Teste

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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Caro segundo anónimo dos comentários ao post anterior:


O seu comentário é assaz enigmático, quase tanto como o célebre enigma da Esfinge, que, a crer na mitologia grega, apenas Édipo terá conseguido resolver. É-o, pelo menos, o suficiente para que a fraca iluminação da minha mente se fique numa obscuridade angustiante, debatendo-se com monstros, provavelmente imaginários, mas nem por isso menos torturantes.
Em primeiro lugar, tenha em conta, peço-lhe, a dificuldade de entender a frase que Cristo terá proferido perto do final da provação da cruz, no contexto em que aplica. Dirigi-la-á o meu amigo, metaforicamente, a mim? Ou aos intervenientes no episódio?
Como poderá, no entanto, apelar ao meu arrependimento, se eu não afirmo seja o que for?
Limito-me, com efeito, no título, a chamar a atenção dos humanistas para o acontecido. Porquê? Porque é dever de honestidade de qualquer cientista (e o humanismo é, para o humanista, uma ciência que desemboca, em última instância, na Educação, como se sabe) verificar se um facto que parece constituir uma excepção à sua teoria, afinal não o é; ou que, não sendo efectivamente uma excepção, introduz, contudo, nessa teoria um ponto nela não contido anteriormente, modificando-a assim em determinada medida.
Na frase onde inseri o link da notícia, também não faço uma afirmação propriamente dita, limito-me a relevar um aspecto de que os crentes, por um lado, e o vulgo em geral, por outro, fora de qualquer dimensão espiritual e com base na mera experiência vivencial, se dão conta, isto é, de como o que nos surge carregado de negatividade resulta, tantas vezes!, no seu oposto e vice-versa.
Como posso eu, portanto, não saber o que digo, se me limito a apontar factos sem deles retirar quaisquer ilações? Se, por improvável acidente, um qualquer calhau, com forma humana de aparência arrogante, se atravessar de súbito no meu caminho e eu, apontando-o, gritar: "Olha um calhau!", estarei a exceder as minhas capacidades, afirmando o que não sei? Não me parece. Se, todavia, eu gritar: "Vejam! Um calhau com dois olhos!", então aí, sim, porque os calhaus não vêem seja o que for, mesmo que lho ponham à frente. Nem é possível sugerir-lho sequer, porque se rasgarmos orelhas numa pedra, ela também não conseguirá ouvir.
É que, para ver e para ouvir, é preciso ser-se gente.

4 comentários:

Anónimo disse...

Multum in parvo. Parva leves capiunt animas. Deus misereatur. Deus tecum.

José Gonsalo disse...

Perdoando as gralhas gramaticais, só posso responder: E contigo também.

Anónimo disse...

Não segui a discussão mas este post está muito bem escritinho.

Carmo da Rosa

Anónimo disse...

Não segui a discussão - tenho estado fora mas muito perto e preso por causa da nuvem vulcânica - mas este post está muito bem escritinho...

Carmo da Rosa