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sábado, 11 de junho de 2011

Bioideologias

No Nada Disto É Novo:
[...]
O que as bioideologias apresentam é a construção a la carte da identidade humana. Aqui reside seu êxito. O homem é produto da evolução, muda segundo as circunstâncias e é possível fazê-lo evoluir no sentido desejado. Seus meios preferidos são a reivindicação de direitos, a engenharia educativa e a propaganda, apoiados pela engenharia médica e genética. As bioideologias adotam o papel do vitimismo, a “cultura da reclamação”, muito útil para a propaganda, sendo a discriminação um dos seus conceitos centrais. O ódio e o ressentimento são seus sentimentos básicos, ainda que contem também com seus fins lucrativos.
[...] 

domingo, 6 de março de 2011

Os donos da cidadania ou a geração deolinda e rasca no meu pior expoente

É, tanto quanto me lembro, o discurso mais labrego que alguma vez ouvi na vida. A marmela nada sabe do passado, nada sabe do presente e pretende desenhar o futuro.



Tivesse ouvido atentamente o sábio da enxada e tivesse sido capaz de o perceber, e nunca teria sido 'vítima' de 5 estágios.

É um discurso que encaixa que nem uma luva em proclamações de tirano. Salazar, tirano branca-de-neve, sorriria com vénia de ámen.

Em particular aos candidatos a um trabalho, aconselha-se a leitura atenta deste discurso por forma a evitar qualquer um dos seus estribilhos.

Aqui fica, por escrito, para memória futura, o discurso de Raquel Freire.
Eu acho que se pudermos falar dos países árabes do efeito da revolução árabe neste momento podemos falar num efeito positivo, ou seja, há um exemplo que vem de outros sítios e que vem de sítios onde a democracia não existe no seu mais básico, na liberdade de expressão, não há liberdade sequer, são ditaduras, etc, e onde esta geração, se tu quiseres, que vai dos 20, aos 30, aos 40, que já teve algum acesso a uma educação, sobretudo à informação, começou, utilizando as redes sociais, a revoltar-se. E esse exemplo é um exemplo admirável. É um exemplo que está a contaminar todos os países à sua volta. Nesse ponto de vista temos tudo em comum, ou seja, há uma geração também, como há nos países árabes, que pela primeira vez estudou, é mais culta, teve mais acesso à informação, teve acesso a coisas pelas quais os seus pais lutaram muito, e isso faz com que haja esse efeito de contaminação, sem dúvida, como, com certeza, qualquer coisa boa, se tu pensares tem efeito de contaminação positivo.

Este é um protesto, e era isso que eu te ia dizer, há uma coisa que nós temos em comum, com os países árabes se tu quiseres, é que nos foi vendido um modelo de democracia que não é uma democracia plena, ou seja, nós não temos uma democracia no trabalho […] qual é que é a base disto tudo? Nós vivemos numa sociedade, temos um contracto social, nós cidadãos, o estado, as entidades provadas, e temos regras que organizam a nossa vida em comum. O que é que se está a passar neste momento? É que esses números todos que tu disseste, que são, basicamente, 2000000 de pessoas que estão muna situação precária ou desempregados, portanto metade da população activa portuguesa, não consegue viver do seu trabalho e não conseguem ter o contracto que é devido a funções permanentes como as que desempenha. É só isso, ou seja, desempenha funções que, realmente, mereciam ter um contracto e uma série de direitos sociais que estão ligados a esse contracto, e não conseguem, não conseguem viver disso. Porque há coisas que são muito importantes e de que não nos podemos esquecer, é que nós somos o país da europa em que há mais desigualdade de rendimentos entre quem tem mais e quem tem menos, e, apesar disto tudo, os bancos, em plena crise, têm lucros recordes. Portanto, as relações laborais devem ser reguladas por lei, existem, e os contractos existem para protecção da parte mais fraca, que é o trabalhador individual perante o patrão que, em si, tem o poder, e este acesso à protecção social, aos contractos legais, à reforma, ao subsídio de doença, indemnização por despedimento, subsídio de desemprego, são coisas que fazem parte da economia, são direitos fundamentais. Portanto não estamos a falar de absolutamente extraordinário. Estamos a falar de muitas e muitas pessoas que tendo estudado, enfermeiras, tendo estudado ou não, porque acho que aqui é muito importante, há pessoas que chegaram até um certo nível de estudo, outras [umas?] mais outras mais [menos?], e o ideal é conseguirmos todas chegar. Aqui, quando falamos de geração, mais bem preparada, é uma geração que beneficiou da luta e do esforço de todas as gerações anteriores.

Esta manifestação surgiu, e daí eu penso também ser tão importante, se quiseres, esta metáfora com os países árabes, porque tem a ver exactamente com isto, surge através das redes sociais e através dos cidadãos. É uma manifestação dos cidadãos e é uma manifestação que surge, que não tem partidos políticos por trás, não tem centrais sindicais por trás, não é qualquer movimento que não possa surgir apoiado em bases diferentes, mas o importante é que a democracia não e só votar de 4 em 4 anos, ou de 5 em 5, o importante é a democracia ser exercida pelos cidadãos, nós todos e todas. E nós todos e todas quando sentimos que há uma parte da nossa vida, neste caso é o trabalho e as relações laborais onde a democracia não se está a exercer, nesse caso é importante nós cidadãos sermos capazes de dizer ao poder, isto não pode ser, e é preciso diálogo. E é isso, basicamente, que nós propomos. Nós propomos um diálogo aberto com os empregadores, com o estado, com as centrais sindicais, com estes 2000000 de precários e de desempregados … quase 2000000 de trabalhadores que estão em condições que não são de um país democrático, que trabalham sempre com a ameaça na cabeça: o é isto ou é nada. Ou trabalhas por 400€ num cal center ou nada. E não podes estar doente, e não podes ter filhos, e não podes sequer pensar que talvez possas construir uma vida … a coisa mais básica, não estamos a falar em construir uma vida em casal, por exemplo. Estamos a falar no direito a ter uma família, a ter uma casa. Como é que é possível com colegas da minha idade, com 37 anos, que acumularam 5 estágios sem serem pagos, não é possível. E se tu imaginares toda uma geração que não consegue planear uma vida, eu acho que é fácil perceber que isto é hipotecar o futuro. Sem reformas justas para aqueles que trabalham tás a desperdiçar os recursos e as competências que podem levar o país a um progresso económico e por outro lado estás a insultar todo o passado, porque todas as gerações anteriores que trabalharam para que nós possamos ter acesso á educação pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais, pela nossa liberdade, porque é também de liberdade que estamos a falar, são frustradas. Estás a desperdiçar décadas de esforço, de investimento e de dedicação. Portanto eu acho que é de louvar que as pessoas tenham a coragem, enquanto cidadãos, de organizar estes movimentos que não têm, como te digo, partidos por trás, nem organizações políticas, não são der todo anti-partidários, são apartidários, apartidários quer dizer que estão abertos a todos a todos os partidos democráticos bem como àqueles que não têm qualquer preferência partidária, desde que se respeite o princípio pacífico, todos os cidadãos podem e devem participar, e é só disso que se trata, é de passarmos a exercer, nós, a cidadania com nossas mãos e de dizer ao poder, nós precisamos de uma base de diálogo, como se fez em Espanha, nós precisamos de uma base de concertação social, nós temos que ser ouvidos porque nós somos também o futuro deste país.

sábado, 29 de janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Igreja, Papa, Catolicismo, anticlericalismo e por aí fora...


Sobre tudo isso, Vasco Pulido Valente escreveu assim no PÚBLICO de 18 de Abril deste ano:

Em 1936, um historiador alemão que vivia na Catalunha ouviu, por acaso, um grupo de camponeses que falava sobre a Igreja. Para espanto dele, os camponeses, que tinham assassinado e torturado milhares de católicos, repetiam as críticas dos folhetos contra Roma, distribuídos na Alemanha do século XVI. Se a Igreja não muda, o anticlericalismo também não. De Lutero ao “Iluminismo” e da grande revolução francesa aos pequenos jacobinos de Portugal e Espanha, que há pouco menos de cem anos queriam ainda, como Voltaire “esmagar a Infame”, a Igreja é invariavelmente acusada pela sua presuntiva riqueza e pelo comportamento sexual do clero. Agora chegou a vez da pedofilia, porque na sociedade contemporânea a pedofilia se tornou no último crime sexual.
Claro que Bento XVI já disse que a pedofilia era um crime, além de ser um pecado, e acrescentou que os padres pedófilos tinham feito mais mal à Igreja do que mil anos de perseguição. Claro que Bento XVI mandou investigar o caso, removeu bispos, suspendeu padres, castigou culpados. Claro que nem ele, nem a Igreja, são responsáveis pelas declarações, de facto ofensivas, de algumas figuras menores do Vaticano ou da Conferência Episcopal Portuguesa. Mas, como de costume, a lógica não abala o anticlericalismo. O anticlericalismo decretou que a Igreja intencionalmente encobre (ou encobriu) a pedofilia e não vai mudar. Quem sabe, mesmo à superfície, alguma história sabe que desde o princípio isto foi assim. Ratzinger, que não nasceu ontem, com certeza que não se perturba.
Até porque provavelmente percebe que por detrás do escândalo do encobrimento está o ódio ao Papa “reaccionário”; ao Papa que se recusou transigir com a cultura dominante em matérias como o divórcio, o aborto, a homossexualidade, o celibato do clero e a ordenação de mulheres. Não ocorre ao anticlericalismo que a integridade da Igreja pode exigir essa rigidez, como já demonstrou a rápida ruína do anglicanismo. Ratzinger compreende que, sem o apoio do Estado ou influência sobre ele, a Igreja depende essencialmente da convicção e da força com que conseguir conservar a sua doutrina. Qualquer fraqueza a transformará numa instituição pública vulgar, à mercê da opinião pública e das mudanças do mundo. Isso Bento XVI não quer. Como não quer encobrir a pedofilia.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O elogio de Astérix



Neste post, respondi o seguinte a um comentário da ml:

"Não falo de gosto, falo de falta de inteligência, de ignorância, de arrogância e, sobretudo, de má-fé. Qualquer estudante de teologia (não é o meu caso) se ri das reflexões de Saramago. Falar de Caim daquela maneira, é o mesmo que ignorar que o mito tem origem nas lutas que se originaram no Médio Oriente aquando do aparecimento de práticas agrícolas, entre os pastores, nómadas, e os agricultores, sedentários, que negavam a terra aos rebanhos e começavam a revelar um espírito menos comunitário - daí Caim ser aquele que não oferece as melhores oferendas a Deus. Desde antes do final do século XIX que isto é ensinado aos teólogos e nas universidades cristãs em cursos de outras áreas.Saramago não se interessa por essas coisas. Argumenta ao nível mais primário, para manter uma clientela feita de primarismo. Se fosse um tipo inteligente, até poderia utilizar o mito para justificar a ideologia que diz assumir. Se estivesse preocupado com a verdade, ajudaria a divulgá-la através da literatura, mesmo que para depois poder contestar o que achasse contestável em termos de uma perspectiva ateia. (...) Quanto à instituição Igreja Católica e ao judaísmo também não é honesto. Segue a vulgata da cartilha do materialismo dialéctico e a tradição parola de Guerra Junqueiro, de grande agrado jacobino e do Zé da Tasca, irmão do Zé Povinho, sem questionar o rigor do que nela se diz. Para quem exigia subsídios públicos para fazer as necessárias investigações quando se escreve um romance histórico e criticava os poderes instituídos por não perceberem essa necessidade, não está mal...! (...)". Esqueci-me de referir que esta leitura do mito até já tinha sido feita por Kant, ainda no século XVIII. Não constitui, portanto, algo de que se tenha consciência recente.
Tive a pachorra de ouvir Saramago no encontro com os jornalistas que começou cerca de duas horas e meia atrás e cuja primeira parte foi transmitida pela SICNotícias. O homem mostrou-se surpreendido pelo impacto que as suas palavras causaram, afinal limitara-se a dizer o que toda a gente sabe e deplorou a nossa (dos portugueses) incapacidade para sermos racionais, agindo sempre pulsionalmente. Nunca pensou em chocar ninguém, a sua intenção é causar polémica, porque dela nasce a luz.
Quanto às interpretações a fazer do texto bíblico, não lhe interessam, apesar de saber, como todo o escritor, que a qualquer texto se associa a interpretação que do mesmo se faça. No caso, da Bíblia só lhe interessa a interpretação literária do que lá está escrito. Em relação a Caim e a Abel, não percebe porque é que Deus há-de dar preferência às oferendas do pastor Abel e não às espigas que Caim lhe leva. Para Deus, o fumo que lhe leva o cheiro da gordura queimada é muito mais agradável do que a oferenda do agricultor. É claro que Caim fica cheio de ciúmes e, muito embora, lá por isso, escusasse de matar o irmão, fá-lo. Iavé deveria, por sua vez, matar Caim, mas, em vez disso, condena-o a errar para o resto da vida, com o sinal infamante de assassino na testa. Porque é que Deus o condenou a tal e não optou por lhe dar cabo do canastro logo ali, é algo que não revelou a Saramago e que este não consegue descortinar.
Saramago estará, provavelmente, desejoso de fazer companhia a Sócrates, que, ao que disse Platão, andará a fazer perguntas a toda a gente pela eternidade fora, procurando a Verdade. Já não lhe faltará muito para isso, se tivermos em conta essa abstracção a que se costuma chamar "a ordem natural das coisas". Se acreditar no que o ouvi dizer hoje, vê-lo-emos todos, daqui a um tempo, a interrogar não apenas a Bíblia e o profetas, mas também Shakespeare ou Alexandre Dumas ou Mary Shelley. E Deus, é claro. Se calhar, quem sabe, sobre o que há-de Deus fazer com alguém que decidiu fazer um romance com a personagem literária de Saramago, à qual atribuiu, para exemplo menos edificante da humanidade, acções que seleccionou cuidadosamente das que efectivamente foram praticadas pelo Saramago histórico, dando-lhe um sentido totalmente diferente. Embora, como atenuante, esse alguém tenha a defesa da liberdade de criação e da sempiterna glória das palavras transformadas em literatura.
Isto, evidentemente, se não o castigarem, mandando-o para aqui de novo. Para ver se aprende mais alguma coisa do que o ser um mero farsante, rancoroso e voluntariamente analfabeto, que, por acaso, sabe escrever.
Pela minha parte, entretanto, vou deliciar-me com o novo Astérix que saiu hoje. A sua memória e o seu proveito durarão, seguramente, muito mais do que os livros de Saramago.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008