Se a democracia em Portugal fosse razoavelmente saudável já todos os partidos teria desaparecido e sido substituídos.
Não vale a pena perder muito tempo com os partidos mais à esquerda (BE e PCP+PEV) a não ser pelo facto de terem ficado parados no tempo, incapazes de tirarem as ilações que se impunham perante o monótono falhanço daquilo que defendiam e … desaparecer. Por aí continuam, incapazes de perceber as pessoas e o mundo, com as mesmas manias e o mesmo ódio tribal. Justifica-se pormenorizar que uma das facetas do ódio cultivado no PCP tem como hospedeiro a democracia e continua evidenciar-se diariamente, por exemplo, pelas intervenções do seu alter-ego, o PEV, partido fantoche cujo real valor nunca foi evidenciado e convenientemente aferido pelo simples facto de nunca se ter apresentado, ao longo de muitos anos, sozinho, a eleições.
Se perante o anunciado falhanço das sociais-democracias a sobrevivência do PS já era de dúbia razoabilidade, o consulado de José Sócrates deixou a organização ao nível do BE. A irresponsabilidade e deriva nacional-socialista com pitadas de internacionalismo relativo a uma “europa” com idênticas propensões, levaram Portugal à margem do precipício de estado-falhado.
O PSD é coisa tipicamente portuguesa: varia conforme o capataz. Não parecendo conseguir estabelecer uma conduta própria face ao mundo, é frequente pasto de guerrilhas internas de bradar aos céus.Não estando significativamente amarrado a ideologias (e menos às caducadas) será quem melhor se relaciona com o país real independentemente do país raramente se entender com ele. Portugal é o que é e o que tem que ser tem muita força.
O CDS, outra bizarria, foi ao ponto de pensar que a metamorfose do seu nome teria sensível significado. Tendo tentado a reciclagem de CDP para PP, acabou entalado em CDP-PP. É um PSD um pouco menos totó mas incapaz de se libertar das teias de aranha do social. Caracteriza-se ainda por ser pasto de lutas a luva-branca entre figurões.
E então em que ficamos? Mal? Temporariamente não muito mal porque as atribulações do acaso levaram para S. Bento um primeiro-ministro com dois dedos de testa, claramente acima do habitual. E dever-se-á encarar o facto como uma mais valia? Sim, mas não se sabe bem que utilidade terá porque …
Entretanto, a febre do internacionalismo proletário (social-democrata em correcto politiquês) cravou na “europa” uma democracia suspensa nuns quantos figurões eleitos democraticamente e que, auto-instituídos em zombies da coisa comum com poder político para nomear outras tantas aventesmas, poluíram as instituições que entretanto politicamente apenas se auto-representam. O mostrengo burocrático daqui resultante tomou o freio nos dentes, tem vida própria e, apesar de ditar legislação e regulamentação sobre todas as soberanias tornadas suas satélites e lenha do ideal centralizador, parece incapaz de ser democraticamente abatido.
Portugal tem, em resumo, um primeiro-ministro que apesar de menos tótó que os antecessores é, pela força das circunstâncias, ministro primeiro apenas no mundo do diz-que-disse.