A esquerda é hoje, em Portugal, toda ela, uma só, apesar de separada por ódios mais ou menos tribais, clubísticos, de gang. Toda ela aspira ao poder total e, toda ela, pretende que o estado seja dirigente, timoneiro, dono do país, de todo o país. Toda a esquerda, não importa o gang, pretende viver com a democracia apenas até estarem reunidas as condições para acabar com ela, independentemente da fachada formal, consequentemente também a prazo. Mais, esta esquerda pretende que o país alinhe num esquema de governo mundial apoiado na ONU e pelo pretexto do homem ser culpado pela eminente destruição do planeta [... mas isso fica para outra altura].
A esquerda é cripto-fascista hoje para ser fascista amanhã e socialista depois, pretendendo a ditadura do proletariado, entenda-se, do seu auto-instituído proletariado, natural e forçosamente dominando a mão de ferro, incontornavelmente, quem se lhe oponha, pelo ferrete da acusação de "atentado aos mais elementares direitos civilizacionais". Nada que não tenha acontecido uma mão cheia de ocasiões nos últimos 100 anos.
Há hoje, como nunca, uma clivagem partidária entre a esquerda caceteira e fascista, e a direita mole, envergonhada, contaminada, auto-castrada. Apesar de talvez a mais clara clivagem esqueda-direita desde o 25 de Abril, à medida que a esquerda se tem revelado, a direita tem-se acobardado, apesar de, hoje, menos "social-democrata". O CDS é uma coisa indistinta, intragável.
À esquerda, o partido que se perspectiva chegar chegar ao poder, o PS, constitui-se marioneta e bombo da festa da pancadaria que as tribos concorrentes lhe desferem por "ceder aos desígnios da direita", preferindo projectar sobre as consequências das medidas que defende o fantasma "neo-liberal". Tendo sempre como fundo um socialismo mal explicado que "de rosto humano" já foi, o PS, entalado entre o socialismo que percebe de imediato inviável e uma ainda incontornável iniciativa privada, opta pela via fascista para o socialismo alinhando em todo o putrefacto caminho da fusão estado-privados, sempre convencido que 'controla'.
Na fusão, quer pelas malfadadas PPPs quer por protecção legal especial e directa a seleccionadas empresas, o PS tropeça no espelho que os seus, inevitavelmente infiltrados 'para lá' e ´para cá', algemando o governo, o estado e o contribuinte à perícia da coisa privada.
Esta tentativa de fusão não é politicamente inocente porque, colocando as empresas de regime sob "protecção" estatal, o PS pensa poder vir a expandir os tentáculos do socialismo, por enquanto pela via fascista, acompanhando uma pretendida expansão dessas empresas por toda a economia e enquanto, paulatinamente, arreia a marreta da regulamentação controlada pelas ASAEs de fila nas restantes empresas, crescentemente debilitadas, algemadas, nacionalizadas em termos de decisão por via de imposta regulamentação e de proventos pela via do fisco. A perícia dos gestores das empresas de regime entrosados com os mais ferrenhos do partido, promitentes luminárias da coisa proletária, garantindo sucesso aos próprios estatela o país na inviabilidade económica do processo a que as outras tribos se apressam a aplicar o ferrete "ataque neo-liberal".
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Na passada semana alguns casos espelharam bem esta estratégia. No caso da energia eléctrica, a implementação, pelo PS, do inenarrável processo "eólicas" de que resultou a mais imunda exploração dos proventos do trabalho do contribuinte e que estatelou o PS no passeio da fama por responsável pela barbárie económica que do seu "projecto de independência energética" resultou, vem reclamar que ...
houve um falhanço da política energética!
No caso de Alqueva, projectado elefante branco que ficará, felizmente, na prateleira dos projectos "virtuosos" cuja implementação felizmente borregou,
o PS vem querer saber junto da CGD, a razão da não atribuição de 1000 milhões de euros ao projecto, querendo ainda saber, dos promotores, porque razão não há condições como se, no presente estado de coisas, houvesse condições para uma megalomania daquelas. Diz o PS estar preocupado com o desemprego que dali resulta, dando, por um lado, a entender que alguma vez ali houve emprego (talvez promessas em forma de
jobs for the boys) e, por outro, deixando claro que não sabe que um projecto falhado, apesar de dar emprego a uns quantos gera, sistematicamente, muitíssimo mais desemprego que emprego.
No terceiro caso, o da
RPP solar, outro projecto megalómano em que o estado estava metido até às orelhas e que tresanda a investimento"virtuoso" e em que, não havendo dinheiro privado, havia "vontade política" para 'se' avançar com a despesa de ... 1000 milhões de euros, 128 milhões, para começar em projecto, assumidamente à conta do estado.
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E que responde a isto a direita partidária? Basicamente nada. No mínimo, se quisesse começar a falar em língua de gente, teria que começar assim: "Esses filhos da puta, ..." ....