Teste

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terça-feira, 26 de julho de 2011

.Islam's Latest Contributions to Peace


.Islam's Latest Contributions to Peace
"Mohammed is God's apostle.  Those who follow him are ruthless
 to the unbelievers but merciful to one another"  Quran 48:29


2011.07.25 (Yala, Thailand) - Teachers are the targets of a bomb attack by Muslim 'insurgents'.
2011.07.24 (Zarqa, Jordan) - A 35-year-old woman is murdered by her brother for having sex outside of marriage.
2011.07.24 (Aden, Yemen) - An al-Qaeda suicide car bomber sends nine local security personnel to Allah.
2011.07.24 (Naushki, Pakistan) - Sectarian Jihadis open fire outside a mosque, taking down five laborers.
2011.07.23 (Maiduguri, Nigeria) - At least eight people are blown to bits by Boko Haram bombers at a market.
2011.07.23 (Kohat, Pakistan) - An 8-year-old girl is taken apart by a mortar fired by Islamic militants at a village hosting a peace committee.

Quem escrever ...

... assim, poderá vir a ser professor?

[Para tentar não ferir susceptibilidades alterei o título por duas vezes.]
.

Esse esqueleto não é meu XVIII

Em exibição numa escola de filosofia em Paris, ...

... via Lisboa - Tel Aviv, "Em vez dos 470 milhões de euros orçamentados, serão gastos 1160 milhões de euros."
.

Quem aí lê norueguês?

Uma leitora chama a atenção para este texto de Olavo de Carvalho.
[...] Aos que sejam demasiado tímidos para fazer coro com a difamação explícita, os atentados de Oslo fornecem a ocasião para que essas sublimes criaturas exibam mais uma vez sua neutralidade superior, alegando que "toda violência é igualmente condenável", que "todos os extremismos são igualmente ruins" e estabelecendo assim, para alívio e gáudio dos campeões absolutos de violência assassina e definitiva humilhação da aritmética elementar, a equivalência quantitativa entre um e mil, um e dez mil, um e cem mil. Isso já se tornou quase obrigatório entre as pessoas elegantes. [...]

Cheira-me que ainda a procissão vai no adro.
.

The Coud Mistery

Tal como havia sido explicado em The Great Global Warming Swindle (mais que uma vez exibido, aqui, no FI), os raios cósmicos, as nuvens e o clima na Terra (via EcoTretas):

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Da mitologia do multiculturalismo - II

Paul Gauguin, D'où venons-nous? Qui sommes-nous? Où allons-nous?

OS MULTIMITOS DO MULTICULTURALISMO

de Luís Dolhnikoff

(cont.)

5.

Como já foi dito, “o multiculturalismo é apartheid de esquerda”. Da “esquerda cultural”, pois fruto da contracultura, não do conservadorismo do establishment nem da esquerda tradicional. E apartheid porque, a despeito de suas boas intenções, denota o isolacionismo cultural: tudo vale e tudo tem valor, menos o que é “branco”. Ou seja: o valor de obras de outras origens é dado não pelas obras, mas por sua origem. O que é a essência do apartheid, apenas com o sinal trocado.

No colégio de East Orange, eles deixaram há muito tempo de ler os clássicos. Nunca ouviram falar de Moby Dick, o que dirá lê-lo. Jovens vinham me ver no ano em que me aposentei, dizendo que, para o Mês da História Negra, só leriam uma biografia de algum negro escrita por um negro.[1]

Pois vale a máxima dos multiculturalistas americanos, segundo a qual a cultura ocidental é uma criação de “homens brancos mortos”. Bem, de quem mais poderia ser? Macacos verdes vivos?

Nesse caso, o problema não estaria, incontornavelmente, em macacos nem em verdes, mas em vivos. Pois culturas não são “produtos”, que podem – ou devem – ser desenvolvidos no ano passado para ser consumidos como novidade neste. Ao contrário: “Civilizações são muito lentas e difíceis de construir, apesar de rápidas e fáceis de destruir”.

Não importa: vale o que não for fruto de “homens” (mas de mulheres, gays etc.), “brancos” (mas de qualquer outra cor) ou “mortos” (daí, imagino, o interesse por qualquer artista “performático”).

Quando não for possível omitir os “homens brancos mortos”, que se incluam então outros não-brancos ou não-homens ou não-mortos ao seu lado – a despeito dos fatos. Afinal, como disse o filósofo José Mindlin, “contra argumentos, não há fatos”.

Os eleitos, filme de Philip Kaufman baseado em um romance-reportagem de Tom Wolfe, narra em belas cenas de linguagem realista o essencial dos episódios iniciais da “saga espacial”. Incluindo os duríssimos testes físicos, biológicos, psicológicos e clínicos impostos aos candidatos a heróis (os eleitos do título em português).

Porque, para não nos perdermos em adjetivos, há alguma coisa de verdadeiramente heroico, no sentido grego, em uma viagem inaugural ao espaço. Mesmo que tal viagem inaugural seja, na verdade, o ponto final de um longo acúmulo de conquistas prévias.

Os testes foram especialmente duros em função do absoluto desconhecimento sobre o que se encontraria. Levantavam-se então inúmeras hipóteses sobre o impacto da viagem no organismo e na psique humanos, que em alguns momentos lembram as dúvidas e os temores dos marinheiros de Colombo sobre o que haveria “depois” do horizonte. As duas situações tinham, de fato, muito em comum.

Os russos já haviam estado lá. Ou não? Era o auge da Guerra Fria, e a propaganda, uma das suas armas principais. Mesmo se os filmes mostrando o voo orbital inaugural de Gagárin não fossem falsos, como afirmavam os direitistas e os nacionalistas americanos mais furiosos, isso não ajudava muito, pois os russos não forneceriam nenhuma informação sobre seus êxitos. Ao contrário. Se pudessem, passariam desinformações.

Não havia modelos a seguir. Não havia nada a seguir, senão a longa tradição científico-industrial que levara aqueles homens a poder conceber a viagem e se preparar para ela.

A cada necessidade surgida pelo ineditismo da situação, tinha-se de literalmente inventar uma solução nova. Enquanto inúmeros foguetes de ensaio explodiam sucessivamente nas rampas de lançamento.

O filme como o livro é, assim, uma elegia a uma conquista grupal heroica. Uma conquista da vontade e da técnica. Mais nada.

Uma conquista ocidental. Ou racional, branca, masculina – como todos os personagens do filme.

Durante o próprio ato da vitória, enquanto as estações de rastreamento estabelecem contato com a nave que, afinal, flutua fora da atmosfera, levando a bordo um astronauta solitário, John Glenn, terceiro Homo sapiens a deixar o planeta natal (o segundo fora o americano Alan Shepard, em um voo suborbital de 15 minutos), que extasiado pela beleza desconhecida do que via, tenta traduzi-la em palavras aos que o escutam na superfície, já perto do fim da narrativa, o filme de repente introduz um grupo de aborígenes australianos não-aculturados.

Parados à porta de uma casamata que sustenta um dos grandes radares de rastreamento da missão em pleno deserto australiano, eles perguntam o que é aquilo e para que serve. O rádio-operador da Nasa lhes explica a coisa toda como pode, sem, no entanto, conseguir evitar de transformar tudo numa espécie de lenda imediata: pois é difícil ser técnico, preciso e objetivo utilizando apenas um vocabulário acessível a interlocutores culturalmente tão distantes.

Não importa. Porque os aborígenes, espertíssimos, dão sábios sorrisos sutis antes de se afastar tranquilamente, apoiando-se em seus cajados com ares de quem entendeu tudo muito bem.

Eles acendem em seguida uma espécie de grande fogueira mágica em um lugar ermo, enquanto invocam com cânticos seus deuses. Fagulhas e faíscas então começam a rodopiar freneticamente, e depois a subir, subir e subir, até sair da atmosfera e tranquilamente envolver a nave numa espécie de nuvem de pó de pirlimpimpim luminoso em pleno vácuo. E não é que o herói ocidental, branco e masculino se torna de repente uma espécie de idiota sorridente, olhando para as faíscas aborígenes com mais embevecimento do que dirigira à esplendorosa visão da Terra emergindo gigantesca e azul do fundo infinito da noite idem do Cosmos?

Matam-se assim dois coelhos multiculturais com uma só claquetada. Primeiro, se introduz na narrativa de uma conquista técnico-científica um contraponto “xamânico”, irracional: caso contrário, o filme seria um hino de louvor ao racionalismo, além de um reforço da visão materialista do mundo (pois John Glenn não encontra anjinhos ao atingir o céu), o que não é aceitável. Segundo, “multiculturaliza-se” a conquista do espaço: pois se os brancos podem conquistá-lo, os aborígenes australianos também podem, como não. Caso contrário, a História não seria democrática, nem a realidade “politicamente correta”. Ou vice-versa.

Resta apenas a dúvida de saber se a História é, de fato, correta em qualquer sentido, já que, segundo o próprio filme, parece distribuir tão mal suas dádivas: afinal, os brancos são bem mais estúpidos do que os aborígenes, e isso não parece nada justo. Porque, se não fossem tão estúpidos, não perderiam tanto tempo, esforço, dinheiro e vidas para tentar por um caminho tão longo quanto difícil o que um grupinho de aborígenes sábios resolve facilmente apenas acendendo uma fogueirinha e xamãndo seus deuses.

Sem falar, claro, da burrice intrínseca ao nosso conhecimento do mundo – pois este afirma, segundo duas das leis mais clássicas da mecânica idem, que nenhum corpo pode alterar por si mesmo seu estado de movimento ou de inércia, e que a toda ação corresponde uma reação de força igual e de sentido oposto. Estas são, aliás, as bases teóricas dos foguetes, que portanto não podem subir sozinhos, mas dependem do empuxo proporcionado pela ação reativa ao escape dos gases resultantes da violenta queima de seus combustíveis. Perda de tempo. Pois as fagulhas aborígenes sabem levitar, ou seja, anular inteiramente a gravidade e o atrito do ar, até atingir o espaço.

O multiculturalismo, por outro lado, sabe anular toda objetividade. E não somente em filmes comerciais, mas também em documentários pretensamente sérios – nos quais não faltam antropólogos. E nos quais é habitual se afirmar, quando se trata de narrar a ação “terapêutica” de um pajé dessa ou daquela tribo, que se está assistindo a uma “cura”: “O pajé Tal, como se pode ver, está agora curando o menino...”; “O xamã Xis, depois de sair de seu transe, vai curar a mulher que...”. Pajés e xamãs, quando agem, curam. Logo, curam sempre. Curam inevitavelmente. O que se está esperando para fechar todas as inúteis faculdades de medicina do Ocidente?

6.

Poderíamos, depois, fechar as de história:

Existem pelo menos duas teorias concorrentes relativas à origem das populações nativas americanas. O consenso científico, baseado em inúmeros dados arqueológicos, é que os seres humanos chegaram pela primeira vez às Américas a partir da Ásia, entre 10 e 20 mil anos atrás, cruzando o estreito de Bering. Por outro lado, alguns mitos tradicionais índios sustentam que os povos indígenas sempre viveram nas Américas, desde quando seus ancestrais emergiram à superfície da Terra vindos de um mundo subterrâneo povoado de espíritos. E uma reportagem publicada no New York Times (22 de outubro de 1996) observou que muitos arqueólogos, “oscilando entre seu temperamento científico e sua admiração pela cultura nativa [...] chegaram perto de um relativismo pós-moderno no qual a ciência é simplesmente mais um sistema de crenças”. Por exemplo, Roger Anyon, um arqueólogo britânico que trabalhou entre o povo zuni, foi citado como tendo afirmado que “A ciência é apenas um dentre os muitos modos de conhecer o mundo. [A visão de mundo dos zunis] é simplesmente tão válida quanto o ponto de vista arqueológico sobre o que é a pré-história”. Talvez as afirmações do dr. Anyon tenham sido incorretamente reproduzidas pelo jornalista, porém se ouve esse tipo de afirmação muito frequentemente hoje em dia, e gostaríamos de analisá-la. Note-se primeiramente que a palavra “válida” é ambígua: deverá ser entendida em sentido cognitivo, ou em algum outro sentido? Neste último caso, não temos nenhuma objeção; todavia, a referência a “conhecer o mundo” sugere a primeira hipótese. Ora, tanto na filosofia como na linguagem do cotidiano, distingue-se entre conhecimento (entendido, aproximadamente, como crença verdadeira justificada) e mera crença; eis porque a palavra “conhecimento” tem conotação positiva, enquanto “crença” é neutra. O que, então, Anyon quer dizer com “conhecer o mundo”? Se ele tem em mente a palavra “conhecer” em seu tradicional significado, então sua afirmação é simplesmente falsa: as duas teorias em questão são mutuamente incompatíveis, e por conseguinte não podem ser ambas verdadeiras (nem sequer aproximadamente verdadeiras). Se, por outro lado, ele simplesmente está observando que diferentes povos têm crenças distintas, então sua afirmação é verdadeira (e banal); porém é induzir a erro empregar a palavra “conhecimento”. Mais provavelmente, o arqueólogo muito simplesmente permitiu que suas simpatias políticas e culturais ofuscassem seu raciocínio.[2]

“Simpatias políticas e culturais” por povos distintos são não somente respeitáveis como profundamente louváveis. Não apenas porque a humanidade é constituída por seus povos. Mas também porque, do próprio ponto de vista ocidental contemporâneo, nenhum outro povo ou cultura foi jamais tão condenável por crimes e barbáries como a cultura ocidental.

Seja pelos crimes históricos do cristianismo, os crimes crônicos do colonialismo, do imperialismo e do capitalismo, ou os crimes agudos do nazismo (de certo modo ligados aos do cristianismo, por ser a matriz histórica do antissemitismo europeu). No entanto, simpatias não geram conhecimento. Pois facilmente “ofuscam o raciocínio”:

Quando desafiados, os antropólogos relativistas às vezes negam que exista distinção entre conhecimento (isto é, crença verdadeira justificada) e mera crença, por negar que essas crenças – mesmo crenças cognitivas acerca do mundo exterior – possam ser objetivamente (transculturalmente) verdadeiras ou falsas. Mas é difícil levar a sério tal declaração. Milhões de nativos americanos não morreram realmente no período que se seguiu à invasão europeia? Ou isto é simplesmente uma crença assumida como verdadeira em algumas culturas?[3]

Se, sob o largo e espesso manto do multiculturalismo, isso acontece com a ciência, o que não acontecerá com a arte?

Bem, nas artes plásticas, acontece tudo. Tudo vale. E nesse vale-tudo, nada se distingue. Daí o único critério restante para se julgar a relevância de uma obra ser seu valor de mercado.

Na poesia, emergem coisas como a “etnopoesia” e o orientalismo poético. O orientalismo poético é o que seu nome diz: uma poesia “orientada” para o Oriente, seja por referências ao budismo ou pela adoção de estruturas orientais como o haicai. A “etnopoesia” completa então o quadro das poéticas não-ocidentais, ao relevar a poesia dos povos tribais (com o perdão da rima pobre).

Mesmo se, para encontrá-la, tenha de transformar em poesia aquilo que para, seus próprios autores, é outra coisa. Poesia é uma forma de arte, mito uma forma de ver o mundo – que pode, eventualmente, usar formas próximas às da poesia, como também outras próximas às da prosa. O que importa é a visão de mundo que o mito comporta.

Mas além de hipervalorizada na tradição ocidental (ao menos em termos culturais, pois materialmente os poetas sempre foram os artistas pior remunerados), a verdade é que a poesia, no limite, só existe na tradição ocidental. Pois a poesia nada tem de “natural”, no sentido de ser inevitável ou universal. Se toda cultura e toda tribo tem sua culinária, suas armas, suas ferramentas, sua indumentária e seus cantos, essas cantos não são, porém, poesia.

É em função de sua grande valorização cultural ocidental, em todo caso, que os chamados “etnopoetas” acreditam dever procurá-la, e necessariamente encontrá-la, em todos os lugares. Sem perceber o profundo desrespeito que há nisso. Pois mitos e cantos indígenas não são poemas, mesmo se transmitidos em estruturas formais aparentemente semelhantes – do mesmo modo que provérbios são provérbios, e slogans, slogans, apesar de rimas e ritmos eventuais.

A simpatia multicultural “etnopoética” é, na verdade, arrogância etnocêntrica (apesar da ironia que há nisso): pois crê conceder a tais cantos e mitos um status bastante alto – aquele que detém a poesia na cultura ocidental.

No entanto, ao contrário do que pretende o “democratismo” multiculturalista, arte, ou poesia, não é o que o artista, ou o poeta, assim determina, porque somos animais sociais: o grupo define o significado do que não seja absolutamente pessoal. Poesia, então, é aquilo que uma cultura reconhece como poesia. E apenas uma cultura reconhece a poesia como poesia.

A função social da poesia é o que nós, ocidentais, chamamos de arte. E a arte é a autonomização da função estética. Tal autonomização, no limite, só existe na cultura moderna. Mesmo no Ocidente, durante a Idade Média, a arte, que era necessariamente sacra, era necessariamente sacra porque sua função primária era ser sacra, e não artística. Ou seja, ilustrar passagens bíblicas, representar santos e engrandecer templos.

As famosas máscaras africanas que no início do século XX influenciaram a arte moderna só se tornaram arte ao serem levadas para a Europa, pois foram, na verdade, criadas como objetos rituais. Suas formas, e o próprio fato de existirem, vêm do rito que integravam, não de qualquer conceito artístico. Só é escultura o artefato escultórico cuja função é estética. Os outros têm de se “tornar” esculturas, ao serem postos no pedestal da tradição ocidental de arte.

Só é poesia o artefato poético cuja função é estética. O famoso haicai japonês, portanto, no limite não pode ser considerado uma forma poética. Não por acaso, sua forma e também seus temas obedecem a considerações zen-budistas de “natureza”, movimento e estase – além de irem na contramão da valorização ocidental da criatividade individual. O que resulta em pequenez, neutralidade e banalidade – que ninguém, porém, de fato reconhece, como na fábula da roupa nova do rei ninguém reconhecia sua nudez. Se ali todos se obrigavam a “ver” a roupa exuberante para não ir contra o desejo real, aqui se trata de não afrontar o politicamente correto. Não se pode dizer (ou mesmo perceber) que os principais preceitos poéticos japoneses resultam em pequenos “poemas” banais. Mesmo que seja o que de fato pretendem ser.[4]

(...)


[1] Philip Roth, A marca humana, São Paulo, Cia das Letras, 2002, p. 137.

[2] Alan Sokal e Jean Bricmont, opus cit., p. 214.

[3] Ibidem.

[4] No caso mais notório de se ver o que se acredita dever ser visto, Haroldo de Campos traduziu o mais famoso haicai de Bashô, por sua vez o maior haicaísta japonês, com a “palavra-valise à maneira joyceana, saltomba (fragmentada visualmente por um recurso à la cummings de apostrofação, salt’ / tomba)” (A arte no horizonte do provável, São Paulo, Perspectiva, 1977, p. 62). Tudo para “traduzir” o verbo tobikomu, mergulhar, corrente em japonês. Pois o que Bashô escreveu foi que uma rã mergulha, numa simplicidade chã. São do próprio Bashô, aliás, estas palavras, que parecem estranhamente predestinadas a criticar seu futuro tradutor brasileiro: “Na minha concepção, um bom haicai é aquele em que tanto a forma como a junção de suas partes parecem tão leves quanto um rio raso fluindo sobre um leito arenoso” (Hisamatsu Sen’Ichi, “The vocabulary of japanese aesthetics”, in Paulo Franchetti, Elza Taeko Doi e Luiz Dantas, Haikai, Campinas, Unicamp, 1990, p. 22).

Coices

Pelo andar da carruagem suponho que o norueguês que anda nas bocas do mundo ainda se vai acabar por tornar um herói da esquerdalha. Estejamos atentos.

Enterrado em 250 pés de gelo? (2007)

Mihalis Kakogiannis

Mr Zorba:

Mihalis Kakogiannis - (1922-2011)

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Dilma: economia brasileira faz 'pouso suave'

No Brasil está em vigor uma gramática que por aqui deambulou nos últimos 15 anos (pelo menos).

Do gato que brinca com a cauda

Enquanto pela "europa" e Estados Unidos se vagueia no trilho do disparate, ora revogando decisões de fecho de centrais, ora substituindo-as por carvão"renovável", ora prorrogando-lhes o seu tempo de vida útil, a China trabalha no desenvolvimento de reactores rápidos.

Enquanto a "europa", fiada na superioridade da social democracia e da "inclusão social", se dá ao luxo de excomungar o trabalho a baixa tecnologia em favor das economias emergentes, o tempo vai passando e a baixa tecnologia deitada ao lixo vai ficando cada vez mais alta até ao descalabro final. Parece-me que uma boa parte da Alemanha está consciente do problema e, havendo massa crítica, se prepara para levantar ferro tentando não perder o avanço.

RECEITA DE JOSÉ DAMIÃO


Caro José Damião, sabe que mais, vou-lhe dar um conselho de amigo, para que no futuro aprenda a escrever de forma lógica e que se compreenda antes de se emaranhar nestas discussões polémicas, já de si complexas quanto baste. E para o efeito, o mais didáctico que conheço é elaborar listas de compras.

Porquê? Porque antes de escrever tem que pensar um bocadinho, certamente que não vai fazer uma lista só para chatear o indígena! Uma lista de compras obedece a uma lógica: há produtos que precisa e outros não; o preço pode facilitar ou dificultar a escolha; preferências pessoais; tem que ter em conta a época; a quantidade; há produtos saudáveis e outros que só sabem bem…


Assim, antes de se deslocar ao Pingo Doce, dê uma volta pelo seu frigorífico, pela dispensa e procure anotar o que lhe falta para o jantar, mas de forma lógica: os legumes; os lacticínios; as carnes, tudo separadinho.

E a partir de hoje, mesmo que seja completamente ‘off topic’, você não se preocupe e use a sua lista de compras como comentário no FIEL. Mas esmere-se, tente fazê-lo sem os erros do costume: as vírgulas no devido lugar, sem descurar os acentos, nem as maiúsculas quando se trata de países, nomes próprios ou simplesmente depois de um ponto final.

Uma actividade bem mais útil para si (mas não só!) e, sem querer ofender, muito mais interessante do que as baboseiras incompreensíveis com que normalmente nos presenteia. Para já é sempre giro saber o que os outros normalmente compram, mas além disso, a sua preferência por este ou por aquele produto, vai certamente provocar discussões bem mais interessantes e menos insultuosas do que as do costume…

Mais tarde, numa fase superior, já com mais prática redactorial, seria fantástico que se lembrasse de descrever o que pensa fazer para a ceia com os produtos que acabou de comprar no mercado onde vive (uma breve exposição sobre o mercado a acompanhar não ficaria nada mal).

Creio que por esta altura do campeonato você já percebeu onde é que eu quero chegar: todo este paleio tem como único objectivo subtrair-lhe uma receita esquecida, provavelmente da sua mãe mas escrita pela sua mão. Isto seria sinceramente uma agradável pausa entre estes repetitivos e fastidiosos artigos e discussões ideológicas seguidas de comentários de qualidade duvidosa que você anima com tanta energia.

E, passado algum tempo, já dotado de uma pena mais segura, o meu amigo poderia gradualmente ir um pouco mais longe. Passava a descrever como se desenrolou a sua – hipotética ou inventada não importa, tem o mesmo efeito - tentativa de engate com a colega de trabalho que você convidou para o jantar por si confeccionado…

Caro Damião, pense no prazer que nos vai proporcionar neste período tão difícil que a Pátria atravessa! Seja um exemplo a seguir para os demais, o país ficar-lhe-ia imensamente reconhecido…

Da mitologia do multiculturalismo - I


Inicio aqui a publicação, em três partes, de um artigo sobre este tema que me foi enviado por Luís Dolhnikoff.

OS MULTIMITOS DO MULTICULTURALISMO[1]

1.

O multiculturalismo, como fato histórico, existe desde sempre. De certa forma, ele é a própria história.

À exceção da escrita, de origem fenícia, todas as primeiras inovações importantes que depois se espalharam pelo Ocidente têm origem asiática (como as carroças sobre rodas, de origem suméria). Do mesmo modo, as grandes invenções que permitiram o desenvolvimento econômico e tecnológico da modernidade ocidental têm origem chinesa (bússola, leme, vela triangular, papel, prensa, pólvora, alto-forno) ou indiana (notação do número zero).

A religião por excelência do Ocidente, o cristianismo, tem origem semita, o judaísmo. Além disso, o cristianismo é na verdade a fusão dessa religião semita a elementos greco-romanos, como a adoração de ídolos e a divinização de antepassados (os santos) – para não falar de sua língua litúrgica e de inúmeras convenções rituais e legais de origem romana.

A própria civilização romana se tornara culturalmente grandiosa ao também se helenizar, depois da conquista da Grécia.

A Roma de agora, os EUA, deve parte de sua melhor arte popular, como o jazz, a uma fusão da cultura europeia com a africana.

Africana também foi uma das referências estéticas que afinal indicaram o caminho da revolução cubista na arte moderna, através das máscaras tribais vistas, entre outros, por Picasso.

O tradicional esporte da nobreza inglesa, o polo a cavalo, não só não é inglês como não é europeu. Trata-se de um esporte mongol – aprendido pelos ingleses na Índia, cujo território, em sua maior parte, no início do século XIX, era ainda um grande reino desse povo de conquistadores (na verdade, o último dos grandes reinos mongóis, que chegaram a incluir a Rússia e a China).

Elemento histórico difuso, profundo, abrangente e determinante, o multiculturalismo é desnecessário como ideologia – além de falseador como militância. Falseador porque, ao deixar de ser um fenômeno reconhecível para se tornar uma ideologia, afasta-se dos fatos, assim não facilitando, mas dificultando o conhecimento – logo, também o verdadeiro reconhecimento.

O multiculturalismo é, enfim, uma pequena ideologia – filha da pior contracultura e da melhor antropologia.

Segundo a contracultura, todas as culturas são superiores, menos a ocidental. Segundo a antropologia, não se deve julgar uma cultura.

Não se deve julgar uma cultura porque não se pode julgar uma cultura. E não se pode porque qualquer referência de valor usada para o julgamento será um valor da cultura que julga. Logo, duas culturas distintas sempre terão dois julgamentos distintos sobre uma terceira, e mutuamente excludentes, pela falta de qualquer parâmetro extracultural de referência de valores.

A falta de parâmetros pertinentes é insuficiente, porém, para impedir que o multiculturalismo, sendo uma pequena ideologia, “ideologize” e apequene esse preceito antropológico segundo suas teses. O resultado é, simplesmente, um julgamento cultural – segundo o qual todas as culturas são superiores, menos a ocidental.

O multiculturalismo é, assim, um irracionalismo. E tanto mais deletério quanto bem-intencionado.

2.

Bem-intencionado porque pretende “fazer justiça” à arrogância ocidental que tantos povos tiveram de suportar desde o século XVI (além de assim também poder livrar os próprios ocidentais de seu decadente racionalismo). O problema é que, de boas intenções, se pavimenta o caminho para o inferno, segundo o velho provérbio.

As ideologias bem-intencionadas não se dão conta, ideologias e irracionalismos que são, do fato de terem sido as boas intenções uma das causas da arrogância ocidental. Pois os europeus, julgando-se os detentores da civilidade, o que pretendiam era, além da exploração econômica, civilizar os bárbaros, cristianizando-os.

Tampouco podem se dar conta, ao julgar de modo compensatório qualquer outra cultura de modo positivo, além da própria arrogância desse julgamento (pois não importa o sinal que tenha), do fato bastante constrangedor de que muitas das culturas assim julgadas, no seu devido tempo e lugar, foram igualmente arrogantes.

O multiculturalismo é uma forma de miopia militante.

Chineses e japoneses nada ficam a dever aos europeus em arrogância (e, no devido tempo e lugar, em brutalidade). Pois tradicionalmente ambas as culturas se julgam – cada qual separadamente – as detentoras da verdadeira civilização, sendo todos os demais povos bandos de bárbaros (a palavra que, na língua japonesa, em uma acepção significa estrangeiro, também significa, igualmente, selvagem).

A cultura árabe é outro exemplo. A partir do século VII, milhões de pessoas, em relativamente pouco tempo, da Malásia a Espanha (antes da Reconquista), se converteram ao islamismo, e, depreende-se, não meramente pelos bons argumentos do Corão, mas pelos igualmente bons argumentos da cimitarra (a espada curva árabe).

Para piorar, tal islamização, além de não ter sido indolor para as pessoas, não foi indolor para as culturas originais dessas pessoas. Como afirma o prêmio Nobel indo-britânico V. S. Naipaul: “O islã é uma força devastadora em relação a todo passado cultural dos povos por ele dominados”. A cultura bizantina que o diga: ela foi simplesmente varrida da face da Terra quando os turcos conquistaram Constantinopla, a “segunda Roma”, e a transformaram em Istambul.

Se as mulheres, sob a lei islâmica, podem ser mortas por “adultério”, e os homossexuais por existirem, a lei islâmica é uma forma de barbárie.

A brutalidade arrogante não é exclusividade histórica do Ocidente.

O comandante árabe que no ano de 642, depois de ter entrado em Alexandria [até então uma cidade cristã], mandou que todos os livros da grande biblioteca fossem queimados, teria então afirmado: “O que está nela e também no Corão, não precisa ser conservado; o que está nela e não está no Corão, não serve para nada”.[2]

O que talvez seja exclusividade histórica do Ocidente, que irracionalistas não podem perceber, é a tolerância elevada ao status de lei fundamental.

3.

Não que outros povos, como os próprios árabes, não tenham dado mostras, ainda que muito eventuais, de tolerância. Não sendo irracionalista, pode-se perceber as nuances que a história costuma oferecer em abundância quase equivalente à da agressividade e da arrogância.

Mas foi o Ocidente, a cultura europeia, que instituiu, pela primeira vez na história, a igualdade perante a lei em ordenamento metajurídico básico, ou seja, constitucional na denotação da palavra, logo, anterior e relativizador de quaisquer outras leis.

Não importa. Porque o multiculturalismo é um irracionalismo.

Assim, para “fazer justiça”, sempre que a cultura ocidental insiste em exibir, a despeito de toda sua arrogância e de toda sua agressividade, qualidades positivas, corre-se para buscar as mesmas qualidades em toda e qualquer cultura. Mesmo que tais qualidades não existam.

Os povos nativos da América depois portuguesa não tinham uma matemática digna desse nome. Suas próprias línguas, como o tupi, costumam ter nomes apenas para os numerais de 1 a 10, usando para qualquer grandeza além dessa ordem a palavra correspondente a “muitos”. Isso não quer dizer que suas culturas não sejam respeitáveis. Mas sem dúvida quer dizer que não tinham matemática.

Não importa. Porque o multiculturalismo é um irracionalismo. Possivelmente insuficiente para afirmar que os tupis tivessem uma grande matemática. Porém mais do que suficiente para afirmar que tiveram uma grande “medicina”.

4.

Uma das manifestações mais extremas do multiculturalismo talvez seja o mito, criado e mantido por acadêmicos negros norte-americanos (ou melhor, “afro-americanos”), de que o Antigo Egito foi uma civilização negra (fundamentalmente, porque o país fica no continente africano). A impostura apenas explicita uma inconsciente autodepreciação – que os faz ter de apelar para a adulteração da história alheia (com a consequência adicional de tornar seu trabalho intelectual confiável apenas para seus seguidores ideológicos).

Outro efeito é diminuir os próprios egípcios, artisticamente: como os traços de suas esculturas não são africanos, nem escuras as peles das pinturas que restam em seus murais, é inevitável concluir que os egípcios eram, ou profundamente envergonhados de suas feições raciais, ou simplesmente incapazes de uma representação minimamente realista.

Pouco importa: baseando-se no fato de que são extremamente escassas suas representações, pude ver, em um documentário norte-americano, uma professora negra de um ginásio idem ensinando seus alunos que a própria Cleópatra era negra. Pois para essa multiculturalista em particular, não são todos os egípcios que tinham a pele escura, mas somente Cleópatra – motivo pelo qual, aliás, não haveria muitas representações suas. Muito lógico: os egípcios, agora brancos, não eram racistas para ter uma rainha negra, mas o eram para representá-la.

Talvez Cleópatra fosse de fato negra: desde que sofresse de um caso grave de vitiligo, tão grave a ponto de tornar toda sua pele branca. Afinal, sequer era egípcia. Pois apesar de rainha do Egito, era grega – herdeira da dinastia dos Ptolomeus, tornados casa reinante depois da conquista do país pelo grego Alexandre. Nem a via da miscigenação é aqui possível: a corte dos Ptolomeus é famosa, entre outras coisas, por sua extremada endogamia – mesmo para os padrões das cortes antigas –, na qual mesmo o incesto era habitual.

Vai ver, então, que os gregos também eram negros. Vai ver todo o mundo seja, no fundo, negro – sendo os brancos apenas albinos. Então, por que reivindicar somente o Egito? Por que não uma Atenas negra?

[Em] Black Athena (1987), o professor inglês Martin Bernal defende a tese de que a cultura grega teria raízes afro-asiáticas: viria do Egito (então com população predominantemente negra) e do Oriente Médio semita.[3]

Só não vejo a vantagem de tal reivindicação. Afinal, os gregos eram uns idiotas. Por exemplo: fazem referências, em vários textos, aos núbios, e os descrevem como negros. No entanto, não há uma só referência nos textos gregos ao fato de os egípcios, com quem os gregos tinham bastante contato, serem negros. Portanto, ou os gregos eram umas bestas, ou os egípcios não eram negros. Não obstante, assim têm aparecido nos documentários politicamente corretos made in Europe, que a BBC espalha pelo mundo através dos canais a cabo. Nos quais não apenas os egípcios estão cada dia mais escuros, como Cleópatra é cada vez mais morena. Não obstante, quase certamente era loira. Loira ou ruiva, como a maioria dos gregos antigos. Ao menos a se acreditar em idiotas como Homero, que se referem constantemente, em suas obras, às “longas melenas amarelas” desse e daquele herói, ou aos olhos azuis dessa ou daquela deusa.

Por falar em Homero, há ainda o fato, talvez desimportante, de que a língua grega é muita próxima do sânscrito, a antiga língua indiana. Pois os indianos, com seus olhos redondos, narizes afilados, lábios finos, corpo esguio, não são da família mongol, como os demais povos asiáticos, mas, ora, do grupo indo-europeu. Se os gregos eram loiros, viviam na Europa e falavam uma língua indo-europeia, o que têm mesmo a ver com a África e o Oriente Médio? Ah sim, o fato de todos sermos albinos.

O Egito, ao menos, fica na África (verdade que, apesar disso, não é habitado mesmo hoje por negros, mas quem se importa com fatos?). África em que também ficava Cartago, que, no entanto, era fenícia. Os fenícios também eram negros? Digo, afro-africanos. Pois negro, nos EUA, pátria do multiculturalismo como ideologia, é uma ofensa, sendo o correto “afro-americano”. No entanto, os brancos não são “euro-americanos” – mas simplesmente “americanos”. Nem os sul e centro-americanos que ali vivem – ditos “latinos” – são “sul-americano-americanos” e “centro-americano-americanos”, o que deveriam ser, para manter a justiça toponímica. Enquanto os nativos, ex-índios, não são “americano-americanos”.

Em todo caso, nunca houve escrita na África. Todos seus povos eram ágrafos. Assim também a América (com uma única exceção, os maias). A escrita é um conquista da Europa (gregos, a partir de fenícios e sumérios) e da Ásia (sumérios, fenícios, indianos e chineses). Todas as demais escritas são daí derivadas. Além disso, em grande parte do mundo sequer houve escrita por incorporação: ela só chegaria com os colonialistas europeus.

Mas resta a possibilidade, criada pelo camarada Stálin, de se adulterar os fatos históricos, mesmo os mais documentados. Dou então uma sugestão: afirmar que sempre houve escrita na África, tendo sido todos os seus registros minuciosa e sistematicamente destruídos por missionários brancos (“euro-europeus”). Claro que, assim, como no caso do mito do Egito negro, apenas se consegue o efeito contrário: a conclusão subliminar de que os próprios negros acusam certa inferioridade em sua história, daí resultando a necessidade desesperada de apelar para a impostura.

Mais sensato seria perceber, primeiro, que culturas não são hierarquizáveis – como o fazem tais militantes, ao colocar o Egito numa categoria superior, a ponto de torná-lo objeto de impostura; segundo, que as culturas, assim como os indivíduos, não se medem pela cor da pele – como fazem os racistas e os racistas às avessas que são os multiculturalistas.

(...)


[1] Este texto é parte do livro inédito O código da homeopatia.

[2] D. J. Struik, “Por que estudar a história da matemática”, in Ruy Gama (org.), História da técnica e da tecnologia, São Paulo, Edusp, 1985, p. 191. No capítulo 18 da segunda parte, “Interregno árabe”, dissemos que, mais de dois séculos antes, em 391, a Biblioteca de Alexandria fora queimada pelo patriarca Teófilo. Não há incoerência. A biblioteca não era, na verdade, um prédio, mas vários, constituindo algo mais parecido a um campus universitário – que afinal foi incendiado não duas, porém quatro vezes. A primeira vez, em 48 a. C., quando Júlio César mandou queimar o porto de Alexandria, atingindo partes da biblioteca. A segunda vez, em 274 d. C., quando o imperador Aureliano invadiu a cidade a fim de combater uma revolta local. O ato do conquistador muçulmano do Egito, califa Omar, o sucessor de Maomé, foi somente o último e definitivo.

[3] Moacyr Scliar, opus cit., p. 130.

domingo, 24 de julho de 2011

Breivik, terrorismo e multiculturalismo

Em muitas reportagens televisivas, as pessoas mostram horror e perplexidade pela tragédia norueguesa. O horror é real e a incapacidade para perceber também. E todavia o acto terrorista resulta de uma cosmovisão racional que importa perceber.
Porque vai haver mais disto pela Europa.
Trata-se de um backlash esperado e expectável. Creio mesmo que já, neste espaço, o previ.
A esquerda europeia vai, com toda a certeza, aproveitar o acto terrorista de Breivik para inculcar nas mentes perplexas, a ideia de que o verdadeiro perigo que assola a Europa é o extremismo de direita e que a crítica ao multiculturalismo é apenas racismo e apelo ao ódio.

Ora o acto de Breivik demonstrando que há por aí lunáticos dispostos a usar a força para lutarem contra algo que entendem como uma ameaça existencial, é também uma oportunidade para reavaliar as políticas de imigração que estão a criar tais reservatórios de ódio nas sociedades ocidentais.
Porque na verdade, tanto o terrorismo islâmico como este nóvel terrorismo anti-sistema, são o selo do falhanço do multiculturalismo que a Noruega elevou a um quase dogma sagrado. Há tempos o Ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês dizia que queria uma sociedade onde coexistisse o bikini e a Burga, e que celebrasse o Natal e o Id.

As boas intenções paroquiais conduziram a isto: uma constante ameaça islamista a pairar sobre a Noruega e um backlash nacionalista a enveredar pela violência desmedida.
Uma sociedade cada vez mais dividida entre aquilo que o terrorista chamou de "marxistas culturais" (representados pelo partido trabalhista, no poder) e os que entendem que a Noruega está em perigo. Parece ter sido essa a ideia de Breivik ao atacar a estrutura do Partido Trabalhista.

O acto hediondo de Breivik não pode todavia travestir de radical e extremista a critica, legitima e necessária, ao multiculturalismo, de resto criticado também por personalidades como David Cameron, Angela Merkel, Amartya Sen, etc.

Onde existem valores não miscíveis, a violência surgirá sempre.
E basta ir ao Bairro Azul, nas Olaias, para perceber isso.

Tsunamis à portuga

Acidente faz tremer Autoeuropa

A produção dos monovolumes da Autoeuropa esteve em risco, na semana passada, após a queda de uma estrutura com peças para os veículos produzidos na fábrica da Volkwswagen (VW) em Palmela.
 O simples facto de isto ser notícia espelha bem a insipiência em matéria de industria a que Portugal chegou. O problema não é a publicação da notícia, o problema é que se justifica que exista.

... "desta vez seremos poupado à lenga-lenga das “causas mais profundas do terrorismo”"

Finalmente um terrorista do qual não somos obrigados a ter pena.

(Via O Insurgente).
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A FORMA E O CONTEÚDO…


Caro CdR,
Se clicar na "frase em azul" ...

Pois, mas eu, por motivos somáticos, só clico em coisas que percebo ou que me despertam um interesse imediato. Não percebo! Não conheço! Não me diz nada! É demasiado confuso! Deito imediatamente fora…

Preguiça intelectual, dirá você. Tem razão, mas não devo ser o único, e, neste momento, com um tão discutido e fantástico Tour de France mais os afazeres do costume, fazer cinco vezes ao dia buscas no Google para saber do que se trata, é, na minha opinião, exigir muito de leitores do meu tipo. (Confesso que já tenho um pouco mais de tempo, visto que o Tour vem mesmo agora de terminar. Veja-se aqui o resultado!)

Eu acho que com uma curta introdução explicativa, ao mesmo tempo simpática e cativante (exemplo: a fotografia da bacana não tão close-up, mas a ver-se um valente decote) eu teria mordido a isca.

Partindo do princípio que é isso que se pretende quando se escreve para fora: tornar a informação mais atraente, mais acessível. E digo isto porque sei que nos tempos que correm a forma é quase tão importante como o conteúdo da mensagem que se quer fazer passar. E digo mais, na minha opinião, quem isto não percebe está hoje condenado a receber ajudas do FMI…

Outra opção, igualmente respeitável mas condenada a nunca ganhar a camisola amarela, é não pretender informar o maior número possível de pessoas, é estar-se perfeitamente nas tintas e querer apenas avisar a malta - geralmente os amigos e camaradas. Mas quem escolher este caminho deve estar consciente da inevitável formação de seita, que mais tarde ou mais cedo se anuncia, e o resultado é acabar no fim a escrever uma espécie de Avante! Que, como se sabe, mesmo sem ter em conta a berraria ideológica da luta de classes, é mais chato de ler que o Diário da República…

Boa música ...

... em fim de tarde.

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Do piorio


Os mesmos militantes que, pouco tempo atrás, demonstraram um firme apoio a José Sócrates, votando massivamente na sua reeleição para secretário-geral do PS, votaram agora, apenas um pouco menos massivamente, na eminência parda que se lhe opôs ao longo do seu mandato.
O Partido Socialista é, em definitivo, um coio de gente pouco recomendável. Gente com que o país não pode nem deve contar.

Mastúrbios XIX - Indignácaros e permacultura

Enquanto os indignácaros se entretiveram a "aprovar" questões de transcendente importância, entre outros, no campo da "permacultura", nos míeseros metros quadrados do meu quintal plantei tomate, pepino, meloa, bringelas, alface, feijão, couve, abóbora e mais umas coisas que ficaram por conta da minha cara-metade. De tomate já apanhei uns 20Kg e também já comi pepino e alface.

O filha-da-puta do vento tem-se dado uma trabalheira.

Vão trabalhar vagabundos. Trabalhar faz calos mas faz-lhes bem. A parte metálica da enxada é para baixo e pega-se na outra ponta.

Perplexidades

Ao contrário do que aconteceu noutras barbáries, continua a não haver indicação de que o Hamas se tenha regozijado com o massacre da Noruega. Segundo as más línguas do costume, as mortes não teriam respeitado os preceitos de Corão.

Mas, mais tarde ou mais cedo, a esquerda.net ou algum dos seus "leitores" mais fervorosos virá, certamente, ligar o caso aos "sionistas". Um "leitor" do FI já esteve mais longe.

Porque hoje é Domingo - Leonard Bernstein: Young People's Concerts | What is Orchestration

sábado, 23 de julho de 2011

Intendência - contadores

Aqui no FI há dois contadores de visitas. O que está localizado ao topo, que reputo de mais fiável, contou em determinado período 27746 visitas. O outro, localizado ao fundo, contou 36868, mais 33% que o anterior.

Suponho que o primeiro 'distingue', não sei exactamente com que critério, se, em determinado período, o visitante é o mesmo ou outro visitante.

Intendência

A estatística é, frequentemente, desconcertante e desta vez não varia. O gráfico representa os artigos mais lidos durante todo o período de existência de estatística Google.

Aqui ficam os links:
O TERROR do Polo Sul
Adenda a "Salazar, o fascismo e o fássismo"
Novo Satã: lâmpadas incandescentes
Filipe Albarrão ...
Recortes de Nuno Crato
OS BANDIDOS CONTINUAM À SOLTA...
Escola racista
Orangotango manda
Do que o Contrato não é, obviamente

Nivaldo Cordeiro - Obama X Tea Party

(Porque amanhã será Domingo) Francis Hime / Chico Buarque - A noiva da cidade


Tutu-Marambá não venha mais cá
Que a mãe da criança te manda matar''
Tutu-Marambá não venha mais cá
Que a mãe da criança te manda matar''

Ai, como essa moça é descuidada
Com a janela escancarada
Quer dormir impunemente
Ou será que a moça lá no alto
Não escuta o sobressalto
Do coração da gente

Ai, quanto descuido o dessa moça
Que papai tá lá na roça
E mamãe foi passear
E todo marmanjo da cidade
Quer entrar
Nos versos da cantiga de ninar
Pra ser um Tutu-Marambá

Ai, como essa moça é distraída
Sabe lá se está vestida
Ou se dorme transparente
Ela sabe muito bem que quando adormece
Está roubando
O sono de outra gente

Ai, quanta maldade a dessa moça
E, que aqui ninguém nos ouça
Ela sabe enfeitiçar
Pois todo marmanjo da cidade
Quer entrar
Nos sonhos que ela gosta de sonhar
E ser um Tutu-Marambá

Boi, boi, boi, boi da cara preta
Pega essa menina que tem medo de careta''

Contra revolucionário