E se amanhã, quando acordassemos, o Mundo estivesse completamente diferente? Foi esta a sensação que senti hoje, quando abri a página do Público Online e dei de caras com esta notícia.
Não fiquei em nada surpreendido com mais uma das muitas traduções que o Público Online faz dos artigos do jornal Israelita Haaretz, visto que tais traduções já são hábito por aquelas bandas, parecendo o jornal Português não conhecer outro jornal Israelita que não seja o Haaretz. Não que tenha alguma coisa contra o Haaretz, cujo site faz parte dos meus Favoritos, aliás como o do Público. O que me causa uma certa estranheza é este repetir de artigos sobre o conflito Israelo-Palestiniano que parecem uma versão do Haaretz em Português. Não sei se por orientações ideológicas, se por visões comuns, se por linhas editoriais de alguma forma semelhante, mas o que é certo é que o Público Online parece não conhecer outro jornal Israelita que não o Haaretz.
Passando à frente, é fácil entender o porquê da minha surpresa. Porém, quando li melhor, apercebi-me que as informações tinham sido recolhidas junto de responsáveis Europeus e Palestinianos. Mesmo assim, analisemos o assunto como se estes responsáveis Europeus e Palestinianos tivessem razão naquilo que dizem, algo de que muito dúvido, ou não fossem as outras partes (Israel e os Estados Unidos da América) os factores mais decisivos, uma vez que os Palestinianos falam a diversas vozes e com diversas bombas.
Há dias, numa entrevista, Avigdor Lieberman, Ministro dos Negócios Estrangeiros Israelita, afirmou, citando de memória, que nem daqui a 15 anos existirá um Estado Palestiniano. Porém, aqueles que tentem chegar à paz não encontrarão em Lieberman um obstáculo, segundo o que o Ministro afirmou. Esta declaração convicta de Avigdor Lieberman tem que ser vista de duas formas: a primeira diz respeito ao facto de Lieberman ser um homem de Estado, à frente de uma pasta importantíssima como a dos Negócios Estrangeiros, sabendo portanto daquilo que está a falar; a segunda diz respeito ao pensamento de Lieberman e ao eleitorado que pensa como ele, gente obviamente céptica e, em numa pequena parte, extremamente radical.
Encaro com uma certa normalidade, apesar de andar por estas andanças ainda há bem pouco tempo, esta maneira quase teatral de relatar possíveis progressos na resolução de um conflito que merece ser tratado de diversas formas, menos com leviandade. Reconhecendo a dificuldade que a cobertura deste conflito e o seu estudo representa, tanto por imposições estatais (devido a operações secretas, reuniões secretas, actividades secretas) como por imprevisibilidade (recordar a recente operação Israelita contra um reactor nuclear em construção na Síria, a Operação Orchard), parece-me mesmo assim que a comunicação social dá tiros nos próprios pés quando aborda esta questão. Inundada na necessidade de transmitir horrores cometidos pelos Israelitas (muitas vezes mentindo se for preciso), na necessidade de fazer sempre estes os culpados e de fazer os outros inocentes e interpretando os acontecimentos de uma forma horizontal, é necessário recomendar, sem qualquer tipo de presunções, que todos tomemos cuidado quando se lê determinado tipo de notícias. Como lá diz a minha avó: "Quando a esmola é muita o pobre desconfia...".
O fenómeno tem crescido um bocadinho nos últimos tempos, graças às reconhecidas capacidades do Messias, que se encarregará de resolver uma questão com que muito poucos Presidentes Norte-Americanos conseguiram sequer lidar. A comunicação social fica em alvoroço, aliás o filho é seu e o Pai tenta sempre proteger o seu filho pródigo; o futuro será risonho, o Chumbo Endurecido foi a última barbaridade que os Israelitas fizeram, e só o fizeram porque o Messias ainda não estava no poleiro. A euforia, felizmente, não é acompanhada por todos...
O fenómeno tem crescido um bocadinho nos últimos tempos, graças às reconhecidas capacidades do Messias, que se encarregará de resolver uma questão com que muito poucos Presidentes Norte-Americanos conseguiram sequer lidar. A comunicação social fica em alvoroço, aliás o filho é seu e o Pai tenta sempre proteger o seu filho pródigo; o futuro será risonho, o Chumbo Endurecido foi a última barbaridade que os Israelitas fizeram, e só o fizeram porque o Messias ainda não estava no poleiro. A euforia, felizmente, não é acompanhada por todos...
Foquemos, pois, o artigo do Público. O artigo afirma que as próximas negociações entre Palestinianos e Israelitas vão ser sobre a delimitação de fronteiras, para mais à frente anunciar, citando mais uma vez o Haaretz, que as fronteiras serão as de 4 de Junho de 1967, correspondentes, como se sabe, às fronteiras resultantes da Guerra de Independência de Israel e anteriores à Guerra dos 6 Dias. Dei por mim a pensar: se as fronteiras são as de 4 de Junho de 1967, para que é que precisam de ser negociadas? Bem sei que essas fronteiras estavam longe de ser, na época, seguras e imutáveis, visto que eram baseadas unicamente nas linhas do armistício Israelo-Jordano assinado no final da Guerra de 1948-1949 e visto que o Exército Israelita, que contava na altura com o ainda jovem Ehud Barak (militar mais condecorado da história de Israel), levava a cabo diversas incurssões terrestres contra a recém criada Fatah (criada em 1958), para além da fronteira; porém, estou em crer que com um bocadinho de ajuda dos Jordanos (ou será que deva dizer Palestinianos?) é possível recordar essa fronteira, sendo dispensável qualquer tipo de negociações...
Segundo o Público, que mais uma vez cita o Haaretz estou em crer, não se exigirá de Netanyahu, para que possa ser anunciado dentro de dois anos um Estado Palestiniano, que negoceie Jerusalém. Se não está a negociar Jerusalém como é possível regressar às linhas de 1967? Alguns poderão advogar que se está a deixar o melhor e o mais difícil para o fim, o que até pode ser correcto, mas não me parece de todo coerente afirmar que as fronteiras vão ser as de 1967 sem que Jerusalém seja negociada. Convém recordar, ao menos informado leitor, que em 1967 Jerusalém se encontrava dividida em duas: a Ocidental, controlada por Israel; a Oriental, controlada pelos Jordanos. Com Jerusalém Oriental integrado em Israel as linhas não serão as de 1967, serão outras. Se a questão fosse negociar as linhas de 1967 sem falar de Jerusalém, deixando as coisas como agora estão, creio que Benjamin Netanyahu assinava o acordo já amanhã de manhã.
O Público também afirma que Netanyahu se deslocou ao Egipto para, juntamente com Hosni Mubarak, tentar relançar o processo de paz com os Palestinianos. Ora, segundo os political advisors de Netanyahu e segundo o próprio Primeiro-Ministro, a deslocação ao Cairo teve como principal objectivo tratar da questão do soldado Israelita Gilad Shalit, questão que se encontra num impasse depois de mais uma generosa oferta Israelita. Facilmente, através das ofertas, se verá o valor que cada lado atribui à vida humana...
Parece ser fácil esquecer que as linhas de 1967 são um objectivo totalmente irrealista, algo que é partilhado por diversos quadrantes da Sociedade Israelita. Colocar em prática estas linhas acarreteria uma interminável operação de remoção dos milhares de Judeus espalhados pelos considerados "colonatos" Israelitas na Cisjordânia (cerca de 500000 pessoas). Escusado será dizer que a operação, que teria como alvo muitos mais Judeus que a recente retirada de Gaza (de onde foram retirados 7000 Judeus), seria de difícil execução, pois é expectável uma resistência muito maior e muito mais árdua dos colonos, para além de exigir um deslocar de forças Israelitas em número muito superior, o que seria difícil, pois o plano não seria aprovado por muitos militares Israelitas. A Sociedade entraria em alvoroço como entrou em 2004, só que num patamar muito superior.
O cenário parece recambulesco, e parece-me que jamais será levado a cabo, não só porque os partidos passíveis de serem eleitos em Israel não o querem como também porque a pressão da população levaria, de imediato, ao cair do Governo. A proposta de Lieberman, neste aspecto, tem muito mais lógica: trocar vilas maioritariamente Muçulmanas em Israel pelos "colonatos" Israelitas. Tal tem toda a lógica no meu entender, e faz como que um dois em um: Israel fica com os seus Judeus sem que seja necessária uma complicada e arriscada operação de remoção, as terras que foram sabiamente escolhidas/organizadas/compradas/ocupadas por Judeus antes e depois de 1967 (sim, também foram expulsos Judeus do lado Jordano da fronteira de 1967, aliás como de todo o Mundo Árabe desde 1948) continuam na sua posse e Israel vê-se livre da ameaça da bomba demográfica Muçulmana; os Palestinianos vêm o seu Estado criado (mediante algumas condições), tomam posse de muitas terras perdidas aquando da Guerra da Independência e aumentam exponencialmente a sua população. Obviamente que, por motivos diversos, não será de excluir uma evacuação pontual de alguns colonatos por parte dos Israelitas, para conseguir algo em troca e para que a paz avance.
O problema para a paz não me parece ser a questão das fronteiras, problema que pode ser ultrapassado com concessões várias de parte a parte, nomeadamente através de troca de terras e de populações, como propõe Lieberman. O que é necessário é que Israel se sinta seguro quanto às fronteiras que possui, daí não querer largar os estratégicos "colonatos", escolhidos a dedo por Ariel Sharon. Os Montes Golan não se englobam obviamente neste acordo, pois aí a questão é outra, e tal terá de ser negociado com a Síria e com os diversos "colonos" e cidadãos Israelitas que vivem no local e que, curiosamente, não querem deixar de ser Israelitas. Quanto a esta última questão, é curioso ler esta notícia do Haaretz onde se conseguirá observar a tolerância Síria.
Escusado será dizer que a questão dos refugiados Palestinianos é, para mim, uma falsa questão, da qual os países árabes e a classe política Palestiniana se tentaram sempre aproveitar e não cuidar. Não é possível o retorno tal como não é possível o retorno dos milhões de Judeus que, depois da declaração de Independência de Israel, tiveram que fugir de todos os países Muçulmanos onde viviam.
O problema centra-se em Jerusalém e na confiança mútua. Escusado será dizer o que penso sobre uma coisa e outra, mas poderei pronunciar-me no futuro, se assim me for pedido.
ADENDA: Dois dias depois, outro artigo no Público: ausência de acordo Estados Unidos-Israel sobre congelamento dos colonatos. Como as coisas mudam em dois dias! Será que o Público acordou, desta feita, para a realidade?
As dificuldades não me surpreendem. Um acordo sobre esta matéria tem de ser acompanhado, obviamente, por gestos do outro lado da barricada; curioso que nada se tenha ainda pedido dos Palestinianos, com quem é difícil dialogar, pois nenhum dos seus auto-proclamados representantes parece ter a legitimidade necessária para dialogar o que quer que seja, embora eu reconheça a Mahmoud Abbas essa legitimidade. Tem-se falado, como moeda de troca, do reatar de relações comerciais/diplomáticas de Israel com diversos países Muçulmanos. Porém, os Israelitas não são burros e sabem muito bem que Barack Obama, na pessoa de George Mitchell, não fala por esses países, que já demonstraram ter sempre um comportamento imprevisível no que a esta e a outras questões diz respeito.
Assim, um compromisso Israelita numa questão tão sensível como a dos "colonatos" parece-me impossível. Não só porque o que é pedido é de difícil execução, porque limita o quotidiano das populações residentes nos "colonatos" que, recorde-se, têm a maior taxa de crescimento em todo o território Israelita, como também porque as repercussões políticas para Benjamin Netanyahu de um acordo que limitasse os "colonatos" sem qualquer tipo de coisa em troca seriam abismais.
Mas os "pacifistas" precisam mais de Benjamin Netanyahu do que este deles. Portanto é necessário que se dê qualquer coisa a Netanyahu em troca, uma vez que este não colocará em causa a sua coligação, o seu cargo de líder do Likud e a sua imagem junto dos colonos por um acordo que nada dá a Israel. Precisam-se de coisas palpáveis, não de promessas vãs.
O aceitar por parte dos Norte-Americanos da exclusão de Jerusalém Oriental (será que ainda se pode usar este termo?) de um possível acordo de paragem de construção parece-me um bom passo. Mas ainda insuficiente.
Segundo o Público, que mais uma vez cita o Haaretz estou em crer, não se exigirá de Netanyahu, para que possa ser anunciado dentro de dois anos um Estado Palestiniano, que negoceie Jerusalém. Se não está a negociar Jerusalém como é possível regressar às linhas de 1967? Alguns poderão advogar que se está a deixar o melhor e o mais difícil para o fim, o que até pode ser correcto, mas não me parece de todo coerente afirmar que as fronteiras vão ser as de 1967 sem que Jerusalém seja negociada. Convém recordar, ao menos informado leitor, que em 1967 Jerusalém se encontrava dividida em duas: a Ocidental, controlada por Israel; a Oriental, controlada pelos Jordanos. Com Jerusalém Oriental integrado em Israel as linhas não serão as de 1967, serão outras. Se a questão fosse negociar as linhas de 1967 sem falar de Jerusalém, deixando as coisas como agora estão, creio que Benjamin Netanyahu assinava o acordo já amanhã de manhã.
O Público também afirma que Netanyahu se deslocou ao Egipto para, juntamente com Hosni Mubarak, tentar relançar o processo de paz com os Palestinianos. Ora, segundo os political advisors de Netanyahu e segundo o próprio Primeiro-Ministro, a deslocação ao Cairo teve como principal objectivo tratar da questão do soldado Israelita Gilad Shalit, questão que se encontra num impasse depois de mais uma generosa oferta Israelita. Facilmente, através das ofertas, se verá o valor que cada lado atribui à vida humana...
Parece ser fácil esquecer que as linhas de 1967 são um objectivo totalmente irrealista, algo que é partilhado por diversos quadrantes da Sociedade Israelita. Colocar em prática estas linhas acarreteria uma interminável operação de remoção dos milhares de Judeus espalhados pelos considerados "colonatos" Israelitas na Cisjordânia (cerca de 500000 pessoas). Escusado será dizer que a operação, que teria como alvo muitos mais Judeus que a recente retirada de Gaza (de onde foram retirados 7000 Judeus), seria de difícil execução, pois é expectável uma resistência muito maior e muito mais árdua dos colonos, para além de exigir um deslocar de forças Israelitas em número muito superior, o que seria difícil, pois o plano não seria aprovado por muitos militares Israelitas. A Sociedade entraria em alvoroço como entrou em 2004, só que num patamar muito superior.
O cenário parece recambulesco, e parece-me que jamais será levado a cabo, não só porque os partidos passíveis de serem eleitos em Israel não o querem como também porque a pressão da população levaria, de imediato, ao cair do Governo. A proposta de Lieberman, neste aspecto, tem muito mais lógica: trocar vilas maioritariamente Muçulmanas em Israel pelos "colonatos" Israelitas. Tal tem toda a lógica no meu entender, e faz como que um dois em um: Israel fica com os seus Judeus sem que seja necessária uma complicada e arriscada operação de remoção, as terras que foram sabiamente escolhidas/organizadas/compradas/ocupadas por Judeus antes e depois de 1967 (sim, também foram expulsos Judeus do lado Jordano da fronteira de 1967, aliás como de todo o Mundo Árabe desde 1948) continuam na sua posse e Israel vê-se livre da ameaça da bomba demográfica Muçulmana; os Palestinianos vêm o seu Estado criado (mediante algumas condições), tomam posse de muitas terras perdidas aquando da Guerra da Independência e aumentam exponencialmente a sua população. Obviamente que, por motivos diversos, não será de excluir uma evacuação pontual de alguns colonatos por parte dos Israelitas, para conseguir algo em troca e para que a paz avance.
O problema para a paz não me parece ser a questão das fronteiras, problema que pode ser ultrapassado com concessões várias de parte a parte, nomeadamente através de troca de terras e de populações, como propõe Lieberman. O que é necessário é que Israel se sinta seguro quanto às fronteiras que possui, daí não querer largar os estratégicos "colonatos", escolhidos a dedo por Ariel Sharon. Os Montes Golan não se englobam obviamente neste acordo, pois aí a questão é outra, e tal terá de ser negociado com a Síria e com os diversos "colonos" e cidadãos Israelitas que vivem no local e que, curiosamente, não querem deixar de ser Israelitas. Quanto a esta última questão, é curioso ler esta notícia do Haaretz onde se conseguirá observar a tolerância Síria.
Escusado será dizer que a questão dos refugiados Palestinianos é, para mim, uma falsa questão, da qual os países árabes e a classe política Palestiniana se tentaram sempre aproveitar e não cuidar. Não é possível o retorno tal como não é possível o retorno dos milhões de Judeus que, depois da declaração de Independência de Israel, tiveram que fugir de todos os países Muçulmanos onde viviam.
O problema centra-se em Jerusalém e na confiança mútua. Escusado será dizer o que penso sobre uma coisa e outra, mas poderei pronunciar-me no futuro, se assim me for pedido.
ADENDA: Dois dias depois, outro artigo no Público: ausência de acordo Estados Unidos-Israel sobre congelamento dos colonatos. Como as coisas mudam em dois dias! Será que o Público acordou, desta feita, para a realidade?
As dificuldades não me surpreendem. Um acordo sobre esta matéria tem de ser acompanhado, obviamente, por gestos do outro lado da barricada; curioso que nada se tenha ainda pedido dos Palestinianos, com quem é difícil dialogar, pois nenhum dos seus auto-proclamados representantes parece ter a legitimidade necessária para dialogar o que quer que seja, embora eu reconheça a Mahmoud Abbas essa legitimidade. Tem-se falado, como moeda de troca, do reatar de relações comerciais/diplomáticas de Israel com diversos países Muçulmanos. Porém, os Israelitas não são burros e sabem muito bem que Barack Obama, na pessoa de George Mitchell, não fala por esses países, que já demonstraram ter sempre um comportamento imprevisível no que a esta e a outras questões diz respeito.
Assim, um compromisso Israelita numa questão tão sensível como a dos "colonatos" parece-me impossível. Não só porque o que é pedido é de difícil execução, porque limita o quotidiano das populações residentes nos "colonatos" que, recorde-se, têm a maior taxa de crescimento em todo o território Israelita, como também porque as repercussões políticas para Benjamin Netanyahu de um acordo que limitasse os "colonatos" sem qualquer tipo de coisa em troca seriam abismais.
Mas os "pacifistas" precisam mais de Benjamin Netanyahu do que este deles. Portanto é necessário que se dê qualquer coisa a Netanyahu em troca, uma vez que este não colocará em causa a sua coligação, o seu cargo de líder do Likud e a sua imagem junto dos colonos por um acordo que nada dá a Israel. Precisam-se de coisas palpáveis, não de promessas vãs.
O aceitar por parte dos Norte-Americanos da exclusão de Jerusalém Oriental (será que ainda se pode usar este termo?) de um possível acordo de paragem de construção parece-me um bom passo. Mas ainda insuficiente.
9 comentários:
Belo post!
Here we go again. Até ao dia em que o gangue de Jesse James atravesse a fronteira, entre num colonato, arranque o cordão ao pescoço de uma velhinha e os rangers, em desatino, se lancem no encalço do bando. Ao pôr-do-sol já não existirá estaca de pé nem sobreviventes em Jesse City.
Mais tarde, muito mais tarde, a velha balada contará que Jesse foi visto ao final do dia atrás das ruínas do celeiro a trocar de roupas, colocar a estrela ao peito e atravessar o rio na companhia dos rangers. E que mais tarde, muito mais tarde ainda, uma ocorrência assombrosa marcou para sempre a vida daqueles pequenos povoados. Que um dia, miracle and wonder, Jesse em pessoa saltou do ecrã para o saloon e levou em braços a mocinha do véu que se emocionava na plateia. E que o realizador, inconsolável pelo final feliz, apareceu debaixo do ulmeiro junto às cavalariças enforcado num cordão de ouro.
Até hoje nunca se soube para onde foram nem qual o seu fim. O que se sabe é que uma estranha paz caiu sobre aquelas terras.
Boa análise.
O Haaretz é um jornal de esquerda, tipo Guardian.
Como diz o Tarzan, no post seguinte, veicula uma ideologia que se vê a si mesma como A "correcta" e A "esclarecida".
A maioria dos nossos jornalistas bebe nessas águas e sacia-se nessas fontes.
Na verdade se os árabes da Palestina quisessem a paz, já a tinham há muito.
Tinham-na em 1948, se tivessem constituido o seu Estado, como Israel fez, as terras definidas pela ONU.
Tinham-na nos 20 anos seguintes, de 1948 a 1967, quando essas terras estavam todas na posse dos seus irmãos árabes ( Egipto e Jordânia).
Tinham-na logo a seguir, quando Israel propôs entregar Gaza ao Egipto ( e o Egipto recusou).
Tinham-na quando Barak lhe propôs a entrega de 97% das terras e Arafat recusou.
Tinham-na quando Sharon desocupou a Faixa de Gaza e recebeu em troca do gesto, cerca de 12 000 foguetes e granadas de morteiro.
Na verdade não a querem. O Hamas di-lo claramente e a Fatah di-lo de forma mais velada.
O Messias andou mal na pressão sobre Israel. Provavelmente acreditou na teoria muçulmana e esquerdista de que Israel é Uma espécie de estado vassalo, que recebe ordens da Casa Branca.
Não o é nem nunca o foi e o Messias começa a perceber que é um erro acreditar na própria propaganda.
De facto Israel vingou como Estado, em momentos bem mais críticos da sua existência, sem contar com a ajuda dos EUA.
No início foi a URSS, a Checoslováquia e a França.
Obama há-de ir-se sem honra nem glória, e Israel há-de ficar.
E Obama perdeu já toda a credibilidade nesta matéria. Não é parceiro no qual os israelitas confiem neste momento.
Entradas de leão, saídas de sendeiro.
Change!
Tá bem abelha...
Concordo com o que escreveu. Só os lunáticos e mal intencionados é que ainda acreditam nas fronteiras de 1967.
Tem de haver permuta de terras, e no caso de Israel não poder devolver todo o território, poderá indemnizar monetariamente os palestinianos.
E repito o que sempre tenho dito: os palestinianos acordaram tarde demais para a necessidade de terem um estado. Até 1967 não se importaram nada de ser governados pelo Egipto e pela Jordânia. Depois de 1967, muitos deles continuam a querer riscar Israel do mapa. O ponto é precisamente esse: não reconhecem Israel como estado judaico, não há está estado palestiniano para ninguém. Ponto.
E só mais uma coisa: isso que escreveu do Jornal Público está certíssimo. Tanto que nem me dei ao trabalho de linkar no meu blogue essa notícia.
Como o Jornal Público, é o jornal português que, de longe, melhor relata o conflito, já se pode imaginar o que não são os outros.
RB: ”Não Carmo. Espero apenas uma brecha de tempo para o fazer [post sobre Amesterdão]”
Caro Ricardo, noto que as suas prioridades são indiscutivelmente a política internacional, não há nada a fazer! Há uma brecha de tempo, faz bom tempo lá fora e zás, o Ricardo, em vez de ir jogar aos matrecos com os amigos, ou dar uma trancada na betinha do 2º ano de medicina (que anda mesmo a pedi-las) escreve um ensaio de 3 páginas com 1910 palavras, para dizer, sim, para dizer que o Haaretz é um jornal de esquerda e que o Público é também um jornal de esquerda e reproduz apenas as informações do Haaretz!
E eu pergunto-me, isso é bom ou é mau?
E se o Haaretz fosse um jornal de direita e o Público também, seria isso motivo para escrever um ensaio em vez de jogar matrecos?
Bem, espero que não me leve a mal – como se diz na nossa terra, perguntar não ofende e, de qualquer maneira, vou beber mais um copo de Martini à sua saúde porque estou com uma sede do camandro.
"E eu pergunto-me, isso é bom ou é mau? E se o Haaretz fosse um jornal de direita e o Público também, seria isso motivo para escrever um ensaio em vez de jogar matrecos?"
Ser um jornal de esquerda é bom ou mau? Nem uma coisa nem outra, o que interessa ao Belmiro é que a coisa se venda. Mas por acaso eu disse que o Público era um jornal de esquerda? Eu nem ao próprio Haaretz me referi como jornal de esquerda, quanto mais...
Ser um jornal de esquerda? Mas eu disse que o Público era um jornal de esquerda? Eu nem ao próprio Haaretz me referi como jornal de esquerda, quanto mais..
Sabe, no que concerne a política internacional eu já reparei que os jornais Portugueses não são de esquerda nem de direita... Geralmente pensam todos o mesmo e da mesma forma.
Mas diga-me uma coisa: o que raio é que o artigo tem a ver com a esquerda e com a direita?
"Até 1967 não se importaram nada de ser governados pelo Egipto e pela Jordânia. Depois de 1967, muitos deles continuam a querer riscar Israel do mapa."
E também não se importaram nada de serem governados por Israel. Afinal sempre ficaram alguns... Os outros fugiram, com medo do diabo Sionista, na esperança de regressar quando o "cancro" estivesse eliminado. Saiu-lhes o tiro pela culatra, que lhes diga o Pirata...
"O ponto é precisamente esse: não reconhecem Israel como estado judaico, não há está estado palestiniano para ninguém. Ponto."
Para mim a questão não é essa, sinceramente pouco me interessa se o Estado se diz Judaico. O que faz Judaico o Estado são as pessoas, não uma mera formalidade ou lei. Até pode ter o nome de um clube de futebol (viva ao Maccabi Haifa), mas o que é importante para a preservação do Estado é que a maioria Judaica persista sempre. Caso contrário, Israel não existe.
@ RB: ”o que raio é que o artigo tem a ver com a esquerda e com a direita?”
Tem razão, li mal, você diz muitas mais coisas. Quem diz que o Haaretz é de esquerda é o Lidador: «O Haaretz é um jornal de esquerda, tipo Guardian.», e eu fiz confusão.
Você começa por dizer que o Público Online traduz os artigos do Haaretz. Ok. Acha que deveria traduzir artigos de outros jornais? E porque não do Haaretz, não é kosher?
Mas na sua tentativa de resposta a esta pergunta você sugere uma orientação ideológica: `« Não sei se por orientações ideológicas, se por visões comuns, se por linhas editoriais de alguma forma semelhante, mas o que é certo é que o Público Online parece não conhecer outro jornal Israelita que não o Haaretz.»
Acho que deve conhecer, mas faz a sua escolha. Como toda a gente!
«…. afirma que as próximas negociações entre Palestinianos e Israelitas vão ser sobre a delimitação de fronteiras, para mais à frente anunciar, citando mais uma vez o Haaretz,…»
«Segundo o Público, que mais uma vez cita o Haaretz»
O Público realmente não larga o Haaretz da braguilha. Se não se trata da mesma orientação ideológica, então há sexo metido no meio!
«O Público também afirma que Netanyahu se deslocou ao Egipto para, juntamente com Hosni Mubarak, tentar relançar o processo de paz com os Palestinianos. Ora, segundo os political advisors de Netanyahu e segundo o próprio Primeiro-Ministro, a deslocação ao Cairo teve como principal objectivo tratar da questão do soldado Israelita Gilad Shalit,»
Neste caso os nabos do Público também transcreveram as razões do Haaretz, mas quem melhor e mais imparcialmente pode mencionar as razões da deslocação ao Egipto que os political advisors de Netanyahu, e o próprio Netanyahu claro…
E a betinha do segundo ano de medicina, sempre quer jogar matrecos?
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