Neste post, respondi o seguinte a um comentário da ml:
"Não falo de gosto, falo de falta de inteligência, de ignorância, de arrogância e, sobretudo, de má-fé. Qualquer estudante de teologia (não é o meu caso) se ri das reflexões de Saramago. Falar de Caim daquela maneira, é o mesmo que ignorar que o mito tem origem nas lutas que se originaram no Médio Oriente aquando do aparecimento de práticas agrícolas, entre os pastores, nómadas, e os agricultores, sedentários, que negavam a terra aos rebanhos e começavam a revelar um espírito menos comunitário - daí Caim ser aquele que não oferece as melhores oferendas a Deus. Desde antes do final do século XIX que isto é ensinado aos teólogos e nas universidades cristãs em cursos de outras áreas.Saramago não se interessa por essas coisas. Argumenta ao nível mais primário, para manter uma clientela feita de primarismo. Se fosse um tipo inteligente, até poderia utilizar o mito para justificar a ideologia que diz assumir. Se estivesse preocupado com a verdade, ajudaria a divulgá-la através da literatura, mesmo que para depois poder contestar o que achasse contestável em termos de uma perspectiva ateia. (...) Quanto à instituição Igreja Católica e ao judaísmo também não é honesto. Segue a vulgata da cartilha do materialismo dialéctico e a tradição parola de Guerra Junqueiro, de grande agrado jacobino e do Zé da Tasca, irmão do Zé Povinho, sem questionar o rigor do que nela se diz. Para quem exigia subsídios públicos para fazer as necessárias investigações quando se escreve um romance histórico e criticava os poderes instituídos por não perceberem essa necessidade, não está mal...! (...)". Esqueci-me de referir que esta leitura do mito até já tinha sido feita por Kant, ainda no século XVIII. Não constitui, portanto, algo de que se tenha consciência recente.
Tive a pachorra de ouvir Saramago no encontro com os jornalistas que começou cerca de duas horas e meia atrás e cuja primeira parte foi transmitida pela SICNotícias. O homem mostrou-se surpreendido pelo impacto que as suas palavras causaram, afinal limitara-se a dizer o que toda a gente sabe e deplorou a nossa (dos portugueses) incapacidade para sermos racionais, agindo sempre pulsionalmente. Nunca pensou em chocar ninguém, a sua intenção é causar polémica, porque dela nasce a luz.
Quanto às interpretações a fazer do texto bíblico, não lhe interessam, apesar de saber, como todo o escritor, que a qualquer texto se associa a interpretação que do mesmo se faça. No caso, da Bíblia só lhe interessa a interpretação literária do que lá está escrito. Em relação a Caim e a Abel, não percebe porque é que Deus há-de dar preferência às oferendas do pastor Abel e não às espigas que Caim lhe leva. Para Deus, o fumo que lhe leva o cheiro da gordura queimada é muito mais agradável do que a oferenda do agricultor. É claro que Caim fica cheio de ciúmes e, muito embora, lá por isso, escusasse de matar o irmão, fá-lo. Iavé deveria, por sua vez, matar Caim, mas, em vez disso, condena-o a errar para o resto da vida, com o sinal infamante de assassino na testa. Porque é que Deus o condenou a tal e não optou por lhe dar cabo do canastro logo ali, é algo que não revelou a Saramago e que este não consegue descortinar.
Saramago estará, provavelmente, desejoso de fazer companhia a Sócrates, que, ao que disse Platão, andará a fazer perguntas a toda a gente pela eternidade fora, procurando a Verdade. Já não lhe faltará muito para isso, se tivermos em conta essa abstracção a que se costuma chamar "a ordem natural das coisas". Se acreditar no que o ouvi dizer hoje, vê-lo-emos todos, daqui a um tempo, a interrogar não apenas a Bíblia e o profetas, mas também Shakespeare ou Alexandre Dumas ou Mary Shelley. E Deus, é claro. Se calhar, quem sabe, sobre o que há-de Deus fazer com alguém que decidiu fazer um romance com a personagem literária de Saramago, à qual atribuiu, para exemplo menos edificante da humanidade, acções que seleccionou cuidadosamente das que efectivamente foram praticadas pelo Saramago histórico, dando-lhe um sentido totalmente diferente. Embora, como atenuante, esse alguém tenha a defesa da liberdade de criação e da sempiterna glória das palavras transformadas em literatura.
Isto, evidentemente, se não o castigarem, mandando-o para aqui de novo. Para ver se aprende mais alguma coisa do que o ser um mero farsante, rancoroso e voluntariamente analfabeto, que, por acaso, sabe escrever.
Pela minha parte, entretanto, vou deliciar-me com o novo Astérix que saiu hoje. A sua memória e o seu proveito durarão, seguramente, muito mais do que os livros de Saramago.
27 comentários:
A administração da Publicações "Caminho" vem, por este meio, agradecer a publicidade gratuita que este blogue tem feito ao livro "Caim", do autor José Saramago, o que muito nos honra.
Pel' Administração.
J. Severino
Publicações Caminho
Caro J. Severino:
Falando apenas em meu nome, julgo, todavia, poder afirmar-lhe que este blog se encontrará sempre à disposição das Publicações Caminho, desde que o nível estético das obras pelas mesmas editadas bem como o exemplo moral e intelectual dos respectivos autores, para nós, o justifique.
Com os meus melhores cumprimentos
José Gonsalo
Caro Gonsalo, já não tenho muito mais a dizer-lhe a não ser repetir o que escrevi atrás: as suas palavras referem, rigorosamente, aqueles que (como o idio... o Bush – sorry! e outros, da direita à esquerda) se apressaram a falar em falta de respeito, falta de rigor histórico, ignorância e não sei mais o quê em relação aos cartoonistas dinamarqueses.
Acho que os outrora ‘defensores da liberdade criativa e de expressão’ ainda não perceberam que estão a ver-se ao espelho e que os argumentos dos pró-Bíblia se fundem nos dos pró-Corão.
O Saramago é o Saramago, não adianta querer reduzi-lo a zero, isso apenas mostra impotência para o agarrar por aquilo que ele é. E é livre, como qq de nós, de recriar as parábolas que entender sobre os temas que muito bem entender. Pelo menos aqui pelo ocidente ainda é assim, no futuro, com as preciosas ajudas presentes, não se sabe.
Mas estou a exagerar, penso que não há perigo, Portugal tem o peso que tem. No Reino Unido, onde o Dawkins diz o que se sabe, não me tenho apercebido de reacções paroquiais. Talvez porque os anglicanos são muito mais pragmáticos, sei lá. Ou os povos germânicos são mesmo mais racionais.
Não tenho a chave explicativa, mas só posso constatar que se o ‘Yes, minister’ e o ‘Yes, prime-minister’ se tivesse passado em Portugal, já as fogueiras ateadas ali para Belém tinham lançado uma fatwa aos autores. Estou a falar concretamente do episódio da nomeação do bispo de Cantuária e outras jokes que se dispersam por toda a série.
Parece que os católicos têm o sistema imunitário um tanto enfraquecido, sei lá, por milénios e milénios de superprotecção. Talvez se impusesse um tratamentozito para reforço de auto-estima.
Saramago não interpreta o texto sagrado? Não faz exegese bíblica? Não respeita a simbologia imposta pela ICAR?
So what? É um escritor, não é um discípulo do Carreira das Neves. Isso é - li isto algures e gostei - como se o Freitas do Amaral tivesse condenado os cartoons dinamarqueses pela falta de qualidade dos desenhos e de fidelidade ao original.
E porque não há-de Saramago interrogar Deus, a Julieta, o Frankenstein ou o D’Artagnan?
Quem faz a lista dos intocáveis?
Mas sou muito mazinha por vezes e o que neste momento me diverte à grande e à francesa é ouvir o pigmeu do Mário David discursar sobre a cidadania do Saramago. De uma aparição para a outra já tentou dar um passo atrás, mas os passos dos pigmeus são necessariamente muito curtos.
PS: acabei de ouvir o padre Carreira das Neves que, tal como felizmente muitos outros dentro da igreja católica - vá lá, não é só bater no mau - reagiu de acordo com as qualidades que lhe reconheço - inteligência e, principalmente, perspicácia. Faz mais pelo catolicismo do que bulldozers como o padre Seabra. Dá-me ideia de que a esse evitam dar tempo de antena, é um dos maiores inimigos da imagem pública da ICAR.
"em relação aos cartoonistas dinamarqueses. "
Lamento, mas está a ver mal as coisas.
O que se passou com os cartoonistas dinamarqueses, não foi uma discordância religiosa, ideológica ou artística. Nem sequer foi a fúria das palavras.
Foi a acção física, a ameaça de morte, a fúria real, o medo, a intolerância dos extremos.
Se não é capaz de ver isto, jamais perceberá o que está em causa.
Saramado disse umas asneiras, na opinião de outrem. Esses outros, apontam Saramago e dizem que ele é parvo.
Até aqui estamos na ordem natural das coisas, toda a gente usa a preciosa liberdade de expressão.
Mas se esses outros apelassem à sua morte e saíssem à rua para partir coisas e incendiar Saramagos de louça, então sim, estaríamos no plano do assunto dos cartoonistas.
É esta incapacidade que alguns revelam para diferenciar aquilo que é manifestamente diferente, que reforça constantemente o meu cinismo para com a racionalidade de alguns seres humanos.
"Quem faz a lista dos intocáveis? "
O medo.
Saramago jamais se atreverá a caricaturar ou a fazer exegese do Corão, porque sabe muito bem que reacção esperar.
Pelo contrário, sabe tb muito bem que dizer umas patacoadas sobre a religião dominante na cultura que o alimenta, é grátis, inócuo e rende palmas.
E depois grita que a ICAR o quer calar, como se a ICAR tivesse poder para isso.
Usa a sua liberdade de expressão para dizer o que lhe vai na cabeça e queixa-se da liberdade de expressão de quem o critica a ele, fazendo-se de vítima.
A minha liberdade de expressão permite-me dizer que o acho parvo.
Ele, se quiser pode processar-me por difamação.
E por aí nos ficamos.
Não há aqui intocáveis...esses estão onde todos sabemos e a pior censura é a autocensura.
Hoje não é um acto de coragem falar mal da ICAR. Saramago está atrasado mais de um século.
Acto de coragem seria ele falar do livro que justifica o terrorismo apocaliptico do nosso tempo, mas essa falha-lhe.
Prefere atacar judeus e cristãos, que não lhe meterão de certeza bombas debaixo do rabo.
Um cobarde.
E um escritor tão "nobelizável" como nobelizável foi o terrorista Arafat ou o testa de ferro do Irão, El-Baradei.
De resto, de há uns anos a esta parte, a atribuição do NObel a um escritor é, para muita gente, como as estrelinhas que alguns críticos de cinema metem nos filmes: servem de referência para não ler ou ver.
Prezado, post nº1, deixe-se de aldrabices. Não me apetece ir à procura das suas gritarias, neste blogue e em outros lugares.
Prezado, post nº2, por hoje chega, este passo. Ainda é cedo para eu fazer tábua rasa do que já li centenas de vezes e fingir que é uma originalidade. Qualquer dia, talvez, logo se verá.
Meu caro Severino, não se ofenderá com as minhas dúvidas mas... a quem pertence essa editora, a Publicações Caminho?
Não vai dizer-me que também foi comprada pelo Paes do Amaral, pois não? Não posso crer! Mas esse homem já está cheio de editoras, e uma delas até com um nome muito parecido, a Editorial Caminho.
Ele é a Leya Asa, a Leya Caminho, a Leya Dom Quixote, a Leya Gailivro, a Leya Texto. E muitas outras.
Leia a Leya.
E então como se chamaria essa que agora tenta vender-lhe? Leya Publicações Caminho?
Nã, acho que o Paes do Amaral não ia gostar, não encaixa no conceito e tirava brilho ao brilho da Caminho.
Ah, percebi, pertence ao Vaticano, concorrência saudável. O Saramago chega para todos.
Desculpe lá o mau jeito de o interpelar assim, mas sou um bocadinho dada a detalhes, sei lá.
Manias!
Bem, ml, deixe para lá. Nota-se que lhe custa mais defender aquilo que diz, do que desencadear-se em fúrias adjectivistas.
Quanto aos argumentos, parece de facto que Lenine tinha razão...se não se pode refutá-los, refuta-se o argumentista.
Nada de novo.
Todavia ficar-lhe-ia bem, de vez em quando, encarar as refutações às suas pontificações.
É que pontificar é fácil...argumentar é algo mais difícil.
ml:
Deixe lá o Severino que é J. e que edita nas publicações em vez de publicar nas edições. Que, se calhar, não sabe o que Leya, ou sequer se há-de ler. Que talvez conheça os pais do Amaral ou, pelo menos, o país do Amaral, o do Paes ou o dos Açores. Ou que talvez alerte, ironicamente, a coberto da incorrecção, apenas para algo em que, de facto, redunde afinal o que dizemos.
Penso que a mim, na circunstância, cabe somente responder em sintonia formal com quem o escreveu. Não há actor que estrague mais o espectáculo do que aquele que responde num tom desadequado ao daquele que com ele contracena. E o espectáculo deve continuar.
As minhas próximas deixas (em discordância parcial consigo e próximo do que já lhe foi dito pelo Lidador) só deverão ter lugar amanhã ou, mais provavelmente, no fim-de-semana. O tempo, de momento (alargado) não joga a meu favor.
Até lá.
Meu caro prezado, se não quer perceber, o problema é seu. Aliás, eu acho que percebe muito bem, já não consegue é dar a volta ao texto.
Andar anos a ler o mesmo, pelas mesmas palavras, com os mesmos erros ortográficos (os hífenes são mesmo o seu Cabo das Tormentas), sendo a única inovação as mudanças regulares de citações, exaustivas, chatas, de autores (o Aaron foi agora preterido pelo Roth, que já começa tb a ficar gasto), não é realmente muito estimulante.
Ah, a propósito, até tenho uma para si.
Obama é o melhor que temos desde há muito tempo e sinto que, finalmente, estamos em boas mãos.
Philip Roth, Actual, Expresso
Só me admirei que um homem como ele apenas conheça, da língua portuguesa, o Machado de Assis. Nem o Camões, nem o Pessoa, nem o Eça, nem o J. C. de Melo Neto, nem o Drummond de Andrade, nem o Guimarães Rosa...
Mas vá lá, tem a honestidade de confessar que desconhece, literalmente, o grosso da literatura contemporânea e que se dedica mais a revisões. Uma opção tão respeitável como a contrária e realmente o Machado de Assis confere com estas preferências. Mas o Camões, o Eça, também.
Mas, e voltando atrás, como já temos km e km de prosa trocada, mais uns quilometrozitos não fariam diferença e não era nada que um serão de lazer não contornasse, depois de seleccionar as frases mais originais.
O que ultimamente se tem tornado verdadeiramente cansativo, chato, prezado estimado, e para isso é que vou perdendo a pachorra, é ter que primeiro desmontar as mentiras, as falsidades saloias, as parolices por omissão, antes de responder ao pouco que resta depois da limpeza do texto. Muitas vezes nem tenho sequer possibilidade de saber se esse restinho é digno de crédito ou é apenas a continuação das aldrabices anteriores.
Se houvesse um mentirógrafo, isso resolvia-se facilmente, mas por enquanto requer um trabalho de paciência que não me apetece ter.
É o mensageiro que ponho em causa? Pois é. Não minta, que tudo o resto se resolve do modo mais divertido, mesmo com triplicações e tudo. Quando eu tiver uma razoável certeza de que não estou a contra-argumentar sobre o falso, o nada, o inexistente, volto a contactar consigo.
De resto, lamurie-se lá à vontade, se isso o consola.
Caro Gonsalo
Não se preocupe, eu sei perfeitamente que, no seu caso, não desconhece que o dono da Caminho é o Paes do Amaral. E também sei que sabe que é importante não perder de vista quem ganha com esta publicidade toda, para além do pp autor, se fosse essa a sua intenção. O que no caso nem acredito, não se enquadra no perfil. Mas que fosse... Seria tão ou tão pouco legítimo como no caso do Paes do Amaral.
Ainda hoje o pigmeu do Lara aproveitou para voltar à carga com mais meia dúzia de burrices sobre o atrevimento de se falar sobre a Bíblia e mais não sei o quê. Não lhe ocorreu, os neurónios são curtos, de que os bibliómanos andam há dois mil anos a denegrir os ateus. E que basta uma frase dita de cinco em cinco anos por um ateu convicto, e lá se vai o edifício abaixo.
Maus alicerces, parece-me.
Mas que raio é isso de que o Saramago devia ser fiel ao texto bíblico? Por caso o ‘Ricardo II’, o ‘Ricardo III’ ou os Henriques são fiéis ao Holinshed e ao Froissart? Ou o ‘Júlio César’ e as Roman Plays são fiéis a Plutarco?
E no entanto são fontes históricas, factuais, e não textos míticos. A criatividade fica por conta do Shakespeare, que a aproveitou bem. E por conta do Saramago.
Não vale a pena citar-me o prezado, leia p.f. o que escrevi antes. Convinha, portanto, que explicasse o que quer dizer porque eu já me expliquei no post anterior.
Esteja à vontade, isto é apenas um passatempo para quando há tempo para passar.
Bonito, hein?
"estamos em boas mãos"
... do 'nosso' Salazar?
... do 'nosso' Salazar?
Não sei, pergunte ao 'nosso' prezado, que tem um respeitinho pacóvio por tudo o que ele diz. Tenho a certeza de que terá todo o gosto em citar e explicar-lhe meticulosamente também esta opinião do 'seu' Philip Roth, judeu americano.
A perspectiva racista é mais uma das garantias de qualidade da prezada bloguice.
Em alternativa pode perguntar ao 'nosso' Sousa Lara, homem também muito credível em autores literários e que já deve estar liberto da pena de prisão a que foi condenado por... vigarices e desvios de fundos, sei lá. Ao menos não foi por reinterpretar os mitos religiosos, vá lá.
POis é, ml, fúrias verbais à parte, cuja intensidade demonstra sobretudo o desconforto de quem é apanhado em falso, o que ainda não explicou é a similaridade que parece encontrar entre usar a liberdade de expressão para criticar o conteúdo da expressão de outra pessoa, e usar a ameaça física e verbal para limitar a liberdade de expressão.
É só isso que está em causa, minha cara e não há fúrias que disfarcem a sua incapacidade para discernir e a compulsão para apagar as luzes, para que não se distingam as cores.
Ora explique lá, se tiver alguma honestidade, vá lá, residual.
E que tal fazer uma petição para que Saramago explique o que disse aqui acerca do corão?
http://www.youtube.com/watch?v=-GAkMC5Ml_0
ML:
As cortinas de fumo, aqui, pegam mal. Já se esqueceu?
"estamos em boas mãos"
Isto é conversa de beata. Acha razoável que alguém se considere, no contexto, "em boas mãos"? Evidentemente que à porta de um bloco operatório se compreende essa declaração. Mas em política?
"estamos em boas mãos"
Coisa de Mocidade Portuguesa. "Salazar, Salazar, Salazar."
Coisa das juventudes hitlerianas, socialistas, comunistas, chavistas, castristas, etc.
Essas palavritas, no contexto político, devem levar qualquer um a levantar as orelhitas e a desconfiar. Sim, porque não há como desconfiar quanto alguém pretende que se confie nas "boas mãos" alheias.
POis é, ml, fúrias verbais à parte, cuja intensidade demonstra sobretudo o desconforto de quem é apanhado em falso
Tem a noção, prezado, de quantas vezes, ao longo dos anos, já disse isso a outros comentaristas e a mim quando se sente apertado? Muitas. Muitíssimas. Tantas que o efeito é nulo, por muitas palminhas que provoque aqui na audiência caseira.
É só isso que está em causa.
Não é, e não vou perder tempo consigo enquanto não deixar de aldrabar. O que disse anteriormente é rigorosamente o contrário do que agora prega sobre o ‘respeitinho pelas religiões’. E sabe bem que não adianta mudar de agulha e fugir aos gritos para ver se o interlocutor morde o isco e vai atrás.
Continue a esbracejar, que eu gosto de ver. Não vou é ler.
Coisa das juventudes hitlerianas, socialistas, comunistas, chavistas, castristas, etc.
E o que é que quer eu lhe faça? Chamo-me por acaso Philip Roth? Chamo-me por acaso lidador?
Esse é um confronto para quem mostra uma admiração bovina por tudo o que o ídolo diz. Só que o ídolo de vez em quando dá-lhe umas patadas valentes.
ML:
"E o que é que quer eu lhe faça? Chamo-me por acaso Philip Roth?"
Claro. Fez o 'paste' apenas por razões estéticas.
Se calhar foi exactamente isso que J.Severino fez. Um 'paste' por razões estéticas.
Não, foi por razões inestéticas. A palermice da apropriação de nomes que nada têm a ver com quem deles se apropria.
O J. Severino apenas quis baralhar as hostes. E conseguiu.
ML:
"O J. Severino apenas quis baralhar as hostes. E conseguiu."
Aonde? Só se pôs a jeito.
A não ser que a ML devenda que 'quanto mais me bates mais eu gosto de ti'.
Por mim, sou de Rio Maior. Multiculturalismos.
Eu gosto de arrear porrada e faço excelentes equipas com quem gosta de levar. Nada baralhativo.
OK, cante lá as vitórias que quiser, não me diz respeito.
Ganham todos, como na política.
E o Severino que se queixe, se houver razões para isso. Do que d-u-v-i-d-o, mas OK outra vez.
Creio que esta frase resume toda esta discussão sobre o livro do Saramago:
@ Lidador: Hoje não é um acto de coragem falar mal da ICAR. Saramago está atrasado mais de um século.
Mas para quem ainda não percebeu, poderia acrescentar, do mesmo autor, esta, mas logicamente deveria ser desnecessário:
@ Lidador: Acto de coragem seria ele falar do livro que justifica o terrorismo apocaliptico do nosso tempo, mas essa falha-lhe.
Precisamente, falta-lhe, neste caso, no caso do livro da religião da paz, coragem física, mas para falar no Gulag e nas psikuchas falta-lhe coragem moral.
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