Fazendo jus àquela observação de não me lembro quem, segundo o qual "Aos 20 anos, quem não é comunista não tem coração; aos 40 anos, quem é comunista não tem cabeça.", também eu, na minha juventude fui, não comunista mas "de esquerda". E Fidel Castro, não sendo o meu modelo, era, apesar de tudo, uma referência.
A célebre entrevista que ele deu, na Sierra Maestra, a um jornalista americano, nunca a vi, porém, até há pouco tempo, quando ela passou num canal de TV, a propósito do falecimento desse jornalista. O qual, aliás, revisitando Cuba passadas décadas, e revendo aqueles que ajudou involuntariamente a promover, se mostrou visivelmente constrangido.
E devo dizer que, se, na altura, eu tivesse tido acesso a essa entrevista, Castro jamais me teria enganado, ainda que jovem. E interrogo-me como foi possível que, a não ser por interesses inconfessáveis (de conveniência de "estratégia política" ou outros) ou por cegueira incurável, aquela postura de "pinta aldrabófilo", de charlatão arruaceiro, de chefe de gang de bairro, haja logrado ser entendida como a de um político e não como a de um mero aventureiro gingão, que após o triunfo, refinou hitlerianamente a sua imagem de orador até à máscara de estadista santificado pelo seu inacessível nível ideológico.
E como dizia o "super-homem nazi" (que não o de Nietzsche), quem tem por objectivo o homem de amanhã não está preso a qualquer ética.
Vem isto a propósito do que aqui se noticia:
Documentos dos serviços secretos alemães que eram sigilosos até esta segunda-feira indicam que Fidel Castro tentou contratar ex-oficiais das SS para treinar o exército cubano.
A procura da experiência de ex-oficiais nazis deu-se durante o episódio que ficou conhecido como a crise dos mísseis de Cuba, um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, que aconteceu precisamente há 50 anos. Os soviéticos decidiram instalar mísseis nucleares em território cubano, levando a que os EUA bloqueassem a ilha por ar e terra e exigissem a retirada do armamento nuclear.
Segundo os documentos agora tornados públicos pela agência de serviços secretos alemã (oBundesnachrichtendienst, conhecido pela sigla BND), Fidel Castro procurou aliciar, em Outubro de 1962 e com recompensas financeiras avultadas, quatro antigos elementos das SS para treinar as forças cubanas, acabando dois destes por aceitar e desembarcar na ilha.
“Como pagamento foram oferecidos o equivalente a mil marcos alemães por mês, em moeda cubana, e mais mil marcos alemães por mês, na divisa desejada”, que seriam depositados numa conta num banco europeu, detalham os documentos, citados pela BBC. Este pagamento era quatro vezes superior ao salário médio alemão da altura.
“Obviamente, o exército revolucionário cubano não receava o contágio de ligações com pessoas de passado nazi, desde que isso servisse os seus próprios objectivos”, observou o responsável pela investigação histórica no BND, Bodo Hechelhammer, numa entrevista ao jornal alemão Die Welt.
Os documentos revelam ainda que o regime de Fidel Castro abordou intermediários ligados à extrema-direita alemã para comprar armas a comerciantes belgas, com o propósito de ter vias alternativas para equipar o exército cubano e não estar dependente apenas dos soviéticos.
Notícia corrigida às 9h54 de 17/10: corrigida a citação no penúltimo parágrafo, que anteriormente era “Obviamente, o exército revolucionário cubano não receava o contágio de ligações com pessoas de passado nazi, desde que isso servisse os seus próprios objectivos”.
Segundo os documentos agora tornados públicos pela agência de serviços secretos alemã (oBundesnachrichtendienst, conhecido pela sigla BND), Fidel Castro procurou aliciar, em Outubro de 1962 e com recompensas financeiras avultadas, quatro antigos elementos das SS para treinar as forças cubanas, acabando dois destes por aceitar e desembarcar na ilha.
“Como pagamento foram oferecidos o equivalente a mil marcos alemães por mês, em moeda cubana, e mais mil marcos alemães por mês, na divisa desejada”, que seriam depositados numa conta num banco europeu, detalham os documentos, citados pela BBC. Este pagamento era quatro vezes superior ao salário médio alemão da altura.
“Obviamente, o exército revolucionário cubano não receava o contágio de ligações com pessoas de passado nazi, desde que isso servisse os seus próprios objectivos”, observou o responsável pela investigação histórica no BND, Bodo Hechelhammer, numa entrevista ao jornal alemão Die Welt.
Os documentos revelam ainda que o regime de Fidel Castro abordou intermediários ligados à extrema-direita alemã para comprar armas a comerciantes belgas, com o propósito de ter vias alternativas para equipar o exército cubano e não estar dependente apenas dos soviéticos.
Notícia corrigida às 9h54 de 17/10: corrigida a citação no penúltimo parágrafo, que anteriormente era “Obviamente, o exército revolucionário cubano não receava o contágio de ligações com pessoas de passado nazi, desde que isso servisse os seus próprios objectivos”.
1 comentário:
A frase é de Churchil. Infelizmente o barbudo magnetizou os jornalistas do New York Times: era romântico e revolucionário.
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