De lado esquerdo do telespectador ( não consigo escrever "espetador", parece que me estou a referir a alguém ou a alguma coisa que serve para espetar), Mira Amaral, Patrick Monteiro de Barros e Clemente Pedro Nunes.
Do lado direito, três aves de rapina: Carlos Pimenta, com interesses nas eólicas, Nuno Ribeiro da Silva, da Endesa Portugal, e um ex-governante, da área do PS, cujo nome não fixei mas que ele mesmo se reivindicou como "autor intelectual" da estratégia das renováveis.
Entre muito jargão técnico, raivas e esquivas, justificações e acusações, da discussão fez-se alguma luz na cabeça deste vosso ignorante escriba.
O que eu entendi foi, o mais sucintamente possível:
Os do meu lado esquerdo contestavam a onerosa estratégia das eólicas e as rendas pagas pelos consumidores ( cerca de metade da factura) ao negócio das aves de rapina à minha direita.
Como explicou o Prof Clemente, do IST, as éolicas são intermitentes. Como tal, não podem estar sózinhas, já que não se sabe quando param, são umas cabeças de vento. Assim, por cada MW de potência instalada nas éolicas é necessário:
1-Instalar 1 MW de potência fiável (central térmica)
2- Construir barragens e estações de bombagem para, de algum modo, armazenar a energia que em certos períodos não é consumida.
Ora isto implica duas coisas desagradáveis: a 1ª é que o MW sai ao triplo do preço; a 2ª é que as centrais térmicas funcionam num liga/desliga que as torna insustentáveis, obrigando o consumidor a pagar o prejuizo. Não percebo nada de centrais térmicas mas, pela explicação, percebi que são como os carros, isto é, gastam muito mais no pára-arranca, do que em velocidade de cruzeiro.
Mas como têm de existir e a funcionar assim dão prejuizo, o Estado (o consumidor) paga-lhe principescamente esse prejuizo, fazendo com que na factura de cada português figurem mais umas taxas com nomes estranhos que o normal cidadão não têm a mínima ideia do que sejam.
Ora então os especialistas à minha esquerda achavam que isto era uma idiotice, era uma idiotice cara e era/é, necessário acabar ou, no mínimo, reduzir, as rendas que o Estado (o consumidor, eu e vocẽ) paga às eólicas e às centrais do pára-arranca.
Os beneficiados pela brilhante estratégia, à minha direita, eram da opinião que não. Falavam de várias coisas, do fabrico de ventoínhas, da exportação de ventoínhas, dos empregos nas fábricas de ventoínhas, na poupança em petróleo (se bem que eu não conheça nenhuma central térmica que queime petróleo, deve existir algures, tal a vivacidade com que o Carlos Pimenta referia este argumento) e, sobretudo, alto lá que isto agora é sério, de "DIREITOS ADQUIRIDOS".
Exactamente!
As rendas que o consumidor paga na factura elécrica para sustentar uma estratégia modernaça mas ruinosa, são para os bem instalados, "direitos adquiridos".
É disto que trata afinal o debate sobre a energia: Direitos adquiridos!
O que nos separa de decisões racionais e que contribuam para uma economia mais competitiva, são os "direitos adquiridos" de empresas e indivíduos que se instalaram num negócio artificial que só é lucrativo enquanto os portugueses forem, por decreto, obrigados a pagar os prejuizos.
Isto não é um país de doidos?
7 comentários:
[Dentro de pouco tempo terei o video completo - falta uma parte]
Nos Açores queimam diesel. Acho que são as únicas do país.
com certeza que é...
um país de doidos... varridos...
só pode...!
Nos açores queimam disel porque não há consumo que justifique uma central a carvão, gás ou nuclear.
O esquema das renováveis é verdadeiramente bizarro. Por isso iniciei o meu blog http://luzligada.blogspot.com/
Ainda hoje me custa acreditar que as coisas acontecem da forma que acontecem
Caros (fiéis) amigos, se puder ajudar a desconfundir...
http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2012/02/o-insustentavel-custo-da-energia-1-nota.html
Prof Pinto de Sá, obrigado pelo link e pela explicação.
Gostei de o ouvir, no debate, não só pelo argumento técnico, que mal teve tempo para fazer valer, mas pela marretada que assestou no Engº Pimenta que, na minha opinião, saiu bastante combalido do debate e com a careca bem à mostra.
Vamos ver se a racionalidade económica se impõe nesta questão, completamente embrulhada em ideologia e patetices bem intencionadas.
Nada como o estado de necessidade para nos fazer ver claro.
Também no eco-tretas, claro:
http://ecotretas.blogspot.com/2012/02/peixeirada-no-pros-e-contras.html
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