Medina Carreira (MC) vê bem o filme mas escapam-lhe enquadramentos que ele detecta nuns casos e noutros não. De resto, concordo com ele.
MC diz que a subtracção de rendimentos via impostos não permite sustentar a procura. O que ele diz é verdade, deixemos para depois se a coisa seria ou não evitável. Entretanto MC defende que o nº de funcionários do Estado seja substancialmente reduzido, mas, a menos que deixem de receber qualquer espécie de rendimento, nada o Estado pouparia e, neste caso, a procura de consumo seria igualmente afectada.
MC refere que o Governo não pode deitar mãos a impostos para desviar para as PPPs e haverá que chamar os concessionários e declarar-lhes que o Estado está falido e .... Eu parece-me que do ponto de vista da jurisprudência, o Estado não pode falir. Tenho muito pena se não se conseguir despachar ao galheiro as PPPs e o negócio ruinoso das eólicas e afins mas, pelo andar da carruagem, ou há uma revisão constitucional qualquer (e mesmo assim não sei que diriam instâncias do direito internacional) ou o TC se convence que, de facto, Portugal tem a soberania mo prego e com ele a soberania do TC, ou a coisa está encravada.
MC refere que um governo que tem maioria não deve ter medo. O governo tem medo dos que o elegeram porque sabe que o conhecimento de causa do eleitor é quase nulo. Esta luta para que Portugal não caia no abismo tem a desvantagem de esconder a dura realidade e a percepção do que está, de facto, em causa. A população em geral não percebe que o estado está, de facto, falido e bem falido. É uma desgraça que assim seja, mas o Portugal é uma desgraça.
MC tem razão quando ao secretismo das PPPs inclusive por haver demasiada gene com as mãos no caldeiro, mas há a hipótese (optimista) de que isso esteja a ser usado como forma de pressão sobre os gangs das PPPs e eólicas. Não sabemos ainda que ramificações internacionais há nisto tudo, particularmente entre os nossos credores.
É verdade que o governo não sabe comunicar (já passou a fase em que se podia dar ao luxo do silêncio), particularmente não sabe falar grosso.
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A nossa dívida externa é de 500.000 milhões de euros, a "grande" medida de apoio económico aprovada pelo Tribunal Constitucional alemão para ajuda à Grécia, à Itália, a Portugal e a Espanha (pelo menos) é de 190.000 milhões de euros.
Leitura complementar: "Pelos disparates que fizemos, até estamos a pagar barato"
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