À atenção dos esquerdopatas de (pelo menos) Portugal.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
À atenção dos esquerdopatas de (pelo menos) Portugal.
Aqui: https://inconveniente.pt/crepusculo-afegao/
O resultado das guerras costuma ser determinante no destino das nações, e ganhar ou perder depende frequentemente, como a História mostra, da vontade e da capacidade de uso da força.
Como dizia Tu Yu em “A Arte da Guerra”, de Sun Tsu (séc. IV a.C.):
“Há ocasiões, na guerra, em que muitos não podem atacar poucos e outras em que os fracos podem dominar os fortes. Quem tais circunstâncias souber manipular, sairá vitorioso.”
Esta é uma verdade cartesianamente evidente que podemos comprovar não só nas guerras que a História documenta, mas também nos episódios de pancadaria que eram comuns na infância de anteriores gerações em tempos em que, pelo menos os rapazes tinham de, por si mesmos, literalmente lutar para estabelecer a sua posição na hierarquia dos grupos de que iam fazendo parte. É verdade que os mais fortes tinham uma vantagem inicial, pela percepção de poder que incutiam nos outros, mas alguns putos, mais reguilas e destemidos, ainda que franzinos, conseguiam, em regra, marcar também a sua posição, porque eram temerários e não se encolhiam.
Foi assim também em incontáveis batalhas e guerras.
Para não ir mais longe, em Aljubarrota, numa batalha cujo aniversário se comemorou há três dias, o exército castelhano, ainda que largamente superior, em número, armas, treino e equipamento, desmoronou-se psicologicamente, debandou desordenadamente, e sofreu uma espantosa derrota.
No Afeganistão, para além das estratégias, das tácticas, dos pormenores, e das diversas incidências circunstanciais, terá acontecido algo parecido e o Exército afegão, muito superior em número, equipamento e organização, evaporou-se quase instantaneamente face a uma horda de “estudantes de teologia” cujas únicas vantagens são intangíveis ,como a determinação, o querer e sobretudo uma crença.
Porque razão isto aconteceu, ainda se irá apurar em pormenor e haverá certamente as mais especiosas teorias.
Na minha opinião, o facto de ter sido formado e treinado à imagem do Ocidente, segundo um modelo funcional que há muito deixou de valorizar os incorpóreos de combate, para apostar todas as fichas no gesto técnico, no saber fazer, na tecnologia, na máquina, terá sido uma das explicações.
Este Exército, referem aqueles que por lá passaram, tinha tudo menos coesão e vontade de lutar e não tinha esses intangíveis, porque não só eles escasseiam também no arsenal daqueles que o construíram, como as próprias lealdades tribais se sobrepõem ali a qualquer identidade do tipo nacional.
O Ocidente, do qual fazem parte os militares que tentarem construir aquele Exército, é também cada vez mais uma frágil construção kantiana, relativista, que abomina o nacionalismo, aspira a ilegalizar a guerra e se acredita já para lá da História, tendendo a pensar que as guerras são indesejáveis reflexos de um mundo antigo e deixando-se embalar na ideia de que só devem ser travadas em tabuleiros assépticos, desenhados segundo determinadas regras.
Como nas guerras reais, o “outro” não colabora e não hesita em usar as regras “éticas” do inimigo para se proteger e atacar, os mais fortes surgem frequentemente em manifesta desvantagem porque embora disponham de capacidades organizacionais e tecnológicas aparentemente superiores, estão cada vez mais limitados no seu uso por uma intrincada teia de condicionamentos éticos, morais, legais, estratégicos, organizacionais e instrumentais que os transformam em Gullivers, enojados de si mesmos e voluntariamente à mercê de liliputianos determinados.
Por isso, não ganharão nenhuma guerra em que se confrontem com um “hostis” determinado e coeso. Essa foi a razão pela qual a guerra no Afeganistão se arrastou ao longo de tantos anos.
A NATO e os países que colocaram tropas no terreno, auto-limitaram-se nos objectivos, nos meios, nas estratégias e no próprio uso da força face a inimigos que, sabendo não ter hardware para vencer, transferiram o esforço para o campo das vontades e dos interditos (legais e morais). No Afeganistão, o combate foi sempre levado a cabo sob múltiplas restrições e caveats a que, em 2006, o antigo SACEUR (Comandante Supremo Aliado para a Europa) da Nato, o general James Jones, chamou “cancro operacional”.
Como se a guerra fosse uma justa de cavalaria, com lanças embotadas e cavaleiros galantes e leais.
A vitória nestas condições era manifestamente impossível.
O efeito cumulativo e corrosivo das auto-limitações ao uso da força, traduz-se na redução da capacidade de dissuasão, encorajando os pequenos actores a avançar.
E assim, tendo vergonha de explorar a sua superioridade tecnológica, temendo as baixas próprias, civis e do inimigo, atormentado pela compulsão moralista de limitar os danos infligidos ao inimigo, o Ocidente vê-se sempre na contingência, ou de combater em desvantagem ou de declarar unilateralmente a derrota e render-se.
É que, quando as batalhas não se travam ou não decidem, a guerra é um mero teste de vontades e será ganha por aquele que a mostre como inabalável. Quem usa a força de forma previsível, tíbia, limitada e pouco dissuasora, estimula apenas a agressão e não a desistência do inimigo.
Foi assim que os EUA perderam a guerra do Vietname, foi assim que a NATO perdeu no Afeganistão.
Mas a fuga desordenada do Exército afegão, tem uma outra causa: a desastrosa decisão da Administração Biden, embebida até à medula de ideologia “woke”, de não lutar.
Não lhe teria sido difícil parar a ofensiva taliban.
Com alguns ataques aéreos maciços tinha feito duas coisas essenciais, no campo das vontades: incutir medo aos atacantes, dissuadindo-os de avançar; e dar confiança ao Exército afegão. A dissuasão depende da percepção (pelo adversário) da nossa capacidade e vontade de usar a força e a Administração Biden deu todos os sinais de que não tinha essa vontade.
Em consequência, os taliban avançaram com o destemor do puto reguila e os soldados do Exército afegão percepcionaram-se a si mesmos como derrotados. Ninguém luta muito por algo a que não “pertence” e dai ao medo e ao pânico foi um instante e o matulão fugiu do recreio acossado pelo puto franzino.
O que há aqui é sobretudo uma assimetria de querer. De um lado há paixão, causas, crenças e outros intangíveis; do outro lado, apenas armas e gente que não se reconhece em nada de relevante, que não tem um “nós” que agregue e pelo qual lute. De um lado identidade, pertença e coesão; do outro alteridade, relativismo e atomização.
Como escreveu Yeats, em The Second Coming (1919):
“The best lack all conviction, while the worst
Are full of passionate intensity.”(“Aos melhores faltam convicções,
enquanto os piores estão cheios de uma intensidade apaixonada”).
Esta falta de querer e de pertença, é também facilmente discernível nas nossas sociedades nas quais, por via ideológica ou por emergência de determinados valores que substituem aqueles pelos quais se luta e se morre, o nosso “nós” está a desagregar-se e a tornar-se detestável a largos sectores da sociedade, conduzindo ao ódio a si mesmo e ao grupo do qual se faz parte.
Anteontem, Yanis Varoufakis, o darling grego da esquerda festiva e woke, manifestava a sua alegria pela “derrota do imperialismo e do liberal-neo-conservadorismo”, o qual aconteceu às mãos de um movimento retrógrado islamista. Quanto às mulheres, condenadas à irrelevância, à ignorância e à subalternidade, atirou-lhes um hipócrita “aguentem-se”. Que diria a espantosa criatura se fosse a sua filha a ter de “aguentar-se” na escravatura?…
Esta derrota no Afeganistão não é contudo um mero problema local, mas mais um sinal de que o matulão tem medo e foge.
Os inimigos do Ocidente percebem bem isto e, tal como a URSS aproveitou a débacle americana do Vietname para avançar em todos os palcos, naquilo que, durante uns tempos, foi uma ofensiva imparável, o que se segue a esta derrota, e sobretudo à forma como ocorreu, vai reforçar as percepções de que o recreio tem novos senhores.
E quando o antigo senhor se retrai, trai os amigos e se morde a si mesmo, como está a acontecer pela marcada divisão interna, a perda de coesão, de orgulho nacional, e de pertença, as hienas avançam e impõem a sua regra.
Esta Administração americana, tão louvada pelos média, tão protegida pelas redes sociais, tão lustrada pelos fracos políticos europeus, soma desastres sobre desastres e, a menos que haja uma ressurgência do patriotismo, da confiança e do orgulho nacional, o Afeganistão poderá muito bem ter sido o prego mais determinante no caixão da era americana. E, por consequência, o sinal do advento de uma nova era na qual os nossos descendentes, aqui também na Europa, vão ter de sair do condomínio kantiano e enfrentar por si mesmos a realidade hobbesiana que os novos bárbaros lhe trarão até às portas.
Num conflito existencial o que importa é quem prevalece, e não se pode ser agnóstico ou neutral em questões existenciais. Há que assumir que, em determinadas circunstâncias, o uso da força não só é legítimo como necessário. Mas só eficaz quando se baseia num núcleo duro de valores indiscutíveis, em torno dos quais se endurece a coesão.
Quem deseja a paz, não pode vacilar na vontade de pagar o preço desse bem essencial que jamais foi gratuito. E que, muito menos, depende dos apelos patéticos do Secretário-Geral Guterres e do Papa Bergoglio, cujas intervenções cada vez mais fazem lembrar a converseta das misses nos concursos de beleza.
Igitur qui desiderat pacem, praeparet bellum (“Portanto, quem quer a paz, prepare a guerra”) escreveu Vegécio, há mais de 1.500 anos. Oxalá não tenhamos de reaprender isto da pior maneira.
José do Carmo
Editor de Defesa do Inconveniente
** O autor usa a norma ortográfica anterior.
" Plataforma Cidadania XXI realizou, no passado dia 2 de Agosto, uma Tertúlia cuja temática foi A Gestão da Pandemia e as Crianças em 2021, contando com a participação do Dr. António Ferreira e Dr. António Pedro Machado - com a moderação de Elisabete Tavares. A tertúlia permitiu a reflexão sobre diversos aspectos da gestão sanitária em Portugal, assim como o recente debate sobre a vacinação em crianças e jovens."
No UK não subverteram a testagem de forma descarada. Embora o tenham tentado, como o sistema de saúde não tem custos ao utente, não conseguiram estancar a pressão social para ser testado. Continua a haver testagem sem qualquer critério, logo baixissimo valor preditivo, logo esmagadora maioria de falsos positivos. Logo as vacinas não apresentam qualquer eficácia, é impossivel influenciar um processo aleatorio, os erros de teste.
Como não o podem manipular no balneario, manipulam a narrativa. Vem o jornalixo que apostou a credibilidade toda na narrativa, contar estórias da carochina como a inutilidade da vacina é um bom sinal. Afinal continuam a morrer exactamente os mesmos números, acrescidos das mortes induzidas pela vacina, mas isso é bom! Foram enganados a arriscar a vossa saúde com drogas experimentais e afinal não estanca nada, mas isso é bom (para a nossa conta bancária)
Uns jogam nos balnearios, os outros festejam os auto golos."
Este artigo por José Carmo foi publicado no jornal Inconveniente mas parece ter desaparecido de lá:
(Por Helena Matos, Observador)
Ao Final do Dia - Telmo Azevedo Fernandes
As medidas de confinamento geral e as restrições impostas pelo governo
têm um impacto gigantesco e provavelmente irrecuperável nas pessoas mais
fragilizadas.
António Costa deve a estas pessoas explicações sobre por que razão
Portugal terá no final deste ano um excesso de mortalidade geral
bastante mais significativo do que a Suécia, país onde não houve
encerramento compulsivo de actividades, sem obrigatoriedade do uso de
máscaras e apenas com recomendações sanitárias básicas.
Por: Telmo Azevedo Fernandes
Por Alberto Gonçalves
Horas depois da reunião com o dr. Costa, da qual saiu todo contentinho, o bastonário da Ordem dos Médicos, já um pouco abatido, queixou-se de o dr. Costa de não ter dito em público o que, em privado, se tinha comprometido a dizer. Aparentemente, o senhor bastonário é um dos muitos portugueses que, em Agosto de 2020 e a julgar pelas sondagens, continuam a tomar o dr. Costa por um indivíduo confiável. Há fenómenos extraordinários. Submetidos a doses adequadas de propaganda, os mesmos portugueses acreditariam que Khomeni era um baluarte da luta feminista.
Noto, dado que a propaganda não deixou que se notasse devidamente, que a reunião citada surgiu na sequência de um vídeo em que o dr. Costa, em “off” e perante jornalistas do “Expresso”, chamava “cobardes” aos médicos que não andaram a reboque das “autoridades” socialistas locais, no caso do lar de Reguengos onde morreram 18 infelizes por desidratação, incúria e outras inevitabilidades. Durante a reunião, pelos vistos, o dr. Costa explicou ao senhor bastonário que as suas declarações haviam sido descontextualizadas, e que, no contexto, o “cobardes” apenas pretendia expressar a admiração e o respeito que sente pela classe. Após a reunião, declarou que o Estado, leia-se meia dúzia de figurinhas do partido, estivera impecável em todo o processo. Em todo o processo, em “off” e em “on”, o dr. Costa nunca pediu desculpa aos médicos. Muito pior, nunca pediu desculpa aos familiares das vítimas.
O episódio resume a personagem. Aqui, como em dezenas de ocasiões anteriores, temos o sujeito que mantém uma relação complicada com a verdade, o sujeito que tem uma relação nula com a responsabilidade, o sujeito que perde a (débil) compostura ao primeiro entrave, o sujeito que não tolera divergências, o sujeito habituado a debater assuntos sérios com a sofisticação de comentadores da bola, e o sujeito que tem os pobres – e bem agradecidos – jornalistas por capachos da sua vontade. E isto, aliado ao domínio precário da língua portuguesa e à tendência, fatal no PS, para se rodear de trapaceiros e nulidades, é o lado menos nocivo do dr. Costa. Não seria demasiado grave que ao dr. Costa faltasse lisura, decência e, vá lá, coragem. Acima de tudo, falta ao dr. Costa humanidade.
Em 2017, logo após a primeira vaga de incêndios e de cadáveres, o dr. Costa apareceu aos saltinhos de alegria no lançamento da candidatura de um futrica à câmara de Lisboa, pediu uma avaliação do impacto dos fogos na respectiva popularidade e, por fim, rumou de férias para Ibiza. Após a segunda vaga de incêndios e cadáveres, realizou uma “comunicação” ao país em que exaltava o excelso trabalho dele e do governo dele, e em que nem por um instante lhe ocorreu lamentar com um vestígio de franqueza os cento e tal cidadãos que o Estado deixou arder. Mais tarde, evidentemente aconselhado, fingiu comover-se numa sessão parlamentar: não foi uma grande interpretação. Para lá das inúmeras virtudes de que carece, o dr. Costa carece de empatia.
Quando o dr. Costa consumou a subida de “apparatchik” de paróquia a chefe nacional, os pasmados da praxe, para efeitos de legitimação, cobriram-no de elogios, entre eles o de “príncipe da política”. Hoje, parece sarcasmo. À época, também parecia. É difícil conceber maior insulto à monarquia e à política. Mesmo a política portuguesa, com um vasto rol de doutores sem letras, de manhosos sem mundo e de prepotentes sem razão, não produzira, fora das fileiras secundárias ou de partidos totalitários, um líder tão literalmente desumano – pondero a palavra – quanto o dr. Costa.
Não meço a humanidade pela inteligência, pela bondade ou, Deus me livre, pelo sentimento: meço-a pela possibilidade de olharmos alguém e, sob as imperfeições e divergências, suspeitarmos de alguma característica partilhável, de um pormenor susceptível de nos convencer que seria suportável passar dez minutos a tomar café com aquela criatura. Eu, que já passei horas (e abracei) Jerónimo de Sousa, um ignorante afável, não imagino conviver dez segundos com o dr. Costa. Um fulano normal olha o dr. Costa com horror. E ele olha-nos com desprezo.
A cada dia de uma longa carreira, o dr. Costa ajuda a definir o arquétipo, felizmente raro, do político privado de dúvidas, escrúpulos, vergonha, limites. Cavaco não tinha dúvidas, mas tinha escrúpulos. Guterres não tinha escrúpulos, mas tinha dúvidas. Durão não tinha limites, mas tinha vergonha. Sócrates não tinha vergonha, mas tinha limites (e Pedro Passos Coelho nem é para aqui chamado). O dr. Costa não tem nada que se aproveite, incluindo a capacidade de ver nos semelhantes (salvo seja) qualquer coisa diferente de instrumentos ou empecilhos dos propósitos dele. O dr. Costa não é só um mau governante: é obviamente má pessoa. E uma pessoa má que manda sem escrutínio num país é obviamente um governante terrível. E perigoso.
Principalmente, por dispor de poder absoluto e não o emprego subalterno na repartição das finanças que um carácter assim recomendaria, o dr. Costa é um perigo, cujas consequências ainda não experimentamos na totalidade. Nem todas as calamidades que vêm sucedendo a Portugal são culpa do dr. Costa. Demasiadas calamidades evitáveis exibem, directa ou indirectamente, a sua autoria. Muito além da covid, os sucessivos, e arbitrários, estados de emergência e contingência não escondem o estado de agonia a que chegamos: um povo voluntariamente entregue aos apetites de um homem sem qualidade. É talvez merecido. É de certeza trágico.