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sábado, 3 de dezembro de 2011

Dos pobres, do Estado, da Igreja...


... ipurifora:

Dar de comer no banco da fome é uma partilha só para matar a fome. Não é responsabilizante do doador. A pessoa pagou o litro de leite e pensa que já fez a sua boa ação. Eu costumo ridicularizar dizendo: "dê o euro". Mas isto não é de "dar o euro". Isto é de partilhar a sorte do meu semelhante. É outra coisa.(...)


Não concordo que uma política social se baseie na subsídio dependência. Isto é um país que vai à ruína. Estamos lá de qualquer forma. Querer continuar a responder com um sistema que mantem a pessoa na dependência não só desrespeita a sua dignidade, como as humilha. Porque obriga a estender a mão todos os dias, em vez de lhe dar condições para poder sair da sua situação. Temos cabecinha, imaginação e criatividade para arranjar respostas novas.

Quais?

Dar formação as mães solteiras e monoparentais e ensiná-las a administrar o dinheiro, por exemplo. Não sabem. Vi isso nos Estados Unidos... ajudar a perceber onde o dinheiro é bem ou mal gasto, para ao fim de uns meses poder sobreviver. É preciso ensinar as pessoas a não gastar só dinheiro no tabaco, no café, no lanche. Podem fazer o pequeno-almoço em casa, reduzir o tabaco... Há que reduzir. É preciso saber gerir o pouco que se tem.

Essa não é uma função que devia estar remetida ao estado, já que pagamos impostos?

(risos) Vou ser mais uma vez crítico. O Estado, a partir do 25 de Abril, entregou isto à Igreja. A Igreja estava acusada de estar com o regime, portanto, tinha de encontrar uma alternativa para estar com os pobres. E aceitou, de bom grado, a proposta de contratualizar com o governo fazer ação social barata. Um euro na mão de uma IPSS produz muito mais do que na mão de outros. Ora bem, há aqui uma certa promiscuidade. Isto é, a Igreja assume como sua a ação social que realiza e o Estado está tranquilo porque realiza as políticas sociais através das IPSS. Mas a verdade é esta: a sociedade civil foi desresponsabilizada da sua tarefa e - ainda pior, no meu entender - foi que o governo tornou-se demasiado tutelar, dominador e prepotente, indo até ao controle de todas as Igrejas, até da educação privada e cristã; e a Igreja também se deixou ficar, porque aparentemente tem instituições sociais onde o senhor padre preside. Mas o facto de presidir não quer dizer que pratique o Evangelho... Pode não praticar, porque não é a expressão da vida cristã da sua comunidade." (...)

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