre nós. Não estamos perante um caso semelhante aos restantes, o Extremo-Oriente possui, em geral, padrões de compreensão e ordenamento da realidade que o levou e continua a levar para a frente do processo, com as consequentes convulsões. O islamismo que medrou entre aqueles povos e que tem tendência a assumir contornos idênticos onde quer que haja culturas bélicas que o adoptem, é por eles aproveitado, porém, para manter os respectivos sistemas não apenas sociais, mas de pensamento. Não foi preciso levar nenhum astronauta chinês ou japonês para o espaço para ajudar a desfazer crenças, mas foi necessário levar um egípcio - sem resultados visíveis.
É claro que há dissidentes e que lhes devemos apoio, mas sem esquecer que eles são facilmente anuláveis e mortos sem contemplações, o que tem tornado quase ineficaz esse apoio.
O que eu quis dizer, Holandês, é que este conjunto de problemas não pode ser enfrentado com declarações de boas e sinceras intenções, pela simples razão de que elas, na prática, não colhem. O que eu quero dizer é que teremos que encontrar outros parâmetros, mais verdadeiros, para compreendermos a realidade que nos rodeia, se quisermos aperfeiçoá-la no sentido da ultrapassagem do social-macaquismo vigente. Todos nós.
E isto porque, como dizia a minha mãezinha, que Deus tenha (inch Allah!), "o céu dos pardais é a barriga dos gatos".

domingo, 17 de maio de 2009

Aplique-se a sharia!

Na zona do Corno de Africa, a pirataria só não vai de vento em popa, porque os modernos piratas já não andam à vela.  Pelo contrário, usam potentes motores e em vez de vigia no cesto da gávea, recorrem a sofisticados radares e GPS.
De vez em quando os navios da NATO capturam alguns mas, castrados pela correcção político-legal, limitam-se a dar-lhes uns calduchos na cabeça, tiram umas fotografias dos rapazes, dão-lhes de comer, tratam-lhes os ferimentos e a seguir não sabem muito bem o que lhes hão-de fazer.
Antigamente, quando os marinheiros não estavam castrados, 99,9% dos piratas iam servir de melhoria de ementa aos tubarões, depois de lhes ser espremido o pescoço numa corda.
Hoje não fica bem fazer tais maldades, pelo que uns entregam-nos ao Quénia, que os recebe em troca de apoios financeiros e invariavelmente os solta em troca de mais "apoios", deste vez dos próprios piratas (uma win-win situation); outros levam-nos de táxi-lancha até casa, a expensas do contribuinte; outros trazem-nos num cruzeiro até aos respectivos países, para serem julgados, situação que os piratas apreciam sobremaneira, porque além  de comida, cama e roupa lavada,  sem mexerem uma palha ganham um visto de entrada .
Como se resolve isto, sem usar os bons velhos métodos do Vasco da Gama?
Entregando-os aos anciãos das tribos e aos imans islâmicos.
Calma, não estou doido. 
Parece que os piratas, a abarrotar de dinheiro fácil, fazem uma vida de nababos nas respectivas regiões, e alteram completamente o bucólico e secular equilíbrio .
Exibem potentes jeeps, numa região onde o camelo era o ex-libris do luxo.
 Fazem grandes festas, bebedeiras de caixão à cova, mulheres em quantidades industriais, etc
Os xeques estão furibundos (e invejosos), porque não há devoção que resista a um bom whiskye de 20 anos.
De tal modo que já começaram a organizar milícias para atacar os piratas e emitiram fatwas a proibir as mulheres de se chegarem a eles.
Quem o diz é Jeffrey Gettleman, numa reportagem publicada no New York Times.
Ora como a sharia prevê cortar as mãos aos ladrões, a solução é evidente. Entreguem-se os piratas aos xeques.
Esta solução, além dos seus méritos intrínsecos (um pirata sem mãos, não consegue fazer abordagens) poderá contar com o respaldo da esquerda multiculturalista, porque não faz juízos de valor e respeita os costumes e tradições de outras culturas.
É pois altamente provável que conte com o respaldo explícito do Dr Louçã e do camarada Miguel Portas.

sábado, 18 de abril de 2009

Confraternização

Um grupo de marines pertencentes a um vaso de guerra que tinha estado de serviço na Guerrrrrra do Iraque, libertou um comandante de um navio mercante americano em poder de terroristas piratas abatendo os turras. A operação tinha sido aprovada por Bush Obama.

... curioso ainda ninguém ter aparecido a reclamar que os marines agiram ao arrepio do direito internacional, da ONU, das resoluções da ONU, que agiram unilateralmente, que nem sequer consultaram os "aliados", que usaram armas de urânio empobrecido, que nem sequer levaram o assunto ao Conselho de Segurança da ONU, que usaram bombas de fósforo ...

Pouco tempo depois forças holandesas abordaram outro barco de onde libertaram 20 reféns e detiveram 7 piratas. Talvez para evitarem a ira de Ana Gomes, os holandeses, após almoço confraternizatório com o inimigo, libertaram os piratas porque, referem, não teriam poder legal para os manter sob custódia. As notícias não explicam se teriam poder legal para disparar sobre os piratas, matando-os, eventualmente.

Pelo sim pelo não, recomenda-se vivamente aos marines americanos o visionamento de A Guerra de 1908 para ficarem a saber como fazer guerra sem vítimas. Convém que não se encha a guerra de moscas.

Parabéns aos holandeses. Do gesto, humano QB, resultará certamente o reencontro em idêntico cenário para nova almoçarada.

O dólar morreu. Viva o dólar.


M
ugabe abandonou o dólar do Zimbabwe. Chegou o momento da revolução socialista projectar no negrume das profundezas a tão pérfida e nefanda palavra.

Surpreendentemente, não é apontada qualquer outra moeda ...

Será manobra da CIA? Será manobra da América para "impor" a moeda do imperialismo unilateralista?

[via Blasfémias]


PS.

Atenção, ambientalistas, a queima das velhas notas vai produzir CO2 suficiente para fazer disparar (mais uma vez) o aquecimento global. Ursos: alaaaarme.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Prioridades dos Estúpidos

Há causas que não movem a esquerda, que não merecem destaque.

Passei pelos nossos campos de tiro e mais dois anexos e ninguém está interessado em comentar que o principal responsável pelo genocídio no Ruanda (país onde foram barbaramente massacrados cerca de 800 mil pessoas) foi condenado no Tribunal Penal Internacional para o Ruanda.

A esquerda tem outras prioridades. Desde logo divulgar jogos de atirar sapatos para aliviar as suas neuroses moralistas.

Muito revelador da prioridade ao auto-ódio dos estúpidos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Europa e as palavras: a ajuda dada para afundar ainda mais o barco


O Zimbabué está mergulhado em tudo quanto é crises: numa crise económica, numa crise humanitária, numa crise política, numa crise social. O país está completamente de pantanas, fruto da inteligente gestão do camarada Robert Mugabe, que em 1980 foi eleito pela maioria Shona (da qual faz obviamente parte), para o cargo de Primeiro-Ministro. De Primeiro-Ministro para Presidente inquestionável da República foram precisos apenas pequenos passos, passos esses dados com recurso à lei das armas e do medo, obviamente.

Depois da junção da ZANU de Mugabe com a ZAPU (ambos os partidos foram, convém frisar, camaradas de armas na luta contra o regime de Ian Smith), o espaço para a actuação espectacular de Mugabe estava aberto. "Rumo ao socialismo" era a frase em 1987: reformas esperavam-se no Zimbabué.

As reformas duplicaram o atraso de que o país já sofria (os atrasos, diga-se, não eram nada do outro Mundo dentro do contexto Africano naqueles tempos, sendo que o país até dava sintomas de interessantes progressões).

Robert Mugabe estendeu os tentáculos do Estado a todos os cantos da vida económica. A reforma agrária, a nacionalização compulsiva das indústrias, a expropriação e expulsão da minoria branca, o controlo dos preços e a corrupção conduziram o Zimbabué rumo à penúria, via socialismo (não estará o que o tipo fez escrito em algum lado?).

Não nego, no entanto, a necessidade de reformas no Zimbabué aquando da chegada de Robert Mugabe: a minoria branca possuía, na altura, a grande maioria das propriedades, a esmagadora maioria das indústrias e dos recursos naturais, por força do apoio dado a elas pelo regime de Ian Smith.

Robert Mugabe achando que amor com amor se paga, aqui vai disto: o pior é que, em vez destas propriedades passarem para as da maioria negra (do mal o menos), as propriedades passaram para a sua família e para os seus amigos, sob o pretexto de que era o Estado que as possuía.

É agora chegada a hora de alguém chegar à caixa de comentários do Fiel Inimigo, afirmando que isto não é socialismo. Desculpem meus amigos, mas eu não conheço outro socialismo: eles acabaram sempre da mesma maneira.

Motivada pela crise de cólera que assola o território, a União Europeia vem, finalmente, pedir a demissão do senhor Mugabe.

Uma pergunta vem-me à cabeça: será que a União Europeia acha que com pressões diplomáticas e com um apertar maior à economia do Zimbabué chega a algum lado? A mim parece-me que estas soluções à Europeia só prejudicaram ainda mais o Zimbabué.

A inflação continua a subir a olhos vistos: em Abril deste ano chegou aos 100000%!

Não é o apoio ao amiguinho Morgan Tsvangirai que vai resolver o problema, até porque o homem é farinha de saco diferente mas parecido: na década de 80, Tsvangirai era um conhecido membro da ZAPU-PF. Apenas em 1999 é que foi fundado o MDC. Convém não esquecer, também, que ele é o actual Primeiro-Ministro, aceitando trabalhar com Mugabe.

A solução é única: intervenção militar. E agora os Estados Unidos da América, que salvaram a situação na Jugoslávia depois de tanta trapalhada da Europa e tiraram Saddam Hussein do poder em 2003, podem revelar-se indispostos.

Desculpem a redundância, mas face à condenação cega de praticamente toda a Europa à intervenção militar Americana que livrou o Iraque de um tipo de nível superior ao Mugabe, como agirá a Europa a favor de uma intervenção no "pacífico" Zimbabué?

domingo, 7 de dezembro de 2008

Que as cóleras de todo o mundo se virem contra Bush

Não pode passar ao lado que o Zimbabwe, terra da leite e do mel resultante da expulsão dos agricultores colonialistas brancos que mantinham a pata sobre o glorioso e verdadeiro povo, está a sob uma ataque de cólera.

Bush, certamente, e apesar das portentosas conquistas que a revolução socialista local conseguiu alcançar, logrou contaminar todas as fontes convencionais de água potável obrigando os habitantes a escavar poças em lagos de esgoto putrefacto em busca de restos do precioso líquido.

A imprensa europeia insiste na seca e na inexistência de fontes não contaminadas, esquecendo-se de apontar a inexistência de desinfectantes e esquecendo-se que se houvesse uma simples e eficiente distribuição de .. lixívia, o números de baixas seria infinitamente inferior. Não falemos da incapacidade em manter energia nas bombas de água e da impossibilidade em manter tapadas as roturas das canalizações . Muito menos devemos lembrar as complicações que o seu radioso dirigente impõe a organizações humanitárias.

Claro está que não só Bush mandou a CIA contaminar todas as fontes de água potável, fundir todos os fusíveis e esburacar todos os canos, como impôs a todos os gigantes da química, que controla, um bloqueio à exportação de lixívia para o Zimbabwe.

Aia Aia, que nunca mais apanhas Bush.

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Piratas

Algures aí para trás, o CdR questiona-se se uma boa forma de acabar com a pirataria no Corno de África não seria recebê-la a tiro.
Tem razão, da mesma maneira que uma boa maneira de acabar com a pobreza e a doença é fazer com que todos seja ricos e saudáveis.
Formulados os princípios, estamos todavia no mesmo sítio quanto a soluções concretas.
Em primeiro lugar porque os tripulantes da maioria dos navios não são combatentes de faca na liga, não têm armas à sua disposição, uma vez que lhes seria proibido entrar com elas em águas territoriais da maioria dos países, nem conhecem tácticas militares.
Para um navio qualquer fazer frente a meia dúzia de piratas bem armados (com metralhadoras e lança-foguetes) equipados com barcos velozes, teria de:

1-Ter pelo menos uma arma pesada colectiva, capaz de manter à distância os agressores, impedindo-os de disparar granadas-foguete contra o navio.
2-Ter uma tripulação capaz de a operar e com rotinas de prontidão para combate
3-Ter organizado um serviço de escala que assegurasse vigilância contínua.

As actuais leis internacionais não permitem tal coisa, nem a imensa maioria dos armadores tem capacidade para instalar esse tipo de serviço em cada navio.
Os grandes petroleiros e os navios de cruzeiro poderiam organizar-se desta maneira, mas na prática toda a gente espera escapar nos intervalos da chuva e há quem tema que se os navios responderem de forma violenta, em alguns casos não terão sucesso e aquilo que seria um simples sequestro, poderia transformar-se num massacre.

Este raciocínio tem alguma lógica num determinado caso particular mas é altamente perverso nos seus efeitos. Se ninguém confrontar os ladrões pelo medo que eles usem a força, então mil ladrões florirão, como diria o camarada Mao, e a prazo o prejuízo será maior.

Assim sendo, a solução imediata passa por:

1-Medidas preventivas (evitar rotas perigosas, não deixar escadas e cordas penduradas, avisar navios de guerra próximos)
2-Medidas paliativas (canhões de água, uso de sistemas sónicos de dissuasão, manobras evasivas, boas comunicações, etc)
3-Medidas de combate (atacar os piratas nos seus santuários, mesmo correndo o risco de que morram reféns. Um ataque devastador mataria muitos piratas e acossaria os outros, retirando-lhe a sensação de segurança e impunidade). As medidas de combate terão de ser decididas e executadas por um país com capacidade militar, ou uma aliança.