O policia alemão que nos anos sessenta matou a tiro o estudante de Berlim Benno Ohnesorg, um acontecimento com gravíssimas consequências na Alemanha Federal, era na realidade um agente secreto da Alemanha Comunista (DDR).
Isto é o resultado de um recente estudo de dois funcionários – Helmut Mueller-Engeberg e Cornélia Jabs - na enorme colecção de documentos do antigo Ministério da Segurança do Estado (Stasi), os arquivos da polícia secreta da ex-DDR. Os serviços não espionavam somente os seus próprios cidadãos, mas seguiam de perto e intrometiam-se nos assuntos do país vizinho, o inimigo de classe.
Benno Ohnesorg era um estudante que no dia 2 de Junho de 1967 fazia parte de uma manifestação contra o Xá da Pérsia. A manifestação deu para torto e Ohnesorg foi morto a tiro por um polícia à paisana, Karl-Heinz Kurras. A morte deste estudante provocou protestos contínuos na Alemanha Federal e foi o motivo que deu origem à criação da organização de extrema-esquerda Rote Armee Fraktion (RAF), que durante quase um quarto de século aterrorizou o país com atentados.
A morte de Ohnesorg sempre foi um enigma. Karl-Heinz Kurras disparou à queima roupa sobre o estudante indefeso! Depois do tiroteio um colega perguntou-lhe porque razão sacou da arma? Kurras respondeu: “Ele vinha a correr para mim”. Numa entrevista anos mais tarde disse: “Deve-se ver a coisa desta maneira, quem me ataca é destruído”.
A grande questão é saber se o agente secreto planeou a morte de um estudante de Berlim-Oeste para destabilizar politicamente a Alemanha Federal...
Kurras encontrava-se sob o pseudónimo de ‘Otto Bohl’ na folha de salários dos Stasis com a função de ‘Inoffizieller Mitarbeiter’ (funcionário não oficial), ou seja espião. Ele ainda vive, mas na altura que esta notícia foi publicada não se encontrava em estado de fornecer qualquer esclarecimento.
Para o movimento estudantil da Alemanha Federal a DDR nunca foi um tema importante. Os protestos eram sempre dirigidos contra as ‘forças de direita’ em todo o mundo: contra o governo, ex-nazis e a América. Acerca desta notícia o jornalista e historiador alemão Arnulf Baring afirmou: “Se na altura se soubesse que Ohnesorg tinha sido assassinado pelos Stasis os estudantes veriam nisso uma conspiração - mais uma mentira da imprensa de direita”.
7 comentários:
Excelente texto. Reencaminhei para amigos.
Cumprimentos
Boa malha! Não ouvi falar disso por cá. É a vantagem de se viver num país como a Holanda...
De qualquer modo, mesmo sendo divulgado apenas agora, a esquerda vai incluir a notícia na "campanha da direita actualmente em curso para voltar ao poder na Europa, com as mais graves consequências para os trabalhadores" (deve ser mais ou menos assim, pelo menos costuma ser). Não há volta a dar-lhe.
Se nunca leu, divirta-se e medite no terceiro conto de "I, robot", do Isaac Asimov, o conto do robot-profeta. Estão lá todos.
Abraço.
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FRITZ
@ josé Gonsalo: “Não ouvi falar disso por cá.”
Quando estava a escrever esta coisa, tentei saber através do Google-português se STASI era utilizado na imprensa portuguesa e, para meu espanto, logo encontrei a mesma notícia num jornal do Minho!!! Não consigo ser mais preciso - tentei uma segunda vez e nunca mais voltei a encontrar o artigo.
Prometo dar uma olhadela no Asimov. Abraço.
@ Fritz: “Ai sim?! e depois?.
Und Fritz und Wilhelm komen nu wel schnell
Want Veere vreet hun bitte wel
Zoals wij vroeger vraten
Voor johoker, voor johoker, voor johoker
Ou, isto dito de outra maneira, ‘e depois?’ Foram as vacas que pariram os bois...
Carmo da Rosa.
Obrrigado pela respostá, a Rote Armee Fraktion nao foi orrganizata
porr causa da morrte de Benno, se assim forre em sua cabessa, é caso parra um visita psikiatri, parra tratarri PARRANOIA.
Ir parra Sul é bom. Viverre em Norrte fáz mále no coco.
FRITZ
Herr Fritz,
Não foi organizada por causa, mas, juntamente com outras paranóias inerentes da esquerda, como a ditadura do proletariado e o romantizar do Sul, foi isso mesmo que deu origem à criação da RAF. Aliás, a Gudrun Ensslin estava presente na manifestação contra o Xá, e depois do acontecimento, além das asneiras do costume, disse ao Baader: “eh pá, esta coisa já não vai com manifestações, a Alemanha Federal é um país fascista, é preciso usar violência revolucionária..."
A única coisa acertada que a RAF disse durante toda a sua existência foi dita pelo Andreas Baader num campo de treinos da PLO: “Ficken und Schießen sind ein Ding”. Mas os parvalhões dos palestinos limitados intelectualmente pelo Mein Kampf lá da parvónia, o Alcorão, nunca perceberam o alcance filosófico desta frase...
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