Cheguei hoje, surpreendido, à conclusão de que, adolescente, conheci bastante bem o actual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr.. Porque as circunstâncias da vida nos afastaram, não mais tive notícias dele nem acompanhei o seu percurso pessoal e político. Mas nunca esqueci nem a alegria nem o sorriso nem o excelente carácter de que sempre deu mostras. O sorriso que, para lá dos cabelos brancos, do bigode e de alguma corpulência extra, me fez de imediato reconhecê-lo quando a televisão me deu a notícia do seu sequestro pelos militares revoltosos que tentaram um (mais um!) golpe de estado.
Sei que as pessoas mudam, mas sei, seguramente também, que o Carlos Gomes não terá mudado no essencial, isto é, na integridade e na autenticidade que fizeram dele um amigo para todos aqueles com quem convivia, bem como na seriedade com que encarava o trabalho e a aquisição de competências profissionais. Um amigo, no sentido mais nobre do termo. E, ao ler a sua biografia on line, verifiquei que esse carácter se manteve na ajuda aos mais necessitados que o tornou querido e popular entre os seus compatriotas. Tão querido o Cadogo, como é conhecido, que, segundo os telejornais, a população veio para a rua, exigindo a sua libertação e levando o chefe da revolta a ameaçar executá-lo de imediato se as pessoas não recolhessem às suas casas.
Daqui, de Portugal, para o primeiro-ministro eleito da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr., o maior abraço que se pode imaginar, na esperança de que tudo isto não venha, de novo, a resultar numa tragédia, para ele e para a sua terra.
Sem comentários:
Enviar um comentário