No Blasfémias:
Perguntaram-me onde estava ontem e qual a razão de não ter ido à manifestação.
Onde estavam vocês quando, em quase quatro décadas de
democracia, nenhum governo teve a decência moral de gastar apenas o que
recebe em impostos? Onde estavam vocês quando, nos anos a
seguir à Revolução de Abril, se confiscou centenas de empresas para
empregar milhares de retornados e, mesmo assim, em 1977, o
primeiro-ministro Mário Soares teve de pedir ajuda ao FMI para pagar as
contas? Onde estavam vocês quando, em 1983, o primeiro-ministro Mário
Soares pediu empréstimo ao FMI, aumentou impostos e desvalorizou o
escudo sem fazer as necessárias reformas estruturais? Onde estavam vocês
quando, depois da entrada na Comunidade Económica Europeia, mesmo
recebendo milhões em fundos perdidos (sem necessidade de reembolso), o
primeiro-ministro Cavaco Silva não conseguiu equilibrar as contas do
Estado e “subornou” funcionários públicos com um sistema retributivo que
veio a integrar o que hoje designamos de “Monstro”? Onde estavam vocês
quando o primeiro-ministro Guterres assumiu paixão pela Educação e fez
crescer o número de cursos superiores inúteis? Onde estavam vocês quando
o primeiro-ministro Durão Barroso disse que “o país está de tanga” e as
únicas soluções que encontrou para baixar o défice foram receitas
extraordinárias? Onde estavam vocês quando o primeiro-ministro Sócrates,
tendo em mãos uma crise orçamental, decidiu gastar ainda mais? Onde
estavam vocês quando se decidiu esbanjar centenas de milhões no Centro
Cultural de Belém, Expo 98, Euro 2004, SCUT, TGV, aeroporto de Beja,
metros de Lisboa e Porto, Casa da Música, computadores Magalhães,
Rendimento Social de Inserção, Parque Escolar, etc. etc. etc. e etc? Onde
estavam vocês quando, nas eleições do ano passado, nenhum partido
político concretizou, nos seus programas eleitorais, as medidas
necessárias para o Estado reduzir o défice e pagar o empréstimo da
“troika”?
Durante décadas os governantes fizeram vida de país rico e – agora que chegou a factura – vocês querem mandar a “troika” às urtigas? Tudo bem!
Mas discutam, primeiro, quais devem ser as medidas para, já no próximo
ano, fazer reduzir o défice a zero. Sim ZERO, porque, fora a “troika”,
mais ninguém empresta dinheiro ao Estado português.
E não venham apenas com medidazinhas de taxar mais os ricos ou cortar
nos benefícios dos políticos! Para reduzir o défice de cerca de
8.000.000.000 euros é necessário aumentar impostos à classe média e/ou
(a minha opção!) cortar drasticamente nas despesas do Estado. Ahhh, e
ficam já avisados que a maior parte da Despesa Pública recai nos
ministérios da Educação, Saúde e Segurança Social.
Nota: também têm a opção de sair do euro e desvalorizar rapidamente a
nova moeda; tem o mesmo efeito que a actual redução real dos salários e
continua-se a adiar as reformas…
Somos, em Portugal, a geração mais instruída de sempre? Então, antes
de saírem à rua, tenham a necessária discência de fazer todas as contas
de somar e subtrair.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
domingo, 16 de setembro de 2012
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