No Ab-Logando:
É sobre os ricos que, em Portugal, se afiam, qual fio de catana, os mais
finos ataques. E qual o motivo de tão viperina cacetada? Não há
trabalho, não há dinheiro, há demasiada corrupção, demasiada gente
pendurada directamente e indirectamente do Estado e, consequentemente,
do contribuinte e demasiado poucas perspectivas de não ser assim, e os
ricos têm dinheiro e, tendo-o, podem tapar o buraco.
As manifestações que têm ocorrido lembram as das "primaveras árabes". No
médio oriente pedia-se liberdade mas acabou-se em regimes ainda mais
duramente teocráticos. Nunca foi pedida a separação estado, igreja e
justiça nem direito à livre informação e expressão nem à livre
iniciativa. Feitas as contas, pedia-se dinheiro. Mais dinheiro sem se
pretender saber de onde iria ele sair. Em Portugal reclama-se por mais
dinheiro mas ninguém reclama que mais empresas apareçam instaladas nem
que sejam removidos os obstáculos à instalação de empresas (não
penduradas no Estado).
Em Portugal, 90% das empresas são minúsculas ou pequeninas, e nelas
trabalha a maioria das pessoas. Nesta perspectiva, estas empresas
dificilmente poderão ter a pedalada necessária para ir além do baixo
salário porque o trabalho é essencialmente manual em consequência de
curto investimento. Digamos, que os donos destas empresas são, em termos
de 'rico', pelintras.
E os ricos, os realmente ricos?
Para os ricos, muito ricos, ter
dinheiro ou 10 fábricas cheias da mais requintada tecnologia é
indiferente desde que não brinquem com o dinheiro deles, como quem diz,
não atentem contra o património seja em dinheiro seja em maquinaria.
Para eles, destruir uma máquina que custa milhões de euros é tão grave
quanto rapar-lhes igual quantia em impostos. Para eles o dinheiro (como
para o pequeno empresário) não tem o mesmo significado que para o comum
cidadão. Para eles o dinheiro é uma mercadoria que tão depressa existe
sob a forma de uma maquina como em depósito num banco.
Portugal está de tanga e sobrevive sem fome generalizada e desemprego a
raiar os 60-80% apenas porque uma tal troika, tendo tomado as rédeas dos
destinos do país num velado e esquisito golpe de estado não apenas
consentido como de nossa iniciativa (o que tem que ser tem muita força),
obriga Portugal a fazer o mínimo que se impõe deixando escorrer uma
quantos milhões para que o que se impõe posa ser executado com algum
sossego. Já agora, reclamar insistentemente pela constituição de
Portugal nas condições reais de distribuição de poder é, no mínimo,
caricato.
Voltando às manifestações, ninguém pede ao governo que remova as
encrencas burocráticas,a inoperância dos tribunais, as diatribes do
fisco, etc, que assustam os ricos e que impedem que eles aqui invistam.
Ninguém pede, também, que o ensino deixe de dar aos alunos 'assim umas quantas noções giras e pós modernas do que deve ser o mundo'
e passe a ensinar matéria, pura e dura para que conveniente resposta
possa ser dada a quem se apresentar como investidor. Ninguém exige que
sejam sistematicamente tornados públicos todos os contratos assinados
pelo estado (pelo menos a partir de determinado valor).
Até lá, convém não esquecer a resposta de uma aluno à razão por que os
seres vivos precisam comer: "porque se não comerem só subsistem
empalhados". As manifestações parecem respostas de bicho empalhado.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
domingo, 16 de setembro de 2012
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
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