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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Obama e os memorandos

Os avanços de Barack Obama na questão dos interrogatórios duros, são um enorme erro de cálculo.

Obama autorizou a publicação dos memorandos que continham os pareceres legais que respaldavam as técnicas de interrogação mais polémicas.

Éticamente parece bem e é sempre agradável colocar alguma distância entre nós e a lama do mundo. Gostamos todos de frango assado, mas nada de matar ou sequer ver matar o animal.

O problema de Obama é que ele tem de lidar com o mundo real e, ao abrir a caixa, libertou forças que não controla nem pode voltar a meter dentro da caixa.

As pessoas normais estão-se nas tintas paras as subtilezas éticas e jurídicas e o que querem é saber se os métodos foram /são eficazes na prevenção de atentados.

Obama mandou publicar os memorandos, mas não os documentos que, segundo a CIA, provam o incálculável valor da informação obtida, na luta contra o terrorismo islâmico. (agora rebaptizado para um anódino "Man made disasters")


Sim, é verdade que o fim não justifica os meios, mas que vá o Obama explicar a um americano médio que não é correcto assustar um terrorista com um gafanhoto para saber onde ele e os seus compinhchas andam a planear colocar umas bombas.


Se Obama fosse intelectualmente honesto, teria de tornar pública toda a informação. E referir claramente quem é o culpado de quê.

Não o fez. Sem saber para onde se virar, acorreu a desculpar os agentes que executaram as técnicas (o que é bastante discutível) e sugeriu que se deve centrar a culpa nos responsáveis políticos da Administração Bush.

É um campo minado no qual Obama entrou sem se aperceber. Perseguir juridicamente uma Administração cessante nunca aconteceu nos EUA e se avançar por aí, abrir-se-á uma guerra total entre partidos que nada de bom trará à América.

Opinar do alto da burra sobre a maldade do Bush, Cheney, etc, é um bordão intelectual da esquerda europeia e americana. Fica bem em certos círculos. Mas trata-se de uma realidade bem distante da partilhada por uma opinião pública que entende como normalíssimo que um pai de famílla dispare a sua caçaadeira contra um assaltante que apanha dentro da sua propriedade.


Se Obama não queria perder o controlo das coisas, nem chegar às últimas consequências, não devia sequer ter publicado os memorandos.

Quis satisfazer a sua base de apoio esquerdista e ao mesmo tempo não criar divisões profundas na sociedade americana.

Conseguiu o contrário. A esquerda tonta quer ver sangue e os adversários polítcos vão cobrar-lhe tudo.


Os agentes da CIA vão evidentemente pensar duzentas vezes antes de executarem determinadas acções.


E se sobrevier um atentado de razoável dimensão, Obama terá muito que explicar...

21 comentários:

Anónimo disse...

"Os agentes da CIA vão evidentemente pensar duzentas vezes antes de executarem determinadas acções."

Ainda bem!

Stran

Unknown disse...

"Ainda bem".

Tenho a certeza que numerosos jihadistas por esse mundo fora, estão de acordo consigo.

Infelizmente se ninguém matar frangos, não há frango assado....

EJSantos disse...

Ena Pá! Eu gosto muito de frango assado.
Olá Stran. Voltas a animar o pessoal?

RioDoiro disse...

ejsantos:

"Olá Stran. Voltas a animar o pessoal? "

Sempre. Como o frango assado ... depois de morto.

.

Anónimo disse...

"Tenho a certeza que numerosos jihadistas por esse mundo fora, estão de acordo consigo."

Eu por acaso desconfio que não. É que não ajuda na propaganda deles anti-americana ainda para mais quando continuaram a dar as informações...

"Infelizmente se ninguém matar frangos, não há frango assado...."

E, julgo que o ditado diz que existem várias maneiras de esfolar o gato.

Stran

Stran disse...

Caro EJSantos,

"Olá Stran. Voltas a animar o pessoal?"

Yep. E desta vez já com o meu blogue activo e com um novo objectivo: entrar para o campo de tiro aqui dos fieis ;)

Anónimo disse...

Carissimo Rod,

"Sempre. Como o frango assado ... depois de morto."

Vejo que a sua paixão por mim ainda não morreu.

Olhe aqui vai um beijinho para o meu peludinho...

Stran

RioDoiro disse...

Stran:

"
Olhe aqui vai um beijinho para o meu peludinho..."

Já tinha suspeitado.

E você consegue chegar ao seu "peludinho"?

Anónimo disse...

"E você consegue chegar ao seu "peludinho"?"

LOL. Depende, se você quiser um dia ter comigo. Obviamente estava a me referir ao meu peludinho azul. O que é que você pensou?

Anónimo disse...

O que verdadeiramente chateia os rapazes políticos da Europa, é que o Tio Sam lhes mande as facturas da defesa externa - precedente aberto pelo ignóbil Bush. E chateia, porque para as pagarem só têm duas soluções: (1) ou aumentam os impostos nos respectivos países (e caiem os governos - Portugal não serve de exemplo porque o eleitorado ou é tonto ou masoquista), ou cortam nas despesas que generosamente se consentem a fazer, incluindo uma diminuição dramática dos «tachos» político-burocráticos da EU. Ora agora que a festa está a ficar boa, no salão da boa vida da Europa, é que vêm os chatos dos yankees dizer que temos de trabalhar.!?...
Como o Tio Sam está falido (ou fodido - com a indulgência dos Contribuintes do blog, e dos leitores menos dados a termos latrinários, como diria o Eça), não é preciso consultar os Professor Karamba e Rebelo, para adivinhar que o mail vai continuar a trazer em anexo pdf, as incómodas facturas.
E se por terra o Putin está entre nós e eles - e ao infeliz não resta outra solução senão defender-se - por mar as coisas piam mais fino. Pela primeira vez nos últimos 2000 anos, a população do lado Sul do Mediterrâneo é superior à população a Norte. Pior ainda: a idade média deles é inferior à nossa…
O Mário Avô Cantigas Soares, mestre nas lides da boa vida, já propôs uma solução: negociar com os terroristas… Antes do fim das negociações o artista, provavelmente, morrerá de morte natural. Quem vier a seguir que fecha a porta.

RioDoiro disse...

"O que é que você pensou? "

Apenas li e percebi que para "peludinho" o dono teria que ter beiças gigantescas, bem maiores que estas:

http://www.dailyhaha.com/_pics/giant_lips_guy.jpg

Nada de novo. Há até malta que dá o trazeiro e pede desculpa por ficar de costas.

.

RioDoiro disse...

... por acaso há aqui um excelente assunto para artigo no blog: a esquerda, a falta de tomates e as beiças complementares. Estaria até substancialmente relacionado com o comentário do último anónimo que me parece, aliás, excelente.

Claro que, tudo isto, com excelsa autorização do Stran, não fosse dar-se o caso de ele reclamar, novamente, que se trataria de uma acção 'desproporcionada'.

.

Unknown disse...

Caro Stran, quer então dizer que os jihadistas preferem ser submetidos a interrogatórios duros?

Como sabe?

E, já agora, se a questão fosse essa, então não acha que a divulgação é o pior que se pode fazer?

Por último, veja se entende uma coisa. A jihad não é pelo que nós fazemos.É pelo que nós somos.
Meta na sua cabeça que a culpa da violação não é da mulher violada, mas sim do violador.

RioDoiro disse...

Lidador:

"Meta na sua cabeça que a culpa da violação não é da mulher violada, mas sim do violador."

Isso é muita fruta pr'o rapaz. Ele rege-se pela máxima: 'era de palha e um burro comeu ...'

Anónimo disse...

Rod,

É este o "peludinho" que me refiro:

http://home.earthlink.net/~superwombat/portfolio/illustration/cookie.jpg

"Há até malta que dá o trazeiro e pede desculpa por ficar de costas."

E há quem diga que quem desdenha quer comprar :)

"Claro que, tudo isto, com excelsa autorização do Stran, não fosse dar-se o caso de ele reclamar, novamente, que se trataria de uma acção 'desproporcionada'."

Bem vejo que ficou traumatizado. Ultrapasse lá o erro que cometeu, e quanto a autorização, pode fazer o que bem entender, é, como se diz, para o lado que durmo melhor

Stran

Anónimo disse...

"Caro Stran, quer então dizer que os jihadistas preferem ser submetidos a interrogatórios duros?

Como sabe?"

Não sei, talvez aquele estranho habito de serem suicidas, sei lá...

Mas não é uma questão de eles preferirem ser submetidos a interrogatórios duros apenas (a não ser que sejam masoquistas). Entre entregarem informações por causa de tortura ou pelo simples interrogatório, julgo que a primeira opção é melhor para a propaganda deles.

"E, já agora, se a questão fosse essa, então não acha que a divulgação é o pior que se pode fazer?"

O problema é que o waterboarding era um procedimento formal e aceite algo que é inaceitavel na nossa sociedade. A questão da sua divulgação prende-se com os fundamentos e os valores da nossa sociedade.

"Por último, veja se entende uma coisa. A jihad não é pelo que nós fazemos.É pelo que nós somos."

Exacto, e o que nós somos quando nos tornamos iguais a eles?

Parece que este tipo de metodos é um sinal que realmente eles estam a ganhar a "guerra".

"Meta na sua cabeça que a culpa da violação não é da mulher violada, mas sim do violador."

Eu é exactamente o que estou a dizer, a culpa da tortura não da pessoa torturada, mas sim do torturador.

Stran

RioDoiro disse...

Stran:

"E há quem diga que quem desdenha quer comprar :)"

Confirma-se, portanto, que pede desculpa por virar as costas. OK.

"e quanto a autorização, pode fazer o que bem entender, é, como se diz, para o lado que durmo melhor"

Então também confirma que foi tudo fita. Percebeu finalmente que 'o resto serve para empurrar a cabecinha'.

Este par de confirmações completam o ramalhete.

Já agora, não ofende que eu o trate por 'o' Stran? Prefere 'a' Stran? A esse respeito não tenho qualquer problema.

... ou será que 'o' Stram já inclui a referida 'comutação'?

Stran disse...

"trate por 'o' Stran?"

Quando conseguir acertar nas 5 letrinhas do nome passamos para a próxima fase, ok? Senão fica muito confudido.

"Então também confirma que foi tudo fita."

Mmmmm, não. Bem imaginação é que não lhe falta...

Diogo disse...

Métodos de interrogatório eficazes:

Jon Stewart – Num mês apenas, a CIA efectuou 183 simulações de afogamento a um único terrorista da Al-Qaeda.Jon Stewart: sendo mais específico, um prisioneiro da Al-Qaeda passou pela simulação de afogamento 183 vezes num mês, e esta é a pior parte: 185 simulações e recebe-se pão de alho de graça. É preciso passar pela simulação de afogamento 183 vezes? O grau de eficácia não diminui? Presumo que, depois de 90 simulações, ele pense: "Não me vão mesmo afogar, pois não?"

Michael Hayden, director da CIA na era de Bush, defendeu a utilização dessas tácticas contra sujeitos que já tinham dito tudo o que sabiam.

Pivot do Canal de TV: Toda a informação que [Abu Zubaydah] revelou, surgiu antes de ter sido sujeito a simulações de afogamento, antes de ser esbofeteado, antes de ser atirado contra uma parede.

Michael Hayden: devo corrigi-lo. Foi atirado contra uma parede falsa e flexível com uma protecção no pescoço para que não se magoasse.

Jon Stewart: E, para sermos justos, se me permite, a água que usámos para as simulações era tépida e tinha um pH equilibrado. E as algemas das posições de tensão eram sempre as peludas da Spencer Gifts. Não somos nenhuns selvagens!

VÍDEO legendado em português

Anónimo disse...

Se Bush era burro então Obama é um deficiente mental profundo.

José Gonsalo disse...

Excelente regresso, Lidador!
Li rapidamente os comentários e os "mimos" trocados.
Só tenho a dizer que o texto fala do procedimento formal de Obama, na sua essência incorrecto e muito perigoso. Os pormenores relativos aos factos que possam ter ocorrido durante os interrogatórios são objecto de outra discussão, a que se refere aos limites aceitáveis em casos desse tipo. Se, segundo Obama, esses limites foram excedidos ou são inaceitáveis, tal deveria ter sido objecto de análise e decisão internas entre ele e os seus conselheiros sobre o que fazer futuramente.
O que me parece (e depois de, por acaso, ter visto ontem uma entrevista feita pela Oprah ao actual presidente quando ele ainda era senador em campanha, reforcei essa impressão) é que Obama está prioritariamente interessado na sua imagem e em disfrutar o poder, não hesitando, para tal, em utilizar seja o que for. Tudo nele me soa a falso e a demagogia kitsch, utilizando a ideia de unidade para, com esse pretexto, pôr todos contra todos e, assim, reinar mais disfarçada e impunemente. Um tipo de estratégia, aliás, familiar aos portugueses.
Veremos o que se segue.