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sábado, 13 de novembro de 2010

Do que o Contrato não é, obviamente

Para além da vergonha aqui referida, há ainda que escalpelizar a novilíngua a que o comunicado deita mão.

Trata-se de uma gramática com pretensões a auto-sustentada que coloca ao lado dos pasteis de nata um certo número de calhaus embrulhados em papel celofan como se o papel lhes desse sabor.

O contracto é "com duas entidades" e não entre duas entidades.

O contracto "visa assegurar uma parceria". Pois. É isso que visa: "assegurar". Publico-privada?

"para a produção de conteúdos sobre propriedade industrial". Pois. "Produção" parece-se com algo de concreto. Na verdade é mais copy+paste. "Conteúdos" ... os meus gatos também os fazem, em buraquinhos que tapam e não gostam de ver destapados.

"edição de vários tweets". Pois. A edição. Se um gato passar pelo teclado de um computador, edita.

"informações/alertas úteis". Pela amostra têm a utilidade de manter a parceria.

" e a produção de uma newsletter mensal". Nata de calhau.

"Assegura-se por essa via, também, o apoio ao envolvimento da comunidade científica". Ah, sim. O apoio ao envolvimento e da comunidade científica. O tubo do papel também apoia muito bem o dito higiénico.

"do tecido empresarial na produção de informação pública especializada". Especializada, a 140 caracteres. A coisa empresarial está certamente ávida de informação especializada a 140 caracteres.

Para se ficar descansado, o INPI informa que apesar de se meter e ao ISCTE ao barulho, precisa ainda da de uma "5ª potência" para "editar" bochechos de 140 caracteres. Afere bem da impotência do INPI.

"O Contrato em causa é uma aquisição de serviços feita de forma transparente e obedecendo às regras da contratação pública." Com certeza. O bicho estado já pode torrar o dinheiro do contribuinte em público e cobrar bilhetes.

"Pretendeu-se com a criação do Twitter Valor PI dar um sinal de abertura do INPI enquanto agência pública à sociedade e à economia e servir de elo de ligação entre a comunidade de protecção da propriedade industrial, fomentar a partilha activa de informação sobre o tema da PI, da inovação e do desenvolvimento socioeconómico, aumentar a transparência junto dos cidadãos e das empresas, reforçar a comunicação, captar inputs e reacções da audiência. "

Aqui ficava bem uma música com violinos. É a verborreia típica de quem hoje tira um curso de administração e/ou gestão ao estilo "inglês técnico". "sinal de abertura", (sinal), "enquanto agência pública à sociedade e à economia", ei, cum camandro, não fazem a coisa por menos, "servir de elo de ligação", cheira-me que a ligação é outra, "fomentar a partilha activa de informação", as palavras partilha e activa ficam sempre bem, particularmente se ficarem juntas (embora não tenham que ser casadas) "inovação e do desenvolvimento socioeconómico" chiiiiii .... cum carago, " transparência", " captar inputs", "e reacções da audiência" ... fuuoooda-se. Aqui acertaram. A reacção excedeu as expectativas.

E a técnica cá está: "inputs" e "Tudo isto através de actualizações simples e curtas numa plataforma acessível e credível, típica da Web 2.0." Aposto que há socretinos magalhães na coisa.

Em jeito de packshot, esforço orgástico final e em 252 caracteres (excluindo os espaços - seriam precisos 3 tweets), o INPI sintetiza a coisa:

* Fonte de informação rápida e sintética em Propriedade Industrial e inovação com orientação de serviço público;
* Canal social de comunicação e aproximação das comunidades de língua portuguesa;
* Instrumento de informação aberta para indivíduos e organizações, especializados ou não nestas áreas.

Pois. Mas o preservativo estava roto e a coisa transbordou.

1 comentário:

Eduardo Freitas disse...

http://espectadorinteressado.blogspot.com/2010/11/desfacatez-despesista.html