Always look on the
bright side of life
Não é por as leis estarem gravadas em letra de
forma em códigos penais que estão livres de interpretação ou de modificação.
Como as leis sofrem de subjectividade cultural, são irremediavelmente
interpretadas de maneira diferente em diversos países.
Até mesmo no mesmo país. Em Portugal eu
poderia fazer uso da minha Liberdade de Expressão e afirmar que a Nossa Senhora
de Fátima não apareceu em Fátima aos três pastores, mas anos mais tarde à minha
pessoa em Oliveira do Douro: entre o Arco do Sardão e a fábrica do Salvador
Caetano. Hoje em dia uma afirmação deste tipo já não ofenderia muita gente e o
autor não correria grandes riscos. Mas basta recuar 40 anos no tempo, para que
o lúdico da coisa seja imediatamente visto como um gravíssimo insulto, com
todas as chatices inerentes para a minha pessoa… Isto só pode significar, para
quem ainda duvide, que a percepção de insulto é extremamente subjectiva e
dependente de vários factores.
THE LIFE OF BRIAN
Na noite de Natal de 1979 os Monty Python
estrearam em Londres THE LIFE OF BRIAN, na altura um controverso filme sobre a
vida de Jesus. À porta do cinema protestaram uma dezena de pessoas com cartazes
e o filme foi inicialmente proibido em alguns municípios por insulto ao
sentimento religioso dos cristãos. Mas como as pessoas iam ver o filme no
município do lado, a indignação religiosa extinguiu-se rapidamente como as
velas na capela de Nossa Senhora do Carmo.
É possível imaginar centenas de países em que
esta estreia nunca teria sido possível na mesma data, ou mesmo hoje, passados
já 33 anos (a idade do Brian). (Não me refiro a países muçulmanos). E seria uma
pena, porque só esta curta cena do filme (Romans go home) é absolutamente genial.
Mas na beata Irlanda o filme foi proibido
durante 8 anos e na Noruega durante 1 ano. Curiosamente, a proibição norueguesa
aumentou enormemente a popularidade do filme na Suécia, que o apregoava como “o
filme que é tão engraçado que os noruegueses proibiram”. Na Itália, na terra de
Fellini (mas também do Papa) porca miséria o filme é visto pela primeira vez em
1990! Nos EUA, na terra do Santorum, o filme foi na altura também proibido (não
sei quanto tempo!?), mas apenas em certos Estados do Sul. Provavelmente nos
Estados onde a Klu Klux Klan imana tanto fervor religioso que as cruzes até
pegam fogo espontaneamente...
A vingança de Judith
Em Aberystwyth, uma pequena cidade do País de
Gales com 20.000 habitantes The Life of Brian teve uma nova estreia 30 anos
depois, em 2009! Em 1979 o clero da povoação não viu o filme com bons olhos e
proibiu a projecção do satírico filme. Mas trinta anos passaram e Sue
Jones-Davids foi eleita Presidente da Câmara. Não é que a senhora fazia parte
do elenco! Tinha o papel de Judith, a namorada do Brian que andava aos pulos
pelo ecrã toda nua. Parece que fez de propósito: abandonou uma carreira
prometedora como actriz e cantora, trabalhou como uma moura na monótona
política camarária de uma pequena cidade de província, para finalmente
conseguir ser eleita Presidente da Câmara e dar agora uma lição aos
conservadores da altura. Como dizem os ingleses ‘she stoops to conquer’
(humilhar-se ao princípio para dominar depois).
É possível que os povos que muito se indignam
sejam (alguns deles) filhos de boa gente, não duvido, mas é precisamente nos
países onde as pessoas perdem muito tempo com indignações, que há menos ORDEM e
PROGRESSO. Por vezes há só ORDEM: a ordem do chicote.
Na verdade (atenção, apenas a minha verdade),
esta susceptibilidade à injúria não é de maneira nenhuma, como afirma José
Carmo, uma medida da nossa humanidade. Como há várias humanidades, há várias
medidas. Uma grande parte da humanidade está doente. Tem graves problemas
psíquicos e acredita ainda em fantasmas, e porque causa de fantasmas é capaz de
matar. Neste aspecto estão bem abaixo do cão e do asno. E quando a parte da
humanidade mais ajuizada, repreende a doente por matar por dá cá aquela palha,
o que obriga a primeira a ter que receber milhares de refugiados por ano, os
maluquinhos dizem que palavras ferem mais do que balas!!!
Estranho, porque temos aqui uma coisa em que
se pode falar de humanidade como um todo. Nisto somos todos iguais perante
Deus, Buda ou Alá: quem levar com uma bala de 9mm nos cornos não fica com mais
saúde - isto em qualquer parte do mundo, seja qual for a crença ou cultura.
16 comentários:
Convictamente: este tipo é um asno.
Não por ser burro (não conheço o homem) mas por ser teimoso.
Temos então um tipo que podendo não ser burro é teimoso.
Mas teimosia mais do que a conta, é burrice.
Por isso reitero aqui publicamente: este tipo é burro.
Carmo da Rosa:
Passei por aqui por breves instantes e vi o seu texto. Voltarei, como lhe disse, dentro de uma semana, para acrescentar algo ao lhe disse no meu post anterior.
Quanto àquilo de que aqui trata, só tenho a dizer-lhe que o Carmo da Rosa continua a confundir alhos com bugalhos. Uma coisa é o insulto a um conjunto de valores com que alguém estruturou a sua personalidade a ponto de se lhe terem tornado vitais - por exemplo: os que se relacionam com crenças religiosas ou culturais e que se alteram de época para época histórica e mesmo de época para época da vida do indivíduo. Outra coisa é a agressão que visa o carácter do indivíduo - e esse é intemporal e universal. Porque para nenhuma época ou cultura nem para nenhum indivíduo deixaram de ser insultos termos como "canalha", "bandalho", "gatuno", "pulha" e por aí fora.
Isto é assim tão difícil de perceber?
CdR, não sei mais como lhe explicar.
No fundo é tudo tão simples:
Se eu lhe chamar burro, estou a ofendê-lo (mesmo que você diga que não se sente ofendido, a minha intenção é ofendê-lo. Processar-me ou não, é escolha sua). Isto porque você não é quadrúpede, nem ganachudo e eu estou pura e simplesmente a equiparar a sua pessoa com um animal tido por estúpido.
Se eu chamar que as suas crenças são idiotas, você até se pode sentir insultado, mas nenhum tribunal me condenará.
Porque é que tem tanta dificuldade em entender isto?
"e porque causa de fantasmas é capaz de matar. Neste aspecto estão bem abaixo do cão e do asno"
POis, está enganado.
Só o homem é capaz de matar por algo mais que os seus instintos. Um urso não mata se gozarmos com a mãe dele.
Eu sei que você não gosta de filosofia mas Hegel dizia que a disposição para matar e ser morto em nome de abstracções, é a medida da liberdade humana.
Só o homem faz isto, por símbolos, por bandeiras, por convicções.
Os outros animais lutam, mas apenas porque são prisioneiros do instinto.
POr isso, CdR, você está tão enganado.
Como dizia o Pessoa, sem a loucura que é o homem, mais que a besta sadia, cadáver adiado que procria?
E você acha mesmo que "progresso" e "moderno" é um comportamento humano igual ao do cerdo?
Acredite no que quiser, mas se chegámos onde chegámos, como espécie, é porque somos diferentes.
Somos livres dos instintos isto é, podemos agir sem ser por sua influência.
"Uma grande parte da humanidade está doente. Tem graves problemas psíquicos"
A típica conversa daqueles que se consideram de algum modo, melhores que os outros.
Eu tenho uma ideia.
Aquele tipo não concorda com ela.
Ou alguém lhe paga, ou tem um problema psíquico.
Se nos lembrarmos que a URSS internava muitos dissidentes em hospitais psiquiátricos, está explicada a coisa.
Se não concorda comigo, se não pensa como eu, só pode ter um problema psíquico.
Porque, obviamente, eu estou bem, eu sou moderno, eu vejo as coisas como deve ser.
É tão típica esta compulsão...
"Mas basta recuar 40 anos no tempo,"
Ou seja, recua a um tempo no qual Portugal não era um estado de direito, democrático.
Assim está bem.
Comparar carrinhos de linhas com sabonetes de calêndola, é sempre muito ilustrativo.
O que você pode dizer do seu país, nesta area, é que pune a expressão de ideias fascistas, tal como a Holanda pune a expressão de certas ideias não politicamente correctas (marxismo cultural).
Mas isso é mau.
"Chamar burro a alguém pode dar origem a um processo, mas é muito pouco provável: tem a ver com a pessoa que chama (trata-se de uma figura pública?) e com a pessoa que recebe o insulto "
Claro.
Como qq crime que não seja público, depende de queixa do ofendido.
Como um roubo, uma agressão, etc.
Não vejo onde quer chegar....
" o urso é superior a muitos homens…"
Bem, não é. A espécie humana é como é, indigna-se e valoriza abstractos, e o facto de estar no topo da cadeia alimentar, prova que é superior.
Que mais provas quer? Que moral esquisita você usa para dizer que um urso é superior a um homem?
Tem mais força?
Tem.
É mais rápido?
É.
Mas o sapiens é superior, lamento.
" mas grande parte da humanidade tem graves problemas psíquicos…"
Os outros, claro. Não são como eu, logo são loucos. Um pouco mais de modéstia fazia falta aqui, hem?
"Não percebo a pergunta!!!"
Pois não. Mas se fosse só a pergunta....
". Sinto-me imensamente superior a gente"
Mas sem razão aparente, o que é anda mais estranho.
Carmo da Rosa:
"Continua a confundir alhos com bugalhos, ou seja, liberdade de expressão com comportamento de tasca, de campo de futebol ou do recreio de uma escola primária… Realidades completamente diferentes!
Isto é assim tão difícil de perceber?"
O que é difícil de perceber é como o CdR salta sofisticamente de um campo para outro conforme lhe convém. Quando alguém lhe fala em injúrias e insultos passa a resposta para o lado da liberdade de expressão em áreas como a religião ou a cultura. Quando alguém lhe diz que não é disso que fala, passa a resposta para a questão da subjectividade moral dos termos. Quando alguém perde a paciência, imita o Calimero porque ninguém compreendeu o que disse, afinal nunca disse nada do que disse, mesmo que o tenha dito, e passa a falar em campos distintos como ainda agora fez - coisa de que TODOS lhe andamos a falar desde o início.
Eu ando desconfiado é de que o Carmo da Rosa NÃO LÊ o que eu e José Carmo escrevemos, que apenas percorre as palavras. E vou dizer-lhe porquê - daqui a uma semana - a partir do que o meu amigo tem escrito. E se assim for...
"O meu poste trata da censura inicial e da aceitação posterior do filme The Life of Brian, e sobre isto nem uma palavra"
E porque razão haveria de dar uma palavra? Vi o filme, tenho-o em casa, gosto dele.
Que uns tipos não gostam? E então, quer que eu assuma as dores de corno dos outros?
" a marrar na infantilidade de chamar burro a este e panilas aquele"
Deve-se adaptar a mensagem ao seu receptor. Se você desdenha as filigranas ideológicas e filosóficas das diferenças entre ofensa a pessoas concretas e abstractos, tem de se usar uma linguagem simples que não ponha o CdR a fumegar.
" começa a ser doentio…"
Lá está, o CdR tem uma doentia maneira de considerar doentes todos os que não estão de acordo consigo.
" Ando desconfiado que as suas qualificações não lhe servem de grande coisa"
Claro que não. Apenas me qualificam para saber que pouco sei. Mas ainda assim, sabendo o pouco que sei, sei mais do que aqueles que nem isso sabem.
" É superior aos homens que dependem da pachacha da mãe"
Creio que é o caso de todos os seres humanos, de uma forma ou de outra, digo eu. O CdR está mais ligado ao lobi das cegonhas?
"O que é que a pachacha tem a ver com a cadeia alimentar?"
Bom tema. Ora faça aí um estudo e mande para cá, para eu aprender.
"está inserido num contexto"
Ah, pois, os contextos.
"E além de ler, respondo às perguntas que me são feitas"
Ler e entender são coisas diferentes.
O CdR lê, disso não restam dúvidas.
Já quanto ao resto...
"finalmente uma tentativa de fazer humor!"
Nem todos podem ser génios da comédia, CdR.
"não há doutor em filosofia que me meta medo…"
Pois eu, se calhar com maior sentido do ridículo, não me poria a discutir futebol com o José Mourinho, ou fotografia com o CdR.
Mas isso sou eu, que careço da revigorada autoconfiança que só os abençoados têm.
Os abençoados e os jovens acabados de sair da idade da borbulha, acrescente-se.
Esses são perfeitamente capazes de tentar ensinar o Pai Nosso ao padre, sem a menor ideia da figura que estão a fazer.
Pronto, CDR, foi a gota de água.
Apagarei todos os comentários deste troll que apenas visam fazer chocarreirices comigo.
Se não gosta, queixe-se.
Eu é que não vou ficar impávido, lamento.
Quem abusa, leva.
Calma José Carmo....porra, agora até em casa se pintam as paredes de Azul!
Larguem o Lápis porrrrrrra.
Não me insulta quem quer, s'o quem eu deixo!
É isto que o Carmo vos anda a dizer ao tempo.
POde espingardar à vontade, CdR.
Você ir de propósito repescar um comentário chocarreiro que me tem como alvo, não é algo que eu admita, se tiver poder para isso.
Tenho.
Uso-o.
Se não gosta, queixe-se. Já lhe disse o que tinha a dizer, se continua a fechar os olhos às evidências, feche.
Não sou cristão, quando me pisam, levam.
É a vida.
"é prepotência, falta de cortesia, de cavalheirismo e de educação"
Engraçado, você queixar-se de algo que tanto desdenha.
É tão fácil apanhá-lo nas suas contradições.
As coisas têm duas vias, CdR.
Eu ajo com as pessoas, tal como elas comigo.
Respeitam-me, eu respeito.
Batem-me, eu bato.
A partir do momento em que o CdR aceitou que eu fosse repetidamente insultado e ainda por cima, à boa maneira do idiota útil, tomou as dores de corno de quem o está a usar e a manipular de forma tão ostensiva, acabou-se.
Discuto todas as ideias do mundo com a maior paciência e consideração.
Não aceito que a minha pessoa seja objecto de discussão e alvo de chacota e injúria.
Aqui e na vida real.
Quem quer peixeirar sobre mim, só o faz se eu não puder dar um murro na mesa.
E se o CdR não sabe o que é a liberdade de expressão, talvez devesse ler uns livros daqueles que tanto desdenha, em vez de presumir que as ideias que tem, germinaram de geração espontanea na sua cabeça, na qual pensa ter todas as certezas que necessita.
E por favor, meta os seu lapsos freudianos na gaveta das brejeirices de taberna e vá projectar ooções de vida directamente para o seu espelho.
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