Algures aí para trás, o CdR questiona-se se uma boa forma de acabar com a pirataria no Corno de África não seria recebê-la a tiro.
Tem razão, da mesma maneira que uma boa maneira de acabar com a pobreza e a doença é fazer com que todos seja ricos e saudáveis.
Formulados os princípios, estamos todavia no mesmo sítio quanto a soluções concretas.
Em primeiro lugar porque os tripulantes da maioria dos navios não são combatentes de faca na liga, não têm armas à sua disposição, uma vez que lhes seria proibido entrar com elas em águas territoriais da maioria dos países, nem conhecem tácticas militares.
Para um navio qualquer fazer frente a meia dúzia de piratas bem armados (com metralhadoras e lança-foguetes) equipados com barcos velozes, teria de:
1-Ter pelo menos uma arma pesada colectiva, capaz de manter à distância os agressores, impedindo-os de disparar granadas-foguete contra o navio.
2-Ter uma tripulação capaz de a operar e com rotinas de prontidão para combate
3-Ter organizado um serviço de escala que assegurasse vigilância contínua.
As actuais leis internacionais não permitem tal coisa, nem a imensa maioria dos armadores tem capacidade para instalar esse tipo de serviço em cada navio.
Os grandes petroleiros e os navios de cruzeiro poderiam organizar-se desta maneira, mas na prática toda a gente espera escapar nos intervalos da chuva e há quem tema que se os navios responderem de forma violenta, em alguns casos não terão sucesso e aquilo que seria um simples sequestro, poderia transformar-se num massacre.
Este raciocínio tem alguma lógica num determinado caso particular mas é altamente perverso nos seus efeitos. Se ninguém confrontar os ladrões pelo medo que eles usem a força, então mil ladrões florirão, como diria o camarada Mao, e a prazo o prejuízo será maior.
Assim sendo, a solução imediata passa por:
1-Medidas preventivas (evitar rotas perigosas, não deixar escadas e cordas penduradas, avisar navios de guerra próximos)
2-Medidas paliativas (canhões de água, uso de sistemas sónicos de dissuasão, manobras evasivas, boas comunicações, etc)
3-Medidas de combate (atacar os piratas nos seus santuários, mesmo correndo o risco de que morram reféns. Um ataque devastador mataria muitos piratas e acossaria os outros, retirando-lhe a sensação de segurança e impunidade). As medidas de combate terão de ser decididas e executadas por um país com capacidade militar, ou uma aliança.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
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3 comentários:
Suponho que poderia haver ainda um efeito secundário.
Se houvesse armamento nos navios mercantes, caso mesmo assim eles fossem tomados, o armamento estaria à disposição dos atacantes para manterem a posição.
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Já Napoleão dizia: “Il faut opérer en partisan partout oú il y a partisans”.
Julgo que estas personagens só perceberão a mensagem das "medidas de ataque".
Resta saber se há determinação para as executar.
O caso dos piratas vindos da Somália até parece uma metáfora para os terroristas vindos do Paquistão. E a solução que o Lidador já deu é a mesma para ambos.
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